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Fundamentos de Circuitos CC Valmir
Fundamentos de Circuitos CC Valmir
Com o conhecimento adquirido até este momento, iniciaremos o estudo dos primeiros
circuitos elétricos em corrente contínua, objetivo principal deste livro.
Um bipolo elétrico é um dispositivo qualquer que possui dois pólos ou terminais, aos
quais podem ser ligados outros bipolos, formando um circuito elétrico. Genericamente, um bi-
polo pode ser representado pela figura 5.1.
Gerador
Exemplo:
I
I
Receptor
Exemplo:
Resistência ⇒ Transforma energia elétrica em térmica.
Motor ⇒ Transforma energia elétrica em mecânica.
No bipolo receptor, a corrente tem o sentido do potencial maior para o menor, ou seja,
contrário ao sentido da tensão sobre ele, como mostra a figura 5.3.
Já foi visto anteriormente, que uma fonte de alimentação só pode gerar corrente elétri-
ca se existir um caminho fechado para que ela possa sair do pólo positivo e retornar ao pólo
negativo da fonte (sentido da corrente convencional).
R1
I L1
E1
R3
A figura 5.6 mostra o desenho de um circuito elétrico real e o seu equivalente usando os
símbolos de cada um dos dispositivos utilizados.
P1
100Ω L1
47Ω
R1
100 Ω
EE11 R1 47Ω
R1 47Ω
12 V
12V
L1
(b) Circuito Simbólico
Figura 5.6 – Circuito Elétrico
Com essas leis, é possível desenvolver métodos para o cálculo de correntes, tensões,
potências e resistências equivalentes nos diversos pontos dos circuitos elétricos.
Antes, porém, vejamos algumas definições que nos ajudarão a compreender as Leis de
Kirchhoff.
Ramos e Nós
Exemplo:
Considerando-se o circuito elétrico mostrado na figura 5,7, formado por vários bi-
polos (três fontes de alimentação e seis resistores), descrever seus nós, ramos e malhas.
E2
R1
R1 E2 R6 R6
AA CC
R3
R3
E4
R5 R5
E 1E E4
1
R4 D
R4 D
4 nós: A, B, C, e D
6 ramos: AB - R1 e R2
AC - R3
AD – E1 e R4
BC – E2
CD – R5
BD – E3, R6 e E4
4 malhas de 3 ramos: ⇒ AB – BC – CA
⇒ AC – CD – DA
⇒ BC – CD – DB
⇒ AB - BD - DA
3 malhas de 4 ramos ⇒ AB - BC – CD – DA
⇒ AB – BD – DC – CA
⇒ AD – DB – BC – CA
Este equacionamento pode ser feito considerando-se as correntes como variáveis algé-
bricas, através da seguinte convenção:
“A soma algébrica das correntes em um nó igual a zero” ou “a soma das correntes que
que chegam a um nó é igual à soma das correntes que dele saem”.
... ...
I1 I3
I1 – I2 + I3 – I4 = 0
Ou
I1 + I3 = I2 + I4
I2 I4
... ...
Exemplo:
R5
R2 I2 I5 = 80mA R5
... ...
E1
R3 R
R66
... ...
I3 = 200mA I6 = 150mA E2
I1 + I 2 − I 3 − I 4 + I 5 − I 6 = 0 ⇒
250 + I 2 − 200 − 300 + 80 − 150 = 0 ⇒
I 2 = −250 + 200 + 300 − 80 + 150 ⇒
I 2 = + 320 mA
Este equacionamento pode ser feito considerando-se as tensões como variáveis algé-
bricas, através da seguinte convenção:
“A soma algébrica das tensões em uma malha é igual a zero” ou “a soma das ten-
sões no sentido horário é igual à soma das tensões no sentido anti-horário”.
V1
- E1 + V1 - E2 + V2 + V3 = 0
ou
E1 I V2 V1 + V2 + V3 = E1 + E2
E1
V3
V3
Exemplo:
Calcular a tensão no resistor R2, conhecendo-se as demais tensões relativas à malha
do seguinte circuito elétrico.
R2 E2 15V
V2
V2
E1 V3=3V R3
6V
E3
R1 V1=2V 4V
V5=2V V4=3V
R5 R4
Como a corrente I circula no sentido horário, as tensões nos resistores têm sentidos
contrários ao da corrente (bipolos receptores).
