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REI, GUERREIRO, MAGO, AMANTE Introdugao junguiana aos principios psicolégicos de uma CCUM Oem ewer REMC UC gh Ey Coc Na recente entrevista de Bill Moyes com o poeta Robert CaN uC Re ae ee a MOP ke ee eee CIs Oe CM On Cot ua No final do século XX, enfrentamos uma crise de identidade RMU er nee tester k au ae sects CeO UU Cr rear ae ut eens ee cos eeu CIN eae a Ucar tere tee nN a PUES n er Cee MMe eee ees Pony Creme ence one eRe een ue) TUN MCT Ue el tele um SU) cesar Cree UE SEO ucur eaters raed POUR Ge ie cue Oe Uri Mate er} Soe aN an een ace Te ORT Cea) Poo u ae ue eee eet Pre une eactt iceen er ney Renee Chicago Sun-Times SUC CCC a Cet ut ol Cm PCO Oe cc On eg un Ceeny Pace en ue en LO ae Lan oes CoO) (Wd FUND MOS AO eh Cert ROBERT MOORE | . ie CTH MAGO PAUP U REI, GUERREIRO, MAGO, AMANTE Sie os homens contemporaneos forem capazes de assumir a tarefa le sua propria iniciaglo, passando lo Menino para o Homem, com a mesma seriedade com que 0 fizeram nossos ancestrais tribais, lulvez testemunhem o fim do i da nossa espécie, em vez de o Inicio do fim. Talvez passemos entre 0s tormentosos Cila © arihidis da nossa grandiosidade € do nosso tribalismo chauvinista € avancemos para um futuro to maravilhoso © gerador como os retratados nos mitos ¢ lendas que Rei, 0 Guerreiro, o Mago ¢ 0 Amante nos legaram.” (© movimento masculino esti cmergindo, Diante da afirmativa de que @ masculinidade forte conduz necessariamente a estruturas patriarcas na sociedade € nos relacionamentos, um mimero cada vex maior de homens esti buscando os fundamentos para uma masculinidade auténtica © revitalizada’ (© analista junguiano Robert Moore, pioneiro no movimento masculino, ‘que participa com freqiién juntamente com Robert Bly, de conferéncias sobre os homens, © Douglas Gillette romperam 0 cOdigo das estruturas da personalidade masculina amadurecida. Eles sustentam de forma convincente que a masculinidade amadurecida nao € ressiva, dominadora nem grindiosa, mas sim geradora, Ccriativa e fortilecedora em relago si mesma € aos OULTOS. PARTI DO] Decodifica¢ Psique Masi Os Quat Arquetip do Mascu Amadure Neste livto, 0s autores exploram i crise atual da identidade masculin € descrevem as suas das causas prineipais — o desaparecimento dos ritos de passagem masculinos © © proprio patriarcado. Definem os quatro arquétipos do homem amadurecido — o Rei (enengia dt ordenagio justa € criativa), 0 Guerreiro (@ energia da agio agressiva e autodiseiplinada), 0 Mago (a energia da iniciagio ¢ da transformagio) e 0 Amante (a energia que liga os homens as ‘outras pessoas e ao mundo) — assim como 0s quatro modelos imaturos (a Crianga Divina, a Crianga Edipiana, a Crianga Precoce ¢ o Heréi). Moore ¢ Gillette acreditam que a historia do esenvolvimento de cada homem ¢ em grande parte @ histdria do sett fracasso ou sucesso em descobrit dentro de si mesmo esses arquétipos da masculinidade madura Ao pocta Robert Bly, que deu o impulso para uma reavaliagao da vivencia masculina. Four Mighty Ones are in every Man; Pesfect Unit Cannot Exist but from the Universal Brotherhood of Eden, The Universal Man, to Whom be Glory Everymore. Amen, William Blake, The Four Zoas autores desea agradecer Robert yo incentivo, 2 dle Robert Moore ¢ & equipe edito Francisco. ‘Também queremos ag las segundo esta nova abordagem da psicologia masculi tjudaram a aprimorar € aprofundar a nossa compreensio. ROBERT MOORE DOUGLAS GILLETTE No BIBLIGTEC, REI’ i O°, GUERREIRO MAGO AMANTE A REDESCOBERTA DOS ARQUETIPOS DO MASCULINO Tradugao. lalita M. Hodrigues Gee owia Gorel my Sallealled otter Be RY a Editora Campus eseos tints menaoonsegeneau Lethe aa Mann getustcauvanoniiesoen qatar semeteseryremaee nh lth angi grasa cae oe oxi FCAP - BIBLIOTECA Sei Tomb. Compute Data 2 ReutssoTpogrtion oh 0 CavdivAmesn ‘utes nernacon avrg doar eter nadoral tae tg arse de hopanp soe comin _rebfoeetad eagracccasoen Enletege telegatc CAMPUSRO feons soar sot (cele osint1204 0.0 2500-4 Hap ClinsPulahers NY. NY USA) SSE Recht dos Saforas de os. Ra star Rel gow age, amarts aredoecobr os arusiposdo mast Robes Mere, Dougae Gabe; Yauco de Tat Rosiguee Rodesorave campus 1980 “radio de King wari magia, ve. Bingen IBange7oore04s 1. Homer = Ps. 2. Aru (Paleo) lt, Despite H Tea cop — tse02 sooo Bo tee 088.1 wee Saeed PREFACIO S$ arquétipos do Rei, clo, Gueweiro, do. Mago e de Amante O eesuIo cada vez mais em Toco nos eniconiros € publieagbes, sobre os homens nos Fstados Unidos ¢ no exterior. De fato,, muita gente supe que esses modelos sio tradicionalmente consi- Jerados os blocos da construsto do masculino amadurecido. Na verdade, a pesquisa psicologica que résultou na designapio Gesses arquétipos como as quatro conliguragdes bisicas que, muma rela Go dinamica, constituem as estruturas profundas da psique do hhomem maduro foi apresentada pela primeira vex numa série de palestras realizadas no Instituto G.G. Jung de Chieago ¢ publicada pela primeira vez em fits de audio que wendoram muito e que hoje estio tendo muita influéncia no movimento masculine, Acredit mos que as descobertas psicologicas esbogadas nessas palestras constituem uma abertura importante € potencialmente revolucio- néria para a decodificagto das estruturas profundas fundamentais da pessoa humana, seja ela do sexo masculino ou feminino. A decodlificagio do que Carl Jung chamou de “dupla quaternichide” bascia-se na compreensiojunguiana do s-mesmo arquetipico, mas implia © nosso entendimento da geografia inteena ao declines nitilamente, no $6 0 conteddo © os potenciais psicolbgicos retratados nos “quatro quadrantes’, como também as das oposi cs dialéticas fundamentais inseridas na dinfimiea do cu profundo: Rei (ou Rainha/Mago (ou Maga) ¢ Amante/Guerreto (ou Guerscira). Rel, Guerretro, Mago, Amante é uma sondagem das imph ses dlessa pesquisa para a comprecnsio da psique masculina, Eo primeiro de uma série de Cinco volumes a serem publicados en breve sobre a psicologia masculina com hase nesse paradigm, Os volumes subseqdentes deverio abordar detathadamente a8 implk eagdes mais amplas desse modelo te6rico da psicologia e da espinitalidade humanas. Aqueles que tiverem um interesse técnico profissional ou sentirem curiosidade e quiserem saber mais podem Cconsultar a bibliogeatia no final do livro. © nosso propésito, entretanto, foi oferecer aos homens um cesbogo simplificado e legivel de um “manual de operagiio da psique masculina’. Este livro ajudaré o leitor a compreender os scus pontos Fortes € Fracos como homem, Ihe dard o mapa dos teritérios da identidade masculina que ainda precisa explorar. * INTRODUGAO menos nos Estados Unidos ¢ na Europa Ocidental? Parece cada vez ‘do pai que desaparece, cuja auséncia, sefa através do abandono fisico criangas dos dois sexos. © pai fraco ou auscnte mutila a capacidade ociedades tadicionais, existern definigdes padronizadas para o que cconstitui 0 que chamamos de psicologia do Menino e psicologia do Homem, Pode-se ver isso de lorma bem nitida nas sociedad tribais {que passaram pelo exame atento de antropélogos famasos como Arnold van Gennep © Victor Turner. S80 rituais cuidadosamente elaborados para ajudar os meninos da tribo a fazer a wansiglo para 1 condigio adulta, Durante séculos de civilizagio ocidental, quase {odos esses processos rtualsticos foram abandonados ou se desvi ram por canais mais ¢siseitos © menos enespizados — para os fendmenos que hoje chamamos de preudo-iniclacées. < historicos do declinio dos rituais de iniciaglo, A Reforma Protestante ¢ o Huminismo foram movimentos fortes que comparihavam © tema do descrédito a0 proceso ritualistico. E uma vez desacreditado © ritual como processo sagrado ¢ transformador, o que nos resta € o que Victor Yuumer chamou de *mero cerimanial", que no possvi o poder necessirio para realizar a auténtica transformacio de consciéncia Desligacios do ritual, abolimos os processos através dos quais tanto oshomens como as mulheres conquistavam a sua identidade sexual dle uma forma profunda, madura e vivificante. © que acontece com uma sociedade quando os rituais por n essas identidades se tornam desacredi meio dos quais se fort tados? No caso dos homens, existem muitos que nao foram iniciados ou que tiveram pseudo -iniciagdes que nio propor cion transigdo necessaria para a condiglo adulta. /Predominat a Ela nos cerea por todos os lados, € suas ‘cas sto evidentes. Entre las, 08 comportamentes de atuagio Gacting-out) agressivos © violentos em relagio aes outros, tanto hhoniens como mulheres; passividade e fraqueza, a ineapacidade de air de forma eficiente € criativa no que se refere a sua propria cexisténcia ¢ para gerar entusiasmo e criatividade nos outros (ho- mcns ¢ mulheres); €, com freqlénela, uma oscilag2o entre os dois gressividade/lraqueza, agressividade/Iraqueza Junto com 0 colapso do ritual significativo para a iniciagio tum segundo fator parece estar contribuinds para a issolugio da identidade do homem macuro. Esse fator, que nos foi mostrado por um esforgo da ertica feminista, é 0 patriarcado: \ onganizagao sockale cultural que ver governando 6 nosse mundo idental, € grande parte do resto co mundo, desde pelo menos 0 undo milenio antes de Cristo até hoje. As feministas verficaram © quanto 4 dominagie masculina no patsiarcado oprimiu ¢ maltra tow o feminino — as chamadas caracteristicus e vitudes femininas as proprias mulheres. Na eritca radical que fazem a esse sistema, algumas feministas concluem que, em suas raizes, a masculinidade € essencialmente agressiva e que i ligagao com 6 “eros” — com o mor, o relacionamento € a suavidade — se faz apenas pelo lado eminino da equagte humana Embora algumas dessas percepgées tenham sido steis na defesa da liberagao, tanto feminina como masculina, dos modelos amos existir nelas sérios, nosso a expressio da psicologia do Menin ¢, em parte, 0 lado da sombra — ou louco — da masculinidade, Express 0 homent atrofiado, fixado em niveis, imaturos © patriarcado, na nossa opinito, é uma agressio Amasculint- dade na sua pleniwucle, assim come 2 feminilidade no seu todo. Os {que se prendem as esiruturas € & dinamica desse sistema buscam dominar igualmente homens ¢ mulheres. O patriarcado fundamen- ta-se no medo masculino — 0 medo do menino, o medo do homem imaturo — em relagio a8 mutheres, certamente, mas também em relagao aos homens teem também os homens de verd: © patriarca nao aceita o pleno desenvolvimento masculine de seus filhos ou de seus subordinados, da mesma forma que nio acolhe com prazer 0 desenvolvimento pleno de suas filhas ou de suas funcionérias. E a histéria do chefe no escritGrio que no suporta ver © quanto Somos bons. Quantas vezes nos invejam, odeiam € atacam de forma direta € passiva quando buscamos revelar o que realmente somos em toda nossa beleza, maturidade, criaivicade © produtividade! Quanto mais nos tomamos belos, competerites ¢ ctiativos, parece que mais hostilidade despertamos em nossos superiores,¢ até em nossos colegas. OTGUE Reali! © pan iarcado expressa aquilo que chamamos de psicologia do Menino, Nao & a expresso dat potencialidade maseulina ama durecida em sua essénicia, na plenitude do ser. Chegamos a essa conclusito a partir do estudo que fizemos sobre os mitos «ntigos & ‘6s sonhos modernos, do exame do ponte de vista interno da ripida Feminizagio da principal comunidad religiosa, da nossa reflexto sobre as rapidas mudangas dos papéis sexuais na sociedade como tum todo e dos nossos anos de pritica clinica, durante os quais nos lornamos cada vez mais conscientes de que falta alguma coisa cesseneial na vida interior de muitos homens que procuram psico- é,em geral, o que muitos psicdlogos profundos supdem; isto é, a ligaeto adequada com o lado femninino interior, Em muitos casos, esses homens ém buscar ajuda (© que Ihe cexitica feminista 4 pouca masculinidade que ainda Ihes restava. estavam sendo bloqueados pela falta, em suas vidas, de qualquer processo de inickigao transformador ¢ significativo através do qual pudessem alcangar um sentide da masculinidade. ‘erificamos, quando esses homens buscavam as suas proprias vivencias das estruturas masculinas através da meditagio, das oragdes e do que os junguianes chamam de imaginagio ativa, que, conforme iam entrando em contato cada vex maior com scus squctipos interiores de masculinidade madura, eles se tornavarn cada vez mais capazes de abandonar os modelos patriarcais de compostamento, a maneira de sentir € pensar que magoava a si mesmo € aos outros, € $e Lornavam mais verdadeiramente fortes, ccentrados © produtivos em relagiio a simesme eage outros tanto homens como mulheres. mo di algumas feministas sitamios de mais psieologia Homem, ‘Temos wolver uma nogio de trangailidade acerca do. poder maseulino, para que no precisemos atuar (act- ou) de modo dominader ¢ desautorizador em relagio aos outros. 1G muita injria e ofensa tanto do masculino quanto do cao feminista. Feminino no patria vel, na verd ica tena havido na hist imanidade tum periodo de ascendéncia da masculinidade (ou feminilidade) madurecida, Nio temos certeza quanto a isso. O que sabemos & {que ela mio predomina atualmente. Precisamos aprender a amar e ser amados pelo_homem amadurecido. Precisamos aprender a louvar a poténcia eo poder ‘masculinos auténticos, no 86 em consideragio a0 nosso proprio bem estar como homens ¢ ao nosso relacionamento com os outros, como também porque a crise da masculinidade amadurecida sustenta a crise global de sobrevivéncia que enfrentamos como espécie, O nosso perigoso e instavel mundo necessita urgentemen te de homens ¢ mulheres amadurecidos, se quiscrmos que a nossa raga continue existindlo no futuro. Como na nossa sociedade existem poucos rtuais, ou nenhum, capazes cle nos algar da psicologia do Menino para a do Homem, temos de buscar sozinhos (com a ajuda e 0 apoio uns dos outros) as fontes profundas dos potenciais de energia masculina que cexistem dentro de nés. Precisamos descobrit uma forma de fazer a ligagéo com essas fontes dle poder. Esperamos que este livro contribua para 0 nosso sucesso nessa tarefa fundamental. 5g SUMARIO Parte Um Da Psicologia do Menino & Psicologia do Homem Capituto 1 Crise ds Rituals Masculinos. 3 Capitulo 2 (Os Potenciais Masculinos... 9 Caputo 3 A Psicologia do Menino. 