Você está na página 1de 14
JOSE IGNACIO BOTELHO DE MESQUITA Profesor Titular de Dieto Process Civil Univenidade de Sto Paulo. wor ji@boteomesgut ad be A COISA JULGADA 09 OREN Ri de anero 2004 a 10SE 1GNACIO BOTELHO DE MBSQUITA 5. Conclusio 5.1, Articulagdo entre a colsa julgada penal e a elvil cerrado essasconsderagdes, parece oportuno sal- cntarnio sera autoridade civil da coisa julgada penal nada de extraordindrio nos hrizontes do processo. Bem a contro, cla demonstra um enrosamento perfito como sistema esta- belecido pelo Cédigo de Processo Civil, que oferee, em ‘comparagio com o8 de outros ordenamentos juriicos con temporncos, uma extrema simplicidade,o que «toma de f- cil manejo na pritica do dieito, E importante, por isso, que desa simplicidade nos be- neficiemos, no nos deixando envelver pols névoas que pe- sam Sobre outros sistemas de diritopositvo, menos exates dé que o nosso em sua forma de conceituara coisa juluada como concluso final, esperamoshaver deixado claro nfo te fundamentoatese de que, em matéria de responsabili- dade evil, poss fazer coisa jlgada no civel a verdade dos {itlosestabelecida como fundamenta da sentenga penal. Tese «que foi sepultada hé mais de meio sdoulo pela refrma pro- cessual pena de 1941 e que, no obstante, ainda seaitaana- cronicamente, esclerosando a veiainovadora que pulsa na rmodema ciéncia processal COISA JULGADA - EF) Vv TO PRECLUSIVO! Sumario: 1. Dainsrgo da questo no content da coisju- sd, 1. Alcnce positive aleance nepstiv da coisas 1.2. Roguisins para que atu 056i ipos de aleance. A tric idendade. 13 fala da pie ientidade. LA demanda precedente, Obj eeausa do pei. 1S. Idem. AS cunicie adjacent 16 Maria devi po vi pine ‘Spl, 17, A agin delaraiarecomvencionl Obj ems pedis. 18, Ausocia daipce denidade 1.8. Pinas ‘ovelsies. 110 Da imetbiliade da motives ou eft preclsivo da senenga 2- Dos its ois da coisa ada. 21, Histvia da questo. 2.2. Quests devididas or ‘a incidnta:Liitsabjetivos da epectivas decides 3. Do pretnso carter diplie da ado delaratisin.3.1.Doju- sumer de mprocedincaedoart 478 do PC, 32. Senter 2 de impocoitncia, Ausdoca de “feo” declaratvio. 3.3. Elemento efeito declratio, DisingSo neessiris. 34 feito delaratiaineistente tm por austin dos ecvospressipstos Limite objetivo da dela po five, 3 Lines objetvos ds coisa julgadse elmetion ienifcndres do pedo. Meifcalo apenas poo polio, Patesr de 20 de seterbro de 2002 «6 10st IGNACIO BOTELHO DE MESQUITA ‘excuida a su causa. 4 Concusio. 41. Caraserisias do ‘cis, Slats. Ausénca de impediment areonvengto £2. ‘Aseéncia da pie wdenidadeeinaplebiade dot $74 ‘do CPC. 43. Encerament, Por seusilusres patrones, a empresa Consulente indaga sea coisa julgada formada na apo declaratria de inexigibii- dade de obrigacdo por ela proposta contra 9 BANCO SAFRA S/A peranteo Juizo de Direito da Vara Civel desta Comarca, julgada improcedente, seria oponivel contra a pre. tensdo declaratéria por eta deduzida, por via reconvencional, 1a ago condenatéria que agora the movida pelo mesmo Banco perante a 26* Vara Civel desta Comarca, ‘A consulta vein instruida com as pegas necessérias de ambos os processos ¢ também com os pareceres juntados pelo Banco aos autos do provesso em curso Passamos # responder. 1. Da inse dda questo no contexto da coisa julgada 1.1. Aleance positive aleance negative da coisa julgada fcorrente a afirmagao de que a coisa julgada pos- suium duplo alcance; “una duplice PORTATA”, como disse EMILIO BETTI. Tem um alcance negative eum aleance positive? 