Já, as tensões das fontes de alimentação têm sentidos que concordam com suas po-
laridades (bipolos geradores).
Porém, observa-se que a fonte E3 fica com a tensão orientada no sentido contrário
ao da corrente, ou seja, neste circuito, ela está atuando como um receptor ativo.
Pela Lei da Malhas, a equação das tensões fica:
− E1 + V2 − E2 + V3 + E3 + V4 + V5 + V1 = 0 ⇒
− 6 + V2 − 15 + 3 + 4 + 3 + 2 + 2 = 0 ⇒ V2 − 7 = 0 ⇒ V2 = 7V
Vários circuitos elétricos possuem resistores ligados entre si. Os motivos podem ser
vários:
Para isso, usa-se o artifício das associações de resistores, que podem ter as seguintes
configurações: série, paralela e mista.
V1 V2 Vn
E
Figura 5.10 – Associação Série de Resistores
Analisando-se este circuito, é possível determinar uma equação geral para o cálculo da
resistência equivalente Req, que pode substituir a todos os resistores do circuito
(R1, R2, ... , Rn) , sem alterar a corrente I fornecida pela fonte de alimentação, conforme segue:
E = V1 + V2 ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ + Vn (I )
Pela Primeira Lei de Ohm, tem-se que as tensões nos resistores valem:
V1 = R1 . I V2 = R2 . I • • • Vn = R n . I
E = R1 . I + R2 . I + ... R n . I
E = I . ( R1 + R2 + ... + R n )
E
= R1 + R2 + ... + Rn
I
Req = R1 + R2 + ... Rn
Req
Exemplo:
Dado o circuito a seguir:
do seguinte circuito elétrico.
R2 R3 15V
47Ω 82Ω
R1 10Ω 33Ω R4
E = 43V
E 43
I= ⇒I= ⇒ I = 0,25 = 250mA
Req 172
V1 = R1 . I ⇒ V1 = 10 x 0,25 = 2,5V
V2 = R2 . I ⇒ V2 = 47 x 0,25 = 11,75V
V3 = R3 . I ⇒ V3 = 82 x 0,25 = 20,5V
V4 = R4 . I ⇒ V4 = 33 x 0,25 = 8,25V
d) Mostrar que a soma das tensões nos resistores é igual à tensão da fonte:
Aplicando-se a Lei das Malhas, tem-se que:
V1
V2
43V V3
V4
PE = PT = P1 + P2 +. . .+ Pn = Peq
Exemplo:
Considerando o circuito do exemplo anterior, calcular:
a) A potência fornecida pela fonte de alimentação E:
Dados:
R1 = 22Ω
R2 = 66Ω
Obs: Embora o chuveiro elétrico seja alimentado por tensão alternada, a análise
seguinte é totalmente válida, como poderão comprovar estudos futuros dos circuitos em
corrente alternada compostos apenas por dispositivos resistivos.
R2 = 66Ω R1 = 22Ω
Vrede=220V
2
Figura 5.13 – Circuito de um Chuveiro Elétrico de Duas Posições
V2
P=
R
Quando a chave está na posição inverno, a tensão da rede alimenta somente a resis-
tência R1, portanto, a potência vale:
2
Vrede 220 2 48.400
Pinv = ⇒ Pinv = ⇒ Pinv = ⇒ Pinv = 2.200W
R1 22 22
Quando a chave está na posição verão, a tensão da rede alimenta as duas resistências
em série, cujo valor equivalente é:
2
Vrede 220 2 48.400
Pver = ⇒ Pver = ⇒ Pver = ⇒ Pver = 550W
Req 88 88
I1 I2 In
E
V R1 R2 Rn
I = I 1 + I 2 + .... + I n (I )
Pela Primeira Lei de Ohm, tem-se que as correntes nos resistores valem:
E E E
I1 = I2 = ● ● ● In =
R1 R2 Rn
E E E
I = + + ... +
R1 R2 Rn
1 1 1
I = E . + + ... +
R1 R2 Rn
I 1 1 1
= + + ... +
E R1 R2 Rn
1 1 1 1
= + + ... +
Req R 1 R2 Rn
E
V Req
Como se pode notar, substituindo-se todas as resistências da associação paralela pela re-
sistência equivalente, a corrente I permanece a mesma, não havendo, no entanto, sua distribui-
cão, já que ela atravessa apenas a resistência equivalente.
