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Direito constitucional

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Direito constitucional é o ramo do direito público interno dedicado à análise e


interpretação das normas constitucionais. Tais normas são compreendidas como o ápice da
pirâmide normativa de uma ordem jurídica, consideradas Leis Supremas de um Estado
soberano, e tem por função regulamentar e delimitar o poder estatal, além de garantir os
direitos considerados fundamentais. O Direito constitucional é destacado por ser
fundamentado na organização e no funcionamento do Estado e tem por objeto de estudo a
constituição política desse Estado.

História
O constitucionalismo, teoria que deu ensejo à elaboração do que é formalmente chamado de
Constituição, surgiu a partir das teorias iluministas e do pensamento que também deu base
à Revolução Francesa de 1789.

Considera-se a Magna Carta o documento que esboçou o que posteriormente seria chamado
de Constituição. Foi assinada pelo Príncipe João Sem-Terra face à pressão dos barões da
Inglaterra medieval, e apesar da notícia histórica de que os únicos que se beneficiaram com
tal direito foram os barões ingleses, o documento não perde a posição de elemento central
na história do constitucionalismo ocidental. A partir da moderna doutrina constitucionalista,
a interpretação dada à Magna Carta sofre um processo de mutação denominado mutação
constitucional, donde novos personagens ocupam as posições ocupadas originalmente pelos
participantes daquele contrato feudal, de maneira que as prerrogativas e direitos que foram
concedidos aos barões passam a ser devidos aos cidadãos, e os deveres e limitações
impostos ao Príncipe João Sem-Terra passam a limitar o poder do Estado.

Contudo, foi a partir das "Revoluções Liberais" (Revolução Francesa, Revolução


Americana e Revolução Industrial) que surgiu o ideário constitucional, no qual seria
necessário, para evitar abusos dos soberanos em relação aos súditos, que existisse um
documento onde se fixasse a estrutura do Estado, e a conseqüente limitação dos poderes do
Estado em relação ao povo.

Com o passar do tempo, em especial com as teorias elaboradas por Hans Kelsen, grande
jurista da Escola Austríaca da primeira metade do Século XX, passou-se a considerar a
Constituição não como apenas uma lei limitadora e organizativa, mas como a própria fonte
de eficácia de todas as leis de um Estado. Tal teoria (chamada de Teoria Pura do Direito, de
Kelsen), apesar de essencial para a formação de um pensamento mais aprofundado acerca
desta norma, não dá todo o alcance possível do poder e função constitucional.

Mais tarde, outros pensadores como Konrad Hesse, Robert Alexy e Ronald Dworkin
contribuíram sobremaneira para definir a real função da Constituição. Esta norma, superior
a todas, não teria apenas a função de garantir a existência e limites do Estado. Ao contrário,
ao invés de apenas ter um caráter negativo em relação ao exercício dos direitos das pessoas,
a Lei Maior deve prever os Direitos Fundamentais inerentes a cada pessoa, e prever modos
de garantir a eficácia dos mesmos, de modo que o Estado não apenas se negue a prejudicar
as pessoas, mas sim cumpra aquela que é sua função precípua: a promoção da dignidade da
pessoa humana.

[editar] Definição
Uma constituição, necessariamente, não se apresenta formalmente escrita. Em países onde
o direito consuetudinário é comum, a constituição não se encontra positivada numa carta.
Ela é fruto de uma construção histórica das práticas e costumes de toda a população. Tal
espécie de Lei Maior não impede a existência de normas escritas de caráter constitucional,
como acontece na Inglaterra, com o Act of Habeas Corpus, e a própria Magna Carta.

Porém, a maioria das constituições existentes segue o padrão formal, de modo que são o
fruto de uma Assembleia de Representantes do Povo (no caso das constituições
democráticas), onde se decide acerca de como será o Governo estatal e quais os direitos a
serem previstos neste documento.

[editar] Constituição brasileira


Ver artigo principal: Constituição brasileira

A Constituição Federal atualmente em vigor no Brasil foi promulgada em 5 de outubro de


1988 e, até a presente data (13 de julho de 2010), possui 67 emendas constitucionais.

[editar] Constituição portuguesa


Ver artigo principal: Constituição portuguesa

A Constituição portuguesa entrou em vigor a 25 de Abril de 1976 tendo sofrido sucessivas


revisões em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001 , 2004 e 2005.