13 Capito 4 A Psicologia do Homem 43 Parte Dois Decodificagao da Psique Masculina — Os Quatro Arquétipos do Maseulino Amuadurecido Capitulo 5 ORei 49 Capitulo 6 0 Guerselto 2 Capituto 7 (O Mago, %5 Capitulo 8 © Amante Ww Conelustio (© Acesso as Energias Arquctipicis do Masculine Amadurecide..o...139) Leituras Selecionadas 155 PARTE UM Da Psicologia do Menino a Psicologia do Homem capituto um A Crise dos Rituais Masculinos consegue se encontrar’, © que iss0 significa, no fundo, € que tal individuo nao esta vivenciando, € nem conse: gue vivenciar, as suas estraturas Coesas profundas. Est4 fragmen- lado: as diversas partes da sua personalidade estio separadas tumas das outras, vivem bastante dissociadas e, quase sempre, de forma cadtica, O homem que “nao consegue fazt-las se encon- trar” € alguém que provavelmente nio teve oportunidade de passar pelo ritual de iniciagao nas estruuras profundas do ser masculino adulto, Continua sendo um menino — nio porque © deseje, mas porque ninguém Ihe mostrou como transformar suas energias infantis em enengias adultas. Ninguém 0 conduziu as experiéncias imediatas © curativas do mundo interior dos poten. ciais masculinos. Quando visitamos, na Franca, as cavernas de nossos ances trais distantes Cro-Magnon, quando descemos 40s escuros reces- sos daqueles santudrios de um outro mundo, de um mundo interiorve acendemos as luzes, ficamos surpresos ¢ maravilhados com o misterioso © oculto manacial de vigor masculino ali retratado. Algo profundo mexe com a gente. Como uma cangto silenciosa, animais magicos — bisdes, antilopes ¢ mamutes, saltam e estrondam num espeticulo primitivo de beleza e forg: pelos altos tetos abobadados e as paredes ondulantes, esconden dlo-se intencior surgindo diante de nés outra vez, lun O uvimes dizer de um homem que “ele simplesmente no mente nas sombras dos recdneavos rochosos € comeles,estioasimpresses das mios dos homens, dos caga- dores artistas, antigos guerreiros € provedores, que ali se reuniam ¢ realizavam seus rituais primevos. ‘Os antropdlogos sto quase universalmente undnimes em dizer que esses santudrios nas eavernas foram criades, pelo menos em parte, por homens para homens e, especificamente, para o ritual de iniciago de meninos no mundo misterioso da responsabilidade da espiritualidade masculinas. Mas o ritual para transformar meninos em homens nto se limita as nossas conjecturas acerca dessas cavernas antigas. Con- forme mostraram varios estudiosos, | oTiano da OPrincipe Covarde 0 Valeatio © Covard Cadets Alea Exbicionista (08 ARQUETIPOS DO MASCULINO AMADURECIDO: PSICCLOGIA DO HOMEM (OMAGO na Sua Pleniude © AMANTE na Sua Plentnade Sistemas de Sombra Disfuncionais Bipolares imaturos */-indicarn 0s pélos ativos © passivos 7 © Manipulador © “inccene” O-Aminte ——O Amante Frio Nemdor Vieiado Impotente (95 ARQUETIPOS DO MASCULINO IMATURO: PSICOLOGIA DO MENINO ‘A Crianga Precoce A Ceianga Edipiana Sistemas de Sombra Dishuncionals Bipolares maruros 7/ indicam o¢ palos ativos © passivos 7 & OTrapaccito 0 Palerma © ibinho da O Sonia Sabichio ‘Mamie Figura 1.08 arquétives do masculino imatura ¢ do masculino amadurecido oruausanuasap op opsaun onuotaneuosop op ovsaacy |) ESTRUTURA PIRAMIDAL, DO SEMESMO MASCULINO AMADURECIDO oMaco © GUERRERO (© Manipulador Frio (© Masoguista (0 “inocente" Negador © Sédico ‘A ESTRUTURA PUUAIDAL, DO SL-MESMO MASCULINO IMATURO. (© Trapaceiro Sabichito © Coward OPacama © Valentio Raibicionista dam-no: a escla, 0 pastores em adoraglo, os sabios pursas. Rodeados por seus adoradores, ele ocupa o centro nto 6 do cstibulo, porém do universo. Até os animais, nas populares CangDdes de Natal, cuidam dele, Nos quadros, ele iradia luz, aurcolado pela palha brilbante © macia onde esta deitado, Porque ele € Deus, € todo-poderoso. Ao mesmo tempo, € completamente vulnerivel e indeleso, Assim que le nasce, o malvado rei Herodes o fareja € procura matitlo. E preciso protegé-lo e fugir com ele para o Egiko até ficar forte o bastante para comegar o seu trabalho e até que as forcas que o clestruiriam percam sua energia. 18 A ESTRUTURA PIRAMIDAL BO SLMESMO MASCULINO AMADURECIDO one OAMANTE, Tian) ‘© Amante impotente © covarde Amante Vieado ‘A ESTRUTURA PIRAMIDAL DO SLMESMO MASCULINO IMATURO A Cranes Divina 4 Giang Epiana (© Tirano da Cadeirinhss 10 Sonhrador Alta ‘OPAncipe Covaede © Filho da Mamie Figura 2 (© que quase nunca se percebe € que esse mito no esti sozinho, As religides no mundo inteiro estilo repletas de histérias de bebés milagrosos. A propria histéria erist molda-se em parte nna lendla do nascimento do grande profeta persa Zoroastro, cheia de milagres na natureza, magos ¢ ameacas.a sua vida, No juciaismo, temos a hist6ria de Moises, que nasceu para libertar o Seu povo, para ser o Grande Mestre © 0 Mediador entre Deus © 08 seres humains. Foi criado como um principe egipcio. Mas, logo nos primeiros dias, sua vida foi ameagada por um decreto do fara6, © foi colocado, indefeso € vulneravel, num cesta de junco, que 9 A PIRAMIIDE ASSENTADA, OU A PIRAMIDE DENTRO DE UMA PIRAMIDE, DAS. TISTRUTURAS DO SLMESMO MASCULINO Maturdade (Psicologia do Homeni Infinets (Ptcologia do Menino Figura 3 Nutuou a deriva pelo rio Nilo. O modelo dessa hist6ria foi a lenda, ainda mais antiga, da infincia do grande rei ca Mesopotimia Sargio da Acidia, B no mundo inteiro ouvimos contar as historias sobre a maravilhosa infincia do bebé Buda, do bebé Krishna, do bel Dionisio, (© que se desconhece ainda mais é que essa figura do Bel Divino, presente em todas as nossas religides, tumbém existe sempre dentro de nés mesmas, Poclemos observar isso nos sonhas dos homens que fazem psicanilise, es quais, principalmente quan: do comegam a methorar, sonham com um Bebt que enche o onho de luz, Felicidade e uma sensigio de encantimento © conforto. "Também é freqente, quando o homem que esti fazendo terapia ‘comega a se sentir melhor, surgir nele, talvez. pela primeira vez. na vida, a necessidade de ter filhos. Tudo isser indica que algo novo e criativo, “inocente”, esti nascendo dentro dele. Comega uma nova fase da sua vida, Elemen- los criatives da sua propria personalidade de que ele niio tina consciéncia forgam a passagem para a consciéncia. Ele experiment uma nova vida, Mas, sempre que a Crianga Divina dentro de nés se faz conhecer, 0 ataque dos Herodes, internos € externos, vem logo em seguida, Uma vida nova, inclusive uma vida psicol6gica nova, € sempre frigil. Quando sentimos essa energia diferente manifestando-se dentto de nés, devemos tomar providéneias para 20 protegé-la, porque ela vai ser atacada, Quando um bomem diz na terapia: "Acho que estou methorando!”, logo em seguida pode ouvir uma vou interior responder: “Nao, nao esti, niio. Voce sabe que «avai fiear bom”, Entio € hora de levar a fragil Crianga Divina ‘gto Retomando o tema dos animais em adoragao ¢ dos anjos prociatiandlo a paz na terra da hist6ria do Natal, podemos ver no mito grego de Orfeu que a Crianga Divina é a energia arquetipica que prefigura a energia masculina amadurecida do Rei. © homem- Deus Orfeu esti sentado no centro do mundo tocando sua lira € cantando uma cangio que faz, todos os animais da floresta virem Siio atraidos pela cangiio, presas e predadores. E se recinem sto redor de Orfeu em perfeita harmonia, todas as divergeneias solucionadas, 05 opostos unidos numa ordem que transcende © mundo Clungées caracteristicas do Rei, como veremos). Mas o tema da Crianga Divina que traz a ordem € a pax a0 mundo inteiro, inclusive aos animais (€ estes, do ponto de vista psicolégico, representam nossos proprios instintos, muitas vezes conflitantes), nio se limita sos mitos antigos. Um jovem que tinha comegado a fazer andlise nos contou certa vez a historia ce um fato inédlto ocorrido na sua infancia, Tinba talvez quatro ou cinco anos, dlisse-nos, quando numa tarde de primavera saiu para o quintal desejando ardentemente uma coisa que nao conseguia identificar Porque era muito crianca, mas que, refletindo sobre isso mais tarde, pereebeu que era um desejo de paz interior, harmonia e unidade ‘com todlas as coisas. Bnoostou-se num imenso carvalhio © comegou 1 cantar uma canglo que ia inventando. Sentiu-se hipnotizado, Cantava seu anseio. Cantava sua tristeza, B eamtava uma espécte de satisfaglo profunda ¢ melancéliea, Era uma melodia de compaixiio por todas as coisas vivas. Uma espécie ce acalanto para si mesmo Fa 05 outros (Para ninar © Beb@). E niio demorou a perceber que os pissaros estavam vindo para a frvore, dos poues. Cont now cantando, © enquanto