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ea
AVE-DO-PARAÍSO
por
R. D. Laing
Tradução de
Áurea B. Weissenberg
Este livro não pode ser exportado para Portugal ou seus territórios
Para meus filhos
NOTA — Este livro foi escrito nos últimos três anos. Algumas partes já
foram publicadas, ou apresentadas em conferências. São as seguintes:
Capítulo 2 — Versão revisada de uma conferência pronunciada no VI
Congresso Internacional de Psicoterapia, Londres, 1964, intitulada “Prática e
teoria: A situação presente”. Transcrito em Psychother. Psychosom. 13:58-67
(1965).
Capítulo 3 — Parte do capítulo 3 é uma versão revista de conferência
pronunciada no Instituto de Arte Contemporânea, Londres, 1964. Reimpresso
sob o título de “Violência e amor” no Journal of Existentialism, volume 5, nº
20 (1965); e sob o título de “Massacre dos inocentes”, em Peace News nº
1491 (1965).
Capítulo 4 — Parte do capítulo 4 é uma versão revista de “Série e nexo na
família”, publicado na New Left Review, 15 (1962).
Capítulo 5 — Versões anteriores deste capítulo foram publicadas sob os
títulos “Que é a esquizofrenia?”, discurso pronunciado no I Congresso
Internacional de Psiquiatria Social, Londres, 1964; “Que é a esquizofrenia?”,
em New Left Review, 28:63 (1964); “Será a esquizofrenia uma doença?”, no
Int. Journ. Soc. Psy., volume X, nº 3, 1964.
Capitulo 6 — Baseado em estudo apresentado no I Congresso
Internacional de Psiquiatria Social realizado em Londres, 1964, intitulado
“Experiência transcendental em relação à religião e à psicose”. Transcrito na
Psychedelic Review, nº 6, 1965.
Capítulo 7 — Versão revista de um artigo intitulado “Uma viagem de dez
dias”, publicado em Views, n° 8 (1965).
Sumário
Introdução
A Política da Experiência
1 - As Pessoas e a Experiência
I. EXPERIÊNCIA COMO EVIDÊNCIA
II. EXPERIÊNCIA E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL
III. ALIENAÇÃO NORMAL DA EXPERIÊNCIA
IV. A FANTASIA COMO MODALIDADE DE EXPERIÊNCIA
V. A NEGAÇÃO DA EXPERIÊNCIA
VI. A EXPERIÊNCIA DA NEGAÇÃO
2 - A Experiência Psicoterapêutica
3 - A Mistificação da Experiência
4 - Nós e Eles
5 - A Experiência Esquizofrênica
6 - Experiência Transcendental
7 - Uma Viagem de Dez Dias
A Ave-do-Paraíso
Introdução
Poucos são hoje os livros perdoáveis. Uma tela em preto, um filme mudo,
uma folha de papel em branco talvez sejam aceitáveis. Não existe muita
conjunção entre verdade e “realidade” social. Rodeiam-nos pseudo-
acontecimentos aos quais nos ajustamos com um falso consciente adaptado à
aceitação de tais ocorrências como verdadeiras, reais e até belas. Na
sociedade humana, a verdade reside agora menos naquilo que as coisas são
do que naquilo que não são. Nossas realidades sociais revelam-se feias à luz
da verdade exilada e a beleza já quase não é possível se não for falsa.
Que fazer? Nós que ainda estamos em parte vivos, existindo no âmago
fibrilante de um capitalismo senescente, poderemos fazer mais do que refletir
a decadência que nos rodeia e que existe dentro de nós? Poderemos fazer
mais do que cantar as nossas tristes e amargas canções de desilusão e derrota?
1
V. A NEGAÇÃO DA EXPERIÊNCIA
Parece não haver agente mais eficaz do que outra pessoa para tornar vivo o nosso
mundo ou, por meio de um olhar, gesto, ou observação, atrofiar a realidade na qual a
pessoa se abrigava.6
O ambiente físico fornece-nos constantes possibilidades de experiência,
ou então as cerceia. Daí brota o significado humano fundamental da
arquitetura. A glória de Atenas, conforme Péricles expressou tão lucidamente,
e o horror de tantas facetas das megalópolis modernas é que a primeira
realçava e as últimas cerceiam a mente do homem.
Contudo, aqui concentro-me naquilo que fazemos a nós mesmos e uns
aos outros.
Tomemos o mais simples dos esquemas interpessoais. Consideremos Jack
e Jill em relacionamento. O comportamento de Jack em relação a Jill é por
esta sentido de determinadas maneiras. O modo como ela o sente afeta de
maneira considerável seu comportamento em relação a ele. Sua maneira de
portar-se em relação a ele influencia (sem determinar totalmente, de modo
algum) o modo como ele a sente. E a experiência dele em relação a ela
contribui para a sua maneira de portar-se para com ela, que, por sua vez…. E
assim por diante.
Cada qual poderá adotar duas formas de ação fundamentalmente distintas
neste sistema interpessoal: agir de acordo com a sua experiência, ou agir de
acordo com a experiência do outro, e não existe outra forma possível de ação
pessoal dentro deste sistema. Isto é, ao considerarmos uma ação pessoal de
self para self, ou do self para o outro, a única maneira de agir é basear-nos na
nossa experiência, ou na experiência do outro.
