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Sumario SEGAO 1 SEGAO 2 SECAO 3 SECAO 4 SEGAO 5 SECAO 6 SEGAO 7 SECAO 8 SEGAO 9 sECAO 10 9 Apresentagio: Leitura e Produgio de Textos 13 18 ne. 25 29 33 41 47 49 55 57 59 ‘Técnicos e Académicos Egon Rangel Introdugio. © género resumo escolar/académico O género resumo escolar/académico ¢ outros géneros ‘Sumarizago: processo essencial para a produgio de resumos A influéncia dos objetivos na sumarizagio A compreensio global do texto a ser resumido Localizagio e explicitagao das relagdes entre as ideias mais relevantes do texto Mengio ao autor do texto resumido Atribuiggo de atos ao autor do texto resumido Recapitulagao dos procedimentos para a produgio do resumo Avalie vocé mesmo Bibliografia para consulta esumo Hill APRESENTACAO Leitura e Produgao de Textos Técnicos e Académicos Econ pe Ouiverrs Rasen Professor do Depanamento de Linguistics da PUCSB Menbro do Comité Assessor da Seoretaria de Educojo Superior (SES) um de seu famosos escritos, 0 grande escritor argentino Jorge Luis Borges! nos lembra que 0 livro € como 0 rio de Herdclito: um curso fluido, to diferente de si mesmo a cada momento quanto nés mes- mos, que, a cada vez que o adentramos, somos outros. Esta é a imagem que me ocorre, ao perceber que toda esta colegdo compde um s6 livro, em que cada volume figura como um capitulo. E talvez por aproveitar ao maximo esse cardter fluido dos livros, constitui um verdadeiro curso. Nao s6 porque suas guas levam a bons destinos, mas também porque, volume apés volume, o leitor teri cursado um eficiente programa de leitura e produgao de textos, fundamental para 6 seu bom desempenho na escola, na universidade ou mesmo na empresa. Mas assim como nao é preciso estar na nascente ou na foz para estar legitimamente dentro do rio, nio é preciso “comegar do comego” a leitura deste livro colegio para aprender —e muito — com ele. Em qualquer dos pontos, podemos nos banhar neste curso, beber suas Aguas, nelas navegar. E 0 que é melhor: também podemos cursa- lo sem qualquer matricula. Entretanto, o interesse e a originalidade desta colegio vio muito além. Os livros so claramente didaticos, em seus propésitos, na metodologia de ensino/aprendizagem com que trabalham, nos contetidos que abordam, nas recomendagdes ao professor que 0s utilizar. Mas nao so escolares, tampouco sio “livros didaticos”: no foram 1 Boroes, Jorge Luis. “O Livro”, Brasilia, 1987. (Itinerarios, 19) «Cinco visdes pessoais. 2. ed. Brasilia, Ed. da Universidade de resumo Gil pensados para a disciplina Tal, do curso Tal Outro, em uma série determinada. E podem até ser muito bem aproveitados por aqueles que ja ndo esto na escola, mas continuam empenhados em aprender. E ai nos deparamos com outra originalidade: cada pequeno volume é também uma oficina; ou seja, um conjunto de prdticas, organizadas nao para “transmitir informa goes sobre algo”, mas para ensinar a farer esse algo. E neste caso, nada € mais adequado, Afinal, ler ¢ escrever so duas priticas, estreitamente articuladas entre si. Ea melhor forma de ensinar/aprender uma pratica é... praticar. Assim, 0 leitor dessa colegao sera, mais que leitor ou aluno, um praticante, interessado em aperfeigoar-se num artesanato que, em maior ou menor grau, ja Ihe é familiar. Como se faz.a leitura a0 mesmo tempo compreensiva ¢ critica de um texto? No caso da escola ¢ da universidade, como se produz adequadamente um resumo, uma resenha, um artigo, um relat6rio, um ensaio? Cada “capitulo” desta colegao responde com empenho a esse tipo de perguntas, no ambito especifico do género do discurso a que é consagrado, E responde também de uma forma original: no formula, pro- priamente, uma resposta; ensina uma forma de fazer. Assim, nao di uma receita