1 1 1 1 R + R2
= + ⇒ = 1
Req R1 R2 Req R1 . R2
R1 . R2
Req =
R1 + R2
1 1 1 1 1 n
= + + ... + ⇒ = ⇒
Req R1 R2 Rn Req R
R
Req =
n
Exemplos:
R 10.000
Req = ⇒ Req = ⇒ Req = 2500Ω = 2,5kΩ
n 4
A R1 R2 C R3 D
B
A=C
33
Req = ⇒ Req = 11Ω
3
I1 I2 I3
E=60V R1 R2 R3
220Ω 820Ω 330Ω
1 1 1 1 1 1 1 1
= + + ⇒ = + + ⇒
Re q R1 R2 R3 Req 220 820 330
1
= 0,008795 ⇒ Req = 113,70Ω
Re q
E 60
I= ⇒I = = 0,528 A = 528mA
Req 113,70
E 60
I1 = ⇒ I1 = = 0,273 A = 273mA
R1 220
E 60
I2 = ⇒ I2 = = 0,073 A = 73mA
R2 820
E 60
I3 = ⇒ I3 = = 0,182 A = 182mA
R3 330
d) Mostrar que a soma das correntes nos resistores é igual à corrente fornecida pela
fonte:
R1 = 220Ω I1
I R1 = 820Ω I2
R1 = 330Ω I3
PE = PT = P1 + P2 + . . . + Pn = Peq
Exemplos:
Considerando o circuito do exemplo 4, calcular:
E2 60 2
PE ⇒ PE = = 31,66W
Req 113,70
E2 60 2
P1 ⇒ P1 = = 16,36W
R1 220
E2 60 2
P2 ⇒ P2 = = 4,39W
R2 820
Um circuito elétrico pode ser formado por vários resistores associados em série e em
paralelo, resultando numa associação mista. Neste caso, o cálculo da resistência equivalente
deve ser feito por etapas.
Exemplos:
A R1 R2
10Ω 10Ω
R3 R4 R5
47Ω 33Ω 33Ω
B R6
12Ω
A R1 R2
33
RA = = 16,5Ω
2 10Ω 10Ω
R3 RA
Substituindo-se R4 e R5 por RA: 47Ω 16,5Ω
B R6
12Ω
RB = R2 + R A = 10 + 16,5 = 26,5Ω A R1
R3 RB
47Ω 26,5Ω
B R6
12 Ω
R3 . RB 47 × 26,5 A R1
RC = ⇒ RC = = 16,95Ω
R3 + RB 47 + 26,5 10Ω
RC
Substituindo-se R3 e RB por RC: 16,95Ω
B R6
12Ω
Portanto, a resistência equivalente entre os pontos A e B será:
R1=27Ω P6=150Ω
E R3=33Ω
10V R2=27 Ω
R4=33Ω
I
B C
R5=100Ω
Para obtermos a corrente fornecida pela fonte, basta encontrarmos a resistência equiva-
lente entre os pontos A e B e aplicarmos a fórmula:
A R1=27
Ω
R2=27Ω
E
P6=150Ω
10V
R3=33Ω
B R5=100Ω C R4=33Ω
Chamaremos de RA a resistência equivalente da associação série de R1, R2, R3 e R4:
A
RA = R1 + R2 + R3 + R4 ⇒
RA = 27 + 27 + 33 + 33 = 120Ω
Substituindo − se RA no circuito : E
P6=150Ω RA=120Ω
10V
B R5=100Ω C
B R5=100Ω C
Portanto, a resistência equivalente entre os pontos A e B será:
Req = RB + R5 ⇒ Req = 67 + 100 = 167Ω
E 10
I= ⇒ I= = 0,05988 A = 59,88mA
Req 167
A R1=27
Ω
R2=27Ω
E
P6=0Ω
10V
R3=33Ω
B R5=100Ω C R4=33Ω
A=C
Observando o circuito anterior, notamos
que o potenciômetro curto-circuita os pontos A
e C. Assim, o circuito pode ser simplificado
para: E
R5=100Ω
10V
E 10
I= ⇒ I= = 0,1A = 100mA
Req 100
R2=47Ω
R1=100Ω I2
A B C D
I R4=150Ω I5 I6
R3=56Ω
E=80V I3
R5=330Ω R6=180Ω
F R7=470Ω E
R2 . R3 47 × 56
RA = ⇒ RA = = 25,55Ω
R2 + R3 47 + 56
Substituindo-se R2 e R3 por RA:
A R1=100Ω R4=150Ω D
B C
RA=25,55Ω
E=80V
R5=150Ω R6=180Ω
F R7=470Ω E
CIRCUITO A
Chamaremos de RB a resistência equivalente de R5 // R6, portanto:
R5 . R6 330 × 180
RB = ⇒ RB = = 116,47Ω
R5 + R6 330 + 180
Substituindo-se R5 e R6 por RB:
E=80V
RB=116,47
F E
R7=470Ω
CIRCUITO B
E 80
I= ⇒ I= = 0,093 A = 93mA
Req 862,02
Para o cálculo das correntes e tensões nos resistores, utiliza-se o circuito inicial e os cir-
tos equivalentes (A e B) de acordo com a conveniência.