A ação pessoal pode proporcionar ou cercear as possibilidades de
enriquecimento de experiência. A ação pessoal pode validar, confirmar,
encorajar, apoiar, realçar predominantemente, ou invalidar, desconfirmar,
desencorajar, solapar e cercear. Pode ser criativa ou destrutiva.
Num mundo onde a condição normal é de alienação, a maior parte da
ação pessoal será destrutiva tanto para a nossa experiência como para a do
outro. Esboçarei aqui alguns dos modos pelos quais isto ocorre. Deixo ao
leitor considerar, baseado em sua própria experiência, de que modo são
difusos esses tipos de ação.
Sob o título de “mecanismos de defesa”, a psicanálise descreve diversas
maneiras pelas quais a pessoa se aliena a si mesma. Por exemplo: recalque,
negação, split, projeção, introjeção. Tais “mecanismos” são com frequência
descritos em termos psicanalíticos como “inconscientes”, isto é, a própria
pessoa parece não estar cônscia do que faz a si mesma. Ainda que desenvolva
bastante insight para notar a ocorrência de um splitting, experiencia-o em
geral como um mecanismo, um processo impessoal que a domina, que ela
pode observar, mas não controlar ou deter.
Assim, existe certa validade fenomenológica em referir-se a tais “defesas”
pelo termo “mecanismo”. Mas não nos devemos deter aí. Possuem esta
qualidade mecânica porque a pessoa encontra-se delas dissociada na maneira
como sente a si mesma. Ela parece aos seus próprios olhos e aos dos outros
sofrer por causa deles. Trata-se aparentemente de processos que ela sofre e
como tal sente a si mesma como paciente dotada de psicopatologia especial.
Mas isto ocorre apenas da perspectiva de sua experiência alienada. À
medida que se torna desalienada é capaz, em primeiro lugar, de tomar
consciência deles, se já não o fez, e depois adotar a medida ainda mais crucial
de compreender progressivamente que existem coisas que ela faz ou fez a si
mesma. O processo reverte à praxe, o paciente torna-se o agente.
Finalmente é possível recuperar o terreno perdido. Esses mecanismos de
defesa são atos realizados pela pessoa baseada em sua própria experiência.
Além disso, ela dissociou-se de suas próprias ações. O produto final desta
dupla violência é uma pessoa que não se experiencia plenamente como
pessoa, e sim como parte de uma pessoa, invadida por “mecanismos”
psicopatológicos destrutivos, face aos quais torna-se vítima relativamente
indefesa.
Tais “defesas” constituem ação sobre a própria pessoa. Mas as “defesas”
não são intrapessoais, são transpessoais. Ajo não só sobre mim próprio,
como também posso agir sobre você. E você age não só sobre si mesmo,
como sobre mim. Em ambos os casos, age-se sobre a experiência.7
Se Jack consegue esquecer algo, isto pouco adianta, se Jill continuar a
lembrar-lhe o fato. É preciso que ele a induza a não fazê-lo. A maneira mais
segura seria não só mantê-la calada a respeito, como induzi-la a esquecer
também.
Jack pode agir sobre Jill de diferentes maneiras. Pode levá-la a sentir-se
culpada por “referir-se ao assunto”. Pode invalidar a experiência dela, o que
será feito mais ou menos radicalmente. Pode sugerir simplesmente que o fato
é trivial, sem importância, embora seja importante e significativo para ela.
Indo mais além, pode desviar a modalidade da experiência da memória para a
imaginação: “Foi tudo imaginação sua”. Pode ir mais além, invalidando o
conteúdo. “Não aconteceu assim”. Finalmente, pode invalidar não só o
significado, a modalidade e o conteúdo, como a própria capacidade de
recordar, fazendo ao mesmo tempo com que ela se sinta culpada.
Isto é bastante comum e frequente entre as pessoas. Para que esta
invalidação transpessoal dê resultado, porém, é aconselhável recobri-la com
uma espessa pátina de mistificação.8 Por exemplo: negando que é isto o que
se está fazendo e invalidando, ainda por cima, qualquer percepção de que
ocorre por meio de imputações como as seguintes: “Como pode pensar uma
coisa dessas?” “Você deve estar louco”. E assim por diante.
Presume-se que faça diferença para muita gente saber se está ou não de
acordo com o que pensa a maioria das pessoas (segundo nível): e saber que a
maioria os acha parecidos com eles próprios (terceiro nível). É possível
pensar o que todo mundo pensa e acreditar que se esteja em minoria. É
possível pensar o que pouca gente pensa e supor estar com a maioria. É
possível sentir que Eles pensam que se é parecido com Eles quando não se é e
quando Eles não pensam. É possível dizer: acredito nisto, mas Eles acreditam
naquilo, de modo que sinto muito, nada posso fazer.
