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Caderno de Resumos

III Encontro de Pesquisadores do ATRIVM


Interdisciplinaridade em Ação

11, 16, 17 e 18 de novembro de 2016

UFRJ/ Faculdade de Letras


Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas
ATRIVM
III ENCONTRO DE PESQUISADORES DO ATRIVM | Interdisciplinaridade em Ação | 11, 16, 17 e 18 nov. 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO


Reitor: Roberto Leher
FACULDADE DE LETRAS
Diretora: Eleonora Ziller Camenietzki
DECANIA
Decana: Flora De Paoli Faria
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS CLÁSSICAS
Coordenador: Ricardo de Souza Nogueira
Vice-coordenadora: Arlete José Mota
COMISSÃO ORGANIZADORA
Prof. Dr. Anderson de Araujo Martins Esteves - Presidente
Prof. Ms. Arthur Rodrigues Pereira Santos
Prof. Ms. Braulio Costa Pereira
Prof. Ms. Carlos Eduardo da Costa Campos
Prof. Dr. Deivid Valério Gaia
Prof. Dr. Fábio Frohwein de Salles Moniz
Prof. Dr. Luiz Karol
Prof. Dr. Rainer Guggenberger
Prof. Dr. Ricardo de Souza Nogueira
COMISSÃO CIENTÍFICA
Prof. Dr. Airton Pollini (Université de Haute-Alsace)
Prof. Dr. Alexandre Santos de Moraes (UFF)
Profa. Associada Dra. Alice da Silva Cunha (UFRJ)
Prof. Associado Dr. Fábio Faversani (UFOP)
Prof. Associado Dr. Fabio de Souza Lessa (UFRJ)
Prof. Associado Dr. Fábio Vergara (UFPel)
Prof. Associado Dr. Gabriele Cornelli (UnB)
SECRETÁRIA DA GRADUAÇÃO
Rosane Barroso Franco

REALIZAÇÃO
ATRIVM - Espaço Interdisciplinar de Estudos da Antiguidade
Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas (PPGLC - UFRJ)

REVISÃO
Arthur Rodrigues Pereira Santos
Bruno Torres dos Santos
Carlos Eduardo Schmidt
Lucas M. Amaya

DIAGRAMAÇÃO
Anderson Martins
Carlos Eduardo da Costa Campos

CAPA
Fábio Frohwein

APOIO
Faculdade de Letras – UFRJ
PR3 – UFRJ

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SUMÁRIO

CONFERÊNCIAS
5 ¶ Abordagens interdisciplinares nos Estudos Clássicos: propostas comentadas – Breno Battistin Sebastiani
7 ¶ Imagens dos deuses em Cícero e os debates sobre a religião romana na República tardia – Claudia B. Rosa
8 ¶ Fócion, Demétrio e o fim da pólis – Delfim F. Leão
12¶ A retórica da guerra na democracia ateniense e na atualidade. Cruzando leituras de Górgias, Eurípides,
Tucídides e José Tolentino de Mendonça – Martinho Tomé Martins Soares
14¶ As teorias da metáfora de Black, Searle e Lakoff / Johnson e suas possibilidades de emprego na pesquisa em
Letras Clássicas – Ricardo Nogueira

MESAS-REDONDAS
4 ¶ Os Estudos de gênero e os clássicos: novas perspectivas – Anderson Martins Esteves
5 ¶ Conhecendo a Vrbs: um percurso literário – Arlete Mota
6 ¶ Refletindo sobre a cultura material de natureza funerária: o papel da interdisciplinaridade na relação entre os
mortos e os vivos – Camila Souza
7 ¶ Que falta faz o sentido? Inscrições ‘nonsense’ em vasos gregos – Carolina Kesser Barcellos Dias
7 ¶ Reinhart Koselleck e os Estudos de Recepção Clássica - Daniel Barbo
8 ¶ Credores, devedores e os poderes públicos em Roma durante a Guerra Social (91-88 a.C.) : a crise financeira de
89 a.C. – Deivid Valério Gaia
8 ¶ Pompeia chega ao Rio: a seção pompeiana da Coleção Teresa Cristina – Evelyne Azevedo
9 ¶ O deus uno, imóvel e anterior à essência: reflexões sobre a resposta de Jâmblico aos questionamentos de Porfírio
no livro VIII de Sobre os mistérios – Fernanda Lemos
9 ¶ Interdisciplinaridade no “Dicionário latino básico para catalogação de obras raras” – Fábio Frohwein
11¶ Hesíodo entre la poesía y la filosofía. Un modelo de interdisciplinariedad – Maria Cecília Colombani
11¶ A demonologia no contexto do Império Greco-romano - Luiz Karol
13¶ Política na sala de aula: uma proposta interdisciplinar a partir da Antiguidade – Priscilla Gontijo Leite &
Lucas Consolin Dezotti
13¶ (Re-)Sonorizando o mito helênico: O(s) Prometeu(s) de Franz Schubert" – Rainer Guggenberger
13¶ Latim e neopúnico na África do Norte: identidade e alteridade – Regina Bustamante

COMUNICADORES
4 ¶ Amanda dos Reis Santos
4 ¶ Amanda Lemos Fontes
4 ¶ Amanda Prima Borges
5 ¶ Arthur Rodrigues Pereira Santos
5 ¶ Braulio Costa Pereira
6 ¶ Bruna Moraes da Silva
6 ¶ Bruno Torres dos Santos
6 ¶ Carlos Eduardo da Costa Campos
7 ¶ Carlos Eduardo da Silva dos Santos
7 ¶ Carlos Eduardo Schmitt
9 ¶ Fabiana Martins Nascimento
9 ¶ Gabriel Paredes Teixeira
9 ¶ Ian Ferreira Bonze
10¶ Leandro Cordeiro de Souza
10¶ Lucas Amaya
10¶ Luciana Lourenço Gomes
11¶ Luis Filipe Bantim de Assumpção
11¶ Luiza Pascoal Mohamed
12¶ Mayan Rodrigues Melo Braga
14¶ Renata Cardoso de Sousa
14¶ Simone de Oliveira Gonçalves Bondarczuk
14¶ Stefania Sansone Bosco Giglio
14¶ Stéphanie Barros Madureira
15¶ Victor Henrique da Silva Menezes

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RESUMOS

Amanda dos Reis Santos - UFRJ


Entre a ostentação e a pobreza de uma santa: a caridade eversiva de Melânia, a Jovem
Melânia, a Jovem foi uma das mais ricas aristocratas romanas do século V d.C. Inspirada no
exemplo de ascetismo de sua avó paterna, não só converteu-se ao catolicismo como também
dilapidou integralmente seus bens em favor dos necessitados. Devido à proporção de suas doações,
consideramos que rompeu tanto com a mentalidade de seu círculo social quanto religioso, gerando
críticas por parte de seus contemporâneos. Nesse sentido, o objetivo da presente comunicação é
mostrar como os conceitos de pobreza, ostentação e caridade eversiva podem ser aplicados em duas
fontes da época: “A Vida de Melânia, a Jovem”, de Gerontius, e “História Lausíaca”, de Paládio de
Helenópolis.

