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Filomena Barata
Pequena cabeça em terracota com os atributos da deusa Ísis: sobre a cabeça ergue-se o disco solar, ladeado por cornos de vaca em forma de lira,
mantendo o conjunto uma traça claramente egiptizante. O toucado propriamente dito, é composto por um nimbo de folhas de hera ou de
palmetas. Esta cabeça pertenceria, sem dúvida, a uma estatueta de corpo inteiro, produzida pela técnica de acopular e de soldar entre si, as
respectivas metades anterior e posterior, prévia e independentemente moldadas, resultando oco o interior da figura.
MNA Nº Inv. 15001. Séculos II – III. Milreu. Estói. Fotografia: José Pessoa . ADF/DGPC
Do Ocidente ao Oriente
Desde meados do século II a.C., Roma
começou a expandir-se em direcção
ao Oriente, onde as grandes
monarquías helenísticas herdeiras de
Alejandro Magno se repartiam por
diversos territórios que haviam
formado parte do seu enorme
império. Depois de derrotar o
Império Selêucida, a partir das
Guerras Mitridáticas (88 – 64 a.C.),
Roma tem à sua disposição quase
todo o Mediterrâneo oriental à
excepção do reino helenístico
egípcio, que cairá sob Octávio, a
partir do ano de 30 a.C.
Império Romano – Século III
«Na cidade na fronteira do Egito que se orgulha de Alexandre da Macedónia como seu fundador, Sarápis e Ísis são
adorados com uma reverência que é quase fanática. Prova de que o sol, sob o nome de Serápis, é o objecto de toda a
reverência».
Macróbio, Saturnalia (I.20.13).
Entre os cultos mistéricos de Ísis e Serápis o Santuário de Panóias um conjunto edificado em sua honra pode
considerar-se a maior manifestação da grandeza desses cultos.
As Religiões Mistéricas
• São estas as palavras de Apuleio:
«Na Grécia fiz parte de iniciações na
maior parte dos cultos mistéricos.
Conservei ainda, com grande
carinho, certos símbolos e
recordações destes cultos, que me
foram entregues por sacerdotes.
Não estou dizendo nada insólito,
nem desconhecido». (APULEIO,
Apologia, LV)
• «Pois bem, eu também, como já
disse, conheci, por meu amor à
verdade e minha piedade aos
deuses, cultos de toda classe, ritos
numerosos e cerimônias variadas. E
não estou inventando esta
explicação para acomodar-me às
circunstâncias [...] ». (APULEIO,
Apologia, LV, 9-10).
Lucerna com representação de Serápis
Museu Britânico.
O longo caminho de Baco
Relevo em mármore com representação de uma ménade e dois sátiros. O Tiaso de Baco .
C. 100 d. C. Villa Quintiliana . Roma
As mais antigas sementes de uvas cultivadas foram descobertas na Georgia (Rússia) e datam de7000 -
5000 a.C. (datadas por marcação de carbono). Foi encontrada no Irão (Pérsia) uma ânfora de 3.500 anos
contendo no seu interior uma mancha residual de vinho.
tendo o seu florescimento ocorrido entre 550 Villa Romana de Torre de Palma. Publicada em: «Lusitânia Romana: Origem de Dois Povos»
2 – Máscara de mármore para Tragédia, provenienete de Pompeios
e 220 a.C.
Século I. Fotografia Mharrsch https://www.flickriver.com
• As festividades aliavam ao culto sagrado e cívico
/photos/mharrsch/40160659492/
um carácter competitivo, pois, gradualmente,
começaram a ser premiadas.
DIONISO E O TEATRO
• Considera-se que o Teatro Grego teve origem em
Atenas, nas encenações relacionadas com
manifestações em homenagem ao deus do vinho,
originando a Tragédia e, mais tarde, a Comédia.
• A tragédia, com origem nos ditirambos em honra de
Dioniso, era representada nos Grandes Festivais e
surgia como um momento religioso, ritual. Em 534 a.
C. são criadas em Atenas as primeiras competições
poéticas para eleger a melhor tragédia.
• No centro da orquestra, no teatro grego, havia um
altar a Dioniso, sugerindo que o destino trágico do
herói a representação trágica eram como uma
imolação a Dioniso. Gradualmente o teatro
desenvolve-se e os autores gregos começam a
apresentar as suas obras. Um magistrado – arconte –
decidia se a peça seria encenada ou não.
• Concorriam com um conjunto de três peças, o
vencedor recebia:
• - apoio financeiro (era dado aos autores vitoriosos
um corego, cidadão rico que custeava as despesas
da peça.
• - uma coroa de hera ou dionisíaca 1 - Cena de comédia em vaso da Apúlia, século IV a.C. Fotogtafia: Marie-Lan
Nguyen
• - o seu nome inscrito nos registos de honra da
cidade.
O Triunfo Indiano de Baco
• "As Bacantes" ou Ménades de Eurípides é
uma tragédia grega que celebra Dioniso.