2 EMILIO BETTI, Dirtoprocessule cil lian, Roma, 1936, 598, 183, ACOISA RLGADA o © alcance negativo se expressa na proibigio dirigida & todo e qualquer juiz de julgar pelo mérito uma ago déntica ‘outta "jd decidida por sentenga de que ndo caiba recur- so"? Consideram-se idénticas as agOes que tenham “as rmesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedi do”: Esse alcance negativo confere ao réu do segundo pro- cessoa excecd de coisa julgada,’ fundada na imutabilida: de! da sentenga de que jn caiba mais recurso algum. ‘ko aleanoe positivo, diversamente, depende de que as ages ndo sejam id2nticase no impede ojuiz de julgaro mé- rito da segunda ago; a0 contri, obrigao juz do segundo processo a julgar o mérito da causa, tamando como premiss Ge sua decisto a conclusio da sentenga anterior transitada em juleado , por isso, tomada indiscrivel”Pressupe que causa de pedir da segunda domanda suscite alguma questo que ddeva scr analisada e resolvida incidentertantum pelo novo juiz, mas que j tenba sido conhecida principaliter pela sex tenga precedente Exemplificando: transitada em julgado a sentenga que julgou improcedente uma ago declaratoria da existéncia de uma relagio juridica, seré vedado a qualquer juiz decidir pelo mérito outra ago declaratoria idéntica a primeira ‘Acolhendo a alegagdo de coisa julgada, devers ojuizextin- (CPC, an 301, $2" (CPC, art 301, $1. (CPC. an. 30, VL PG, an 467. Hien Agvocacl® ‘Dinamareo & Ross o 20St IGNACIO BOTELHO DEMESQUITA suir © processo sem julgamento de mérito, Se, porém, a for diferente da anterior, como seria 0 caso se {fosse uma condenatéria, mas tendo por fundamento @ mes- ‘ma relagao juridica jé declarada inexistente, estaré 0 novo jviz obrigado a adotar como razao de decidir a conclusao da sentenga anterior, sem discui-a, e por est fundamentojule gar improvedente a nova demanda. 1.2, Requisitos para que atuem 0s dois tipos de aleance. A triplice identidade 0 caso presente, anélogo ao desses exemplos, pe em {questo tanto o alcance negativo como o aleance positive da coisa julgada, Pretende o Banco-autor que o aleance megativo da coisa, julgada impediria o novo juz de julgar pelo mérito a agi de- claratéria proposta pela Consulente por via reconvencional e ue 0 aleance positivo obrigariaojuiz, na ago condenatora, 8 decidir a questio incidental referente a exigibilidade da “obrigagio da RE, adotando, como raz de decidir, a conclu so da sentenga anterior, Paraque esses efttos processuais legitimamente se pro- duzam & indispensivel, no entanto, que a questdo decidida Por via principal no primeiro processo sea idéntiea a que se Pretende ver decidida no segundo, tanto por via principal, como por via incidental, desafiando, respectivamente, 0 al- cance negativo eo aleance positivo da coisa julgada {ACOISA JULGADA ® ‘Em outras palavras,é preciso que a agdo dectaratéria r= ‘convencional sejaidéntica & declaratoriaanteriormente pro- posta eque a questio aser decidida por via incidental na agio condenatsria seja idéntica & que fot decidida por via princi- ppal no processo precedente Para isso € preciso que, tanto ‘num ease como no outro, concorram as trésidentidades: das partes, do objeto, eda a76es de decidir que integraram a cause de pedir da primeira agdo® A falta da triplice identidade Ausente que esteja essa triplice identidade, teri que ser rejeitada a excegdo de cosa