ELES
NÓS
AS PRELIMINARES
Antes que a Viagem tivesse início, Jesse havia se “mudado para um
ambiente totalmente novo”. Vinha trabalhando sete dias por semana até tarde
da noite. Sentia-se física, emocional e espiritualmente “abatido”. Já que é a
própria viagem que aqui nos preocupa, não entraremos em detalhes sobre as
circunstâncias que a antecederam. Foi então mordido por um cão e a ferida
não cicatrizou. Dirigiu-se a um hospital, onde lhe aplicaram anestesia geral
pela primeira vez na sua vida e fizeram curativo no local.
Voltou de ônibus para casa e sentou-se numa cadeira. Seu filho de sete
anos entrou na sala, e Jesse viu-o de maneira nova e estranha, um tanto
afastado de si mesmo.
Foi então que tudo começou.
A VIAGEM
“…. de repente, olhei para o relógio, o rádio estava ligado, a música
tocando — hum — uma música popular. Baseava-se no ritmo de um bonde.
Taa-ta-ta-taa-taa — algo que lembrava uma melodia repetitiva de Ravel. E
quando aconteceu, senti de repente como se o tempo recuasse. Senti este
tempo recuar e tive a extraordinária sensação de que…. a sensação mais forte
que tive naquele momento foi a do recuo do tempo….
“Senti-o com tanta intensidade, que olhei para o relógio e de certo modo
achei que ele confirmava a minha opinião de que o tempo estava recuando,
embora eu não visse os ponteiros movimentando-se…. Senti-me alarmado
por ter subitamente a impressão de estar me movimentando para algum
ponto, numa esteira rolante …. incapaz de fazer o que quer que fosse, como
se escorregasse e derrapasse por uma espécie de túnel e…. fosse incapaz de
me deter. E…. hum…. isto me causou uma sensação de pânico…. Lembro-
me de ter entrado na outra sala para verificar onde me encontrava, de ter
olhado para meu próprio rosto, mas não havia espelhos por ali. Entrei no
quarto e olhei-me no espelho. Parecia, de certo modo, estranho, como se
olhasse para alguém que…. alguém familiar, mas…. muito estranho e
diferente de mim mesmo…. foi o que senti…. e então experimentei a
extraordinária sensação de ser perfeitamente capaz de fazer qualquer coisa
comigo mesmo, de estar em pleno controle de…. de todas as minhas
faculdades, corpo e tudo o mais…. e comecei a divagar”.
“Colocaram-me numa cama e…. hum…. lembro-me que era noite e foi
uma experiência assustadora, porque eu tinha a…. tinha a sensação de que….
hum…. eu estava…. de que eu havia morrido. Percebi que havia pessoas nas
outras camas ao meu redor e pensei que eram gente que morrera…. e ali se
encontrava…. apenas a espera de passar para a seção seguinte….”
“…. quando fui para o hospital, por causa desta sensação, desta intensa
sensação de ser capaz de…. hum…. governar a mim mesmo, ao meu corpo e
assim por diante, disse à enfermeira que queria fazer um curativo no meu
dedo: “Não precisa se incomodar com isso”. Retirei a atadura e disse: “Isto
estará bom amanhã, se você não fizer curativo, deixe como está”. E lembro-
me daquela terrível sensação de que eu podia fazer mesmo isso e…. era um
feio corte pelo dedo abaixo. Não permiti que colocassem coisa alguma, então
disseram, ora, não está sangrando, e deixaram mesmo, e no dia seguinte
estava perfeitamente cicatrizado, porque eu voltei uma espécie de…. atenção
intensa sobre o dedo, a fim de curá-lo. Descobri que eu…. fiz um teste com o
homem que ficava a minha frente na enfermaria e que era às vezes muito
barulhento, saía da cama, fora submetido a diversas desagradáveis operações
abdominais e suponho que isso o tenha afetado, causando provavelmente o
colapso. Mas costumava levantar-se da cama, praguejar, gritar, etc. e eu me
senti meio assustado e ao mesmo tempo com muita pena dele, e então sentava
na minha cama e forçava-o a deitar, olhando para ele, concentrado, e ele se
deitava. E para ver se isto…. isto era apenas um acidente, tentei com outro
paciente ao mesmo tempo e descobri que ele…. que eu conseguia fazê-lo
deitar-se”.
Jesse achou que esta experiência era um palco que todos precisavam
atravessar de um modo ou de outro, a fim de alcançar um estágio mais
elevado de evolução.
O REGRESSO
“Sentado na cama pensei, bem, seja lá onde for, preciso reunir-me ao meu
self presente…. preciso muito. Então, sentado na cama, apertei os punhos
com força. E a enfermeira que acabava de entrar disse: “Quero que você tome
isto” e eu respondi: “Não vou tomar porque eu iria…. quanto mais tomo isto,
menos capaz sou de fazer qualquer coisa agora…. isto é, eu me afundarei”.
Então, sentando na cama de mãos entrelaçadas…. creio que era um modo
desajeitado de unir-me ao meu self presente, fiquei repetindo meu próprio
nome e de repente, sem mais nem menos…. compreendi que tudo estava
terminado. Todas as experiências estavam encerradas e era um final…. um
final dramático para tudo aquilo. E havia lá um médico que fora oficial da
marinha…. contra-almirante cirurgião…. cirurgião contra-almirante e ele e eu
nos tornamos amigos porque conversávamos sobre o mar, de vez em quando.