Estreou postumamente no Teatro de
Dionísio em 405 a.C., como parte de
uma tetralogia e, provavelmente, foi dirigida
pelo filho ou sobrinho do próprio Eurípides.
A obra obteve o primeiro lugar na
competição teatral realizada durante
o festival da “Grande Dionisíaca”.
• A tragédia é baseada na história mitológica
do rei Penteu, rei de Tebas, e de sua
mãe, Agave, e da punição dos dois pelo
deus Dioniso, primo de Penteu, pela sua
Mosaico de Vale do Mouro, Coriscada. Meda. À esquerda, uma figura masculina
recusa em venerá-lo e pelo injusto representa o deus Bacchus ostentando os seus atributos clássicos: um thyrsus
na mão esquerda, um kantharus na mão direita, uma coroa de cachos de uva na
descrédito em que pairava o nome de sua cabeça e folhas de hera e a pardalris cobrindo a parte esquerda do tronco. O
mãe, Sémele. deus está de pé numa biga de duas rodas, puxada por dois leopardos, pouco
conservados.
“Oh!
Bem-aventurado o ditoso
a grande mãe,
e, brandindo o tirso,
coroado de hera,
para as espaçosas
ruas da Hélade!
abandonara a vida.
(...) Eurípides, As Bacantes, Tradução Maria Helena Rocha Pereira, Edições 70, 2018.
BACO: as fontes escritas e arqueológicas
• Licurgo era o mitológico rei da Trácia que
perdeu a vida por proibir o culto de Dioniso.
• O vaso Licurgo faz parte das colecções do
British Museum.
• Nele podemos ver a figuração humana,
animal (cão) e vegetal (ramos e folhas de
videira), que vêm roubar lugar ao
geometrismo enriquecido dos restantes
recipientes.
• Uma característica que claramente difere
dos outros exemplos é a sua coloração verde
e vermelha, ao invés do uso de vidro incolor
(que pode conter matização de outras
cores). Também este possui um suporte em
prata, que combina com um friso no bordo
do mesmo material.
• Parece ter sido feito em Alexandria ou
Roma, cerca de 290-325 d.C.
(British Museum).
BACO: as fontes escritas DIONISO/BACO
Sileno com Baco ao colo. Escultura romana cópia do original de Lysippos (310-
300 a.C.) Glyptothek Museum Munich Germany
2 – Baco e Sileno. Que toca uma lira. plays the lyre. villa de Boscoreale,
Pompeiosc. 30 a. C.
(The British Museum, London).
http://romehistory.co.uk/gods/romangodsdionysu.html
BACO E OS SEUS ATRIBUTOS
• Dioniso/Baco é por vezes figurado com o
corpo coberto por um manto de pele de leão
ou de leopardo, com uma coroa de
pâmpanos, os ramos tenros (com menos e
um ano) ou rebentos de parra, na cabeça e
conduzindo um carro puxado por leões. Pode
igualmente ser apresentado sentado num
tonel.
• Baco está associado a diversos animais
(principalmente leão, tigre, leopardo, urso,
serpente e touro) e vegetais (hera e videira),
ele pode figurar em diferentes idades:
criança, jovem, adulto ou ancião.
• Quando não é representado nu, veste túnicas
Lucerna com representação de Baco, Ruínas de Troia. Museu Nacional de Arqueologia
esvoaçantes sobrepostas por peles de animais
Fotografia a partir
de:http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=134167
(raposa, felino e cervo).
BACO E OS SEUS ATRIBUTOS
• Baco apresenta-se geralmente como
um jovem imberbe, risonho e de ar
festivo. Os cabelos, normalmente
longos, são adornados com uma
guirlanda de hera ou ramos de
videira.
• Segura um cacho de uvas ou uma
taça de grandes proporções para
consumo de vinho, o cântaro
(cantharus), com duas asas laterais,
e empunha na outra um tyrsus –
bastão envolvido em hera e ramos
de videira e encimado por uma
pinha, simbolizando a fertilidade,
Busto de Dioniso em mármore. Século II d.C. também usado pelas bacantes.
Milreu, Faro. Museu Nacional de Arqueologia. Fotografia a
partir de:
http://www.matriznet.dgpc.pt/…/Obje…/ObjectosConsultar.asp
x…
Muitas foram as personagens que
nutriram por Dioniso grande
. fascínio, ao ponto de se fazerem
representar como a divindade.
Um exemplo disso foi Alexandre, o
Grande (Alexandre III da Macedónia
356 a.C. - 323a.C), filho de Olímpia
de Épiro (religiosa fiel do deus
Dioniso) e do monarca Filipe II da
Macedónia. Alexandre sempre
manifestara interesse nas lendas do
de Dioniso e os seus feitos na Índia.