Amanda Lemos Fontes - UFRJ


Júlio César e a elite senatorial: imagem e boatos na cultura política de fins da República
Romana
Na República romana o que era privado era também público e, muito frequentemente,
escolhas e ações do campo privado poderiam interferir no destino político de um indivíduo - um
homem romano deveria ter sua dignitas intacta e viver de acordo com a moral. A elite moralista
dessa época levava tal aspecto da cultura política romana ao extremo; frequentemente considerando
boatos e rumores sobre a vida privada de seus opositores. Chama-nos atenção, portanto, os relatos
feitos por Suetônio e Plutarco da carreira política de Júlio César, quem muitas vezes encontrou
oposição no Senado por conta de boatos sobre suas supostas relações extraconjugais. Desse modo,
partindo do exemplo de Júlio César, procuraremos nos reter nesse aspecto da cultura política de
fins da República - rumores tomando roupagem política.

Amanda Prima Borges - UFRJ


A Guerra Civil nas Hispânias de Pompeu: a campanha dos "companheiros de armas" de
Júlio César
A Guerra Civil de 49-45 a.C marcou profundamente a História de Roma. A disputa citadina
entre os dois maiores comandantes militares do período – Júlio César e Pompeu – teve a dimensão
do próprio imperium republicano: os conflitos se estenderam pela Península Itálica e chegaram até
regiões como a Gália, Hispânias, África, Grécia e Egito. Para além disso, essa guerra contou com o
envolvimento de uma larga quantidade de homens - cidadãos romanos ou não -, que serviram nas
tropas de cada um dos dois generais.
Sendo assim, dentre os diversos enfrentamentos que tomaram lugar nesses quatro anos,
essa comunicação se ocupará daqueles que ocorreram especificamente nas Hispânias, utilizando-se
de quatro narrativas: a de Suetônio, a de Plutarco, a de Apiano e a de Júlio César. O objetivo será
analisar a campanha de César nessa localidade e os fatores que levaram à sua vitória quando
precisou enfrentar os lugares-tenentes de Pompeu. Para tal, serão levados em consideração questões
como localização geográfica e temporal, provisão de recursos e clientelas mobilizáveis – com as
quais os generais supracitados poderiam conseguir o auxílio necessário. Com isso, ainda, pretende-
se observar como a mobilização e fidelidade dos soldados "menores" influenciou no resultado final
dos conflitos.

Anderson de Araujo Martins Esteves - UFRJ


Os Estudos de gênero e os clássicos: novas perspectivas
Quando, em meados da década de 80, a tradução dos três volumes da Histoire de la sexualité
foi publicada nos Estados Unidos, historiadores, latinistas e helenistas anglófonos entraram em
contato com o pensamento pós-estruturalista de Michel Foucault. Desde então, grande parte dos
estudiosos da Antiguidade têm debatido os conceitos de sexualidade e homossexualidade em
termos foucaultianos, ou, mais precisamente, a partir das questões lançadas pela trilogia. Nos
embates teóricos travados nos EUA na década de 90, construtivistas e essencialistas debateram a
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natureza da homossexualidade e a validade da aplicação, nos estudos da Antiguidade, de termos


nascidos ou disseminados pelo discurso médico do fim do século XIX – tal como o conceito de
homossexual. Mais tarde, com a difusão dos Gender Studies nos Estudos Clássicos, novas discussões
têm surgido, como, por exemplo, os limites dos paradigmas de comportamento sexual nas
sociedades da Antiguidade. Nesta apresentação, exploro algumas dessas perspectivas, ilustradas por
exemplos tomados da sociedade romana do século I E.C.

Arlete José Mota – UFRJ


Conhecendo a Vrbs: um percurso literário
Uma busca por características específicas de determinados períodos históricos e por espaços
percorridos na Cidade, tendo como fontes os textos literários, especialmente aqueles que se valem
do uso do risível, encontra um material rico e ainda a ser decifrado. E um elemento, plenamente
observável através de recursos imagéticos, conduz e acompanha o leitor por vias, templos, casas e
construções de toda a sorte: o personagem. Assim, o presente trabalho visa comentar certos
aspectos relacionados à composição e à tipologia de personagens criados pelo talento (e pela ars) de
poetas como Plauto, Horácio, Juvenal e Marcial, acompanhados das características essenciais da
comédia, da sátira e do epigrama.

Arthur Rodrigues Pereira Santos - UFRJ


O desenho sintático na tradução das Geórgicas de Virgílio
As Geórgicas foram compostas em versos hexâmetros datílicos, que se caracterizam, entre
outras coisas, por apresentar extensão variável, podendo ter de 12 a 17 sílabas. Normalmente, os
tradutores brasileiros se utilizam de versos tradicionais para verter poeticamente o hexâmetro, tais
como o decassílabo e o dodecassílabo. No entanto, esses versos, muito curtos para verter um metro
que, em seu menor formato, já apresenta 12 sílabas, dificilmente conseguem espelhar o desenho
sintático original, tais como a ordem dos sintagmas, os cavalgamentos e até mesmo a posição de
certos vocábulos importantes. Esta comunicação pretende justamente apresentar um esquema
métrico alternativo para a tradução das Geórgicas de Virgílio e demonstrar a sua eficácia, frente ao
decassílabo e ao dodecassílabo, na manutenção do desenho sintático original.

Braulio Costa Pereira - UFRJ


Ecos da religiosidade de Apuleio nas Metamorfoses
Na presente comunicação, serão apresentados os resultados iniciais do projeto de pesquisa
que pretende encontrar indícios da religiosidade de Apuleio nas Metamorfoses. A análise busca
identificar relações existentes entre os diferentes textos de Apuleio que chegaram até nossos dias,
numa tentativa de demonstrar como as Metamorfoses se estruturam de maneira a apresentar uma
visão religiosa específica. Postula-se que Apuleio, tendo sido um grande conhecedor de assuntos
místicos e religiosos, além de ter chegado a ocupar cargos sacerdotais de importância no norte da
África – como nos levam a crer seus próprios textos e o testemunho de Agostinho de Hipona – cria
uma narrativa cujas referências à religião e à magia constroem um retrato das práticas religiosas e
místicas vivenciadas ou conhecidas por seu próprio autor.

