Os arquétipos recebem a qualidade de distinguibilidade para nossa consciência e,
com isso, a possibilidade de serem apreendidos, entendidos, processados e
assimilados por ela somente no encontro com a consciência, ou seja, quando a luz desta cai sobre eles e eles, portanto, se tornam “perceptíveis” e seus contornos emergem da escuridão cada vez mais acentuadamente e se enchem de conteúdo individual. “Evidentemente, algo psíquico só pode ser conteúdo da consciência, isto é, ser representado quando tem representabilidade, ou seja, qualidade imagética”, sendo, portanto, acessível ao processamento durante uma análise, o que pode traduzi-lo para uma fórmula consciente. (...) Se o arquétipo aparece no aqui e agora do espaço e do tempo, se pode ser percebido na consciência de alguma maneira, então estamos falando de símbolo. Isso quer dizer que cada símbolo é também ao mesmo tempo um arquétipo, que ele é determinado por um “arquétipo per se”, não perceptível, ou seja, ele deve ter um “desenho básico arquetípico” para poder ser visto como um símbolo. Mas um arquétipo não será necessariamente idêntico a um símbolo. (...) Pois, tão logo o conteúdo puramente humano-coletivo do arquétipo, que representa o material cru fornecido pelo inconsciente coletivo, entra num relacionamento com a consciência e com sua propriedade doadora de formas, o arquétipo adquire “corpo”, “substância”, “forma plástica” etc.; ele se torna representável e só então se torna uma imagem verdadeira – a imagem arquetípica, o símbolo. Para defini-lo de uma perspectiva funcional, poderíamos dizer que o “arquétipo per se” é essencialmente energia psíquica concentrada, mas o símbolo lhe acrescenta o modo de manifestação, pelo qual o arquétipo se torna discernível.