isso mais passaros se aproximavam, revoluteando ao redor da Arvore € pousando em seus galhos. Por fim, a arvore ficou repleta de passarinhos. Ganhou vida com el le achou que eles tinham sic atraicos pela beleza © compaix a. Confirmavam a beleza dele e respondiam ao anse dele vino adori-lo. A Arvore tornou-se a Arvore da Vida ¢, renovadlo por essa conlirmagio cht sua Crianga Divina interior, ele pode seguir em frente © arquétipo da Crianga Divina que aparece em nossos mitos, como Orfeu, Cristo ou © pequeno Moisés, e de varias formas nos ios de muitas religides, nos sonbios de homens que fazem terapia fe nas experiéncias reais dos meninos, parece estar na “fiagao pesada” de todos nés. Parece que nascemas com cle. Recebe muitos homes, ¢ € avaliado diferentemente pelas diversas escolas de psicologia, Em geral, os psicdlogos o concknam e, na verdad, procuram desligaros clientes dele. O importante € ver quea Crianga ia esté inserida dentro de nds como padrio primitivo do ‘masculino imaturo. Freud falou dele como 01d. Via-o como as pulses “primitivas ou “infantis”, amorais, enérgicas € cheias de pretensoes divinas. Fram os impullsos subjacentes da propria Natureza_impessoal, preocupados apenas em satisfizer as necessidades ilimitadas da rianga. © psicélogo Allred Adler referiu-se a cle como a *pulsio do poder” oculta em aida um de nds, como © complexo de supe: Floridade secreto que encobre nosso verdadeiro sentimento de vulnerabilidade, fraqueza e inferioridade, (Lembrem-se, a Crianga Divina € todo-poderosa, 0 centro clo universo, © ao mesmo tempo totalmente indefesa c frigil. De fato, € isso 0 que as criangas sivenciam na realidade) Heinz Kohut, que criow o que ele chamou de “psicologia do self, cham a isso "a organizagio grandiosa do self", que exige tanto de nés mesmos e dos outros € que jamais pode ser satisfeta A teoria psicanalitca mais recente sustenta que 45 pessoas possut- das por essa grandiosidade “infantil” ou identificadas com cla esto manifestande um “distirbio naretsico da personalidad (Os seguidores de Carl Jung, contudo, vem ¢ Divina de uma forma diferente. Nao a consideram € grande parte, patolégicos. Acreditam que a Crianga Divina € um aspecto esseneial do Si-mesmo Arquetipico —diferente do Ego, que 6 eu, Para os junguianos, essa Crianga Divina dentro de nés € a fonte de vida. Possui caracteristicas magicas, que dao poder, € entrar em contato com elas produz uma enorme sensagio de bem-estar, entusiasmo pel vida, € grande paz e alegria, como acontecett com 0 menino sob o carvalho. sas diversas escolas de psicanilise, acreditamos, estao todas certas. Cada uma escolhe entre os dois aspectos diferentes dessa Cenenia — um € 0 integrado € unificado, 0 outro € 6 lado da sombra. sa Crianga termos, em 2 No topo da estrutura arquetipica triangular, vivenciamos a Crianga Divina, que nos renova € mantém “jovens de coragiio”, Na base do ridngulo, vivenciamos o que chiamamos de Tirano da Cadeirinba Alla € © Principe Covarde. O Tirano da Cadeirinha Alla © Tirano da Cideirinha Alta é sintetizado pela figura do Pequeno Lorde Fauntleroy sentado na sua cadeira de plimas compridas, batendo com a collier na bandeja € gritando que a mae Ihe dé dle comer, beije-o € cuice cele. Como uma verso da sombra do Menino Jesus, ele & 0 centro do universo; os outros existem para satisfazer suas necessidades e desejos todo-poderosos. Mas muitas, vyezes a comida, quando chega, mio satisfaz as suas especificagdes: nilo € boa 0 bastante, nfio & 0 que ele pediu, est’ quente dema ou fria. demais, cloce dematis ou azeda demais, Entio ele cospe no chao on joga o prato longe. Se ele ficar suficientemente convencido de que € 0 dono da verdade, nenhum alimento, por mais que cle tenia fome, vai servir. E sea mie 0 pega no colo depois de ‘decepcioni-lo" tanto, cle grita, s¢ contorce € rejeita 08 carinhos dela, porque nao thes foram dados no momento exato que ele queria. © Ticano da Cadeirinha Alta magoa a si mesmo com a sua grandiosidade — suas exigéncias sem limites — porque rejeita exatamente aquilo que ele precisa para viver, alimento © amor. As caracteristicas do Tirano da Cadeirinha Alta abrangem a srrogancia (que os yregos chamavant de bubris, ou 0 ongullio nedlido), a infantilidacle (no sentido negativo) ¢ a irr lidade, até em relagao a si mesmo como uma crianga mortal, que precisa satishazer suas necessiclades biol6gicas e psicol6gieas. Tuclo isso & 0 que os psicdlogos chamam de inflagio ou narcisismo patologico, © Tirano da Cadeirinha Alta precisa aprender que cle no € 0 centro do universo © que este nao existe para satislazer as suas necessidades, ou, melhor dizendo, as suas iimitadas necessi- cdacles, as suas pretenses a ser um deus. O universo vai porém nto na sua forma divina ‘0 Tirano da Cadeirinhia Alta, através do Rei da Sombra, pode continuar sendo uma influéncia ‘arquetipica dominante na idade adulta, £ conhecida a historia do lider promissor, do presidente dle limenti-lo, uma empresa ou candichto a presidente, que comeca a ganbar nuita importincia € entio di um tiro no pé. Ele sabota 0 proprio sucesso, € perde a notoriedade, Os gregos antigos diziam que a Jubris vem sempre acompanhada da némesis. Os deuses sempre derrubam os mortais que ficam muito arrogantes, exigentes ou lads. fcaro, por exemplo, fez um par de asas com penas ¢ cera para voar como os pissaros (ler “deuses") € depois, no seu convencimenio, desaliando os conselhos do pai, voou até muito perto do sol. O astro derretew a cera, as a cle cait no mar. Conhecemos o ditado “O poder corrompe, ¢ 0 poder absolute corrompe absolutamente”. © rei Lufs XVI, da Franga, perdew a cabega por causa da sua arrogincia, Muitas vezes, quando nés, homens, vamos ocupanclo cargos mais elevados na estrutura da empresa, ganhando cada vez mais autoridade € poder, sobe também. 0 risco da autodestruigio. O chefe que quer apenas funcionirios capaches, que niio quer saber o que esti acontecendo, o presidente que nao ouve os conselhos dos seus generais, 0 diretor da escola que nio tolera crticas dos seus professores — todos io homens possuidos pelo Tirano da Cadeirinha Alta, procedendo ‘emerariamente © Tirano da Cadeirinha Alta que ataca o sev anfitrito hu € 0 perleccionista; ele espera o impossivel de si mesmo © se repreende (assim como sua mae fez) quando nio consegue satis fazer as exigeneias da criangs interior. © Tirano pressiona o homem para mais e melhores desempenhos, € nunea fica satisfeito com o que ele faz. © homem infeliz torna-se o escravo (como foi a mie) da crianga grandiova de dots anos de idade que existe dentio dele, Ele precisa possuir mais coisas materiais. Nao pode cometer erres. E como € impossivel satisfuzer as exigeneias do Tirano interno, ele adquire lceras gastricas e fica doente. Acaba nao conseguindo, suportar @ pressio consiante, Nos, homens, quase sempre enfren- tamos 0 Tirano tendo finalmente um ataque cardiaco. Fazemos ‘gree contra ele. No final, a tinica maneiza de escapar do Pequeno Lorde € morrendo. Quando é impossivel controlar o Tirano da Cadeizinha Alta, cle se manifesta num Stalin, num Caligula ou num Hitler —todos ppetniciosos soctopatas. Vamos torhar-nos o presidente de empresa «uc prefere ver a empresa fracassar a lidar com a sua propria, grandiosidade, com a sua identificagio com 0 exigente *deus” sis Se desmancharam e a interior. Podemos ser Pequenas Hitlers, mas vamos destruir 0 n0ss0 pais, J disseram que a Crianga Divina quer apenas ser e que todas as coisas venham até ela. Nio quer fazer. © antisia quer ser sudmirado sem ter que mexer um dedo, © presidente da empresa quer ficar seniado