tinica, mesmo que saborosa: antes, abre ao praticante todas as outras possibilidades que 0 “seu proprio jeito de fazer” for capaz de revelar, tao logo se aproprie do know-how. Para ajudar o praticante a chegar [é, as autoras, em cada volume, se valem de estratéigias especificas, Passo a passo, ele é habilmente conduzido ao seu destino final. Se o que esti em questio é o resumo, por exemplo, o conhecimento intuitivo que 0 Ieitor ja tem do assunto é imediatamente mobilizado: Wi Afinal, o que é um bom resumo? Todos temos algumas ideias dispersas a respeito. E lembré-las com preciso é meio caminho andado. Em relacdo a que objetivos um resumo pode ser considerado bom? E entao (re)descobrimos que sempre escrevemos com um propésito definido, mesmo quando ndo nos damos conta disso. E saber que propésito é esse orienta o trabalho. Ih Com que eritérios podemos avalid-los? Sim, dizer se 0 texto produzido é bom ou nio implica em estabelecer critérios, distinguir os mais relevantes. Nao é, portanto, uma questo de gosto, mas sim de entender claramente 0 que esta em jogo na escrita que se pratica. Com base nesse conhecimento prévio devidamente organizado, cada volume exercita com o seu leitor/praticante as situagbes e condigdes em que a escrita de textos desse GB ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI género se dé, uma ver que elas sero as responsiveis por tudo o que aquele texto, ido ou redigido, tem de particular, de ‘nico. E s6 entZo os conceitos envolvidos, ou seja, a metalinguagem técnica sempre precisa ¢ atualizada, comega a ser ensinada, Ainda assim, apenas na medida do necessério para organizar um quadro eficaz de informagdes sobre, construindo com o leitor um saber te6rico jé orientado para a pratica de leitura e producdo de textos em que, a esta altura, ele ja esta envolvido. Em seguida, o leitor é instigado, por meio de novas atividades, a perguntar-se sobre as etapas de produgio, as estratégias discursivas, 0s recursos e os mecanismos de construgao do texto que esto implicados num bom resumo (ou resenha, artigo etc. Novamente, 0 conhecimento intuitive que o leitor j4 tem é chamado a articular-se com o que as teorias do discurso e do texto ja podem dizer de ttil a respeito. E mais uma vez 0 leitor pratica e organiza o saber necessario ao fazer. Assim, de volume em volume, de género em género, o leitor pratica o que lé, € aprende porque no s6 pratica, mas reflete sobre o que pratica. Ao final do percurso, dominard o essencial dos géneros que praticou. E ento estar pronto para ensaiar modos préprios de escrevé-los, articulando o que jé aprendeu com as ligBes que cada situago nova sempre nos dé. Que mais poderiamos pretender de uma colegio que se chama Leitura e Produgdo de Textos Técnicos ¢ Académicos? resuMo fill Introdu¢gdo comos movidas a iniciar a colegio “Leitura e Produgdo de Textos Téc- nicos ¢ Académicos” pela constatagao das crescentes dificuldades que os alunos dos cursos de graduagio e até mesmo de mestrado e de doutora- do encontram, quando se defrontam com a necessidade de produzir Textos pertencentes a géneros da esfera tipicamente escolar e/ou cientifica, Este é 0 caso, por exemplo, da produgao de resumos escolares, de resenhas criticas, de rela- trios, de projetos de pesquisa e artigos cientificos, dentre outros. As causas dessas dificuldades so intimeras, mas queremos apontar aqui apenas uma delas, que nos parece poder ser enfrentada, que € a falta de ensino sistematico desses géneros que seja orientado por um material didético adequado. Frequentemente, 0s alunos sio cobrados por aquilo que nunca thes é ensinado, tendo de aprender por conta prdpria, intuitivamente, com muito esforgo. Na maioria das vezes, subsiste a crenga de que hé uma “capacidade” geral para a