julgada oposta& ago declaraté- ria reconvencional e, na ago condenat6ria, nfo estar juiz jungido & conctuséo da sentenga anterior. £ o que ocorreria, por exempto, no caso de duas sucessivas agdes declaratérias negativas, todo por objeto a mesma obrigacZotibutia, entre asmesmas partes, mas fundadas em duas diferentes causas de pedir (e.g. nulidade da inscriggo da divida e inconstituciona: lidade do tributo); ow entio no easo de wna ago declaratéria rnegativa de uma obrigagotributiria fundads em nulidade da ‘nscrigio da divida ejulgada improcedente, seguida de uma ‘ago condenatiria fundada nessa mesma obrigagio, cuja ‘est seid, ds LEBMAN: "Quest fia taal oggeto sen erters Bs romuncio, deni fot tre element de ogg, del pet e della causa pten™. Manuele de dito processal ie, Gif, 196, Up 132 » 30s IGNACTO BOTELNO DE MEsQUITA inexistencia voltea ser alegada pelo séu, mas com fundamen- ‘oem outra causa de nulidade (eg. a inconstitucionalidade da lei que eriou o tributo). No caso da presente consulta, conforme se passa a de- ‘monstar, falta essa tiplice idenidade. Seno, vejamos. 1.4, A demanda precedente. Objeto e causa do pedido ‘A asf proposta pela Consulente contra © BANCO SA. FRA teve por objeto a declaragio da “inexigibilidade da obri- ‘gacio da Autora em pagar o valor do contrato¢ do titulo de crédito indevidamente firmados em sew nome”? ‘Teriam eles sido fiemados indevidamente porque — af esta causa de pedir—os empréstimos “com valores superio- res ao limite estabelecido na lerra'b’ do pardgrafo nico do Artigo 19 do Estatuto Social da Companhia (.) somente po- dderiam ter sido contraidos cam aprovacio prévia do Conse tho de Administracao"" ¢, além disso, porque, nas procu- rages outorgadas aos Srs. M. P., W.B. J. A.D. T,, incum- bidos da contratagio dos aludidos empréstimos, a Compa- nia teria que ser representada por Diretores, mas um deles, © St. L. A.N, “ndo havia ainda sido eleto, pelo Consetho de Administragdo, Diretor da Companhia, na forma da le- fra ‘g" do Artigo 13 do Estatuto Social da Empresa, ten- do agido portanto em desacordo com o mesmo Estatuto 9 signi da dectaratcia, 8 doe respectivs autos 10 em, Bs 5 Social""”B, por iltimo, o contratoe a nota promissoria “fo ram, na verdad, irregularmente frmados pelos Srs. EA P.eM. P, tendo como ‘avalistas” as Srs. RB. e M. P.” 1.5. Idem. As circunstancias adjacentes ‘Ao lado disto, a inicial narou com riqueza de detalbes todas as cireunstincias e iregularidades que rodearam ace. lebragio e a execugo daqusle contato para deixar configu: rada a mifé dos que dele partciparam, mas sem outro objetivo que o de prevenir o juizo contra a esperada invoca- ‘lo pelo Banco-réu da teoria da aparécia, Em seu item 16, inicial da declaratria deixon isto per: feitamente claro, adverindo: “16. E ndo pretenda 0 Ban- co-réu buscar na Teoria da Aparéncia" alguna legitimidade para a ilicitude que cometeu contra a Autora, porque aquela teoria & absolutamente inaplicavel 4 espe- ie"; e prossegue repisande as circunstincias que exeluriam ‘ahipétese de poder o Banco apresentar-se como “terceiro de boa. f2",” o que seria condiglo sine qua non para a aplicago da teoria da aparéncia, Foi com esta estrutura que a agi declaatéria foi pro- posta e assim foi julgada, 11 Adem, 5 12 idem, fs 1B Moms 8 2 1088 IGNACIO BOTELHO DE MESQUITA 1.6, Matéria decidida por via principal Com efeto, a sentenga analisou longamente todo o ma- terial de fat para jutificar a