na sua sala, deleitando-se com as cadeiras de couro, seus charutes € a atraente secretiria, recebendo um alto salirio € gozando as suas morcomias. Mas no quer fazer nada pela empresa, Imaginase invulnerivel € importantissimo. Frequente- mente humiha e rebaixa os outros que esto tentando fazer alguma coisa. Ble esti na sua cadeira de pernas altas, pronto para see despedido, O Principe Covarde © outro lado da sombra bipolar da Crianga Divina € 0 Principe Covarde. O menino (e mais tarde 0 homem) que est4 possuide por cle parece ter muito pouca personalidad, nenhum entusiasmo pela vida © pouquissima iniciativa, Quer ser mimado, comanda todo mundo 4 sua volta com seu ar de desamparo mudo ou queixoso, Precisa que 0 levem de um lado para o outro em cima ce uma almofada. Tudo € demais para ele, Raramente participa das brine leiras das outras criangas; tem poucos amigos; no vai bem na escola; é quase sempre hipocondriaco; 0 seu menor desejo € uma ordem para os seus pais; todo o sistema familiar gira em tomo do bemestar dele. Revela, porém, a falsidade da sua fraqueza nas violentas agressGes verbais acs irmfas, no sarcasmo acerbo com que se dirige a cles, na patente manipulage dos sentimenios estes. Tenda conveneido os pais de que é uma viima indefesa da vida © de que os outros © perseguem, quando surge uma briga centre cle © um irmao ou uma ima, os pais wenclem a desculpé-lo © 4 punir 0 outro, © Principe Covarde € 0 extremo oposto do Tirano da Cadel sinha Alta e, embora Linda assim ocupa um trono menos evidente, Como acontece com todos os distirbios bipolares, 0 Ego possuido por um pélo vai, de pouco ou pular repentina enle para o outro polo, Usando a imagem do magnetismo bipolar para descrever esse fendmeno, podemes dizer que a polaridade do mente tenha os mesmos acessos de raiva, fempos em tempos, escortegar pouco 5 dependendo da diregio da cormente elétrica que utravessa, Quando essa inverse ocorre no menino presonasombra bipolar da Crianga Divina, ele passa das exploso. passividade deprimida, ou da aparente fraqui (goes de raiva. jrdnieas para a para demonstra- O Acesso 4 Crianga Divina Para chegarmos 4 Crianga Divina de forma adequada, preci- samos reconheeé-la, mas niio nos identificar com ela, Precisamos: ‘amar e admirar a criatividade € a beleza desse aspecto primitive do ‘Si:mesmo masculino, porque se no tivermos essa ligacio com ele, as passibilidades que existem na nossa vida. Jamais aproveitaremos as oportunidades de renovay Ativistas, administradores, professores 01 ligagie com esse arquetipo impede-nos cle nos sentiemos vazios, enfudados e inea- pazes de ver a abundineia do potencial humano 4 nossa volta Dissemos que muilas vezes os terapeutas desvalorizam 0 Simesmo grandiose de seus clientes. Embora seja necessirio, &s vezes, que essas pessoas se distanciem cognitiva e emocionalmente da Crianga Divina, nds mesmos nao encontramos muitos homens (pelo menos entre aqueles que procuram uma terapia) que se ideniffiquem com a sua propria criativicade. Ao contriio, em geral eles precisam enirar em contato com ela. Queremos incentivar grandeza nos homens. Queremos incentivar 2 ambigiio. Acredita- mos que ninguém quer realmente ser normal. A definigio de normal é, com freqéneia, “mediano”. Vivemos, segundo nos pa- rece, numa era que sofre a maldigio da normalidade, caracterizada pela ascensia do que € mediocre. Provavelmente, os terapeutas {que insistem em depreciar “brilho” do Sitmesmo grandioso de seus clientes esto eles mesmos desligados de sua Crianga Divina, Invejam a beleza © o frescor, a criatividade ea vitalidade da Crianga existente em seus clientes, (Os romanos antigos acreditavam que todos os bebés humanos nasciam com e que eles chamavam de “genio”, um espirite guardiao 6 designade para o menino ou a menina quando vinham ao mundo. [As festas de aniversirio romanas eram comemoragées mais par reverenciar 0 génio, o ser divino que veio com aquela pessoa, do que para homenagear o incividuo. Os romanos sabiam que era o Ego do homem a origem da sua mtisica, da sua arte, da sua politica ou dos seus atos corajosos. Bra a Crianga Divina, um aspeeto do Si-mesmo existente dentro dele. Precisamos fazer a nds mesmos duas perguntas. A primeira iio € se estamos manifestando Tirano da Cadeirinha Alta ou 0 Principe Covarde, mas sim cono estamos fazendo isso —~ porque todos estamos manifestando os dois em alguma medida ede alguma forma. segunda pergun- sim, como estamos homenageando-a ou deixando de homenaged-la. Se no a sentimos na nossa vida pessoal € no nosso trabalho, ento precisamos perguntar-nos como € que a estamos bloqueando. ‘A Crianga Precoce Fxiste uma estatucta maravithost do antigo mago © vii egipcio, Imotep, quando crianga, sentado num pequeno trono endo um pergaminho. Sua expresso € suave © pensativa, mas iluminada por um brilho interior, Os othos baixos miram «tp: escrita que ele segura nas mos com reveréncia, Sua atitude demonstra graciosidade, equilibrio, concentragio ¢ autoconfianga, Nao & um retrato, essa estatera & na verdade a imagem do uquétipo da Crianga Precoce. ‘A Grianga Precoce manifesta-se num menino quando ele se mostra avide de conhiceimentos, quando sua mente ¢ estimullada e cle quer dividir com os outros o que esté aprendendo. Iki um brilho em scus olhos ¢ uma energia no seu corpo © na sua mente que ‘mostra que ele esté aventurando-se pelo mundo das idéias, Fsse menino (e, mais tarde, © homem) quer saber o “porque” de tudo. Pergunta aos pais: "Por que o céu € azul", “Por que as folhas cacm?", “Por que as coisus tm que morrer?” Quer saber 0 “como”, 6 “qué” © 0 “onde” das coisas. Quase sempre aprende a ler cedo pura poder responder 2s suas proprias perguntas. Em geral, € bom nluno e animado participante das discuss6es em sala de aula, Com a fieqiiéncia também, € bom em varias dreas: pode ser capaz de desenbvar ¢ pintar bem ou tocar um instrumento com competéncia Pode também ser um bom desportista. A Grianca Precoce é origem das chamadas criangas prodigio. ‘A Crianga Precove € a fonte da nossa curiosidade e dos nossos impulsos aventureiros. Ela nos ineita a explorar, a ser pioneiras do desconhecido, do estranho © do misterioso. Faz-nos ficar marivl Inados com @ mundo ao redor © dentro de nés. O menino cua Giianga Precoce € uma influéncia poderosa quer saber o que Faz as outtas pessoas ¢ ele mesmo. Quer saber por que as pessoas aagem de cesta manera, por que ele tem certos sentimentos. Tende a ser introvertido ¢ meditaivo, e € capa. de ver as ligagbies secrets entre as coisas. Consegue alcangar a independéncia cognitiva das essots i sua volta muito antes cas outras eriangas. Embora voltado dentro e meditativo, ele wmbém 6 extrovertide © se aproxima animadamente dos outros para compartlhar com eles a sua per- Cepgio das coisas € 03 seus talentos. Muitas vezes senve uma necessidade muito forte de ajudar os outros com a sua sabedoria, © 0 amigos procuram o seu ombro para ehorar da mesma fortta que buscam a sua ajuda para fazer o dever de casa, A Crianga Precoce existente no homem conserva vives © seu encantamento € sua curiosidade, estimula 0 seu intelecto © o faz avangar em ditegio ao mago amadurecido, O Trapaceiro Sabichéo A Sombra bipolar da Créanca Precoce, como todas as formas da sombra dos arquétipos do masculino imaturo, pode persistir até 2 idade adulta, quando fz 08 supostos homens manifestarem um infantilismo inacequado em sua maneira de pensar, sentir © se comporta. © Trapaceiro Subichiio, como seu nome dia entender, a energia masculina imatura que faz trapagas, de natureza mais ‘ou menos séria, com a sua prdpria vida e coma dos outros. EBerit6 -m.nos fapear com essas mesmas aparencias. nos faz acredilar, confiarnele, ¢ depois nos tra, rindo da nossa dlesgraga. Nos conduz a un paraiso no meio da floresta $6 para nos servir um banquete a base de cianureto, Esta sempre atrds de um ras de mau gosto, gosta de nos fazer de bobo. (© Sabichao € aquele aspecto do ‘Trapaceiro no menino ou no homem qve goss de intnidar cs ores. AROSE, a sempre com o deco cso, mse pose i ese MTR Giistincigeie vert icredltar que, comparados com le, slo uns bobalhies. ‘© menino possuido pelo Sabichvio, porém, ni limita neces sariamente a sua exagerada precocidade & exibigao intelectual Pode ser um sabe-tudo sobre qualquer assunto ou atividade, Um ‘garoto inglés, de familia abastada, veio passar um més de verio num dos acampamentos da Associaglo Crista de Mogos nas Fstados, Unidos. A maior parte do tempo, ele fa contando para as outros meninos, a quem chamava de plebe, as varias viagens que fizera pela Europa e Asia com o pai diplomata, Quando os garotos queriam saber algum detalhe sobre as. cidades estrangei inglesinho respondia: “Americanos burros. 