Como o circuito B representa uma associação série, a corrente fornecida pela fonte é a
mesma em todos os resistores, portanto:
V2 = V3 = V A = 2,38V
V2 2,38
I= ⇒ I2 = = 0,051A = 51mA
R2 47
V5 = V6 = VB = 10,83V
V5 10,83
Portanto: I 5 = ⇒ I5 = = 0,033 A = 33mA
R5 330
R1 ⇒ I = 93mA ; V1 = 9,30V
R2 ⇒ I 2 = 51mA ; V2 = 2,38V
R3 ⇒ I 3 = 42mA ; V3 = 2,38V
R4 ⇒ I = 93mA ; V4 =13,95V
R5 ⇒ I 5 = 33mA ; V5 =10,83V
R6 ⇒ I 6 = 60mA ; V6 =10,83V
R7 ⇒ I = 93mA ; V7 = 43,71V
PE = E . I ⇒ PE = 80 × 0,093 = 7,44W
ou
PT = 864,90 + 121,38 + 99,96 + 1297,35 + 357,39 + 649,80 + 4065,03 ⇒
PT = 7.455,81mW = 7,46W
OBSERVAÇÃO:
● Esta diferença de 0,02W não significa erro nos cálculos realizados, mas um erro
implícito na utilização da técnica de arredondamento.
Muitas vezes, um circuito elétrico possui três resistores interligados nas configurações
estrela ou triângulo, conforme mostra a figura 5.17.
1 1
R1
R13 R12
R3 R2
3 2 3 R23 2
R1 . R 2 + R1 . R 3 + R 2 . R 3 R12 × R 23
R13 = R2 =
R2 R12 + R13 + R 23
R1 . R 2 + R1 . R 3 + R 2 . R 3 R13 × R 23
R23 = R3 =
R1 R12 + R13 + R 23
Exemplos:
R1=10Ω
R13 R12
R3=27Ω R2=15Ω
3 2 3 R23 2
R 1 . R 2 + R1 . R 3 + R 2 . R 3 10 × 15 + 10 × 27 + 15 × 27
R12 = ⇒
R3 27
825
R12 = = 30,56Ω
27
R1 . R 2 + R 1 . R 3 + R 2 . R 3 10 × 15 + 10 × 27 + 15 × 27
R13 = ⇒
R2 15
825
R13 = = 55Ω
15
825
R1 = = 82,5Ω
10
1 1
R1
10Ω 15Ω
R3 R2
3 27Ω 2 3 2
R12 × R13 15 × 10
R1 = ⇒ R1 = = 2,88Ω
R12 + R13 + R 23 15 + 20 + 27
R12 × R 23 15 × 27
R2 = ⇒ R2 = = 7,79Ω
R12 + R13 + R 23 15 + 10 + 27
R13 × R 23 10 × 27
R3 = ⇒ R3 = = 5,19Ω
R12 + R13 + R 23 15 + 10 + 27
22Ω
R2 R3
15Ω
47Ω
R4
3 2
33Ω
27Ω
56Ω
R5 R6
B R7
33Ω 4
Assim:
1 1
RA
15Ω 47Ω
RC RB
3 33Ω 2 3 2
R12 × R13 47 × 15
RA = ⇒ RA = = 7,42Ω
R12 + R13 + R 23 47 + 15 + 33
R12 × R 23 47 × 33
RB = ⇒ RB = = 16,33Ω
R12 + R13 + R 23 47 + 15 + 33
R13 × R 23 15 × 33
RC = ⇒ RC = = 5,21Ω
R12 + R13 + R 23 47 + 15 + 33
Redesenhando o circuito:
A R1 1
22Ω
RA 7,42Ω
RC 16,33Ω
5,21Ω RB
3 2
33Ω 27Ω R6
R5 56Ω
B R7
33Ω 4
A R1
22Ω
RA 7,42Ω
RB 6 = RB + R6 = 16,33 + 56 = 72,33Ω
RC 5 = RC + R5 = 5,21 + 27 = 32,21Ω
RC5 32,21Ω RB6 72,33Ω
R7
B 33Ω
A R1
22Ω
RA 7,42Ω
RB 6 . RC 5 72,33 × 32,21
R8 = = = 22,29Ω
RB 6 + RC 5 72,33 + 32,21
R8 22,29Ω
R7
B 33Ω
Divisor de Tensão