Breno Battistin Sebastiani - USP


Abordagens interdisciplinares nos Estudos Clássicos: propostas comentadas
Nessa exposição elencarei autores / obras / passos-chave, os quais comentarei
pontualmente durante a fala. Tomando como perspectiva a tornar a coisa mais leve - sobretudo
para quem ouve...

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Bruna Moraes da Silva - UFRJ


Do individual ao coletivo? Uma História Comparada do éthos guerreiro entre Homero e
Tucídides
Ao analisarmos sob um viés comparativo as representações do éthos guerreiro presentes nas
obras de Homero – Ilíada e Odisseia –, e na História da Guerra do Peloponeso, de Tucídides, faz-se
perceptível certo distanciamento entre o comportamento em campo de batalha daqueles heróis que
o aedo traz em suas epopeias e dos cidadãos-soldados que a obra tucidiana apresenta. Muitos
helenistas buscam conectar os primeiros a normas de condutas voltadas para a busca da glória
individual, enquanto os segundos batalhariam em prol de sua patrís, do coletivo. Todavia,
buscaremos demonstrar nesta comunicação que não podemos verificar esse total antagonismo, mas
sim como o portar-se guerreiro entre o Período Arcaico (séculos VIII-VI a.C.) – no qual
localizamos Homero – e o Período Clássico (séculos V-IV a.C.). – em que Tucídides compôs sua
obra – apresenta tanto características em comum quanto particularidades e diferenças.

Bruno Torres dos Santos - UFRJ


A teoria da tradução aplicada ao De Vita Caesarum, de Suetônio: breves considerações
Desde a antiguidade até os dias recentes, muitos estudiosos têm refletido sobre o ato de traduzir.
Na presente comunicação, porém, atento-me às concepções dos seguintes teóricos: Schleiermacher,
Snell-Hornby, Venuti e Berman, os quais, embora apresentem diferenças conceituais, partilham da
noção de que um método tradutório pode voltar-se mais para o autor/língua de partida, em
contraposição a outro método, que observa o leitor/língua de chegada. Grosso modo, o tradutor
que optasse pelo primeiro método deveria aproximar sua tradução dos radicais e da sintaxe da
língua original. Já aquele que optasse pelo segundo deveria aproximá-la das equivalências
terminológicas e das posições canônicas da língua do receptor. A fim de ilustrar a aplicação prática
dessas reflexões teóricas, selecionarei um excerto da obra De vita caesarum, de Suetônio, a partir do
qual apresentarei os dois tipos de tradução.

Camila Diogo de Souza – MAE/USP


Refletindo sobre a cultura material de natureza funerária: o papel da interdisciplinaridade
na relação entre os mortos e os vivos
Esta comunicação possui como propósito, de um lado, evidenciar e refletir sobre o caráter
multifacetado da cultura material de natureza funerária e, de outro, realizar um balanço reflexivo
sobre a historiografia e as diferentes abordagens teórico-metodológicas da “Arqueologia da Morte”,
assim como suas perspectivas futuras, relevando o papel e as contribuições das análises
interdisciplinares como elementos determinantes na produção de conhecimento e nas
interpretações sobre as relações entre os mortos e os vivos.

Carlos Eduardo da Costa Campos - UERJ


Considerações sobre o processo de adoção do princeps Otávio Augusto por Júlio César
Quando pensamos nas várias faces que a História de Roma apresenta em sua trajetória, de
imediato observamos que a era de Otávio Augusto foi um tema amplamente abordado pelas
gerações posteriores a esse governante. Um dos grandes problemas que observamos nas pesquisas
históricas sobre Otávio Augusto é a inevitabilidade de seu sucesso, seja com base em seu talento
para a política, seja pelo desígnio dos deuses. Todavia, ao historicizarmos tal princeps, verificamos
que suas ações são o resultado de um emaranhado de redes sociopolíticas de longa data, as quais
são refletidas em nossos estudos. Entre os vários pontos que contribuíram para as conexões sociais
de Otávio Augusto, destacamos o seu processo de adoção por Júlio César, que foi representado por
Nicolau de Damasco e Caio Suetônio. Desse modo, almejamos expor nossas considerações sobre o
impacto do processo de adoção de Otávio para a edificação do seu poder.

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Carlos Eduardo da Silva dos Santos - UFRJ


Vitia et Virtutes na Vita Galbae de Suetônio: um breve estudo acerca de um padrão
biográfico
O objetivo da presente comunicação concerne em apresentar ações que se caracterizam
como vícios e virtudes, no que diz respeito ao ideal romano, na vida do imperador Galba escrita
por Suetônio. Nesse viés, buscar-se-á refletir acerca desses conteúdos como critérios essenciais para
as construções de Suetônio na sua coletânea biográfica e, assim, intensificar um estudo em que vitia
e virtutes fazem parte de um padrão de produção biográfica.

Carlos Eduardo Schmitt - UFRJ


A Tradução dos Panegíricos de Símaco – Desafios e Perspectivas
Quinto Aurélio Símaco Eusébio (340-402) possui uma vasta obra que sobreviveu aos
séculos. Trata-se de mais de novecentas cartas (epistolae), quarenta e nove informes (relationes) e oito
discursos (orationes). A apresentação deste trabalho se centrará em seus três primeiros discursos, que
consistem em panegíricos dirigidos aos imperadores Valentiniano I e Graciano, por volta do ano
370. Pretende-se elencar e contrastar suas edições críticas e as traduções desses panegíricos até o
momento, propondo soluções em certos trechos duvidosos. Após o confronto com elas, serão
vistos alguns “aforismos simaquianos”, que servem de referência à sua fama de último grande
orador da religião tradicional romana.

Carolina Kesser Barcellos Dias - UFPel


Que falta faz o sentido? Inscrições ‘nonsense’ em vasos gregos
Nesta comunicação, centraremos nossas análises nos vasos áticos de figuras negras,
produzidos entre finais do século VI e meados do século V a.C., os quais carregam em sua
decoração inscrições ‘nonsense’: o que a ‘falta de sentido’ das palavras pode nos revelar?
Apresentaremos algumas inscrições consideradas destituídas de sentido para refletirmos sobre os
aspectos metodológicos dos estudos epigráficos e suas contribuições de análise no campo da
ceramologia clássica.