Os triunfos de Alexandre não só o
tornaram o governante do mundo,
mas também o elevaram ao
patamar divino com os seus feitos
em paralelo a conquista mitológica
do Oriente pelo deus Dioniso. Estátua colossal de Antinoo representado como
Séculos mais tarde, o favorito de Dionysos-Osiris (com coroa de hera, com uma
banda encimada por pinha).
Adriano, Antinoo, muitas vezes se Museo Pio-Clementino, Sala Rotunda
fez representar como o deus. Fotografia 1 -
https://www.tuttartpitturasculturapoesiamusica
.com/2011/12/antinoo-il-dio-greco-per-il-
quale.html
Fotografia 2 Marie-Lan Nguyen (Septembro 2009)
O Triunfo Indiano de Baco
É conhecida na Mitologia essa grande viagem percorrida por Baco no Oriente, até à Índia.
De regresso, vitorioso, faz-se acompanhar por um séquito, no qual participavam Sileno, as Bacantes, ninfas, sátiros e mesmo o
deus Pã. Todos levavam o tirso enlaçado com folhagens, cepas de vide, coroas de hera, taças e cachos de uva. Dioniso abre a
marcha, e todo o cortejo o segue, acompanhado por instrumentos musicais.
Neste mosaico da villa romana de Torre de Palma estão representadas dezasseis personagens. É visível um carro puxado por
dois tigres, cujas rédeas são seguradas por um jovem sátiro situado à direita de Baco (dentro do carro) e também por Pã, que
conduz os tigres. O jovem sátiro, coroado de folhas de hera, tem uma chibata na mão direita. Baco, em pé , segura na mão
direita uma cratera. Atrás dele e no chão, junto ao carro, são visíveis Ménades, ou Bacantes, uma delas segurando o tirso. Outra
ménade segura uma flauta.
Painel representando «O Triunfo de Baco». Mosaico das Musas. Vila Romana de Torre de Palma. Museu Nacional de Arqueologia.
O DEUS DO VINHO:
O longo caminho de Baco
1 - Baco (Dioniso grego) com a personificação do vinho, Estátua romana em mármore, possivelmente cópia a partir de um original helenístico. Século II d.C. British Museum, Londres.
2 - Baco, relevo em mármore. Cerca do século I d. C.
Museu Arqueológico de Nápoles
Os Companheiros de Dioniso/Baco:
Sátiros e Silenos
O Deus Baco é normalmente representado
na companhia de outros bebedores:
https://mythology.net/roman/roman-
gods/sol_roman/?fbclid=IwAR0dOYbIgreRRhEdmTYl56X5qghsHidIX753JNzE-
PTVbGqDgOCQ14E43nQ
AFINAL QUEM É MITRA OU MITRAS?
Distinguem-se 3 Mitras, todos eles deuses ligados ao astro solar:
2. O deus Persa Mitra, que há quem filie no Zoroastrismo, cujo profeta era Zaratustra, também
conhecido na versão grega Zoroastro. Na doutrina zaratustriana, antes da criação do mundo,
reinavam dois espíritos ou princípios antagónicos: os espíritos do Bem (Ormuz) e do Mal (Arimã).
Divindades menores, génios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e
a legião do mal. Entre as divindades auxiliares, a mais importante era Mithra, um deus benéfico que
exercia funções de juiz das almas.
3. Mitra entra na esfera helenística com Alexandre, por volta de 330 a.C. com a queda do império
persa.
O FINAL DO MITRAÍSMO
• No final do século III d.C, em Roma, a religião de Mitra fundiu-se
com cultos solares de procedência oriental, configurando-se no
culto do Sol.
• Também o século III d. C. assiste à consagração do cristianismo
como religião do Império Romano.
• O mitraísmo era praticado em pequenas sociedades secretas na
qual as mulheres eram excluídas. Não se propunha ser uma religião
de massa, aberta a todos, como o cristianismo.
OS RITUAIS MITRAICOS
• Mitra surge como divindade ligada ao Sol e à Lua, à luz e às
trevas, à vida e à Morte, às Estações do Ano, ao tempo
cíclico e à fertilidade e à regeneração .
• Quando o culto a Sol Invictus foi oficializado pelo Imperador Aureliano em 274 d.C., o seguidores do
mitraísmo identificaram Mitra com a própria divindade solar
Sol Invictus. Século III. Museu do Vaticano. Fotografia a partir de: Mitra tauroctone como Sol Invictus. Século III. Museu Pio-Clermentino. Roma. Itália.
https://www.pinterest.pt/pin/297659856594964717/ Fotografia a partir de: https://www.counter-currents.com/2011/03/sol-invictus-encounters-between-
east-west-in-the-ancient-world/
NÍVEIS DE INICIAÇÃO
E ATRIBUTOS
(CONOTAÇÕES ASTRAIS E TEMPORAIS)
Mitreu de Felicissimo
Óstia, Itália Entrada (terra, fogo, água e ar)
NÍVEIS DE INICIAÇÃO E ATRIBUTOS