E a enfermeira entrou e disse: “Você não tomou o remédio”, e eu respondi:
“Já disse que não vou tomar”, e ela falou: “Bem, tenho que chamar o
médico”, e eu disse: “Então chame o médico”. O médico veio e eu disse:
“Não quero mais o sedativo. Sou perfeitamente capaz de…. controlar as
coisas normalmente agora”. E acrescentei: “Estou bom”. Ele olhou para mim,
fitou-me nos olhos e disse: “Ah, estou vendo”. E riu. Foi assim que aconteceu
e daquele momento em diante eu…. nunca mais tive nenhuma daquelas
sensações….”
“Mas às vezes era tão…. hum…. devastador, que forçava meu espírito até
o extremo e eu temia tornar a penetrar naquilo….
“De repente, defrontei-me com algo muito maior que a minha pessoa,
com tantas experiências, com tanta percepção, tanta coisa, que não foi
possível aguentar. Era como algo macio caindo numa bolsa de pregos….
“Eu não tinha capacidade para senti-lo. Senti-o por um momento ou dois,
mas era como uma súbita rajada de luz, vento, ou seja, o que tenha sido,
incidindo contra a pessoa, de maneira que ela se sentia demasiado despida e
sozinha para suportá-lo, não tendo forças para tanto. Era como uma criança
ou um animal subitamente surpreendido…. ou tornando- se cônscio de….
experiências adultas, por exemplo. A pessoa adulta passa por muitas
experiências durante a vida, aumenta gradualmente sua capacidade de
experienciá-la e de contemplar as coisas…. e…. compreendê-las,
experienciando-as mesmo por uma variedade de motivos, por razões
estéticas, artísticas, religiosas, por todos os tipos de razões pelas quais
experienciamos as coisas e…. se uma criança ou animal, digamos, se vissem,
de repente, diante de tudo isso, não poderiam aguentar por não serem
bastante vigorosos, não estarem preparados para tal. E eu enfrentava coisas
para as quais não estava preparado. Era demasiado manso, demasiado
vulnerável”.
Uma pessoa nesse estado pode ser “difícil” para as outras, sobretudo
quando a experiência ocorre no contexto incongruente e bizarro dos
manicômios como eles são no momento. O verdadeiro médico-sacerdote
possibilitaria à pessoa passar por tais experiências antes de chegar a
extremos. É preciso estar morrendo de desnutrição para que sirvam comida a
alguém? Jesse Watkins, porém, teve mais sorte do que muitos pacientes
teriam agora, pois parece que recebeu relativamente poucos sedativos e não
foi submetido a nenhum “tratamento” na forma de eletrochoque,
congelamento, etc.
Certa vez, foi simplesmente colocado numa cela acolchoada, quando se
mostrou importuno para os outros.
Se tivesse que enfrentar as “modernas” formas de “tratamento”
psiquiátrico é provável que a experiência fosse excessiva para ele.
“…. a pessoa é como um navio numa tempestade. Lança uma âncora que
ajuda a embarcação a enfrentar a tempestade, mantendo-a de proa para o
vento, e proporciona também uma sensação de conforto…. aos que se
encontram a bordo pensar que lançaram uma âncora de salvação que não está
presa ao fundo, mas que faz parte do mar…. que permite sobreviver…. e
enquanto pensarem que sobreviverão no barco, conseguirão viver a
experiência da tempestade. Gradualmente começam a…. sentem-se muito
felizes com ela, embora a âncora possa ter-se rompido, ou algo assim. Acho
que se uma pessoa tivesse que…. passar por este tipo de experiência,
precisaria de…. ter uma das mãos livres para si mesma, por assim dizer, e a
outra livre para a experiência. Ela conseguirá…. creio, se quiser
sobreviver…. sair do plano presente onde se encontra…. por causa de tudo o
que desapareceu antes, e gradualmente vão surgindo os…. os recursos
necessários para enfrentar a situação presente. Ela não está preparada para
qualquer coisa assim, não muito. Algumas encontram- se mais preparadas,
outras menos…. mas é preciso algum apoio, uma espécie de âncora de
salvação, ligada ao presente…. e a ela própria, como ela é…. para poder
experienciar ao menos um pouquinho do que terá que experienciar”.
“Então, devia haver outras pessoas que de certo modo velassem por
você….”