Claudia Beltrão da Rosa - UNIRIO


Imagens dos deuses em Cícero e os debates sobre a religião romana na República tardia
Apresentação do projeto de pesquisa cuja proposta é realizar um estudo em larga escala da
discussão de Cícero sobre o lugar das imagens dos deuses no espaço público da Roma tardo-
republicana, observando os modos pelos quais o autor discute a presença dos deuses como um
fator fundamental da coesão social e da estabilidade política. A ênfase em Cícero se deve por seu
papel destacado na construção dos discursos normativos e teológicos romanos em meados do
século I AEC. Mais especificamente, a pesquisa pretende contribuir para a compreensão do
vocabulário utilizado no discurso religioso-institucional na cidade de Roma no século I AEC,
permitindo uma ampliação dos conhecimentos sobre a história religiosa, política e intelectual
romana.

Daniel Barbo - UFMG


Reinhart Koselleck e os Estudos de Recepção Clássica
A metodologia proposta por Reinhart Koselleck nos estudos da História dos Conceitos
(Begriffsgeschichte) e dos Tempos Históricos (Historischer Zeiten) reafirmam e ampliam
consideravelmente o potencial investigativo dos métodos dos Estudos de Recepção Clássica. Se,
por um lado, há um parentesco entre estes campos teóricos, o que alinha e compatibiliza suas
proposições, por outro, a dimensão temporal do futuro, considerada por Koselleck (futuros passados),
redimensiona o papel ativo do receptor ao abordá-lo sob a tensão temporal; ao temporalizar o
momento da recepção. A tensão provocada pelo diferencial continuamente mutável entre experiência
e expectativa, ou o abarcamento do tempo histórico, o que remete à singularidade das épocas, é não

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somente uma das bases mais concretas e influentes do desenvolvimento de processos culturais
amplos, como também uma chave de análise que amplia a apreensão deste enfoque de recepção.

Deivid Valério Gaia - UFRJ


Credores, devedores e os poderes públicos em Roma durante a Guerra Social (91-88 a.C.): a
crise financeira de 89 a.C.
O objetivo deste trabalho é apresentar a relação conturbada entre credor/devedor e os poderes
públicos no contexto da crise financeira que ocorreu em 89 a.C., na cidade de Roma, à época da
Guerra Social (91-88 a.C.). As crises financeiras assolaram o final da República Romana, e a de 89
a.C. é uma das mais bem documentadas e relata um problema jurídico e social muito peculiar, haja
vista que os poderes públicos tiveram dificuldade de remediá-la devido ao impasse existente entre a
lei e o costume; credores faziam apelo ao costume para receberem o que lhes era devido, devedores
faziam apelo a uma pretensa lei que proibia o empréstimo de dinheiro a juros como pretexto para
deixarem de saldar suas dívidas. O pretor urbano, Semprônio Assélio (magistrado responsável para
resolver o conflito), ao tentar remediar a crise, tomou partido dos devedores e acabou sendo
assassinado pelos credores no Fórum. Essa crise, além de apresentar o impasse entre a lei e o
costume, também revela a incapacidade dos poderes públicos para resolver problemas financeiros
no último século da República. A partir do estudo desses eventos, será apresentado o modus operandi
de uma crise financeira na Roma Antiga: sua eclosão, o perfil dos devedores e credores, seus
desdobramentos e a sua remediação. Para tanto, esse trabalho foi realizado a partir de alguns
estudos da historiografia contemporânea e, sobretudo, dos relatos de Apiano e Tito Lívio.

Delfim Ferreira Leão - Universidade de Coimbra


Fócion, Demétrio e o fim da pólis
Apesar de o séc. IV constituir um período de grande vitalidade literária, sendo marcado por
figuras indeléveis da cultura grega, como Platão, Aristóteles ou a maior parte dos oradores áticos,
para evocar apenas alguns exemplos mais notáveis, ainda assim Atenas não mais recuperaria a
hegemonia política e militar que detivera ao longo de boa parte do séc. V. De resto, nem Esparta
nem nenhuma das outras poleis gregas conseguiriam ocupar de forma duradoira esse posto de
referência, deixando assim espaço para a afirmação crescente da Macedónia. É este contexto
histórico que servirá de pano de fundo à existência de Fócion, uma figura cuja atividade política se
reparte entre a expectativa irrealista de recuperar o glorioso passado de Atenas e a necessidade
concreta de negociar com os invasores os termos de uma submissão efetiva e humilhante para os
padrões de autonomia a que Atenas estava habituada. Talvez por isso mesmo, a biografia que dele
escreveu Plutarco é, em certos aspetos, comparável à que compôs também para Alcibíades, em
especial pela forma como a noção de kairos pode surtir um efeito ambivalente na carreira de
estadistas que, à partida, pareciam reunir condições de exceção para poderem triunfar.

Evelyne Azevedo - UERJ


Pompéia chega ao Rio: a seção pompeiana da Coleção Teresa Cristina
Em 1855, Ferdinando II, Rei de Nápoles e das Duas Sicílias, doou a D. Pedro II 260 peças
provenientes do Museu Real Bourbônico, entre as quais, pinturas pompeianas, bronzes, vidros,
terracotas e vasos gregos decorados. Estas integram hoje a Coleção Mediterrânea do Museu
Nacional da Quinta da Boa Vista, que teve início graças aos esforços da Imperatriz Teresa Cristina,
esposa do Imperador, em estabelecer um intercâmbio cultural entre o Brasil e a Itália, de onde
provinham as peças arqueológicas de interesse nacional e para onde eram enviadas as peças
etnológicas coletadas entre os índios brasileiros. As 759 peças que compõem hoje a Coleção Teresa
Cristina são provenientes de vários sítios arqueológicos da Itália, boa parte delas, no entanto, pode
ser remontada às escavações conduzidas pela própria Imperatriz nas suas propriedades de
Vacareccia e Isola Farnese e àquelas conduzidas por seu irmão, em Herculano e Pompéia. A
coleção é formada, portanto, por núcleos de diferentes proveniências, ainda não completamente
identificadas. O estudo deste material prevê, assim, a integração de diversas áreas do conhecimento,
como a História da Arte e a Arqueologia.

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Fabiana Martins Nascimento - UFRJ


As duas faces do medo: as relações escravistas nas uillae de Catão e Varrão (II-I a.C.).
A escravidão romana se fundamentava no medo. Fazia parte da mentalidade escrava estar
constantemente com medo da punição, fosse ela física ou não. Por outro lado, os romanos temiam
a grande massa de escravos que vivia em Roma e seus arredores. A partir desta dupla dimensão do
medo nas relações escravistas, analisaremos quais os seus papeis nos enquadramentos propostos
por Catão no De Agri Cultura (II a.C.) e Varrão no De Re Rustica (I a.C.) e o impacto das revoltas de
escravos ocorridas no final do século II a.C. e início do século I a.C. na dinâmica da relação senhor-
escravo.