Constituição brasileira de 1988


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A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a atual lei fundamental e


suprema do Brasil, servindo de parâmetro de validade a todas as demais espécies
normativas, situando-se no topo do ordenamento jurídico.

Há, no entanto, uma controvérsia quanto à Constituição de 1988: para alguns, ela seria
nossa sétima constituição; para outros, seria, na verdade, a oitava. Em 1969, com o
falecimento do presidente Artur da Costa e Silva, assumiu a Presidência uma Junta Militar,
conhecida como Junta Governativa Provisória de 1969. Naquele mesmo ano, a Junta
promulgou uma emenda constitucional — a chamada Emenda Constitucional nº 1 — que
instituía a Lei de Segurança Nacional, restringindo as liberdades civis, e a Lei de Imprensa,
regulamentando a censura oficial. Pelas profundas modificações que trouxe, a Emenda n° 1
é considerada por alguns pesquisadores como sendo um novo texto constitucional. Se
aceitarmos essa interpretação, podemos dizer que a Carta Magna de 1988 é mesmo a oitava
Constituição brasileira — a sétima em pouco mais de um século de República.[1]

Foi a constituição brasileira que mais sofreu emendas: 64 emendas mais 6 emendas de
revisão. Diversos partidos assinaram a Constituição. O Partido dos Trabalhadores
inicialmente não aceitou a Constituição, pois acreditava que ela impedia a reforma agrária e
mantinha a estrutura militar. Apesar das ressalvas, o diretório do partido assinou o texto
constitucional.

Índice
[esconder]

• 1 História
• 2 Estrutura
• 3 Título I — Princípios Fundamentais
• 4 Título II — Direitos e Garantias Fundamentais
• 5 Título III — Organização do Estado
• 6 Título IV — Organização dos Poderes
• 7 Título V — Defesa do Estado e das Instituições
• 8 Título VI — Tributação e Orçamento
• 9 Título VII — Ordem Econômica e Financeira
• 10 Título VIII — Ordem Social
• 11 Título IX — Disposições Gerais
• 12 Características
• 13 Pontos em Destaque
o 13.1 Emendas Constitucionais
o 13.2 Remédios Constitucionais
o 13.3 Política Urbana e Transferências de Recursos
• 14 Bastidores
o 14.1 Os comentários de Saulo Ramos sobre a eleição do Relator Geral da
Assembléia Constituinte, Deputado Bernardo Cabral
• 15 Notas
• 16 Ver também

• 17 Ligações externas

[editar] História
Sessão parlamentar que estabeleceu a Constituição de 1988.

Desde 1964 o Brasil estava sob uma ditadura militar, e desde 1967 (particularmente
subjugado às alterações decorrentes dos Atos Institucionais) sob uma Constituição imposta
pelo governo.

O regime de exceção, em que as garantias individuais e sociais eram restritas, ou mesmo


ignoradas, e cuja finalidade era garantir os interesses da ditadura, internalizados em
conceitos como segurança nacional, restrição das garantias fundamentais, etc., fez crescer,
durante o processo de abertura política, o anseio por dotar o Brasil de uma nova
Constituição, defensora dos valores democráticos. Anseio que se tornou necessidade após o
fim da ditadura militar e a redemocratização do Brasil, a partir de 1985.

Independentemente das controvérsias de cunho político, a Constituição Federal de 1988


assegurou diversas garantias constitucionais, com o objetivo de dar maior efetividade aos
direitos fundamentais, permitindo a participação do Poder Judiciário sempre que houver
lesão ou ameaça de lesão a direitos. Para demonstrar a mudança que estava havendo no
sistema governamental brasileiro, que saíra de um regime autoritário recentemente, a
constituição de 1988 qualificou como crimes inafiançáveis a tortura e as ações armadas
contra o estado democrático e a ordem constitucional, criando assim dispositivos
constitucionais para bloquear golpes de qualquer natureza. Com a nova constituição, o
direito maior de um cidadão que vive em uma democracia foi conquistado: foi determinada
a eleição direta para os cargos de Presidente da República, Governador do Estado e do
Distrito Federal, Prefeito, Deputado Federal, Estadual e Distrital, Senador e Vereador. A
nova Constituição também previu maior responsabilidade fiscal. Pela primeira vez, uma
Constituição brasileira define a função social da propriedade privada urbana, prevendo a
existência de instrumentos urbanísticos que, interferindo no direito de propriedade (que a
partir de agora não mais seria considerado inviolável), teriam por objetivo romper com a
lógica da especulação imobiliária. A definição e regulamentação de tais instrumentos,
porém, deu-se apenas com a promulgação do Estatuto da Cidade em 2001.[2]