Uma associação série de resistores comporta-se com um divisor de tensão, uma vez que
a tensão total aplicada ao circuito subdivide-se entre os resistores, proporcionalmente aos seus
valores.
R1 R2 Ri
E
Figura 5.18 – Circuito Divisor de Tensão
É possível, então, obter o valor da tensão em cada resistor em função da tensão total
aplicada ao circuito.
E
I=
R1 + R2 + ... + Rn
Ri
Vi = .E
R1 + R2 + ... + Rn
R1 V1
R2 V2
R1 R2
V1 = .E e V2 = .E
R 1+ R2 R 1+ R2
Exemplos:
R1 2,2 × 10 3
V1 = . E ⇒ V1 = . 15 ⇒ V1 = 6V
R 1 + R2 2,2 × 10 3 + 3,3 × 10 3
R2 3,3 × 10 3
V2 = . E ⇒ V2 = . 15 ⇒ V2 = 9V
R 1 + R2 2,2 × 10 3 + 3,3 × 10 3
ou , simplesmente : V2 = E − V 1 = 15 − 6 = 9V
Ligando-se as lâmpadas em série, como cada uma suporta no máximo 1V, resulta
numa tensão total de 5 x 1V = 5V. Portanto, é necessário inserir um resistor RS em série, de
tal modo que sobre ele caia no mínimo 5V, ficando os outros 5V para as lâmpadas, como
mostra a figura 5.20.
L1 L2 L3 L4 L5
R1
I
E=10V
A corrente máxima suportada pelas lâmpadas e o valor de suas resistências podem ser
calculados por:
2
V 12
RL = L ⇒ RL = ⇒ RL = 5Ω
PL 200 × 10−3
RS
VS = .E
5 × RL + RS
Substituindo-se VS, RL e E por seus valores, chega-se ao mínimo valor de RS, para que as
lâmpadas não queimem:
Este resistor, para não se danificar, deve suportar uma potência de:
2
V 52
PS = S ⇒ PS = = 1W
RS 25
Finalmente, é importante verificar se a fonte não está sendo sobrecarregada. Para tanto,
basta calcular a potência total dissipada pelo circuito e comparar com a potência máxima que a
fonte pode fornecer:
PT = 5 × PL + PS ⇒ PT = 5 × 200 .10 −3 + 1 = 2W
Portanto, a fonte está trabalhando no seu limite máximo, o que não é aconselhável. Para
não sobrecarregar a fonte, basta utilizar um resistor de valor um pouco maior que o RS calculado.
Uma possibilidade, é usar um resistor comercial de 33Ω/2W. Com isso, a tensão em cada lâmpada
será um pouco menor que a máxima especificada, fazendo com que elas brilhem um pouco menos,
porém, todo o circuito estará protegido.
Divisor de Corrente
Uma associação paralela de resistores comporta-se como um divisor de corrente, uma vez
que a corrente total fornecida ao circuito subdivide-se entre os resistores, de forma inversamente
proporcional aos seus valores.