Fábio Frohwein de Salles Moniz - UFRJ


Interdisciplinaridade no “Dicionário latino básico para catalogação de obras raras”
O objetivo deste trabalho é apresentar o conceito de interdisciplinaridade e o caráter
interdisciplinar da pesquisa desenvolvida por mim atualmente, intitulada “Dicionário latino básico
para catalogação de obras raras”. O projeto consiste essencialmente no levantamento das 1.500
palavras latinas mais ocorrentes em folhas de rosto de obras raras com seus respectivos
significados. Quanto à noção de interdisciplinaridade, atenho-me ao âmbito científico, em que se
encontra frequentemente ligada à relação de troca de métodos entre disciplinas, como reação
histórica à crescente especialização das ciências na Modernidade e consequente fragmentação do
conhecimento. Destarte, entendo que minha pesquisa tem caráter interdisciplinar pelo fato de se
valer de um constructo metodológico tomado a várias disciplinas: Bibliologia, Bibliotecologia,
Bibliotecografia e Biblioteconomia, relacionadas ao livro; Estatística, voltada ao estudo e
compreensão da frequência de eventos; Lexicologia e Lexicografia, dedicadas respectivamente ao
estudo de vocabulário sob determinados aspectos e à elaboração de dicionários.

Fernanda Lemos de Lima - UERJ


O deus uno, imóvel e anterior à essência: reflexões sobre a resposta de Jâmblico aos
questionamentos de Porfírio no livro VIII de Sobre os mistérios
O presente estudo pretende refletir a respeito das respostas oferecidas por parte de
Jâmblico de Cálcis aos questionamentos relativos a concepções teológicas dos egípcios, feitos por
Porfírio, em sua Carta a Anebó. Serão observadas as perguntas e suas respostas respectivas, uma vez
que os questionamentos de Porfírio, recuperados em boa parte na edição Sodano da Carta a Anebó,
carregam concepções que entram em conflito com as ideias do filósofo assírio. Serão observadas as
concepções de Uno Imóvel e anterior à essência e sua relação com a multiplicidade de deuses, além
de outras ideias postuladas por Jâmblico, como as que são relativas à astrologia hermética.

Gabriel Paredes Teixeira - UFRJ


Novas abordagens para o estudo da bruxaria na antiguidade latina
Nas últimas décadas, estudos a respeito da bruxaria se tornaram muito mais presentes em
círculos acadêmicos de diversas partes do mundo. Confrontando antigos paradigmas e propondo
novos modelos, especialistas têm repensado a bruxaria em suas inúmeras ocorrências. Tal mudança,
que motivou uma série de novas pesquisas em diversas áreas, ainda possui repercussão limitada em
relação aos estudos clássicos. Considerando a presença recorrente das bruxas nas obras literárias
latinas, esta comunicação pretende apresentar brevemente algumas atualizações no estudo da
bruxaria e contextualizá-las no cenário da literatura antiga romana.

Ian Ferreira Bonze - UFRJ


Sêneca e Paulo: o estoicismo no cristianismo
Durante o século I d.C., grandes produções filosóficas foram realizadas dentro do Império
Romano, dentre as quais podemos destacar o estoicismo imperial. Essa filosofia, tão importante em
seu tempo, produziu nomes como Lúcio Aneu Sêneca, o preceptor do Imperador Nero. O
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estoicismo senequiano tinha como grandes bases em seu pensamento quatro grandes conceitos e
definições: a Providência, a moral, a constante luta entre virtude e vício, e a existência de uma
divindade única, que rege todo o universo.
Nesse mesmo contexto social e político, um novo movimento religioso, de caráter
monoteísta, surgiu no reino-cliente da Judéia, território do Império Romano: o cristianismo. Porém,
devido às diferentes manifestações desta nova religiosidade, já existentes em seu início, utilizaremos
o termo “paleocristianismos”. A religiosidade romana, todavia, identificava o surgimento de novas
religiosidades não-oficiais como algo ilícito, chamando-as de superstitio. Dentro dessa nova superstitio
destacamos Paulo de Tarso, um dos seus principais representantes.
Essa comunicação tem por objetivo analisar a Carta de Paulo aos Romanos, cujo
destinatário era a comunidade paleocristã que estava inserida na capital do Império, a fim de
identificarmos em seu discurso a presença dos conceitos, das estruturas argumentativas e dos
ensinamentos estoicos. Para tal, efetuaremos um trabalho comparativo entre o estoicismo imperial
romano, a partir das Cartas de Sêneca a Lucílio, e a argumentação utilizada por Paulo. Paulo de
Tarso, como fruto de seu tempo, conheceu o estoicismo e apresenta em sua carta princípios
estoicos; dessa maneira, identificaremos a presença da fundamentação estoica no que conhecemos
como cristianismo paulino.

Leandro Cordeiro de Souza - UFRJ


Da Sátira a Repulsa da Homoafetividade na Roma Imperial: Uma análise comparativa das
práticas homoeróticas nos discursos do Satíricon de Petrônio e Vida de Nero de Suetônio

A pesquisa tem como objetivo analisar de forma comparativa dois textos do período do I
século da Era Comum, quais sejam, O Satiricon supostamente escrito por Petrônio, e A Vida dos
Doze Césares de Suetônio, neste último caso, se concentrando na vida de Nero. Esses textos serão
analisados a partir das práticas sexuais homoafetivas, de um lado Satiricon, com relação a Gitão e
Encólpio, do outro lado A vida dos Doze Cesáres, que observará as relações sexuais homoafetivas
de Nero. Este campo social abrangente tem como objetivo compreender como se constituía a
homoafetividade nas diferentes camadas sociais. Uma outra perspectiva é estabelecer uma relação, a
partir da comparação entre ambos textos, entre o poder e as práticas sexuais homoafetivas. A
investigação entende que há limites de como utilizar esses documentos textuais para correlacionar à
sociedade do mesmo período, porém compreende também que a leitura desses mesmos textos pela
população necessitaria de que as práticas pudessem ser reconhecidas tanto para retirar o riso, como
é o caso do Satiricon, ou a repulsa, como é o caso do relato da vida de Nero construído por
Suetônio. É importante ressaltar como a pesquisa encontra-se no início, alguns dados e análises
ainda não foram devidamente explorados, o que se dará em um próximo momento.