56 conhecem as sus plantagdes de milho!” E representava o seu show “Eu sou superior 2 voces” com sotaque britinico aristocratico. Nem € preciso dizer que 08 meninos americanos ficavam envergontiados iva, Conseqiicntemente, na escolu priméria poder ser en- contraclo muitas vezes debaixo de uma pilha de garolos que o€st0 moendo de pancadas, Ele sai desses encontros com um olho r0x0, porém com a inabalével conviesto de sua propria superioridade Num caso extremo que conlheceinos, o menino Sabichio chegou a acreditar que cra o Segundo Advento de Jesus Cristo. A Gnica coisa que ele nto conseguia entender era por que ninguém parecia reconhecé-lo, ceiro € 6 guarda-chuva sob o quatatua o Sabiehao, 6 homem preso 1 ess influéneia infantil em geral enggina os outras — Lalvez a st 2» mesmo também — quanto & profundidade dos seus conecimentos fo ao raw de sua importing Mas também tem um lado positivo. f muito bom para esvaziae 5, onosso ¢ as dos outros. E quase sempre ataea, para nos reduzir co 108 expor tod nossas Fraquezas. estava adorando 0 rei, © © proprio rei ji estava comeganclo a se adorar, 0 Bobo dava uma cambalhoia no meio dos rapapés e peidaval Ble queria dizer: "Nao fique inchado, somos todes seres hhumanos aqui, nao imposta a condigio social que nos eonterimos Uns 0s outeas Na Biblia, Jesus chama Satanis de Pai das Mentiras, iden ficando-o assim com o Trapaceiro no seu aspecto negative, Indize tamente, a Biblia também mostra Satands, 0 Trapaceiro, sob uma 12 positiva, embora a matoria de nds nila perceba isso. A histGria c J6, por exemplo, retrata um relacionamento de respeite miituo) pire Deus ¢ ele. Deus proporcionow a Jo grandes sique: -guranga material, sade e uma familia numerasa. J6, por seu lado, os Ej ra Satanis, Farejando a hipocrisia nisso tudo. Ele & um criador € caso, a bem da verdade. A sua idéta € que, se Deus amaldigoar 6, este vai acabar deixando de cantar suas louvagGes, Deus ni ler aereditar em Satands, mas aceita o plano, provavelmente orque seu instinto The diz que o outro tem razao. E tem! Quande eus Ihe tirou tudo 0 que tinha — riqueza, satide — 16 finalmente abandona a sua devocio superficial, brande o punho nica Deus € rompe com ele, Deus reage intimidando J6, [ME na hist6ria do Paraiso, Satands cra confusio pa natureza fraudulenta ¢ ilusGria da eriacio supostamente "bos" Deus queria aereditar que tudo que ele tinha feito era bom, ms afinal de contas cle fizera 0 mal © © pendurara na Arvore do Conhecimento do Bem ¢ do Mal. Satanis, na Forma da serpente, eestava determinado a revelar 6 lado sombrio dessa eriagdo “perfel ta”. E conseguiu isso com a “queda” de Adio ¢ Eva, 86 depois que ds revelou o mal existente na criacio —e, conseqitentemente, fio Criador — € que pOde comesar a haver honestidade ¢ cura, No filme Amor, sublime anor, (West sidestory), os jovens que através de brincadeiras tentam desculpar-se pelos esiragos que provocam na cidade diante de uma simulagio do guarda Krupke, sito na realidade, © com bastante precistio, exponclo o lado da sombra, 0 lado menos idlfico, da sociedade que os fez assim Como funciona o ‘rapaceiro? Digamos que voce esta prepa indo.se para aquilo que considera a sua mais brilhante apresen lacdo. Esti to orgulhoso «a sua perspicicia! Senta-se dante do computador e manda que cle imprim as notas que voce colocou ali antes, c a impressora nao funciona. © seu proprio ‘Trapaceiro interno Ihe passou a per: (Ou, voce vai comparccer a uma ceriménia importante, Calcula ‘0 tempo para garantir que todos o estejam esperando — apenas alguns minutos, o suliciente para perceberem 0 quanto voce ¢ importante. Vai pegar 0 carro afinal, preparando para fazer a sua viagem triunfal. Mas nao consegue achar as chaves. E i estto clas, ancadas dentro do automével, ainda na ignigio. A bubris condvz, ipacciro trabalha contra nés (a Longo a nosso-favor). cle trabalha, através de nés, contra os outros também. Talver, voce goste de fazer brincadeiras de mau gosto, perseguindo sem piedade as pessoas com as suas brincadeiras, até que vem um © di 0 troco, ai voc’ é forgado a perceber como isso Adi, Voce € 0 vendedor de automévels que engana os fregueses no prego dos ‘carros — vem a geréncia © engania voce na comissio. ‘Conhecemos um estudante de pds-graduagio realmente pos- suido por esse aspecto do arquétipo, Bstava sempre expondo as Fraquezas dos outros com o seu eneantador, mas nem tanto, senso de humor. Ria dos erros que 0s professores cometiam em sala. Ria vs palavras. Tiaha aspiragies quando o diretor da escola tropegava n politicas, queria criar um movimento estudantil para defender a sua causa favorita, Mas pessoas dee que precisav como patrones € mentores. Suas brincadciras finalmente o dei ram isolado © impotente. $6 mais tarde, na terapia, quando se familiarizow com a forga dominadora desse arquétipo, estudando 1s descrig6es do Trapaceiro dos indios americanos, € que conseguiu libertar-se do seu comportamento compulsivo e autodestrutivo. Talvez o Tra steja na Biblia, na hist6ria de Esai © Jaco, em que este conseguir 0 dircito de Primogenitura do imo “yendendo the” um prato de sopa. } enganow o inmio mais velho fazendo-o desistir da condigio € riqueza que por direito Ihe pertencitm como herdeiro da fortuna dos pais. Aurivés da manipulagio, apossou-se do que nao ¢ paceito mais conhecido a Precisamos entender bem essa energia imatura, Embora 0 seu Propdsito em sua forma positiva seja expor as mentiras, se nao for controlado torna-se negativo ¢ passa a destruir a propria pessoa ¢ 08 outros. Pois o lado negativo dessa energia masculina inmatura realmente hosti a todos 08 esforgos reais, a todos os direitos, a toda 4 beleza das outras pessoas. O Trapaceiro, como © Titan da Cadeisinba Alta, nao quer fazer nada, Nao quer ganhar nada honestamente. Quer apenas ser, e ser aquilo que nfo tem o dircito de ser. Hm linguagem psicoligica, € agressive-passivo Tssa € a forma de energia que busca a queda dos grande homens, que se compriz na destrui¢io de homens importantes, Mas © Trapaceiro nao quer substituir 0 homem que caiu, Nao quer assumir as responsabilidades deste, Na verdide, no quer tet responsabilidades. Quer fazer apenas o suficiente para causar a desgiaga dos outros. fou © homem infantil) Sempre consegue encontrar um homem para odidlo © aeabar matando-0 com um tiro. Acredita facilmente que todos os homens no poder sA0 comuptos e explo- adores. Mas, como 0 homem pessuiddo pelo Principe Covarde, esti gondenado para sempre a ficar