[editar] Estrutura
A Constituição de 1988 está dividida em dez títulos (o Preâmbulo não é título). As
temáticas de cada título são:

[editar] Título I — Princípios Fundamentais


Ver artigo principal: Princípios Fundamentais na Constituição do Brasil

Do artigo 1º ao 4º temos os fundamentos sob os quais constitui-se a República Federativa


do Brasil.

[editar] Título II — Direitos e Garantias Fundamentais


Ver artigo principal: Direitos e Garantias Fundamentais na Constituição do
Brasil

Os artigos 5º ao 17 elencam uma série de direitos e garantias, reunidas em cinco grupos


básicos:[3]

a) individuais;

b) coletivos;

c) sociais;

d) de nacionalidade;

e) políticos.

As garantias ali inseridas (muitas delas inexistentes em Constituições anteriores)


representaram um marco na história brasileira.

[editar] Título III — Organização do Estado


Ver artigo principal: Organização do Estado na Constituição do Brasil

Os artigos 18 a 43 tratam da organização político-administrativa (ou seja, das atribuições de


cada ente da federação ( União, Estados, Distrito Federal e Municípios)); além disso, tratam
das situações excepcionais de intervenção nos entes federativos, versam sobre
administração pública e servidores públicos militares e civis, e também das regiões dos país
e sua integração geográfica, econômica e social.

[editar] Título IV — Organização dos Poderes


Ver artigo principal: Organização dos Poderes na Constituição do Brasil

Os artigos 44 a 135 definem a organização e atribuições de cada poder (Poder Executivo,


Poder Legislativo e Poder Judiciário), bem como de seus agentes envolvidos. Também
definem os processos legislativos, inclusive os que emendam a Constituição.
[editar] Título V — Defesa do Estado e das Instituições
Ver artigo principal: Defesa do Estado e das Instituições na Constituição do
Brasil

Os artigos 136 a 144 tratam do Estado de Defesa, Estado de Sítio, das Forças Armadas e da
Segurança Pública.

[editar] Título VI — Tributação e Orçamento


Ver artigo principal: Tributação e Orçamento na Constituição do Brasil

Ulysses Guimarães segurando uma cópia da Constituição de 1988.

Os artigos 145 a 169 definem as limitações ao poder de tributar do Estado, organiza o


sistema tributário e detalha os tipos de tributos e a quem cabe cobrá-los. Trata ainda da
repartição das receitas e de normas para a elaboração do orçamento público.

[editar] Título VII — Ordem Econômica e Financeira


Ver artigo principal: Ordem Econômica e Financeira na Constituição do Brasil

Os artigos 170 a 192 regulam a atividade econômica e financeira, bem como as normas de
política urbana, agrícola, fundiária e reforma agrária, versando ainda sobre o sistema
financeiro nacional.

[editar] Título VIII — Ordem Social


Ver artigo principal: Ordem Social na Constituição do Brasil

Os artigos 193 a 232 tratam de temas caros para o bom convívio e desenvolvimento social
do cidadão, a saber: Seguridade Social; Educação, Cultura e Desporto; Ciência e
Tecnologia; Comunicação Social; Meio Ambiente; Família (incluindo nesta acepção
crianças, adolescentes e idosos); e populações indígenas.

[editar] Título IX — Disposições Gerais


Ver artigo principal: Disposições Gerais na Constituição do Brasil

Os artigos que vão do 234 (o artigo 233 foi revogado) ao 250. São disposições esparsas
versando sobre temáticas variadas e que não foram inseridas em outros títulos em geral por
tratarem de assuntos muito específicos.