Lucas Amaya - UFRJ


A aplicação e emulação dos Studia Scribendi em Plínio, o Jovem
Plínio, o Jovem, descreveu em duas cartas como ele, sua mãe e seu tio, Plínio o Velho,
teriam vivido a erupção do Vesúvio, em 79 E.C. Na primeira, a pedido de Tácito, ele descreve a
morte do tio em Pompeia, ao tentar resgatar amigos que estariam presos lá, para que o amigo
historiador pudesse imortalizar Plínio o Velho através do brilhantismo de suas obras. A segunda é
uma outra resposta a Tácito, que aparentemente se desculpara por não ter perguntado como o
próprio Segundo – prenome de Plínio o Jovem – teria sobrevivido ao fenômeno natural. A
aplicação de estilos é diferente para cada carta. A presente comunicação visa uma comparação entre
as formas de Plínio o Jovem narrar eventos similares, mas com objetivos diferentes, partindo das
cartas 16 e 20 do livro VI.

Luciana Lourenço Gomes - UFRJ


Considerações sobre a virilidade romana: o caso de Júlio César
A virilidade é, ao longo da história, objeto de constantes prescrições e normatizações, a
antiguidade romana não é diferente. Como deve ser o mais perfeito do masculino? Apresentaremos,
nesta comunicação, algumas considerações sobre como deve ser um vir ideal no final da República
Romana, partindo do estudo da vida de Júlio César narrada por Suetônio e Plutarco.

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III ENCONTRO DE PESQUISADORES DO ATRIVM | Interdisciplinaridade em Ação | 11, 16, 17 e 18 nov. 2016

Luis Filipe Bantim de Assumpção - UFRJ


As redes políticas de Agesilau II na Hélade do século IV a.C.
No início do século IV a.C., a Hélade passava por um momento de intensa transformação,
sobretudo em um cenário político-militar. O fim da Guerra do Peloponeso marcou a transição da
supremacia ateniense sobre as ilhas do Egeu e as póleis da Ásia Menor em favor de Esparta. Nesse
período, a sociedade espartana viu Agesilau II se tornar o basileu da dinastia Euripôntida de uma
maneira pouco convencional e com o auxílio do navarco Lisandro. Sendo assim, almejamos
discorrer sobre as redes políticas engendradas por Agesilau II, nos primeiros anos de seu governo,
no intuito de legitimar a sua autoridade entre os lacedemônios e os helenos, do século IV a.C.

Luiza Pascoal Mohamed – UFRJ


Música, por favor!: Os mitos de Apolo e o Salão Ministerial do Palácio do Catete

"Imagens falam mais que mil palavras." Repetimos essa frase incansavelmente por décadas, mas
muitas vezes não nos damos conta do que uma imagem tem a nos dizer no nosso dia a dia e como
ela pode ajudar a criarmos um diálogo rico entre o passado e o presente. Ao analisarmos o Salão
Nobre do Palácio do Catete - construído na época do 2° Império e hoje conhecido por ser o Museu
da República - podemos ver claramente um resgate e uma ressignificação de valores e mitos
clássicos, no movimento que ficou conhecido como neoclassicismo. Sua presença nos trópicos fez
parte de uma "missão civilizatória" no Brasil, ao acreditar estar trazendo ordem, beleza e
estabilidade à uma nação ainda em construção, sempre espelhada nos moldes europeus. Nessa
pesquisa, é recortado especificamente o Salão Nobre, voltado para a música e para dança, e são
analisadas suas sancas que representam diversos episódios míticos centrados no deus Apolo. A
partir desse material, podemos habilmente construir uma ponte entre seu significado e a própria
razão desse espaço.

María Cecilia Colombani - Universidad de Morón / Univ. Nacional de Mar del Plata/UBACyT
Hesíodo entre la poesía y la filosofía. Un modelo de interdisciplinariedad
El proyecto de la presente comunicación consiste en exponer un modelo de trabajo de
interdisciplinariedad a propósito de lo que fue nuestra propia tesis de doctorado, intentando rastrear la
posibilidad de captar los tópicos que dan cuenta de una mirada filosófica de Hesíodo, el último testigo
de una palabra dedicada al personaje real en términos de M. Detienne. En última instancia, nos
proponemos cruzar el campo de la literatura y el de la filosofía para dar cuenta de la complejidad del
tratamiento de un tema o de un autor. Es nuestro propósito abordar el período arcaico como período
instituyente; como un período en donde se está formando una nueva manera de comprender el mundo
y, desde esa perspectiva la interdisciplinariedad resulta imprescindible.

Luiz Karol - UFRJ


A demonologia no contexto do Império Greco-romano
O segundo século de nossa era foi um momento ímpar na história da humanidade, pelo
menos no que tange ao Império Romano, que assimila e protege a herança cultural grega. É o
Império Greco-romano. Os gregos então tentam restabelecer a grandiosidade de suas πόλεις, num
movimento chamado Segunda Sofística, em que oradores percorrem todo o Império disseminando
o saber filosófico mediante apresentação de palestras. Coexistem as vertentes do Epicurismo,
Estoicismo e Platonismo Médio, temperadas pelo Aristotelismo. O Platonismo Médio sempre foi
muito pouco estudado, principalmente no aspecto da Literatura Latina. Apuleio, em suas próprias
palavras, um filósofo platônico, orador de sucesso, legou-nos três obras sobre filosofia platônica.
Falaremos de uma delas, De deo Socratis, palestra proferida em latim sobre um dos mais instigantes
assuntos do Platonismo Médio, os daemonēs.

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III ENCONTRO DE PESQUISADORES DO ATRIVM | Interdisciplinaridade em Ação | 11, 16, 17 e 18 nov. 2016

Martinho Soares - Universidade Católica Portuguesa


A retórica da guerra na democracia ateniense e na atualidade. Cruzando leituras de
Górgias, Eurípides, Tucídides e José Tolentino de Mendonça

