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Estimativa da enxurrada
CIA
Q
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Exemplo: Calcular o coeficiente de enxurrada para uma área de 250 hectares contendo
80 hectares de culturas anuais na declividade de 5%, 160 hectares de pastagens na
declividade de 18% e 10 hectares de floresta na declividade de 25%.
A somatória corresponde a 117,3 (67,2+48+2,1 = 117,3), que dividido pela área total de
contribuição (250 hectares), teremos um coeficiente de enxurrada aproximadamente
igual a 0,47. Hoje em dia, existem tabelas (ver tabela 2) mais elaboradas que
disponibilizam mais opções para o cálculo do coeficiente de enxurrada.
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b) Intensidade e duração das chuvas:
a
I
tb
3000
I 33,33 mm h-1
50 40
c) Tempo de concentração:
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Onde: Tc= tempo de concentração, h; L= comprimento de rampa, Km e H= desnível
entre o ponto mais alto e o ponto considerado, m.
Exemplo: Imagine uma área que possui 72 m de comprimento de rampa, e a diferença
do ponto mais baixo e o mais alto é de 20 m. O tempo de concentração será:
0 , 385
0,072 3 0,0003732 0,385
Tc 0,87 (0,87 ) 0,014323h 0,86 min
20 20
30 85 98 115 130
40 72 85 100 114
4
50 64 77 89 101
60 58 68 80 93
80 49 58 68 79
100 43 51 60 69
120 38 46 54 63
0,7' 255mm.h 1
1' 246mm.h 1
1'0,7' 0,3'
255 246 9mm.h 1
0,86 0,7 0,16
0,3' 9mm.h 1
0,16' x
0,16 9
x x 4,8
0,3
Então : 255 4,8 250mm.h 1
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O solo e sua condição hidrológica afetam o volume de enxurrada. Os resíduos culturais
incorporados ao solo e as raízes de gramíneas que tenham estado nas rotações de
culturas produzem boa condição hidrológica, reduzindo o volume de enxurrada, que é
afetado pela cobertura vegetal de diversas maneiras: mantendo a velocidade de
infiltração, evitando o efeito do impacto da gota de chuva no solo e formando inúmeras
barreiras que impedem o livre escoamento da enxurrada.
O traçado usual dos caminhos em linhas retas, sem considerar a topografia do terreno,
tem sido a causa do prejuízo devido às perdas por erosão. Com a disposição reta dos
carreadores, as culturas quase sempre ficam com as ruas a favor das águas, aumentando,
assim, as perdas por erosão e dificultando a adoção de futuras práticas de controle.
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Plantio em contorno
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do terreno, constitui um obstáculo que se opõe ao percurso livre da enxurrada,
diminuindo a velocidade e a capacidade de arrastamento das partículas de solo.
Dentre as práticas mais simples, o cultivo em contorno é a que, além de constituir uma
medida de controle da erosão, proporciona maior facilidade e eficiência no
estabelecimento de outras práticas complementares baseadas na orientação em contorno.
O plantio em contorno possibilita a maior produtividade das culturas, a redução da
enxurrada e a diminuição das perdas de solo. Fatores como o tipo de solo e a
declividade do terreno modificam sua eficiência, conforme pode-se observar pelos
dados apresentados na tabela 6.
Embora seja uma operação simples e constitua uma medida de controle da erosão,
alguns agricultores alegam que sua aplicação, em especial em culturas perenes, como
cafezais por exemplo, faz perder uma considerável área com ruas mortas (figura 3,
tabela 7).
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Figura 3. Exemplo de linhas mortas em área de cultivo perene.
Terraceamento
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Os custos de construção e manutenção de um sistema de terraceamento são
relativamente altos. Por isto, antes de adotar esta tecnologia, deve-se realizar um
estudo criterioso das condições de clima, solo, sistema de uso do solo, culturas a
serem implantadas, relevo local e equipamentos disponíveis para que se tenha
segurança e eficiência no controle da erosão.
O rompimento de um terraço pode levar à destruição dos demais que estejam à
jusante, com grandes prejuízos à área cultivada tendo em vista a concentração do
deflúvio superficial em estreita faixa no sentido de maior declive.
O terraceamento, apesar de sua grande eficiência no controle da erosão, para
ter sucesso não deve ser utilizado como prática isolada, mas sim associado a outras
práticas complementares tais como o plantio e cultivo em nível, a rotação de
culturas, o manejo de restos culturais, a adubação e a calagem, entre outras.
Os terraços têm como princípio subdividir o comprimento de rampa de modo a
interceptar a enxurrada antes que ela se avolume e atinja alta velocidade ganhando
poder erosivo.
O terraceamento é um conjunto de terraços projetados segundo as condições
locais, para controlar a erosão de uma determinada gleba (Figura 4).
