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Ultimo voo do flamingo romance

Paulina Chiziane

Há um pénis decepado largado no chão da cidade e resolve-se fazer uma vistoria para tentar
descobrir a origem do órgão ali jogado. Como ninguém sabia o fazer, resolvem chamar Ana
Deusqueira, a primeira e única prostituta de Tizangara, para reconhecer o pénis. Após olhar
com ares de especialista, ela informa que o órgão não é de nenhum morador local. Todos
partem e Risi dirige-se à pousada local com seu tradutor.

Lá chegando, o italiano é advertido que se aparecer um louva-deus pelo local, não deve mata-
lo. Ao ir para o quarto, Risi se depara com Temporina, uma estranha mulher com belíssimo
corpo de jovem, mas rosto de velha. Antes de dormir, o tradutor conta historias de sua
infância e de seu pai, o velho Sulpico, para Risi.
Então, ele conta que naquela terra acreditava-se que um louva-deus era um ancestral morto
voltando para visitar seus parentes vivos. Aquela seria Hortênsia, tia de Temporina e ultima
neta dos fundadores de Tizangara. O tradutor então chama Temporina e pede para que conte a
sua história. A jovem conta que a realidade não tem nem vinte anos e que havia ficado com a
cara cheia de rugas e velha por ter recebido castigo dos deuses, uma vez que quando jovem
ela recusara todos os homens e acabou passando o “prazo de sua adolescência’’. Ela resolve
então conduzir Risi à casa de Hortênsia.
No outro dia, o italiano encontra Temporina no corredor e ela diz estar grávida dele, o Risi
nega, já que apenas havia sonhado com a mulher. O hospedeiro, que ouviu a conversa, entra
no quarto e adverte Risi para tomar cuidado com Temporina. No meio da conversa, o
hospedeiro repara que tem um louva-deus morto no chão e começou a gritar “Hortensia!
Você matou-lhe!’’. Risi, sem nada entender, expulsa o homem do quarto e pede explicações
para o tradutor.
Hortênsia havia sido uma bela mulher que passava os dias na varanda de sua cada toda
arrumada, somente para se exibir. Nunca tinha saído com nenhum homem e permaneceu sua
vida toda solteira. Ao morrer, deixou tudo para o sobrinho tonto. Dizia-se que mesmo após
morrer Hortênsia continuava cuidando dele e toda manha tinha um prato de comida à mesa.

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