Um dos maiores triunfos da democracia ateniense foi, sem dúvida, a democratização da


palavra. Com a introdução da democracia no espaço ateniense dá-se o que Marcel Detienne designa
por “laicização da palavra” (Detienne, 2006, p. 10). Os cidadãos atenienses puderam usar
democraticamente o logos para questionar e investigar toda a realidade à luz da razão. A palavra
constitui-se assim como a mais elevada, revolucionária, secularizante e democrática das técnicas,
qualificada como τέχνη τῶν τεχνῶν. Na Atenas democrática do séc. V, o logos retórico ganhou
estatuto de arma política, pois era com recurso ao diálogo e à negociação que os atenienses
resolviam as suas divergências e disputas, poupando-se, desse modo, ao uso da força.
Deste processo nos dão conta sofistas, poetas, tragediógrafos, filósofos e historiadores. Na
impossibilidade de abarcar a totalidade dos géneros, elegemos três tipos diferentes de discurso que
têm como matriz temática a problematização do uso da palavra em contexto de guerra, assente na
controversa relação entre palavra e realidade (logos e ergon), donde decorrem as espinhosas questões
da verdade e do relativismo.
Da Sofística retiramos o famoso discurso de Górgias, Encómio de Helena, onde o autor
desenvolve uma série de argumentos que visam demonstrar a relatividade da linguagem e dos mitos,
ilibando Helena de qualquer culpa na guerra de Troia.
Em linha com os argumentos de Górgias, a inventiva de Eurípides ergue uma tragédia anti-
belicista. Tomando Helena como símbolo metonímico, censura o conflito fratricida e ruinoso que
assola a Hélade, a designada Guerra do Peloponeso. A Helena de Eurípides surge em 412 a. C., no
rescaldo da desastrosa expedição ateniense à Sicília, determinante para o inglório desfecho da guerra
para Atenas. Ao conferir forma dramática às teorias sofísticas da natureza retórica e ambígua da
linguagem e dos dissoi logoi, Eurípides exibe, por um lado, a contingência mítica e linguística e, por
outro, como todas as realidades admitem dois pontos de vista e dois discursos antagónicos.
Estes dois autores, Górgias e Eurípides, ecoam na História da Guerra do Peloponeso de
Tucídides, que traz ao de cima a necessidade de o discurso histórico controlar a natureza retórica e
ambígua da linguagem, em nome de um relato fidedigno da realidade passada. Por outro lado, os
discursos e os debates tucididianos são uma ótima ilustração do ἀγὼν λόγων ou debate oratório, que
era prática corrente na democracia ateniense. A outro nível, Eurípides parece influenciar a retórica
tucididiana, pois, segundo Finley (1967), as ideias e o estilo argumentativo, conhecido como formal,
que Tucídides põe na boca dos seus falantes, aparece também nas tragédias de Eurípides. Finley
nota ainda que Tucídides e Eurípides empregaram expressões linguísticas que deveriam ser lugares-
comuns da retórica do seu tempo. A argumentação formal ensinada por Górgias, praticada por
Antifonte e criticada por Sócrates no Fedro de Platão consistia exatamente num vademecum de
lugares-comuns argumentativos.
Por fim, demonstraremos como o poeta português José Tolentino Mendonça revisita os
textos de Eurípides e de Górgias, atrás assinalados, para escrever um drama de tipo pós-dramático,
assente exclusivamente em palavras, com o mesmo fito de censurar um conflito bélico, desta feita
contemporâneo, o que opôs os EUA ao Iraque, na sequência do ataque terrorista ao World Trade
Center. A sua peça, editada em 2005, recebia justamente o título de Perdoar Helena, e aí reaparecem
reavivados os argumentos em torno da difícil relação entre palavra e verdade.

Mayan Rodrigues Melo Braga - UFRJ


Parentesco e vida financeira na epistolografia ciceroniana: a relação entre Cícero e
Dolabela
A presente comunicação visa apresentar um panorama das relações financeiras em meados
do século I a.C, construído mediante a análise das Epistulae ad Atticum, de Cícero e através do estudo
de casos relacionados a laços de amicitia e de parentesco. Faremos, então, uma breve consideração

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III ENCONTRO DE PESQUISADORES DO ATRIVM | Interdisciplinaridade em Ação | 11, 16, 17 e 18 nov. 2016

da relação entre Cícero e seu genro, Públio Cornélio Dolabela, tendo como ponto de abordagem as
relações financeiras estabelecidas entre as partes.

Priscilla Gontijo Leite – UFPB & Lucas Consolin Dezzoti – UFPB


Política na sala de aula: uma proposta interdisciplinar a partir da Antiguidade
Diversas palavras do nosso vocabulário político são originárias da Antiguidade Clássica,
como: democracia, oligarquia e monarquia, e são utilizadas com frequência no cotidiano. Contudo,
o ensino sobre o entendimento dessas noções apresenta falhas, pois, muitas vezes, estão centrados
numa abordagem conceitual, e não numa perspectiva histórica, não demonstrando para os alunos
que esses conceitos iniciaram na Antiguidade. Assim, pautado na promoção de uma abordagem que
valorize a experiência histórica com o entendimento de como o conceito foi elaborado, há o
projeto PROLICEN Vocabulário político da antiguidade: reflexões para o exercício da
cidadania, que é o objeto de análise da presente comunicação. Iremos abordar como a perspectiva
interdisciplinar que agrega conhecimentos da História e da Letras Clássicas foi essencial para o
desenvolvimento do projeto, que elaborou materiais didáticos a partir da leitura de textos antigos.
Até o momento, o projeto trabalhou com 30 trechos de fontes antigas dos autores Herodóto,
Aristóteles, Políbio e Tito Lívio, que foram dispostos de maneira a facilitar a utilização dessas
fontes por professores da educação básica e superior. O grande diferencial do trabalho é a
apresentação do texto original com sua respectiva tradução, possibilitando ao aluno o acesso ao
original, demonstrando que a Antiguidade não está distante de sua realidade.

Rainer Guggenberger - UFRJ


(Re-)Sonorizando o mito helênico: O(s) Prometeu(s) de Franz Schubert
As primeiras sonorizações do mito de Prometeu aconteceram na Teogonia e em Os Trabalhos
e os Dias de Hesíodo (respectivamente por volta de 700 a.C.). No início do período clássico,
Ésquilo compôs nos últimos anos da sua vida uma trilogia, focada em Prometeu. Uma das peças
desta trilogia chegou até nós: O Prometeu Acorrentado (pouco antes da metade do séc. V a.C.). Depois
disso, os elementos musicais não mais fizeram parte, quando se compunha poesia ou escrevia prosa
acerca do mito de Prometeu, o qual (como muitos outros) passou mais de dois milênios – no caso
concreto quase 2300 – anos sem ser ouvido na unidade primordial de voz e música – ausência do
elemento musical (e a partir da leitura silenciosa também da voz), que resultou do predomínio da
cultura da escrita. Agradecemos Franz Schubert por ter composto o seu Lied „Prometheus" em
1819 (baseado no poema de Goethe de 1774), publicado porém somente em 1850. O que poucos
sabem é que Schubert já tinha composto, antes deste Lied, uma cantata com o mesmo título. A
presente comunicação se propõe a apresentar o Lied e a analisar a recepção do mito de Prometeu e
os problemas sociais que o seu uso criou para Goethe e para Schubert. Em face dessas reflexões,
discute-se as hipóteses acerca do fato pelo qual a cantata de Schubert desapareceu justamente
depois que foi emprestada a um Stift (um tipo de monasteiro).