Tipos de terraços
Quanto a função:
A finalidade básica dos terraços é controlar a erosão. Este objetivo é alcançado por meio
de terraços que proporcionem a interceptação e o disciplinamento do escorrimento
superficial, ou por aqueles que, retendo a água de escorrimento superficial, promovam a
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sua infiltração no solo. Pode-se, portanto, quanto à função, distinguir dois tipos básicos
de terraços:
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implementos agrícolas pesados favorece a compactação do solo na camada
de 10-20cm (“pé-de-grade”). Esse problema cria um impedimento à
infiltração da água no solo, favorecendo o aumento da enxurrada e
resultando no rompimento do terraço.
e) Os terraços geralmente são construídos com seção transversal menor que o
necessário (0,60 a 0,70 m2). Se o solo for ou não permeável, o terraço irá
se romper do mesmo jeito (figura abaixo):
D
EV 2 0,305
X
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Tabela 8
U m
EV 0,4518 k D 0,58
2
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Tabela 9
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Tabela 10
15
Tabela 11
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Tabela 12
Exercícios:
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.Considerações
a) Por questão de segurança, o primeiro terraço deve ser locado com a metade do
espaçamento;
b) O espaçamento horizontal mínimo entre terraços deve ser de, aproximadamente,
12 m, pois espaços menores tornam-se antieconômicos, dificultam a construção
e a manutenção dos terraços, bem como as operações mecânicas do solo;
c) Além da limitação mecânica na construção e manutenção dos terraços e cultivos,
declividades máximas em que se recomenda a adoção do terraceamento varia em
função do tipo de solo (tabela 13).
a) Terraços em nível
A = EH x 1,00
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onde: A=área a ser drenada em m2 m-1 linear; EH = distância horizontal entre terraços
em metros, para um dado volume (V):
V= EH x h x c
b) Terraços em gradiente
A velocidade da enxurrada no canal do terraço varia de 0,6 a 0,75 m s-1 para evitar que
ocorra erosão no canal ou também para que não ocorra excessiva deposição no fundo do
canal. Portanto levará de 11 a 19 minutos para a água percorrer do início ao fim do
terraço, sendo que o tempo de 15 minutos foi o escolhido como o tempo de
concentração, para determinar a intensidade máxima de chuva que irá resultar na
enxurrada máxima.
c) Terraços mistos
Conhecendo-se a enxurrada máxima que deve receber cada terraço, seu canal pode ser
dimensionado. Para obtenção da seção escolhida utiliza-se o método das tentativas,
testando-se valores para as dimensões de fundo do canal (b) e lâmina d` água ou carga
hidráulica (h), de modo que a vazão resultante seja a mais próxima possível àquela do
projeto, e a velocidade de escoamento fique dentro do limite para as condições testadas
(Tabela 5), evitando assim, a erosão ou sedimentação do canal. Após a obtenção das
dimensões do canal, recomenda-se utilizar uma borda livre ou valor de segurança, ou
seja, adicionar na altura (h) do canal mais 0,10 m ou 10 cm (Pruski et al., 2006).
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Cálculo da velocidade de escoamento, utilizando a fórmula de Manning:
Onde:
A= área da seção transversal (m2)
P= Perímetro molhado (m)
h= altura da lâmina de água (m)
b= largura do fundo canal (m)
m= talude do canal (1, para inclinação de 45º da parede)
Uma solução parcial da equação de Manning, desenvolvida por Cormak e adaptada por
Hudson (Bertoni & Lombardi Neto, 1985) apresentada na tabela 15 mostra diferentes
dimensões dos canais de terraços para diversas vazões e duas velocidades da enxurrada.
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CANAIS ESCOADOUROS
Dimensões
Vegetação
a) Rapidez no estabelecimento;
b) Reduzido potencial como invasora:
c) Apresentar o máximo de proteção e revestimento;
d) Resistência á intempéries;
e) Recomendadas:
- Gramas: batatais, jesuítas, tapete, inglesa ou seda;
- Capins: pangola, bermuda, tramadeira;
- Leguminosas: kudzu, soja perene, amendoim rasteiro, centrosema.
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Figura 6. Terraços e canal escoadouro vegetados, área cultivada em sistema de
plantio direto.
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CONTROLE DE VOÇOROCAS
Deve-se, antes de tudo, evitar que elas surjam. Mas, ao surgirem, iniciativas rápidas
devem ser tomadas:
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Dentre as gramíneas recomendadas como barreira vegetal contra a erosão, o capim
vetiver (Vetiveria zizanioides (L.) Nash) tem sido muito indicada, pois apresenta como
características, ser perene, formação de cerca viva densa, sistema radicular profundo,
podendo chegar a 3 m de profundidade, praticamente estéril não disseminando-se como
invasora, pouco atacada pelo gado, resistente a doenças e adaptada às mais diversas
condições de solo e clima.
Paliçadas
As paliçadas têm a função de quebrar a força da enxurrada e reter os sedimentos
principalmente dentro da voçoroca, e devem ser construídas com materiais de baixo
custo e facilmente disponíveis como bambu, pneus usados e sacos de ráfia.
Para uma boa eficiência destas estruturas, deve-se escolher local que apresente
barrancos firmes e estáveis para que venha suportar a força que será exercida nas
paliçadas através da enxurrada. Em seguida, se deve fazer canaletas tanto nas paredes
laterais quanto no leito da voçoroca, de tal modo que a paliçada fique bem encaixada
sem deixar brechas para a passagem da água. A distância entre uma canaleta e outra
indica o tamanho em que se deve cortar os bambus.
Para a montagem da paliçada, deve-se antes fincar estacas a cada metro de distância,
onde os bambus serão empilhados e amarrados com arame. Em relação à distância e
altura das paliçadas, pesquisadores encontraram bons resultados utilizando espaçamento
de 5 m entre uma paliçada e outra e com altura de 1 a 1,20 m.
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