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A Moeda na Economia Brasileira: uma visdo histérica Fernando de Holanda Barbosa L.dmrodugéo © Brasil no século possedo mudou sua moeds cite vezes e a patir de década de oitento convi- veu com um processa hiperinflacionéric, que s6 foi debelode com 0 Plano Real em julho de 1994. Ne pais de camaval e do futebol, a inflagao fazia parte do cotidiane de cada um, pois 0 moeda sempre foi tratada com desenso pelos grupos que Hnham o controle politics de nossa sociedede. Para enolisar a experiéncia monetdrio brosileira, é necessério compreender alguma nogdes basicas de teoria, instituigdes e politica monetaric', Mas antes de aborder esses temnas, comecemos por caraclerizar 0 que ¢ moeda. Amoeda tem trés funcdes basicas, unidade de conta, meio de Inccas e reserva de valor, A moeda 6 unidede de conte perque os pregos dos pradutos e semvigos sae colodes em unidedes moneld rigs, no Brasil em reais, nos Estados Unidos em délares, no Jepéo em yens, no Comunidade Européia em euras, @ assim por dianie. A moedo é meio de trocas porgue ela é uscda no pagamento na compra de bens @ servigos @ legelmente ninguém pode recusé-la na liquidagéo finonceiro dos controtos, Os cortdes de crédito sdo cada vez mais ulilizados como insirumente de trozas, Todovia, a liquidegae da fatura do corto de crédito tem de ser fella com moeda, A moeds 6 também um instrumanto de reserve de valos, porque elo é um afive que transfere valor no tempo, entre © mamento do sav recebimento ¢ 0 insionle da sun utilizacéo ne pagamento. Em um processo de hiperinilegao, quando os preges aumentam a toxas exiremamenie elevadas, a moeda comege @ perder suas fungdes. Em grimeiro lugar, ela deixa de ser usada come unida- de de conta, como aconieceu no Brasil nos décadas de 1980 © 1990, em que vérios bens, sarvigos @ atvos possaram a ser cotados em ORIN’S, UFIR’S, délares © outros indices, Em uma segundo fose, 9 sociedode cria subsltutos gore a funcée de reserve de valor, come foi o case da moede indexade no Brasil, que era fornecida pelo sistems financeiro na forme de funds que finham randimento préximo da toxa de inflacéo, ou antéo as pessons comegam a usar depésitos 183 ‘em moedas estrangeiras que suprem esso fungde. A dltima fase do proceso hiperinflacionério econtace quando a moeda deixe de ser usada como meio de trocas, como econteceu em patses come a Argentine, em que o délar passou o circular como meio de pagamentes durante o hiperinflegdo, em um fendmeno conhecido na literatura como dolarizeeéo. A fungéo de meio de trocas € a mais importante da moeda, que a toms essencicl no funcionamento das econamias modernas. O custo social da hiperinflacdo ¢ infinito, o que significa dizer que a sociedade née pode funcionar sem uma moada, Um ative que sirva como unidade de contas, reserva de valor e meia de trocas é moeda, ou seja, ¢ moeda é uma reserva temporéria de poder de compra. Na pritica, © conceito de moeda nao 4 Ido preciso porque existem vérios atives que so substiluics muito préximos de moeda, e varias definicdes sao usades. No conceita M1, « moeda é delinida come o some do papel moada em oder do piblico mois os depésitos & visto no sistema baneério. Os banees centrais publicem outras conceitgs de moeda, come M2, M3, M4, que sie abides adicionando-se co volor de M1 9 estogue de outros atives que © pUblico pode usar come reserva temporéria de poder de compra®, 2. Teoria monetéria Cabe de inicio distinguir 0 custo de oportunidade da moeda de seu prego. © custe de oportu- aidade da moede 6 0 rendimento que se deixa de ganhar quando es recursos estdo na forme de moedo, em vez de aplicades em algum alive altemativo que proporciona rendimento. A toxa de juros desse olive & 0 custo de oportunidade do moeda. © prago da moeda é 6 quantidade de bens a servicos que se pode obter com ¢ unidede dessa moede. Isto 8, se P80 prego do bem ou servico, 0 inverse do prego (1/P] é 0 prego da moeda, Antigamente, usavam-se como moeda metais, como © cure e a prota, que tinhom valor intrinseco. A moeda atualmente é fiduciério, baseada na confianga, ¢ seu valor derive de fato de que outros estéo dispastos o aceitd-la na troco de bens e servigos. Ume das questées mais importantes da teoria monetéria maderna & explicar par que um pedaco de pagel sem nenhum valor inlrinseco ter valor, ou seja, por que a moeda tem um preco finito diferente de zero. 184 Un orcabougo tedrice bostanle simples para estudar a formagdo do prece de um bem, servico ‘ou ative consisie em examinar as vandveis que delerminom 0 demanda eg clerla no mercado desse bem , servigo ou ative. © pilblico demande moeda em iungéo do poder de compra do mesmo, € no palo seu volor nominal, ou seja, os pessoas néo estéo interessadas no valor de face do moedo, mos sim na quentidade de bens ¢ serviges que podem abter com a maeda que possuem. A quontidade real de moeda demendada pelo pblico depende do custo de oportuni- dade de reté-la e do afvel de canda real. Quanto maior o custe de oportunidade, menor & a quentidade demandaca pelo publico; quanto moiar @ rendo real, maior ¢ quantidade real demandada de moeda, A oferta de moeds € cortrolada pelo Bance Central, que determina o quentidede nominal da mesma. No longo praze, a renda real da economia independe da quontidade nominal de moedo ¢ © cusio de oportunidade de moeda, 9 toxa de juros nominal, depende do toxc de expansde da moede

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