[editar] Características
• Formal — possui dispositivos que não são normas essencialmente constitucionais.
• Escrita — apresenta-se em um documento sistematizado.
• Promulgada — elaborada por um poder constituído democraticamente.
• Rígida — não é facilmente alterada. Exige um processo legislativo mais elaborado,
consensual e solene para a elaboração de emendas constitucionais do que o processo
comum exigido para todas as demais espécies normativas legais.
• Analítica — descreve em pormenores todas as normas estatais e direitos e garantias
por ela estabelecidas.
• Dogmática — constituída por uma assembléia nacional constituinte.

[editar] Pontos em Destaque


[editar] Emendas Constitucionais

O artigo 60[4] da constituição estabelece as regras que regem o processo de criação e


aprovação de emendas constitucionais. Uma emenda pode ser proposta pelo Congresso
Nacional(um terço da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal), pelo Presidente da
República ou por mais da metade das Assembléias Legislativas dos governos estaduais.
Uma emenda é aprovada somente se três quintos da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal aprovarem a proposta, em dois turnos de votação.

As emendas constitucionais devem ser elaboradas respeitando certas limitações. Há


limitações materiais (conhecidas como cláusulas pétreas, art. 60, §4º), limitações
circunstanciais (art.60, §1º), limitações formais ou procedimentais (art. 60, I, II, III, §3º), e
ainda há uma forma definida de deliberação (art. 60, §2º) e promulgação (art. 60, §3º).

Implicitamente, considera-se que o art. 60 da Constituição é inalterável pois alterações


neste artigo permitiriam uma revisão completa da Constituição. Nos casos não abordados
pelo art. 60 é possível propor emendas. Os órgãos competentes para submeter emendas são:
a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Presidente da República e de mais da metade
das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas,
pela maioria relativa de seus membros.

Os direitos fundamentais, previstos nos incisos do art. 5º, também não comportam Emendas
que lhes diminuam o conteúdo ou âmbito de aplicação.
A emenda constitucional de revisão, conforme o art 3º da ADCT (Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias), além de possuir implicitamente as mesmas limitações
materiais e circunstanciais, e os mesmos sujeitos legitimados que o procedimento comum
de emenda constitucional, também possuía limitação temporal - apenas uma revisão
constitucional foi prevista, 5 anos após a promulgação, sendo realizada em 1993. No
entanto, ao contrário das emendas comuns, ela tinha um procedimento de deliberação
parlamentar mais simples para reformar o texto constitucional pela maioria absoluta dos
parlamentares, em sessão unicameral e promulgação dada pela Mesa do Congresso
Nacional.

A Constituição brasileira já sofreu 66 reformas em seu texto original, sendo 60 emendas


constitucionais tendo a última sido promulgada no dia 13 de Julho de 2010, e 6 emendas de
revisão constitucional. A única Revisão Constitucional geral prevista pela Lei Fundamental
brasileira aconteceu em 5 de Outubro de 1993, Não podendo mais sofrer emendas de
revisão.

[editar] Remédios Constitucionais

A Constituição de 1988 incluiu dentre outros direitos, ações e garantias, os denominados


"Remédios Constitucionais".[5] Por Remédios Constitucionais entendem-se as garantias
constitucionais, ou seja, instrumentos jurídicos para tornar efetivo o exercício dos direitos
constitucionais.[6]

Os Remédios Constitucionais previstos no art. 5º da CF/88 são:

• Habeas Data - sua finalidade é garantir ao particular o acesso às informações que


dizem ao seu respeito constantes do registro de banco de dados de entidades
governamentais ou de caráter público ou correção destes dados, quando o particular
não preferir fazer por processo sigiloso, administrativo ou judicial (art. 5º, LXXII,
da CF).
• Ação Popular - objetiva anular ato lesivo ao patrimônio público e punir seus
responsáveis art. 5º, LXXIII, da CF e Lei n.º 4.171/65).
• Ação Civil pública - objetiva reparar ato lesivo aos interesses descritos no artico 1º
todos os incisos, da Lei nº 7.347. possui previsão constitucional no art. 129, III, da
CF dem 88).
• Habeas Corpus - instrumento tradicionalíssimo de garantia de direito, assegura a
reparação ou prevenção do direito de ir e vir, constrangido por ilegalidade ou por
abuso de poder (art. 5º, LXVIII, da CF).
• Mandado de Segurança - usado de modo individual (art. 5º, LXIX, da CF). Tem por
fim proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
data.
• Mandado de Segurança Coletivo - usado de modo coletivo (art. 5º, LXX, da CF).
Tem por finalidade proteger o direito de partidos políticos, organismos sindicais,
entidades de classe e associação legalmente constituídas em defesa dos interesses de
seus membros ou associados.
• Mandado de Injunção - usado para viabilizar o exercício de um direito
constitucionalmente previsto e que depende de regulamentação (art. 5º, LXXI, da
CF).