A margem da vida, jamais conseguindo assumir a responsabilidade por si mesmo ou por Quanto menos um homem ver contato com seus verdadeiros talentos e capacidades, mais invejara os outros. Se somos muitos invejosos, estamos negancde nossa propria grandeza real, nossa propria Crianga Divina. O que stevennios fazer, entao, & procurar as nossas caracteristicas especias, nossa beleza © criatividade. A inveja bloqueia a criauividade O Trapaccito € 0 arquétipo que corre para ocupar vaio debsado no homem imaturo, ou no menino, pela negagdo ou falta de contato do menino com a Crianga Divina. O Trapaceiro entra ‘em ago dentro de nds, evolutivamente, quando nossos pais (ou ‘elhos) nos rebaixaram ou criticaram, quando fomos emocionalmente agredidos. Se nao semtirmos que somos especiais, ficaremos 1: 's do Trapaceiro, do “Sabichao", ¢ esvaziaremos os outros © sentimento de serem especiais, mesmo quando tal cesvaziamento no for necessirio. O Trapaceito Sabichto nao tem herOis, porque para isso € preciso acimirar os outros. E'$6 podemas ‘ulmirar as outras pessoas quando tems nog do nosso proprio valor © seguranga, cada vez maior, quanto as nossas: proprias ‘energias criativas, O Palerma © mening (ou homem) dominade pelo outro pélo da Sombra disuncional ds Ganga Precoce, © ingénvo Palma, como incipe Covarde, carece de personalidade, vigor e talento criativo. Pret inree« cmbotace, Nie pended, ro sae fazer troco nem dizer as horas, Quase sempre é rotulado de aluno de raciocinio lento. Faltathe, também, senso de humor © muitas ‘exes nio entende as pizdas. As vezes parece tamibém fiseamente desajeitado. Nao tem coordenacio, € € com freqiiéncia alvo de zombaria e desprezo quando se atrapalhia com a bola no meio do campo ou perde um lange importante no jogo. Bsse menino pode também parecer ingénvo, Hle €, ov parece ser, o silkime a saber sobre “os fatos da vida’ ‘A inépcia do Palerma, contndo, quase sempre esa longe de ser honesta, Ble percebe mais do que demonstra, ¢ © seu compor- tamento lerdo pode estar mascarando uma grandiosidade oculta, que se acha importante demais (© vulnerivel demais) para se revelar. Assim, intimamente intextigado com um secreto Sabichiio, © Palerma € também um Trapaceito. A Crianga Edipiana vamente Todas as encrgias masculinas imaturas, estio excessivam atadas, de uma forma ou de outra & Mie e so diferentes na vivéncia do masculino amadurecido ¢ nuttidon, ; Embora menino cuja Crianga Edipiana seja uma poderosa influencia arquetipiea nao vivencie adequadamente o masculine nultidor, cle € capaz de entrar em contato com as caracteristicas positivas do arquétipo, emotive € tem um sentimento de ace indo aprego pela comunicago com suas profundezas interna coisas. terno, ligado © feuoeo, Expres tam, ves di sa isto com a Mie (a relagio primordial para quase todos nds), as origens do que keno de espiriwualidade, O seu sentimento de unidade ago e prof corn o8 outros € CoM Loca podemos cham, 33 Mistica e a mxitua comunh@o com todas as coisas vem do seu profundo anseio pela Mae infinitamente nutridora, infinitamente boa e infinitamente bela Essa Mie no é a sua mae mortal, real. Esta fatalmente vai decepeiontilo na sua necessidade de ligagio, amor ¢ nultriglo Perfeitos ou infintes, Ao contrasio, a Me que ele sente exist cima ‘desta outra, acima de todaa beleza e sensibilidade (o que os gregos hiamavam e708) existentes nas coisas humanas, e que viveneit nos sentimentos profundos © nas imagens da sua vida interior a Grande Mic — a Deusa representada em suas varias formas nos ios ¢ lendas de muites povos ¢ culturas Um jovem que veio fazer andlise, em parte porque estava tentando elaborar os problemas retativos a mac, relatou um insight notivel que Ihe brotou do inconseiente, jd estava fazendo anilise quando foi visitar a mae © os dois comegaram a discutie como de costume. © rapaz nto conseguia fazé-la entender o que queria dizer, E deixou escapar, aborrecido: “Mae Toda-Poderosa!” Foi um Japso freudiano, como dizemos. © que ele queria falar era “Deus ‘Todo-Poderoso!” Pararam de dliscutir na hora. Ficaram constrangi- dos ¢ riram nervosamente, pois compreenderatt o significado do lapso. A pani dai ele comegou a orientar a sua percepeao espirital da Mic Todo-Poderosa para a Grande Mie, arquetipica, que, compreendeu ele com uma sntima conviceio, era a Mac da sua ropria mie mortal, Deixou de vivenciae esta Como a Grande Mac € passou a ser capa de livrHla, ¢ todss as outras mulheres, do pesado fardo de serem para ele divinas. Nao $6 os relacionamentos com as namoradas € com a mie melhoraram, como a sua espiri- twalidade se tornou bem mais profunda. Comesou a tranzmutar o sentido de unio profunda em ouro espiritual O Filbinho da Mamae A somibra da Crianga Epidiana € formada pelo Filhinho da Mamie ¢ pelo Sonhador. © Filhinho da Mamae esti, como todos sabemos, "preso As saias da mie”, Ele faz o menino fantasiar que sta se casando com ela, que a esta roubando do pai. Se o pai nio existe, ou € fraco, esse chamado anseio edipiano s¢ torna mais Forte, € 0 kido deformante da Sombra bipolar da Crianga Edipiana pode domini-lo, 34 © temo complexo de Fadipo vem de Freud, que viu na lend lina do rei grego um relato mitol6gico dessa forma de energia m imatura. A histéria € eonhecida © rei Lalo © a esposa, Jocasta, tiveram um filho a quem chamaram Edipo. Fm virtude de uma profecia que disse que quando crescesse Edipo ia matar 0 pai, Laio mandou que 0 levassem para 0 campo € expusessem numa colina, onde, supunha-se, 05 elementos 0 matariam, Mas, como sempre acontece ‘com as Griangas Divinas, Fdipo foi salvo, Um pastor encontrou-o © 0 crion, fazendo-o chegar & idade adulta, Uin'dia, Edipo caminhava por uma estrada quando uma carroga quase oatropelou. Ble discutiu com 0 dono desta ¢ o miatou. © proprietirio da carroga, que ele no conhecia era scu pai Laio. Edipo fot em seguida para Tebas, onde ficou sabendo que a rainha cstava procurando um marido, Era Jocasta, sua mie. Edipo casou-se ccom ela e subiu ao trono de seu pai. S6 alguns anos mais tarde, ‘quando cau sabre © reino uma praga, € que se revelou a terrivel verdade, © Edipo, o rei iegitimo, foi deposto, A realidade psicol6- gica subjacente na historia € que Edipo estava inllado. Caiu pela mao dos deuses por ter matado o pai (o “deus") ¢ se easado com mite (a “deusa"), Portanto, foi destrofdo pela ineonsciente inflacao de suas pretenses inconscientes 2 divindade. Para toda crianga, do ponto de vista do seu desenvolvimento, a Mic € a deusa © 0 Pai € 0 deus, Os meninos muito ligados & Mc se machueam. Existe também a hist6ria de Ad6nis, que foi amante de Afrodite, a deusa co amor. Nao era possivel accitar que um rapaz ‘mortal tivesse direito a uma deusa, por isso ele foi atacado por um porco do mato (aa realidade, um deus na forma de um animal © Pai) e morto. Uma outra coisa acontece com © Tilhinho da Mamie. buseando a Deus “erlos homens sob Pode chegar 2 pornograf nas formas quase infinitas do corpo feminino, © poder infantil do aspecto Filhinho da Mamae da Crianga Edipiana tem enormes colegSes de fotografias de mulheres nuss, sozinhas cu tendo relagéies sexuais com homens. Fle est querendo vivenciar ‘a sua masculinidade, o seu poder félico, a sua capacidade de gerat. Mas, em vez de afirmar a sua masculinidade como um homem: mortal, ele est4 mesmo € procurando ter a experiencia do penis de Deus — 0 Grande Falo — que conhece fodas as mulheres, ou melhor, que conhece a uniio com a Grande Mie em sua infinidade de formas femininas, O Sonbador © outro pélo ca Sombra disfuncional da Crianga Bdipiana & © Sonhadlor, Este leva ao extremo os impulsos espirituais da Crianca ipiana, Embora também mostre sinais de passividade, o menino, rossutido pelo Filhinho cla Mamie pelo menos busca ativamente a ‘Mie’. O Sonhador, entretanto, faz 0 menino se sentir isolado de todos os relactonamentos humanos, Para o garoto enfeiticado pelo Sonbador, 0s relacionamentos se cio com coisas intangiveis e com ‘0 mundo imaginario dentro dele, Conseqientemente, enquanto as wutras criangas brincam, cle se senta numa pedra ¢ fica sonl:ando. © menino possut onhador, como aquele dominado por outros pélos de sombra, nlo € honesto, embora em geral essa desonestidade seja inconsciente. O seu comportamento etéreo, isolado, pode mascarar o pélo oculto, € oposto, da Sombra da Crianga Edipiana, o Tilhinho da Mamie. O que esse mening realmente revela, de forma indireta, € 0 seu ressentiniento por niio conseguir ter a posse da Mie. A sua grandiosidade na busca de possuir a Mie oculta-se sob a depressio do sonhador. 