“Outras pessoas em quem você confiasse, que sabem que você precisa
receber cuidados e não permitam que você corra à deriva e naufrague. É….
hum…. uma simples questão de…. você vê, eu acho que…. que essa história
de experienciar é uma questão de preparar o próprio espírito. Porque eu me
lembro …. para fazer uma analogia normal…. de que quando embarquei pela
primeira vez, rapaz de dezesseis anos, e fomos ao norte da Rússia, passando
por tempestades extraordinárias, quando o mar varria o convés e o navio
jogava de maneira terrível, não havia comida. Eu nunca passara por uma
coisa dessas na minha vida, porque nunca estivera em colégio interno,
estudara perto de casa, frequentando um externato e nunca estivera muito
longe de minha mãe. E o súbito impacto daquela vida rude e aterrorizante foi
um pouco mais do que eu poderia aguentar naquela época…. e…. mas
depois, gradualmente, quando comecei a embarcar com mais frequência, a
princípio comecei a…. a ser, ou fingir que era corajoso. Aos poucos
principiei a enfrentar tudo, e o que me consolava às vezes era o fato que
outras pessoas suportavam, viviam aquilo…. naquele ambiente e pareciam
estar muito bem. Não me manifestaram simpatia, ninguém era compreensivo
com ninguém, cada qual por si…. entregue aos próprios recursos para
enfrentar a situação. E eu a enfrentei e então, é claro, rememorando após
tantos anos, lembro-me das vezes em que senti muito medo, numa grande
tempestade…. hum…. mas pensava…. pensava muitas vezes que depois de
ter vivido essas tempestades, eu estaria preparado para enfrentá-las com
experiência…. mas pensava também no tempo em que era garoto, e
embarquei pela primeira vez, na primeira semana…. porque na primeira
semana em que estive no mar passamos por uma extraordinária tempestade
de vento, a cozinha de bordo foi arrasada, não havia comida, tudo ficou
molhado, o navio jogava e corremos perigo de naufragar…. senti tanto medo
simplesmente por não estar preparado para enfrentar aquilo. Suponho ser esta
a melhor analogia do que senti então…. ter que enfrentar subitamente
aquela…. aquela enormidade de conhecimentos.
“…. creio que…. aqueles dez dias e o que vivi então fizeram-me
progredir muito. E lembro-me que quando saí do hospital, fiquei internado
uns três meses ao todo, e ao sair tive repentinamente a impressão de que tudo
era muito mais real…. do que antes. A relva era mais verde, o sol brilhava
mais, as pessoas eram mais vivas, eu as via com mais clareza. Notava o que
havia de mau e de bom em tudo isso. Estava muito mais alerta”.
Há muita coisa que se precisa escrever com urgência sobre esta e outras
experiências similares. Mas pretendo confinar-me a umas poucas questões de
orientação fundamental.
Já não podemos considerar esta viagem como uma doença que precisa ser
curada. No entanto, as celas acolchoadas estão agora ultrapassadas, graças a
métodos “mais avançados” de tratamento.
Se conseguirmos nos desmistificar, veremos os “tratamentos”
(eletrochoques, tranquilizantes, congelamento — às vezes até a psicanálise)
como meios de impedir a ocor- rência desta sequência.
Não vemos que não é desta viagem que precisamos curar-nos, mas que
ela é, em si mesma, um meio natural de curar o nosso espantoso estado de
alienação chamado normalidade?
Noutras épocas, as pessoas embarcavam intencionalmente nesta viagem.
Ou, caso se encontrassem já embarcados, fosse como fosse, davam graças
como se se tratasse de um favor todo especial.
Hoje, há quem ainda se aventure. Mas talvez a maioria se veja forçada a
sair do mundo “normal” ao encontrar-se numa posição insustentável. Sem
orientação48 na geografia do espaço e do tempo interiores, é provável que se
percam facilmente sem um guia.
No capítulo 5 fiz uma relação das diferentes características de tal viagem.
Parecem ajustar-se muito bem à experiência de Jesse Watkins. (Quando Jesse
me fez a sua narrativa, não só nunca discutira o assunto anteriormente, como
ele não lera nada do que eu havia escrito). Mas isto é apenas uma
aproximação experimental.49 Foi Jung quem abriu caminho, mas poucos o
seguiram.
Seria desejável que a sociedade estabelecesse locais com a finalidade
expressa de ajudar as pessoas a vencerem as tempestades de uma viagem
assim. Parte considerável deste livro foi dedicada a demonstrar por que isto é
improvável.
Neste tipo especial de viagem, a direção que precisamos tomar é para trás
e para dentro, porque indo para trás é que começamos a descer e a sair. As
pessoas dirão que regredimos, que nos afastamos, que estamos desligados
delas. É verdade que temos um longo caminho a refazer para entrar em
contato com a realidade de que há muito nos desligamos. E como são
humanas, interessadas e até mesmo porque nos amam, e estão assustadas,
tentarão nos curar. Talvez consigam. Mas ainda há esperança de que
fracassem.
A Ave-do-Paraíso
Jesus lhes disse:
Quando fizerdes de dois um e
quando tornardes o interior em exterior
e o exterior em interior e o acima
em abaixo, e quando
tornardes o macho e a fêmea num só,
de modo que o macho não será macho e
a fêmea não será fêmea, quando colocardes
os olhos no lugar de um olho, e a mão
no lugar de uma das mãos, e um pé no lugar
do pé, e uma imagem no lugar de uma imagem,
então entrareis no Reino.
EVANGELHO SEGUNDO TOMÉ
DIÁLOGO EM GLASGOW
ELE (a uma garota que passa): Ei, boneca, vamos fazer amor?
ELA: Mas você não vai meter….
Conheço tantas piadas sem graça. Pelo menos não fui eu quem as
inventou.