escrita, que, se bem desenvolvida, nos permititia produzir de forma adequada textos de qualquer espécie. Outras vezes, acredita-se que 0 mero ensino da organizacao global mais comum do género seja suficiente para que o aluno chegue a um bom texto. Entretanto, as recentes pesquisas da area mostram-nos que nao é bem assim. Mesmo ‘0 melhor dos escritores de ficgdo pode ficar paralisado diante da necessidade de ter de esctever um artigo cientifico para uma revista especializada em determinada érea das ciéncias humanas, por exemplo. Corre até o risco de ver o seu texto rejeitado por no atender as normas que vigoram nessa comunidade cientifical Por outro lado, organizar globalmente um texto em sua forma candnica é apenas um dos procedi- mentos necesséirios para chegar a uma produg&o adequada. A complexidade caracte- ristica dos géneros exige o desenvolvimento de muitas outras capacidades. Assim, é com 0 objetivo de suprir a falta de material diditico para a produgao desses géneros utilizados na escola e no meio universitério que essa colegio foi concebida. Ela se inicia com o material referente & produgio do que chamamos de resumo escolar, que, como o nome diz, é produzido com fins escolares e que apresenta caracteristicas resuMo igi) semelhantes is de outros resumos produzidos em outras esferas, mas que também guarda suas diferengas, como veremos no decorrer das atividades propostas. Ao escolher esse género para iniciar a colegio, assumimos que ele é um dos mais importantes nas atividades escolares e académicas, sendo pedido constantemente pelos professores aos alunos das mais diferentes disciplinas. Assumimos também que as capacidades necessérias para a produgao desse género so também indispensaveis para outros géneros académicos, tais como a resenha, os artigos, os relatérios etc,, que serdo abordados posteriormente. As atividades foram preparadas com base nas mais recentes pesquisas sobre o ensino- aptendizagem de produgao de textos e sobre as caracteristicas do género em foco. Com isso, conseguimos abranger grande parte dos procedimentos envolvidos na produgio de resumos escolares, desde a clarificagio inicial de seu contexto de pro- dugdo até a sua avaliagdo ¢ revisao final. Em cada seco, apresentamos os objetivos a serem atingidos, as atividades a serem desenvolvidas pelos alunos e sugestdes de atividades para continuidade e/ou aprofundamento das questdes trabalhadas. No final do livro, fornecemos as respostas das atividades. Algumas delas devem ser vistas como uma possivel alternativa, fican- doa cargo do professor avaliar a pertinéncia de outras que possam surgit no decorrer das discussdes. Fechando o volume, apresentamos uma pequena bibliografia especia- lizada sobre o género em questo, como sugestio de aprofundamento tedrico do estudo desenvolvido. Acreditamos que as atividades propostas podem contribuir para o trabalho do pro- fessor e ajudar 0 aluno a conhecer melhor o género resumo escolar e a produzi-lo adequadamente. Entretanto, nao julgamos que sejam milagrosas e suficientes. Com base no desenvolvimento individual de cada aluno e nas discussdes em sala de aula, alunos e professores podem — e devem — criar outras atividades semelhantes, para que essa aprendizagem se consolide e se amplie. ANNA RACHEL MacHabo. Evian Gouvéa Lousapa Litta SANTOs ABREU-TARDELLI BBB) 2884 RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI SEGAO 1 O género resumo escolar/académico PARA COMEGAR A CONVERSA... objetivo maior deste material é ajudi-lo a produzir resumos escola- res/académicos que possam ser considerados bons pelos seus profes- sores. Para isso, vamos iniciar discutindo algumas ideias que vocé tem sobre esse tipo de resumo. TT 1. Leia os resumos a seguir do artigo A cultura da paz de Leonardo