I1 I2 Ii
E
V R1 R2 Ri
É possível, então, obter o valor da corrente em cada resistor em função da tensão de ali-
mentação ou da corrente total fornecida ao circuito.
E
Ii = ⇒ onde : i = índice de cada resistor (1 até n)
Ri
E = Req . I
Substituindo a tensão E na equação da corrente no resistor Ri, obtém-se a corrente num
resistor Ri em função da corrente total fornecida ao circuito:
Req
Ii = .I
Ri
I1 I2
E
V R1 R2
R1 . R2
Req =
R1 + R2
R1 . R2 R1 . R2
I1 = .I e I2 = .I
R1 . (R1 + R2 ) R2 . (R1 + R2 )
⇓ ⇓
R2 R1
I1 = .I e I2 = .I
(R1 + R2 ) (R1 + R2 )
Exemplo:
Uma fonte de tensão alimenta um divisor de corrente formado por R1 =150Ω e R2=1kΩ.
O valor da corrente total fornecida pela fonte é de 100mA. Qual o valor das correntes I1 e I2 e
da tensão da fonte?
Correntes I1 e I2:
R2 1000
I1 = . I ⇒ I1 = × 0,1 ⇒ I 1 = 87 mA
(R1 + R2 ) 1150
R1 150
I2 = .I ⇒ I2 = × 0,1 ⇒ I 2 = 13mA
(R1 + R2 ) 1150
Tensão da Fonte:
E
I1 = ⇒ E = R1 . I 1 ⇒ E = 150 × 87 .10 −3 ⇒ E = 13,05V
R1
Exemplo de Aplicação:
I1
V1 R1 I1
IB=200mA
B
E
V2 R2 I2
100V/150W IA=300mA
A VB CB
V3 R3 I3
VA CA
V3 = V A = 32V
V2 = VB − V A = 48 − 32 = 16V
V1 = E − VB = 100 − 48 = 52V
A corrente máxima que a fonte de alimentação pode fornecer está limitada pela sua
potência, ou seja:
PE 150
IM = = = 1,5 A
E 100
Para não sobrecarregar a fonte, será adotada uma corrente bem menor que a máxima,
por exemplo, I1=600mA (notar que a corrente adotada tem que ser maior que a soma de correntes
fornecidas para os circuitos A e B, isto é, 500mA.
V1 52
R1 = = = 86,7Ω
I 1 0,6
Portanto, o valor de R2 é:
V2 16
R2 = = = 40Ω
I 2 0,4
Portanto, o valor de R3 é:
V3 32
R3 = = = 320Ω
I 3 0,1
5.6 Geradores CC
Até este momento, foram usadas as fontes de alimentação contínua ou a rede elétrica
elétrica (tensão alternada) para a alimentação dos circuitos.
O estudo aprofundado sobre os circuitos que trabalham com tensão e corrente alternadas,
é assunto para um momento futuro.
Neste livro, como já foi dito, a maior preocupação recai sobre circuitos que trabalham
com tensão e corrente contínuas.
Portanto, é justo que nos aprofundemos um pouco mais nas fontes de alimentação CC.
Tais fontes são chamadas genericamente de geradores CC, e podem ser subdividas em
geradores de tensão e geradores de corrente.
O gerador de tensão ideal é aquele que fornece tensão sempre constante, independente
da corrente que ele fornece ao circuito, como mostra a figura 5.24.
V(V)
E E
I(A)
Porém, na prática, isto não ocorre dessa forma, pois os elementos que formam o gerador
não são ideais e apresentam diversos tipos de perdas, sendo a mais importante, a perda por
efeito Joule.
VS
Ri
IS(A)
O gráfico deixa claro que, quanto maior a corrente fornecida pelo gerador à carga, menor
a sua tensão de saída, pois maior é a queda de tensão em sua resistência interna.
Para se obter a curva característica do gerador real, basta determinar dois pontos quais-
quer da sua equação, uma vez que se trata de uma função de 1º grau.
Gerador em aberto: IS = 0 ⇒ VS = E
E
Gerador em curto-circuito: VS = 0 ⇒ I cc =
Ri
Obs.: Icc é a corrente de curto-circuito e corresponde à corrente máxima que o gerador
pode fornecer quando a tensão de saída é nula, ou seja, quando seus terminais de saída são
curto-circuitados (RL = 0).