Jimmy McKenzie era uma peste no manicômio porque vivia respondendo
aos gritos às suas próprias vozes. Só ouvíamos um lado da conversa, é claro,
mas podíamos deduzir o outro em termos gerais, pelo que ele dizia:
“Fodam-se, miseráveis de mente suja….”
Decidiu-se a certa altura aliviar sua aflição e a nossa, proporcionando-lhe
os benefícios de uma leucotomia.
Observou-se uma melhora na situação.
Após a operação, ele já não xingava suas vozes, mas dizia: “Que é isso?
Repitam!
Falem mais alto, idiotas, não consigo ouvir!”
Estivéramos auxiliando um parto que se arrastara por dezesseis horas.
Finalmente a criança começou a aparecer…. cinzenta, escorregadia, fria….
saiu…. um grande sapo humano…. um monstro anencéfalo, sem pescoço,
sem cabeça, com olhos, nariz, boca imensa, longos braços.
A criatura nasceu às 9,10, numa clara manhã de agosto:
Talvez estivesse semiviva. Não quisemos saber. Enrolamo-la num jornal
e caminhei pela rua O’Connéll duas horas mais tarde com o embrulho
debaixo do braço para levá-lo ao laboratório de patologia, que parecia bradar
por todas as respostas respondíveis que eu jamais formulara.
Precisava de um drinque. Entrei num bar, coloquei sobre o balcão o
embrulho. Súbito senti o desejo de abri-lo, de mostrar a todos aquela horrível
cabeça de Górgona, de deixar todo mundo petrificado.
Eu seria capaz de mostrar o local exato na rua, até o dia de hoje. Pontas
de dedos, pernas, pulmões, aparelhos genitais, tudo pensando.
Lá estão as pessoas na rua, eu as vejo. Dizem que são algo ali, algo que
atravessa o espaço, atinge os olhos, vai ao cérebro, e então ocorre alguma
coisa e por meio desse evento ocorrido no meu cérebro sinto aquelas pessoas
que se encontram lá fora, no espaço.
O “eu” que eu sou não é o “eu” que conheço, mas o “com quê” e o
“como” o eu é conhecido. Mas se este eu que é o “com quê” e o “como” não
for nada que eu conheça, então não é coisa alguma…. nada. Clique — abrem-
se as comportas — o corpo deita vísceras para fora.
Olho ao redor para a Cidade Nova. Uma pena que todas aquelas vísceras
e abortos estejam espalhados pelas sarjetas limpinhas. Isto parece um
coração. Está pulsando. Começa a movimentar-se sobre quatro perninhas. É
nojento e grotesco. Abortos de carne vermelha, lembrando os de um cão, mas
ainda vivos. Cão estúpido, espoliado, abortivo persistindo em viver. Contudo,
a única coisa que me pede é que eu permita que ele me ame, e nem mesmo
isso.
Coração surpreendido, coração amante não amado, coração de um mundo
sem coração, doido coração de um mundo que morre.
Ruínas
O velho estilo
E todos aqueles queridos….
Quero que você me prove e me cheire, quero ser palpável, entrar sob sua
epiderme, ser uma coceira no seu cérebro e nas suas vísceras, que você não
conseguirá anular nem atenuar, que corromperá e destruirá você, levando-o à
loucura. Quem é capaz de escrever com compaixão, sem qualquer
adulteramento? Toda prosa, toda poesia, na medida em que não for
compaixão, será um fracasso.
Alerta. Cuidado. Calma. Precaução. Não tente demais, não explore.
Mantenha o seu lugar, não provoque confusão. Lembre-se de que suas mãos
estão tintas de sangue, não seja demasiado ousado, ou ambicioso. Não seja
emproado. Lembre-se de seu lugar na hierarquia, não tente sair dele, não grite
por aí, não faça poses, não seja afetado, não pense que conseguirá sair
impune, você já foi pisoteado, não tente desculpar-se. Não role por aí. A
quem está procurando enganar? Um pouco de humildade, uma fração de
amor, um grão de pó, disseram-lhe tudo o que você precisa saber, você
recebeu sua justa parte, não tente a paciência dos deuses. Cale-se e continue.
Lembre-se. Não resta muito tempo. O dilúvio e o fogo já nos estão
alcançando.
Sim, há momentos,
Às vezes,
de magia
Guincho com um sorriso
Nada mais próprio do homem
Aquela melancólica fraqueza
Aquela mansa nostalgia
Vagueando
Súbito defronto-me com uma de minhas infâncias
Preservada do esquecimento
Para este momento em que é mais necessária
ELE E ELA
Uma triste cançãozinha
Tateia tão hesitante em direção
á nossa intocável felicidade,
Seu gentil sorriso oferece com tato Consolo que não pedimos.
ELA: Meu coração está cheio de cinzas e raspas de limão.
ELE: Não vá muito longe.
ELA: Entrarei no meu self. Você sempre me encontrará ali.
ELE: Se eu amasse o mundo inteiro como amo você,
morreria.