conclusio de que “diante das circunstancias que envolveram a assinatura do contrato de ‘empréstimo é aplicével aldo de Pontes de Miranda sobre o ‘poder aparente”, ¢ artemateu! ‘A autora nio realizou nenhuma prova que de- ‘monstrasse a mé-fé do Réu ma formagio do contato, «quando the cabia o dnus probatério, Sendo o Réw terceiro deboa-fé, prevalece a teoria da aparénciae ‘ago é improcedente”." Assim também o Acérdio proferido em grau de apela- ‘lo, como demonstra @ teor da sua ementa ‘Sociedade comercial - Representagdo ~ Contato Ade abertura de crédito e nota promisséia a ele vin- cilada ~ Assinatura por representantes legais da sociedade — Responsabilidade da pessoa juridica — Inoponibilidade das restri8es aos poderes de ge- réncia aos terceiras de hoa-fé -Bxame da doutrina « da jurisprudéncia— Ago declaratoria de inexigi- 4 Sentenea ra delaras. 2.113, Hom fs. 2115 bilidade de obrigago improcedente ~ Sentenca smantida ~ Vote vencida”."* (© mesmo se dou no julgamento dos subseqiientes em bargos infringentes, conforme se vé da sua ements: “Sociedade comercial ~ Representagio ~ Socieda- de andnima ~ Obtengio de empréstimo de grande vulto sem prévia consulta 40 Consetho de Admi aistragio— Inabservancia do Fstatuto Social ~ Ret ragio da pritica de operagdes nessas condigses pelo diretor-superintendente comprovadas percial mente — Omissio da Conselho caracerizada Impossibilidade da presungio de mi-fé do banco mibargado ~ Prevalecimento das teorias organi cista e da aparéncia ~ Declaraéria de ineniibii- dade de obrigagio improcedente — Embargos ingringentes rejetadon”,” No mesmo sentida sobreveio a decisio monocrtica ppronunciada no agravo de instrumento contra 0 despacho de- negatério do recurso especial intesposto pela Consulente, cconfirmada pela devisio proferida no egravo interposto com: tra cla manifestado, 16 Acirdiona ape, x! numerasdo des 17 _-Acindio aos embargo iningents em " {20S IGNACIO BOTELHO DE MESQUITA Por sua vez, na ago declaratéria propostareconvencioe nalmente, pleiteou a Consulente a declaragdo de “nulidade dos Coniratos celebrados de 5 a 14 de junho de 1989, com Jfundamento no artigo 145, nciso I, Cédigo Civil, tendo em vista que eles possuem objeto ilcto, uma vez que foram fire mados com desvio de finalidade, para favorecer 0 DISTRIBANK”. , para o caso de nlo poder vira ser acolhido esse pe- Addo, pleiteou-se, subsidiariamente, “com fundamento no artigo 289 do Cédigo de Processo Civil, se digne Vossa Exceléncia condenar 0 Banco Reconvindo a restituir as quantias subtraidas irregularmente da conta corrente n* (000.636-5 acrescidas de corregio monetriae juras legais desde a data de suas respectivas saidas da conta corrent, além de perdas e danos em quantia capaz de liguidar 0 Contrato de Abertura de Crédito em Conta Corrente’ bem assim fosse o Banco condenado “ao pagamento de in- denizasdo por danos materials, referidos no item 35 aci- ‘ma, a serem apurados em execucio e danos morais ‘causados @ Reconvinte, em quantia a ser arbitrada por Vas- sa Bxceléncia™"* 18 CE Reconvonedop 12, ites 40,41 082 [ACOISAJULGADA % 18, Austneia da triplice identidade Como visto, a anterior declaratoriafundow-se na aie séncia de poderes por parte dos signatarios dos atos im- pugnados. A nova declaratria, por sua vez, fundou-se em rulidade daqueles atos, decortente de terem 0s mesmos personagens feito maw uso dos poderes que a sentenga transitada em julgado Ihes reconheceu, configurando-se 