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HUMANIZAR-SE OU COISIFICAR-SE?

Ninguém nasce social, torna-se. Tornar-se social é um processo que envolve


diferentes variáveis, que unidas, podem serem traduzidas à uma: Cultura. É a cultura
que transforma o animal em homem. Ser humano é uma condição social que se
constrói através de processos educativos. A Educação é o elemento central na
transformação do animal em homem.
Vários filósofos já discutiam se a disposição do homem em tornar-se homem era dada
por natureza, por Deus, ou mesmo construída a partir da vida social. Aristóteles, por
exemplo, afirmava que o homem nasce com o desejo de aprender, e essa é uma
condição natural da existência. Para ele, o homem é movido pelo desejo de agregar-se
ao outro, constituindo assim, a humanidade e a sociedade. Já Santo Agostinho, na
Idade Média, acreditava que a disposição do homem à vida social era dada por Deus
no ato da criação. Segundo ele, Deus - sendo o criador - teria posto no homem - sendo
criatura - a disposição à vida em sociedade. Por fim, John Locke, filósofo inglês do
Século XVII, afirmou através de sua Teoria da Tábula Rasa, que a mente humana é
como uma “folha em branco”, ou seja, não há nenhuma pré-disposição inata quanto à
vida em sociedade. Resta assim, para Locke, a construção de um sujeito social a partir
de suas experiências culturais.
Entre tanto debates, encontramos também Karl Marx, filósofo, clássico da Sociologia,
que afirma que ao transformar a natureza, o homem também transforma-se à si. Em
outras palavras, para Marx, é na história e no movimento de pensar, fazer e
transformar o mundo material, percebendo as suas contradições, que o homem se
constrói enquanto sujeito. A transformação do meio, no pensamento de Marx, exige a
humanização do mundo, não o seu contrário. Como dito, o contrário da humanização
do mundo, é a materialização e objetificação do homem, o que o transforma em coisa.
Cabe aqui, portanto, refletir se a condição cultural do homem em nosso tempo
configura um processo de humanização ou coisificação, dada não apenas o
entendimento de uma inclinação natural para a sociedade, mas a intenção consciente
em transformá-la. Coisificar-se, é alienar-se. Alienar-se, é a condição da separação do
homem da sua própria condição. Educar-se, é culturalmente transformar-se em
humano, capaz de construir, mesmo em meio as contradições de nosso tempo, uma
condição sempre aberta de aprendizagem. Nesse sentido, sempre é tempo de
humanizar-se.
Por fim, aceitar ou refutar a condição educativa de humanização, é um ato de
liberdade. Ao passo que vamos nos separando da condição instintiva do animal,
vamos vivendo os dilemas do livre-arbítrio. Entre os dilemas, encontramos a condição
moral - do certo e errado (constituída pela vida em sociedade) - e a ética - do bem e
do mal (constituída pelo indivíduo, diante da reflexão sobre a moral). Portanto, tornar-
se humano é um ato social, educativo, moral e ético, mas acima de tudo, uma
condição de liberdade.
Reflita, livremente!

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