Florestas e cataratas de complicadas e intersticiais
paisagens,
Cascatas e quedas-d’água através e para além de cotovelos,
até promontórios de dedos,
Estrelas de nervos, artérias de champanha,
A imagem dela faz pulsar a ponta dos meus dedos,
Desenrosca minha carne encolhida,
Toca o nervo perdido da coragem,
Incita um certo gesto de encantamento
A aventurar-se a ser.
Filiais:
Rio de Janeiro:
Rua Senador Dantas, 118-
1
Tel.: 242-9571
São Paulo:
Rua Senador Feijó,
158/168
Tels.: 33-3233 - 32-6890
Belo Horizonte:
Rua Tupis, 85
Loja 10
Tel.: 22-4152
Porto Alegre: Rua
Riachuelo, 1280 Tel.: 25-1172
Brasília:
CRL/Norte - Q. 704 Bloco
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Representantes:
Recife: NORDIS-Nordeste
Distribuição de Editoras Ltda.
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21-4306 Fortaleza: Ceará Ciência e
Cultura Ltda
Rua Edgar Borges, 89. Tel.: 26-
7404
Notas
[←1 ]
É possível que a teoria dialética encontre sua verdade presente na sua própria impotência.
Consultar Herbert Marcuse, One- Dimensional Man (Routledge & Kegan Paul, Londres, 1964). Não é
o meu ponto de vista.
[←2 ]
Para quem queira uma análise erudita da alienação nos sentidos psicológico e clínico, consultar
Joseph Gabel, La Fausse Conscience (Les Éditions de Minuit, Paris, 1962). Consultar ainda Michel
Foucault, Madness and Civilisation (Pantheon Books, Nova Iorque, 1965; Tavistock Publications,
Londres. 1966).
[←3 ]
É tarde demais para reexaminar o terreno percorrido pelos pensadores dos últimos 150 anos que
expuseram a natureza da alienação, especialmente em relação ao capitalismo (Penguin Books, Londres,
1963), sobretudo o capítulo 3, “Arte e capitalismo”.
[←4 ]
No verbete “pessoa”, o Oxford English Dictionary apresenta oito variações: papel representado
num drama, ou na vida; ser humano individual; o corpo vivo de um ser humano; a personalidade real de
um ser humano; um ser humano ou corpo, ou corporação com deveres e direitos reconhecidos por lei;
no sentido teológico, as três pessoas do Ser Divino; no sentido gramatical, cada uma das três classes de
pronomes e distinções correspondentes nos verbos, que indicam a pessoa que fala, isto é, na primeira,
segunda e terceira pessoas respectivamente, etc.; no sentido zoológico, cada indivíduo de um composto,
ou organismo colonial — um zoóide. Como nos referimos aqui aos seres humanos, nossas duas
variações mais importantes são a pessoa como persona, máscara, papel representado; e a pessoa como
um self real.
[←5 ]
Consultar R. D. Laing, O Eu e os Outros (Tavistock Publications, Londres, 1961; Quadrangle
Press, Chicago, 1962; Editora Vozes, Petrópolis, 1972), em especial a 1ª Parte.
[←6 ]
Erving Goffman, Encounters: Two Studies in the Sociology of Interaction (Bobbs-Merrill,
Indianapolis, 1961), p. 41.
[←7 ]
A teoria das defesas transpessoais pode ser encontrada em forma mais elaborada em R. D.
Laing, H. Phillipson and A. R. Lee, Interpersonal Perception: A Theory and a Method of Research
(Tavistock Publications, Londres, 1966).
[←8 ]
R. D. Laing, “Mistificação, confusão e conflito”, em Intensíve Family Therapy, publicado) por
Ivan Bszobrmenyi-Nagy e James L. Framo (Harper & Row, Nova Iorque, 1965).
[←9 ]
The Journals of Jean Cocteau, trad. por Wallace Fowlie (Indiana University Press,
Bloomington, 1964).
[←10 ]
Do ponto de vista do psicoterapeuta.
[←11 ]
The Divided self, Tavistock Publications, Londres, 1960; Penguin Books, 1965; trad. brasil.,
Editora Vozes, Petrópolis, 1973.
[←12 ]
Frantz Fanon, The Wretched of the Earth (MacGibbon and Kee, Londres, 1965); também Frantz
Fanon, Studies in a Dying Colonialism (Monthly Review Press, Nova Iorque, 1965).
[←13 ]
T. Lidz, The Family and Human Adaptation (Hogarth Press, Londres, 1964), p. 54.
[←14 ]
Idem, p. 34
[←15 ]
Idem, p. 28-29
[←16 ]
Idem, p. 19
[←17 ]
E. Colby (ed.), The Life of Thomas Holcroft, continued by Wllliam Hazlitt (Constable & Co.,
Londres, 1925). Vol. II, p. 82.
[←18 ]
J. P. Sartre, Prefácio de The Traitor, de André Gorz (Calder, Londres, 1960), p. 14-15.
[←19 ]
J. Henry, Culture Agalnst Man (Random House, Nova Iorque, 1963), p. 293.
[←20 ]
Idem, p. 27.
[←21 ]
Idem, p. 295-6.