8 hipdtese de desvio de finalidade para 0 favorecimento de otra empresa, Em suma: auséncia de poderes na primeira declaratbtia © abuso das poderes na segunda. Duas causas de pedir ndo s6 diferentes, como também opostase, entre si antagGnicas ¢ incompativeis [Esti ausente a trplice identidade, conforme queriamos ais, eno for comet pelo Anepojto de avis PEDRO BAPTISTA MARTINS, co ago 85 rproduiaexats: * 1088 IGNACIO BOTELHO DE MESQUITA Essa conclusto se ressentia de um claro desvio de pers- Pectiva que tivemos oportunidade de spontarna ese com que ‘os candidatamos a livre-docéncia, em 1963, ena qual, depois dde mostrar que, na pritica, “aleanga-se a imutabilidade do comando, tomando-se imutével a motivagio da sentenca”, concluimes: “Esta imutabilidade, porém, jd se v2, nfo possui uma existincia autdnoma,f imposta pela imutabi- lidade atrbuids a0 dispositive da sentenga; isto «quer dizer que a imutabilidade da motivagio ¢ con- dicionada pela imutabilidade do dispostivo, existe na medida e segundo os limites em que se verfica 4 imutabilidade deste. Neste sentido, élicito afirms se que a imutabi- lidade da motivagio se distingue da imutabili- dade do dispositive por ser de matureza instrumental. A primeita ¢ subordinada a se gunda, que dela se utiliza como meio para sua realizagio na pratica”.” A. mesma conclusio chegou também BARBOSA MOREIRA, esclarecendo que “o expediente usado pela lei em mera fungio instrumental: preclusio das questbes lo~ 21 BOTELHO DE MESQUITA, 4 auoridade da coisa julgada€ @ imuabiidade da meio cd soto S Pal, 1963 pp. 6061. [ACOISA IULGADA » ‘sicamente subordinantes ndo & um fim em si mesma, sendo simples melo de preservar a imutabilidade do julgado” LIEBMAN se aproxima muito desse entendimento, quando sustenta que “as questdes que constituem premissa necessaria da concluséo, isto é, da decisio sobre 0 pedido dias partes, entendemse definitivamente decididas ‘nos lin tes dalide'. Quer dizer que a mesma lide ndo poderi.ser su: citada com fndamento nessas questées, quer juz as tenha realmente deviido, quer no. A contrario sens as mesmas ‘questbes ndo se entendero decdidas, se a lide for outra. £ assim que tem de ser interpretado 0 art. 287, de acordo com ‘0 que exprimia em sua redagdo origindria”.” Ovigente autoriza as dividas que atormentaram os inéxpretes do Céad gorevogado. Emborao artigo 474 reproduza com outras ou pagens 0 disposto no patigrafo tinico do artigo 287 do Cédigo de 1939, o corte dristio procedido pelo artigo 469 do Cédigo vigente exclui qualquer possibilidade de que ve- nha a revestirse da autoridade da coisa julgada, tomando-se mutivel eindiseuivel a deisio de qualquer questo de fato digo de Processo Civil, ao contro, jnio ude direito resolvida incidentemente pela sentenga,notsda~ mente as questbes prejudicais, 22. BARBOSA MOREIRA, “A eco prelasiva de cost jlgada ‘material no sistema do process iil brasilian Temas de dre ‘to procesual civil Soave, 1977.11 25. LIBBMAN, “Limits objeto ds ois juan Estados sobre proceso civil bras, Saraiva, 947, 167, nota). te 08E IGNACIO ROTELHO DE MESQUITA 2.2. Questdes decididas por via incidental. Limites objet ‘vos das respectivas decisis Dai decorre que as decisdes proferidas na primeira ago declaratoriaincidenter ranaum se tornam indiseutiveis em qualquer proceso futuro que tena o mesmo pedido do anterior, identifieado pelo objeto © pela causa de pedir, mas nada impede que sejam livremente discutidas