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Português - 9.

º Ano
Auto da Barca do Inferno

O Parvo - Joane
Os Parvos têm, no teatro vicentino, uma função cómica, ocasionada pelos disparates que proferem.
Assim acontece neste auto, embora, em certos passos, o Parvo se junte às personagens sobrenaturais para
criticar os que pretendem embarcar e sirva, algumas outras vezes, de comentador.
Evidentemente que, nos termos desarticulados e ilógicos, ditos pelos Parvos, há, por vezes, muito
que refletir e analisar. Neste auto, isso acontece com a célebre resposta ao Anjo: «... Samica alguém:» (ed.
de 1518) ou «Não sou ninguém» (ed. de 1562) que tem sido comentada por variadíssimos autores.
A decisão do Anjo de acolher o Parvo, na sua barca, está na lógica da doutrina católica: não pode ser
responsabilizado pelos seus atos quem nasceu irresponsável. É o que o Anjo exprime muito sinteticamente
com a palavra simpreza. Simplesmente, o Anjo não lhe ordena que embarque imediatamente mas, pelo
contrário, manda-o aguardar no cais os futuros companheiros («espera entanto per i»). Mas, no momento
próprio, os quatro Cavaleiros da Ordem de Cristo, seus companheiros, embarcam triunfalmente, deixando
o Parvo no cais. A verdade é que quando chega a barca seguinte, já ele lá não estava...

Cena IV – O Parvo
 Personagem / Classe social
Parvo/ povo

 Elementos / Simbologia
Não tem

 Percurso cénico
Cais – Barca do Diabo – Barca do Anjo – Barca do Diabo (fica no cais)

 Caracterização psicológica
- Malcriado/ grosseiro
- Inconsciente
- Simples
- Humilde
- Cómico/ engraçado

 Acusações
Não é acusado

 Argumentos de defesa
Como não é acusado, não precisa de se defender.

 Destino
Fica no cais

 Intenção crítica
Gil Vicente pretende:
- Enaltecer os pobres de espírito que, graças à sua simplicidade e humilde obtêm a misericórdia divina
* A função desta personagem é fazer rir e vai acusar as personagens que estão para chegar.

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