[←22 ]
Idem, p. 288,
[←23 ]
Noutra obra planejei um esquema para abordar estas questões. Baseia-se em teorias de diversos
pensadores, sobretudo Durkheim, Sartre, Husserl, Schultz, Mead e Dewey. Consultar R. D. Laing,
H, Phillipson e A. R. Lee, Interpersonal Perception: A Theory and a Method of Research (Tavistock
Publications, Londres, 1966; Springer, Nova Iorque, 1966).
[←24 ]
Laing, Phillipson e Lee, op. cit.
[←25 ]
O sociólogo Thomas Scheff observou que, embora todas estas células sejam empiricamente
possíveis em relações de duas pessoas, duas delas talvez sejam nulas em condições grupais, isto é,
PIA e PID.
[←26 ]
Consultar “Estrutura individual e familiar” em Psychoanalytical Studies of the Family,
publicado por P. Lomasz (Hogarth Press, Londres, 1966).
[←27 ]
Este capítulo em especial muito deve a Critique de la Raison Dialectlque (1960), de J. P. Sartre,
resumido em Reason and Violence (1964), Tavistock Publications, Londres, de R. D. Laing e David
Cooper.
[←28 ]
J. Haley, Strategies of Psychotherapy (Grune and Stratton, Nova Iorque, 1963), p. 99-100.
[←29 ]
Consultar Garfinkel, “Condições de cerimônias de degradação bem sucedidas”, American
Journal of Sociology, LXI, 1956, p. 420-424; e também Laing, “Ritualização no comportamento
anormal”, Ritualisation of Behaviour in Animais and Man (Royal Society, Philosophical
Transactions, Série B).
[←30 ]
Consultar T. Szasz, The Myth of Mental Illness (Secker & Warburg, Londres, 1962).
[←31 ]
R. D. Laing e A. Esterson, Sanity, Madness and the Family, Volume J: Families of
Schizophrenics (Tavistcck Publications, Londres, 1964; Basic Books, Nova Iorque, 1965), p. 4.
[←32 ]
E. Kraepelin, Lectures on Clinicai Psychiatry, editado por T. Johnstone (Baillière, Tindall and
Cox, Londres, 1906), p. 30-31.
[←33 ]
B. Kaplan (ed.), The Inner World of Mental Illness (Harper and Row, Nova Iorque e Londres,
1964), p. vii.
[←34 ]
E. Gofíman, Asylums. Essays on the Social Situation of Mental Patients and Other Inmates
(doubleday-Anchor Books, Nova Iorque, 1961), p. 303.
[←35 ]
E. Goffman, op. cit,, p. 306.
[←36 ]
G. Bateson, D. D. Jackson, J. Haley, J. e J. Weakland, “Esboços de uma teoria da
esquizofrenia”, Behavioral Science, Vol. L, nº 251, 1956.
[←37 ]
R. D. Laing e A. Esterson, Sanity, Madness and the Family (Tavistock Publications, Londres,
1964; Basic Books, Nova Iorque, 1965).
[←38 ]
Drs. David Cooper, A. Esterson e eu próprio.
[←39 ]
R. D. Laing (Tavistock Publications, Londres, 1961; Quadrangle Press, Chicago, 19&2); trad.
port.: Vozes, 1972.
[←40 ]
G. Bateson (ed.), Perceval’s Narrative. A Patient’s Account of his Psychosis (Stanford
University Press, Stanford, Califórnia, 1961), p. XIII-XIV, grifo meu.
[←41 ]
Consultar, por exemplo: Pekka Tienari, Psychiatric Illnesses in Identical Twins (Munksgaard,
Copenhague, 1963).
[←42 ]
T. Scheff, “Condições sociais da racionalidade: Como as cortes urbanas e rurais lidam com os
doentes mentais”, Amer. Behav. Scient., março de 1964. Também T. Scheff, “A reação societal aos
desviantes: elementos de atribuição no isolamento psiquiátrico dos pacientes mentais de um Estado
do Meio-Oeste”, Social Problems, Nº 4, primavera de 1964.
[←43 ]
H. Garfinkel, “Condições das cerimônias de degradação bem sucedidas”, American Journal of
Sociology, LXI, 1956.
[←44 ]
E. Goffman, Asylums. Essays on the Social Situation of Mental Patients and Other Inmates
(doubleday-Anchor Books, Nova Iorque, 1961).
[←45 ]
Consultar, por exemplo, a antologia: The Inner World of Mental Illness (ed. Kaplan, Harper and
Row, Nova Iorque e Londres, 1964) e Beyond Any Reason, de Morag Coate (Constable and Co.,
Londres, 1964: Lippincott, Filadélfia, 1965).
[←46 ]
General Psychopathology, Mancliester University Press, Manchester, 1962, p. 417-18.
[←47 ]
M. Eliade, The Two and the One (Harvill Press, Londres, 1965), em especial o capítulo I.
[←48 ]
Orientação significa saber onde está o oriente. No espaço interior é conhecer o leste, a origem e
fonte de nossa experiência.
[←49 ]
Quem quiser uma lúcida descrição autobiográfica de episódio psicótico que durou seis meses e
cuja função curativa é clara, veja Barbara O’Brien, Operators and Things (Elek Books Ld.,
Londres, 1958).