em qualquer novo processo em que seja deduzido novo pedi do, que se distinga do anterior pelo objeto ou pela causa dl pedir. E nada impede porque, nesse caso, no se estar dde modo algum diseutindo ou modificando o resultado que se chegou no processo anter Em razio disto, nada impede que os mesmos fatos ale _gados no processo anterior, coma fnaidade tnicae exclusi va de excluir a apliagio da teoria da aparéncia a favor do vréu, sejam trazides navamente a juiza para fundamenta, agora, o pedido de declaragdo da nulidade da mesma obriga- oa cujo respeito se pronunciara a sentenga anterior. Isso, porém, 1s dividas que a respeito dessa matéia esto Sendo suscit das, Outras ainda pretenso cariter diplice da agdo declaratéria coma norma do ada qual, passada em jul- nda no € 0 sufiiente para debelar todas tam por decorréncia da conjugagio do artigo 474 do Cdigo Civil, por for, do a sentenga de mérito,“repuiar-se-do deduzidas e repe- Tidas todas as alegagdes e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como & rejeigto do pedido™. Eo que passamos a exami 3.Do pretenso cardter diplice da agio declaratéria 3.1. Do julgumento de improcedéncia e do art. 474 do cc £8 comrentia &afirmago de que a sentenga de improce: \éncia da ago declaratria positva se constitsi em uma sen- tenga declaratéria megativa a favor do réu, © que a improcedéncia de uma declaratria megativa craria a favor do réu uma sentenga declaratria postin, dado o cardter di- plice do juizo pronunciade nessas agSes. Chega-se a mes mo a estender esse racincinio a qualquer sentenga de improcedéncia, ndo faltando quem sustente que toda senten ‘ade improcecéncia consituira sempre uma sentenga deca ratéria a favor do téu em sentido contrrio a0 d afiemado pelo autor No presente caso, esse raciocinio esti sendo conduzido para dara entender que a contestagdo do Banco na declarats- +a julgada improcedente teria ea 4do como pedido de uma declarago positiva da existéncia da obrigaglo negada pela Consulente Somando a isto a presungio estabelecida pelo artigo 474 do Cistigo de Processo Civil, pretendou-se afimar que teria transtado em julgado a decarago da existéncia da dividaati- ‘uid & Consulente, devendo-se rept ugbes que a Consulente tivesse dedurido ou pudesse ter sdeduzido conta a preter tia positiva do Baneo-eu antun judicanum quanton dsputacum vel disputar debat, poidas todas a ale wo dee 2 2086 IGNACIO BOTELHO DE MESQUITA 3.2, Sentenga de improcedéncia. Auséncia de “efeito” declaratér Essa espécie de raiccinio, porém, com a devida vénia dos ‘que pensam em contri, entra em rota de colisio com a reera {eral doatigo 459 do Cédgo de Processo Civil, pela qual ojuiz proferiri sentenga “acolhendo ou rejeitando, no todo ox em parte, o pedido formulado pelo autor Sendo esta aregra ge- ral, as excegis tim que vir expresas em lei como & 0 caso do artigo 5° (declarago incidental), do artigo 278, § 1° (pedida contraposto), e dos artigos 899, § 2° (ago de consignagdo em ppagamento), 918 (prestagio de eantas) 922 (ag 238) tantos outros, do Cédigo de Processo Civile da leuislagi0 processual em vigor, como, eg, oat 28, § 1” do Decteto-ei 1" 3.365/1941 (ago de desapropriagio) eo atigos 73, 74 ¢ 75 Uda Lei 8245/1991 (agdo renavatria de locagdo comercial). ‘io fora assim, todas as ag0es seriam dplices porgue, se Julgadas improcedentes, todas elas conferriam ‘declaratéria implictamente pleteada na sua contestagio, Ao

Você também pode gostar