Regina Maria da Cunha Bustamante - UFRJ


Latim e neopúnico na África do Norte: identidade e alteridade
A África do Norte na Antiguidade destacou-se por desenvolver uma forte cultura latina, presente
tanto nos escritores pagãos como nos cristãos. A língua latina constituiu-se num elemento essencial
de identidade romana, principalmente no Império Romano do Ocidente, no qual a África do Norte
tinha um importante papel. Entretanto, o latim conviveu com o neopúnico na região, afirmando a
identidade local em relação à romana. Nesta apresentação, objetivamos compreender esta
diversidade linguística a partir do contexto histórico da relação entre o Império Romano e a África
do Norte.

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III ENCONTRO DE PESQUISADORES DO ATRIVM | Interdisciplinaridade em Ação | 11, 16, 17 e 18 nov. 2016

Renata Cardoso de Sousa - UFRJ


O problema da etnicidade na literatura antiga: Homero e os trágicos
Objetivamos, em nossa comunicação, analisar como a etnicidade pode se tornar perceptível
na literatura antiga, a partir de análises de Homero, Ésquilo, Sófocles e Eurípides. Defendemos que,
embora a etnicidade seja um conceito contemporâneo, é possível encontrar na documentação
posturas que denotam as fronteiras étnicas entre os gregos e o Outro, bem como esse discurso
étnico faz parte da formação discursiva helênica.

Ricardo de Souza Nogueira - UFRJ


As teorias da metáfora de Black, Searle e Lakoff/Johnson e suas possibilidades de emprego na
pesquisa em Letras Clássicas
Neste trabalho, pretende-se demonstrar como diversas teorias sobre a metáfora podem ser
empregadas em análises de textos da Antiguidade Clássica, utilizando-se, como exemplos, passagens da
tragédia Persas, de Ésquilo, e fragmentos de poemas de Safo. A primeira ferramenta discursiva a ser
apresentada para dar conta do fenômeno metafórico será a denominada teoria da interação, de Max
Black, muito bem demonstrada no livro A metáfora viva, de Paul Ricoueur, a segunda será a teoria
pragmática, de John Searle, constante em seu livro Expressão e significado: estudos da teoria dos atos de fala, e a
terceira, a teoria conceptual, de George Lakoff e Mark Johnson, desenvolvida pelos autores na obra
Methaphors we live by.

Simone de Oliveira Gonçalves Bondarczuk - UFRJ


A escola linguístico-filológica de Amsterdam: uma abordagem pragmática das partículas
gregas e latinas
Nos últimos trinta anos, vários especialistas da chamada Escola de Amsterdam se dedicaram
ao estudo das partículas gregas, fazendo a revisão crítica e procurando preencher as lacunas
deixadas nesse estudo por seus predecessores, desenvolvendo trabalhos hoje reconhecidos como de
referência, em uma abordagem pragmática da língua. Filólogos e linguistas como Basset,
Rijksbaron, Sicking, Slings e Wakker publicaram várias obras, tendo como ponto de partida a tese
da professora Caroline Kroon (1995) sobre as partículas discursivas no Latim, já que faz uma
revisão dessa mudança de eixo teórico. Essa comunicação tem como objetivo traçar a história
desses estudos, bem como mostrar as suas abordagens e metodologias.

Stefania Sansone Bosco Giglio - UFRJ


Uma proposta de tradução de Cavaleiros, de Aristófanes
A comédia antiga foi um gênero literário especificamente grego, representado em competições
teatrais dentro de festivais de caráter político e religioso, durante um espaço de tempo determinado.
Assim, os poetas cômicos, entre eles Aristófanes, buscavam tratar das situações contemporâneas
relacionadas aos acontecimentos que circundavam a pólis em seu tempo. Nosso trabalho tem por
objetivo apresentar uma tradução de trechos da peça Cavaleiros, baseada no conceito de tradução
poética e nos procedimentos técnicos da tradução, a fim de recriar os mecanismos de comicidade
do texto original no texto da língua de tradução e, de certa forma, tornar a leitura da peça mais
fluida e convidativa para o público leitor, que se encontra distante temporal e culturalmente do
gênero em questão.

Stéphanie Barros Madureira - UFRJ


Polypharmakos: os labores de Medeia como forma de dominação em Eurípides
A presente comunicação tem por objetivo analisar e compreender o uso da magia do
pharmakon pela personagem Medeia como um instrumento para garantir-lhe poder sobre os outros
personagens da trama. Em nossa visão, esse uso se qualifica como uma quebra da ordem e das
relações sociais de gênero que compunham a sociedade políade, pois as consideramos relações de
poder, hierárquicas, que buscavam demarcar a divisão social entre eles. A partir disso, propomos
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uma análise do uso da magia pela personagem, ao identificar as passagens que demonstram o uso
desse artifício e a maneira pela qual o mesmo ameaça o equilíbrio entre os gêneros, uma vez que a
feiticeira subjuga personagens de posições superiores: seu marido e o rei da terra que habita.

Victor Henrique da Silva Menezes - Unicamp


Impudicus, Cinaedus e Regina: os discursos acerca da virilidade de Júlio César
Ao ser aceita a tradição literária antiga, Júlio César foi lido na Antiguidade como um
romano exigente em relação aos cuidados corporais, grande amante de reis e de rainhas, e sedutor
de matronas. Ao ser visto dessa maneira, ainda de acordo com as fontes antigas, César teria sido
alvo de chistes e olhares de censura por parte de alguns de seus contemporâneos. Estes, ao dar-lhe
alcunhas, seja por intuitos políticos, seja pelo mero prazer de fazer mexericos, parecem tê-lo julgado
como um romano que não seguia com afinco os ideais e protocolos de masculinidade de seu
tempo. Isto posto, nessa comunicação terei como objetivo apontar os discursos acerca de sua
virilidade que estão presentes em dois tipos de trabalhos advindos da Antiguidade: nos Carmina, de
Caio Valério Catulo e na biografia Diuus Iulius, escrita por Caio Suetônio Tranquilo. Para então,
num segundo momento, discutir brevemente os possíveis significados que podemos oferecer às
críticas que César recebera, em particular, devido às suas práticas sexuais, gostos e maneiras de se
portar.

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