36 O Heréi HA muita confustio em tome do arquétipo do Her6i. Em geral, supée-se que a forma herdica de abordar a vicla, ou uma taref, seja a mais nobre, porém, 86 em parte isso € verdade. O Herdi é nas uma variedade avangada da psicologia do Menino —a mais icada, 0 auge, na verdade, das energias masculinas clo menino, © arquétipo que caracteriza_o maximo no estgio adolescente do Gesenyolvimento. Mas € imaturo, € s¢ continua até a idade adulea como um arquétipe dominante, impede que o homem anja a aturidade plena. Se pensirmos no Heri como o Valentao Exibicionista, esse aaspecto negative torna-se mais clo. oO lentdo Exibicionista © menino (ou homem) dominado pelo Walentio quer impr sionar 08 outros. Suas cstratégias destinamse a prod superioridade ¢ 0 seu direito de dominar as pessoas que o cercam Reivindica o centro do paleo para si como um diteito inato. E se dlesafiam essas exigeneits de status especial, vejim 86 0 que o que cle apronta! Ataea com ofensivas e muitas vezes agresst0 que questionam o que elas “farejam” come uma parte. Esses ataques visam impedir 0 reconheci- ‘mento da sua covardia subjacente ¢ da sua profunda inseguranga, homem que continua eob a inluénet ‘aepecto negative do Heréi no trabalha em conjunto, E um soliirio, Fo executive impontante, 0 homem de vendas, 0 revolucionario, 0 cortetor olsa de valores, E o soldudo que se arrisea desnecessariamente ‘em combate e, se estiver numa posigio de lideranga, exige o mesmo de seus homens. Deseobriu-se muita coisa no Vien’, por exemplo, s javens oficiais *hersicos", eavando promogées, que vezes exigiam que scus homens arriseassem a vida em Gemonsiragéies de coragem. Alguns morreram, vitimas de suas atitudes herGicas infladas Outro exemplo € 6 personagem de Tom Cruise no filme Ases Indomavets (Top Gun). "Trata-se dle um jover piloto, altamente motivado, que no ove ninguém, que precisa provaralguma coisa, uum valentao, um rapaz que, embc presungio da eon a7 scu navegador. A reagio geral de seus colegas pilotes ¢ de repuidio € desagrado, Mesmo 0 seu melhor amigo, embora gostando muito dele ¢ continuando a Ihe ser fiel, acaba tendo que Ihe fazer ver que esti causando mal a si mesmo € 8 equipe © filme & na verdade a hist6ria de um menino que se toma hiomem. S6 depois que © personagem de Tom Cruise contiibui acidentalmente para a morte de seu amigo-navegaclor numa ma- nobra aérea tensa — ¢ sofre com isso — e $6 depois que peede a competi¢io para Iceman, mais amadurecido, é que comega a sair da adolescéncia ¢ entrar na iddace adulta, A clferenga entre o Heréi © © Guerreiro amadurecido 6 exatamente a que existe entre 0 personagem de ‘Tom Cruise e Jcentan. © homem possuido pelo pélo Valentio Exibicionista d Sombra do Herdi tem um senso inflado da propria impostincia € ‘capacidade, Segundo nos contou recentemente o executivo de uma empresa, ao enfrentar os jovens herdis da sua companhia cle precisa dizer-thes de vez em quando: *Vocés sio bons. Mas ni tanto quanto pensam, Um dia chegam ld. Por enquanto ainda niio.” ‘© her6i comeca achando que ¢ invulnerdvel, que para cle 86 serve o “sonho impossivel", que ele pode “lutar Contra o inimigo invencivel” © vencer. Mas s realmente impossivel, © 0 inimigo realmente inveneivel, o her6i vai ter problemas De fato, € © que vemos com freqiéncia, O sentimento de invulnerabilidade, uma manifestago do Valentio Exibicionista ¢ dlivinas de todas essas formas de energia masculinas deixa o homem sob a influéncia do Hedi da Sombra, exposto a0 perigo da propria morte. No final, ele acaba dando um {iro no pé. O herdico general Patton, embora cheio de imagina riativo € estimulante para as suas tropas, pelo menos por ve boicota « si proprio nos riscos que assume €, na competigio infantil com o general britinieo Montgomery, € nas suas observagdes argutas, porém atrevictas ¢ imaturas, Em vez de the destinarem uma isso para a qual esti. qualificado pelo seu talento (comandar a invasto da Europa pelas tropas aliadas, por exemplo), ele & preterido exatamente por ser um heréi, € no um guerreito Como no caso de outros arquétipos masculinos imaturos, 0 Her6i_ esta excessivamente ligado & Mac. Mas tem uma forte nccessidade de superd-la, Trava um combate mortal com o femini- no, lutando para conquisti-lo € afirmar a sua masculinidade. Nas lends dla Idacle Média sobre her6is ¢ suas donzela sabemos 0 que acontece depois que 0 hersi mata o dragio € se A com a prineesa. NAo nos contam © que acontecen com 6 amento deles, porque o Heri, como arquétipo, niio sabe o que fazer com a princesa depois que a conquista. Nao sabe o que fazer quando as coisas voltam ao normal ‘A desrocada do Heréi é que ele no conhece € € incapaz de ceitar suas proprias limitagées, O menino ou o homem dominado pelo Heréi da Sombra nao consegue realmente perceber que & um ser mortal, A negago da morte — limitaglo fundamental da vida humana — € a sua especialidade. ‘Quanto a isso, poderiamos pensar um pouco sobre a herdica natureza da nossa cultura ocidental, Sua preocupagio maior parece ser, como se diz sempre, a “conquista” da Natureza, 0 uso € manipulagao desta, A poluico ¢ a catisirofe ambiental sto 0s castigos cada vez mais Obvios por esse projeto to arrogante © imaturo, A medieina opera na hipotese geralmente tacita de que a doenga, ¢ finalmente a propria morte, pode ser eliminada, Nossa visio modema de mundo tem sérias dificuldades em enfientar as limitagdes humanas, Quando nao encaramos nossas verdadeiras limitagoes, ficamos cheios de pretensées, € mais cedo ou mais tarde este Ego inflado sera chamado a prestar contas. O Covarde ‘© menino possuido pelo Covarde, 0 outro pélo da Sombra bipolar do Herdi, revela uma extrema relutancia em se defender sozinho nos confronts fisices. Costuma fugir da briga, talve desculpando-se com a alegacio de que a atitude mais “viil” 6 a de se afastar. Mas ele vai sentit-se infeliz, apesar das desculpas. E nio lo apenas as lutas fisicas que ele evita. Tende a permitir que 0 mmaltratem emocional ¢ intelectualmente também. Quando alguém Ihe exige alguma coisa ou € enérgico com cle, © menino dominado, pelo Covarde —e incapaz. de se sentir um heréi — cede. Subme- te-se facilmente a pressio dos outros; sente-se invadido € pisado, como um capacho. Quando se cansa, entretanto, a grandiosidade «lo Valentao Exibicionista oculta dentro dele very 2 tona ¢ explode tem violentos ataques verbais ¢/ou fisicos ao seu “inimigo", um {aque para o qual o outro esta (otalmente despreparado. Mas, tendo descrito 0s aspectos negatives, ou da sombra, do Valento/Covarde, ainda fica a pe Junta: por que o Heroi esti aw

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