Boff. Mesmo sem Ele diz que a cultura dominante se ainda ter lido o texto men- caracteriza pela vontade de domina- cionado, assinale o resumo 40 da natureza e do outro. E pos- que acredita ser o melhor re- sivel superar a violéncia? Freud diz sumo escolar/académico. que € impossivel controlar o instinto de morte, Boff diz que a evolucio umana sempre esteve regida pela violéncia. Em segundo lugar, a cul- tura patriarcal instalou a domina- a0 da mulher pelo homem e que a légica de nossa cultura é a compe- tigdo. Veja-se, por exemplo, o ntime- ro de atos de violéncia contra a mulher em Sao Paulo. Precisamos opor a cultura da paz a cultura da violéncia. Onde buscar as inspiragdes riginalmente publicado no Brasil, 8 de fevereito de 2002, p. 9 RESUMO [igi para a cultura da paz? Somos seres sociais e cooperativos, temos capa- cidades de afetividade. O homem pode intervir no processo de evolusao. Desde os tempos de César Augusto, os fildsofos acham que 0 cuidado 6a esséncia do ser humano. Gandhi, Dom Hélder Camara e Luther King so figuras que deram exemplo de comportamento humano.Eu acho que todos nés devemos lutar pela paz. (aS Leonardo Boff inicia o artigo “A cultura da paz” apontando o fato de que viverios em uma cultura que se caracteriza fundamentalmente pela violencia. Diante disso, 0 autor levanta a questao da possibilidade de essa violéncia poder ser superada ou nao. Ini ialmente, ele apresenta argu- mentos que sustentam a tese de que seria impossivel, pois as préprias caracteristicas psicolégicas humanas e um conjunto de forsas naturais ¢ sociais reforcariam essa cultura da violencia, tornando dificil sua supera~ gao. Mas, mesmo reconhecendo o poder dessas forcas, Boff considera que, nesse momento, é indispensdvel estabelecermos uma cultura da paz contra a da violéncia, pois esta estaria nos levando & extincdo da vida humana no planeta. Segundo autor, seria possivel construir essa cul- tura, pelo fato de que os seres humanos séo provides de componentes genéticos que nos permitem sermos sociais, cooperativos, criadores e dotados de recursos para limitar a violéncia e de que a esséncia do ser idado, definido pelo autor como sendo uma relacao amorosa com a realidade, que poderia levar @ superacao da violéncia, A partir dessas constatagdes, o tedlogo conclui, incitando-nos a despertar humano seria o 1 as potencialidades humanas para a paz, construindo a cultura da paz a partir de nés mesmos, tomando a paz como projeto pessoal e coletivo. (a ee No artigo “A cultura da paz”, Leonardo Boff defende a necessidade de construirmos a cultura da paz a partir de nés mesmos. O autor considera que isso € possivel, uma vez que o homem € dotado de caracteristicas gen s especiais que Ihe permitiriam vencer a violéncia. BBD ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELL! 2. Assinale as alternativas que justifiquem a escolha do melhor resumo dentre os trés que foram dados. . (. ) corregdo gramatical e léxico adequado situagao escolar/académica; b. (_ ) selegdo das informagdes consideradas importantes pelo leitor e autor do resumo; c. (_ ) selegdo das informages colocadas como as mais importantes no texto ori- ginal; d. (_ ) indicagdo de dados sobre o texto resumido, no minimo autor e titulo; e. (0 resumo permite que o professor avalie a compreensio do texto lido, incluindo a compreensao global, o desenvolvimento das ideias do texto € a articulagao entre elas; £ (_ ) apresentago das ideias principais do texto e de suas relagdes; g- ( ) comentarios pessoais misturados as ideias do texto; h. ( ) mengdo ao autor do texto original em diferentes partes do resumo ¢ de formas diferentes; i. (_ ) mengio de diferentes agdes do autor do texto original (0 autor questiona, debate, explica...); j. (_ ) texto