Por tudo o que foi visto, é fácil perceber que quanto menor a resistência interna do
do gerador, menor é a perda e, portanto, melhor é o seu rendimento.
Foi falado anteriormente, que a resistência interna do gerador real representa a perda por
efeito Joule e, neste momento, falou-se em rendimento.
Vejamos como as palavras perda por efeito Joule e rendimento estão associadas.
Ri . I S = PJ ⇒
2
Potência dissipada pelo gerador ( perda)
OBSERVAÇÃO:
● A potência motriz não é necessariamente elétrica, pois o gerador pode ser químico
(bateria de automóvel ou pilha), eletromecânico (dínamo), solar (célula solar) etc.
PE = PM – PJ
PE pE
η= ou η% = . 100
PM PM
VS VS
η= ou η% = . 100
E E
Exemplo:
VS = E − Ri . I S ⇒ VS = 5 − 10 . I S
Desta equação, acham-se os dois pontos necessários para se traçar a sua curva caracterís-
ca:
VS (V)
IS (A)
0
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
E 5
IS = = = 0,1A
Ri + RL 10 + 40
VS = 5 − 10 . I S ⇒ VS = 5 − 10 × 0,1 ⇒ VS = 4V
Graficamente, basta entrar com o valor da corrente no eixo das correntes da curva caracte-
rística e verificar a tensão de saída correspondente.
IS (A)
0
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
PM = E . I S = 5 × 0,1 = 0,5W
PE = VS . I S = 4 × 0,1 = 0,4W
PJ = Ri . I S = 10 × 0,12 = 0,1W
2
PE 0,4
η oo = . 100 = . 100 = 80 o o
PM 0,5
Para se obter os valores de tensão e corrente, ambos pelo método gráfico, basta traçar a
curva característica da resistência de carga, denominada reta de carga, sobre a curva caracterís-
ca do gerador, e identificar os valores correspondentes à intersecção das duas curvas denominado
ponto quiescente ou ponto de trabalho, representado pela letra Q.
1º - Para IL = 0 ⇒ VL = 0
VS (V)
3 Q
IS (A)
0
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
VS = 3V e IS = 0,2A
PM = E . I S = 5 × 0,2 = 1,0W
PE = VS . I S = 3 × 0,2 = 0,6W
PJ = Ri . I S = 10 × 0,2 2 = 0,4W
2
Conclusões:
1º) O rendimento caiu para 60%, mostrando que quanto menor a carga, maior a corrente
e, portanto, maior a perda de potência no gerador.
2º) Por outro lado, comparando-se a potência elétrica transferida à carga, verifica-se que,
no caso em que o rendimento foi de 80%, a potência elétrica na carga foi de 0,4W e, no caso em
que o rendimento caiu para 60%, a potência elétrica na carga foi maior, ou seja, de 0,6W.
Sim, mas isso não significa que quanto menor o rendimento, maior a potência na carga.
Isto significa que a relação potência elétrica x corrente não é linear, mas parabólica,
ou seja, conforme a corrente aumenta (pela diminuição da carga) a potência elétrica aumenta até
um valor máximo. A partir daí, a potência elétrica começa a cair novamente, até chegar em
zero, quando as saídas do gerador estão cuto-circuitadas.
