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PLANEJAMENTO URBANO E ALIANÇA CAPITAL - ESTADO:

O Plano Diretor 2018 e a mercantilização do espaço em São Luís, Maranhão.


Luiz Eduardo Neves dos Santos
Prof. Adjunto I UFMA
Frederico Lago Burnett
Prof. Adjunto IV UEMA
22 Agosto 2019
PLANO DIRETOR de SÃO LUIS 2018
PD - lei maior da política urbana municipal que, segundo Villaça
(2007), “apresenta um conjunto de propostas para o futuro
desenvolvimento dos usos do solo urbano, das redes de infraestrutura
e de elementos fundamentais da estrutura urbana”.
PD 2018 - planejamento urbano em tempos de ultracapitalismo e
subordinação do país a interesses financeiros, captura final do
planejamento urbano, instrumento de reprodução radical do capital:
Ampliação dos limites urbanos, redução de áreas de proteção
ambiental;
Agravamento do cotidiano de camadas médias e de baixa renda da
cidade, comprometimento da reprodução da vida de camponeses.
Década 1970, desenvolvimentismo nacional, Lei Delegada
2.155/1975 (Plano Diretor e Zoneamento) 1. Território para Programa Grande
Carajás e Porto do Itaqui;
2. Expansão urbana para SFH,
Nos anos 1990, Leis 3.252/1992 (Plano BNH e do BNB.
Diretor) e 3.253/1992 (Zoneamento)
Aumenta o gabarito dos
edifícios, verticalização Nos anos 2000, Plano Diretor de São
da faixa litorânea e nova Luís, Lei 4.669/2006 Macrozoneamento e
centralidade urbana
Mapa de Vulnerabilidade
Socioambiental,
Década 2010, PMCMV, criação de ZEIS engavetado por 10 anos.

na zona rural Macrozoneamento e Mapa de


Vulnerabilidade Socioambiental,
engavetado por 10 anos.
O PROCESSO DE REVISÃO DO PD DE 2006
• Tentativa de aprovação da revisão em 2015 com pouquíssimas modificações
com o intuito de aprovar a Lei de Zoneamento já bastante defasada;
• Entra na pauta novamente em 2018/2019 com maiores modificações:
• 9 audiências ocorrem entre janeiro e fevereiro de 2019
• Supressão de 41% da Zona Rural (8.643 hectares) que será incorporada à
Zona Urbana;
• Redelimitação da APA do Maracanã (Programa MCMV), de parte do Sítio
Santa Eulália (transformada em Macrozona em Consolidação 1) de e das
áreas de Dunas no litoral norte em territórios valorizados;
PROBLEMAS NA PROPOSTA
• A prefeitura demonstra que os estudos para a ampliação da zona urbana são frágeis,
baseados apenas em imagens de satélite;
• A ampliação da Zona Urbana objetiva, principalmente, preparar um território ao sul da
baía de São Marcos para receber investimentos chineses (China Communications
Construction Company - CCCC) na ordem de 1,7 bilhão de reais para a construção de
um porto privado;
• O mapa de vulnerabilidade sócio-ambiental do município está sendo prometido
novamente pela prefeitura na nova proposta. Ele deveria estar pronto desde o início de
2007.
• A Proposta não apresenta novas áreas para criação de Zonas Especiais de Interesse
Social (ZEIS).
• Audiências públicas como mera formalidade face ao poder do CONCID
Macrozoneamento Urbano: 5 tipologias – 1. Macroznona Consolidada;
2. Macrozona em Consolidação I; 3. Macrozona em Consolidação II; 4.
Macrozona de Qualificação; 5. Macrozona de Requalificação.

Zona de Qualificação - É composta por áreas habitadas,


predominantemente, por população de baixa renda e baixo nível de
escolaridade, com grande concentração de assentamentos
espontâneos, que apresentam infraestrutura básica incompleta e
deficiência de equipamentos e serviços urbanos, necessitando de
investimentos públicos para fins de regularização fundiária,
implantação de programas de habitação popular e equipamentos
públicos que melhorem o padrão de qualidade de vida dos moradores
(Art. 47 do Projeto do Plano Diretor).
Macrozona em Consolidação 2 - É composta por áreas que
apresentam vazios urbanos significativos propícios à expansão e ao
adensamento, possuindo áreas em condições favoráveis à atração
de investimentos imobiliários privados, mas que ainda necessitam de
qualificação urbanística para complementação do tecido urbano e de um
melhor aproveitamento do potencial paisagístico para efetivação da
função social da propriedade.
CONCLUSÕES
O controle que o mercado imobiliário exerce sobre a política urbana de São
Luis, alimentado pelas políticas do BNH nos anos 1970, redirecionado pela crise
fiscal dos anos 1980/1990, fortalecido com as macropolíticas do PMCMV, se
articula atualmente com o capital industrial exportador em um contexto de
inserção submissa do país aos centros hegemônicos internacionais que,
ao submeter o destino da cidade e da região a interesses privados através
do Plano Diretor de 2018, compromete os recursos naturais, ameaça
populações tradicionais e agrava as imensas e acumuladas demandas
socioespaciais do atual espaço urbano.
Grandes jogos são jogados.
E os silenciosos parceiros
não sabem, a cada lance,
que o jogo, fora de alcance,
pertence a dedos alheios.
Cecília Meireles.
Romanceiro da Inconfidência.
Romance XLVIII ou Do Jogo de Cartas

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