[editar] Política Urbana e Transferências de Recursos

Entre outros elementos inovadores, esta Constituição destaca-se das demais na medida em
que pela primeira vez estabelece um capítulo sobre política urbana, expresso nos artigos
182 e 183. Até então, nenhuma outra Constituição definia o município como ente
federativo: a partir desta, o município passava efetivamente a constituir uma das esferas de
poder e a ela era dada uma autonomia e atribuições inéditas até então.

Com isso, a Constituição de 1988 favoreceu os Estados e Municípios, transferindo-lhes a


maior parte dos recursos, porém sem a correspondente transferência de encargos e
responsabilidades. O Governo Federal continuou com os mesmos custos e com fonte de
receita bastante diminuídas. Metade do imposto de renda (IR) e do imposto sobre produtos
industrializados (IPI) — os principais da União — foi automaticamente distribuída aos
Estados e Municípios. Além disso, cinco outros tributos foram transferidos para a base de
cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Ao mesmo tempo,
os constituintes ampliaram as funções do Governo Federal.

Assim, a Carta de 88 promoveu desequilíbrios graves no campo fiscal, que têm repercutido
nos recursos para programas sociais ao induzir a União a buscar receitas não partilháveis
com os Estados e Municípios, contribuindo para o agravamento da ineficiência e da
iniqüilidade do sistema tributário e do predomínio de impostos indiretos e contribuições.
Conseqüentemente houve uma crescente carga sobre tributos tais como o imposto sobre
operações financeiras (IOF), contribuição de fim social (FINSOCIAL), contribuição social
sobre o lucro líquido (CSLL), entre outros.

[editar] Bastidores
[editar] Os comentários de Saulo Ramos sobre a eleição do Relator Geral da
Assembléia Constituinte, Deputado Bernardo Cabral

Segundo conta o jurista Saulo Ramos, que à época era Consultor Geral da República, em
seu livro "Código da Vida", o Relator Geral do texto foi eleito graças à sua intervenção,
fato do qual se arrependeria amargamente.

Afirma textualmente que o referido parlamentar, Deputado Bernardo Cabral, após um


longo período de visitas matinais à sua residência oficial em Brasília, conseguiu convencê-
lo de que era a melhor opção para o importante cargo. Tinha, afinal, sido presidente da
OAB em eleição que concorrera com o Min. Sepúlveda Pertence. Empenhado na campanha
de elegê-lo relator, confessa ter utilizado de sua relação próxima ao então presidente José
Sarney e inclusive passado uma tarde na residência do alto funcionário da Rede Globo de
Brasília chamado Toninho, trocando votos em favor de seu candidato por promessas de
entrevistas na emissora.
Quando o relator apresentou o texto pronto para Saulo Ramos, porém, percebeu esse que
tinha sido enganado pelos pãezinhos e assédios matinais. O hábil político relator não era
capaz de diferenciar uma boa redação de uma ruim, e deixara aprovar sob sua relatoria,
além de um texto pobre, uma coleção de antijuridicidades elementares, isso segundo a
opinião de Saulo Ramos na citada obra:

segundo o texto, o regime de governo doravante adotado na república seria o


PARLAMENTARISMO, disposição antijurídica ao ver do jurista Saulo Ramos por
contrariar o plebiscito de 1963 no qual o povo, durante o governo de Jânio Quadros
reafirmara o presidencialismo;

segundo o texto, Luiz Carlos Prestes era promovido a Marechal, em reconhecimento a seus
feitos pela política brasileira, embora a patente de Marechal não existisse no exército
brasileiro.

== Os comentários de Saulo Ramos sobre a atuação de Fernando Henrique Cardoso e sua


comissão com poderes "espertos" ==

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