6
Máxima Transferência
de Potência
3
Q
IS (A)
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
4
0,4 0,5
Figura 5.27 – Determinação da Máxima Transferência de Potência do Gerador para a Carga
Conclusão:
Analisando-se este gráfico, percebe-se que ele é uma parábola, e que a máxima
potência transferida do gerador para a carga (PEQM = 0,625W) ocorre quando a corrente
é a metade da corrente de curto-circuito ou quando a tensão na carga é a metade da
tensão E do gerador, ou seja:
I CC 0,5 E 5
IS = = = 0,25 A e VS = = = 2,5V
2 2 2 2
Coluna I Coluna II
V
a( ) 1 – Bipolo Receptor Passivo
I
V
b( ) 2 – Impossível
I
V
c( ) 3 – Bipolo Receptor Ativo
R I
V
d( ) 4 – Bipolo Gerador
R I
R1
R4
E1
E3
R8 E2 E R5
A C
R6
E5
E4
R7 D
NÓS:___________________ RAMOS:________________________________
MALHAS MALHA
INTERNAS :_____________ EXTERNA: _______________________
_____________
_____________
_____________
Eletricidade III Página 50 Fundamentos de Circuitos de Corrente Contínua
MALHAS DE 4 RAMOS: ____________________________
____________________________
____________________________
____________________________
E2 4V R1 A E3 ?V
Tensão das Fontes Tensão nos Resistores
1Ω I3 E1= 20V V3= 12V
E1 20V R2 ? I2 R3 ?Ω E2= 4V V4= 4V
I1 V3=12V
R5 R4 Resistores Correntes
R1= 1Ω I1= 2A
4Ω B V4= 4V R5= 4Ω I3= 1,5A
Tensões Positivas Sentido Anti-horário
Tensões Negativas Sentido Horário
Cálculo de I2 Cálculo de R3
47Ω
Cálculo de Req
5.6 – Uma fonte de 20V deve alimentar uma lâmpada de 6V/120mW. Determine o resis-
tor que, colocado em série com a lâmpada, faça com que ela trabalhe dentro de
suas especificações.
6V/120mW R=Ω
I
E=20V VR
VR3
Cálculo de VR1
Cálculo de R1
a) Resistência equivalente
b) Potência fornecida pela fonte ao circuito
R2
A 3 100Ω 4 B A
1 6
100V
100V R1 R3
100Ω 100Ω
2 R4 5
100Ω
8 7
Potência da Fonte
R2 R3
E= ? R1 100 Ω
R3 R4 R8
22Ω 22Ω 75Ω
E R7
B
150Ω
R9
R5 R6 75Ω
33Ω 33Ω
C
E
R10
25Ω
R2
R1 25Ω D
10Ω
A
R3 R4 R8
22Ω 22Ω 75Ω
E R7
B
150Ω
R9
R5 R6
75Ω
33Ω 33Ω
C
E
R10
25Ω
R1 R3
2kΩ A 100kΩ C
R2 R4 R5
120V
22kΩ 10kΩ R6 2,2kΩ
1kΩ
B D
R5
R2 5,6kΩ
2,2kΩ R9
R4 10kΩ
R1
A B
4,7kΩ
1kΩ
R3
IR3= 100µA C
3,3kΩ
R6 R7
6,8kΩ 8,2kΩ
µA IT = ?
R8
12kΩ
VCC = ?
F1=100mA
E=10V R R R
100mA
100mA 1
V1=________
R1 220Ω R2 470Ω
E=? R3 V2=________
3 2
680Ω
R4 330Ω R5 1k Ω
5.20 – Qual deve ser a relação entre a resistência interna de um gerador de tensão e uma car-
ga, para que ele possa ser considerado um gerador de tensão ideal?
R= _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Resolução:
CURVA CARACTERÍSTICA:
VS (V)
40
35
30
25
20
15
10
5
IS (A)
1 2 3 4 5 6 7 8
E
IS = ⇒
Ri + R L
VS = E − ( R I ⋅ I S ) ⇒
PM = E × I S ⇒
PE = VS × I S ⇒
PJ = Ri × I S ⇒
2
PE
η0 0 = × 100 ⇒
PM
1º - Para IL = 0 VL = 0
40 Q
35
Reta de Carga para RL = 82Ω
30
25
Curva característica
20
15
10
5
IS (A)
1 2 3 4 5 6 7 8
459,77mA
5.23– Um gerador de tensão tem potência motriz de 100W. Nele é ligada uma carga que
consome 4A. Determine:
Roteiro de Cálculos
PM
1) PM = E × I S ⇒ E = ⇒
IS
PE
2) VS = ⇒
IS
VS
3) RL = ⇒
IS
E E
4) I S = ⇒ I S × ( Ri + RL ) = E ⇒ Ri = − RL
Ri + RL IS
E
Ri = − RL
IS
a) IS = 0 → VS = E = 12V
E E
b) VS = 0 → I CC = ⇒ Ri = ⇒
Ri I CC
c) Q → VS = _____V e IS = ______A
VS (V)
E
12
10
6 Curva característica
2 ICC
IS (A)
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
d) PE = VS . IS
PM = E . IS
PE
η% = × 100
PM