compreensivel por si mesmo; k. (_ ) eépia de trechos do texto original sem guardar as relages estabelecidas pelo autor ou com relagdes diferentes. PARA CONTINUAR A CONVERSA... Procure recuperar resumos escolares/académicos que vocé jé fez. Com qual dos restimos aqui apresentados ele(s) mais se assemelha(m)? (© que vocé ja sabe sobre a escrita de resumos? Converse com seus colegas ¢ troque seu conhecimento sobre o tema. Que livros vocé conhece que falam sobre resumo escolar/académico ou explicam como fazé-lo? Traga a referéncia bibliogrifica e troque informagdes com seus colegas. Voeé j4 procurou pesquisar na biblioteca de sua escola/faculdade para ver se ha alguma bibliografia sobre o tema? Vocé ja pesquisou na Internet? resuMo iia $$ ____________— secAo 2 O género resumo escolar/ académico e outros géneros PaRA COMEGAR A CONVERSA... niimeros tipos de textos, que aparecem em diferentes situagdes de comuni- cagaio, apresentam informagées selecionadas e resumidas de um outro texto. Nesta segio, observaremos alguns desses textos e algumas de suas carac- teristicas que os distinguem de um resumo escolar/académico. 1, Observe a diagramagio dos textos que seguem ¢ 0 veiculo em que foram di- vulgados e tente identificar a que gé- nero pertencem. Se tiver diivida, leia os textos e observe expressdes que indicam opiniao/avaliag3o do autor. ( ( )resumos de filme )resumo (introdutério a artigo cientifico) ou abstract. )resumo de livro )eritica de filme )resenha critica de livro )quarta capa (ou contracapa) de livro MONET: ASUA REVISTA DA NET, ED. GLOBO FEVEREIRO/2003. > 34 | | DIA 29 *DOMINGO *22h Ben Kingsley (esq,) ¢ Liam Neeson 0 Oskar dos judeus | | A Lista de Schindler é uma ‘obra-prima e pode ser considerado um dos melhores trabalhos do dire- tor Steven Spielberg. Baseado em fatos reais, narra a historia do empre- sario polonés Oskar Schindler (Liam Neeson), que usou quase todo 0 seu dinheiro para libertar mais de mil | judeus de campos de concentracao | nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. © filme, inédito no AXN, ganhou sete das doze estatuetas do Oscar a0 qual foi indicado. — RESUMO {if} 16 quando capt dominicana ainda we ctu iad jl, Aly rene aa tes mies de pesos sem saber que $e rama uma maqultehics Yani pt cat 0 fim de uma era dando voz ene ‘Saves pesonagens hsorcas 90 iploedl ‘ener Toil, apetidado O Bode, #3030 Segoe til dou Blaguts tino pre ‘deme da Republica Dosa Com wn smo ema precise dicimense sipevels ete perana unmenl mosr ‘police nda rao consise em aii camino ‘aire caddverese ‘a ambem pode se trarsformarem nucalénca Um romance que ish TL VARGAS LLOSA, MARIO. A FESTA DO BODE. TRADUCAO WLADIR DUPONT. SAO PAULO: MANDARIM, 2000. Scliar: histéria da melancotia Saturno nos Tré- picos, de Moacyr Scliar_ (Compa nhia das Letras; 274 paginas; 29 reais) — Em seu novo livro, © gati- cho Moacyr Scliar deixa a ficgao de lado e investe em outra de suas especialidades: 0 ensaio, Saturna nos Tropicos € um estudo sobre a melancolia, © cus. tou cinco anos de pesquisa a0 es- critor, No se trata de uma obra dificil: ao contrério, sua linguagem € sempre acessivel e envolvente, Scliar enfoca o tema em varios momentos hist6ricos. Fala da Ida de Média dos tempos da peste negra e da Renascenca dos gran- des avangos cientificos. Mas seu objetivo é, sobretudo, compreen der a melancalia & moda bra- sileira e tragar uma historia dela. Scliar examina a cultu- ra nacional desde os prime! Resumo ses dados. 0 objetivo do artigo é 0 de fornecer uma descri¢ao do método concebido para a coleta de dados referentes as representagdes do operdrias do chao de fabrica a respeito do jornal da empresa. Os pressupostos tedricas provém de warias correntes, incluindo- se ai a teoria bakhtiniana, a psicologia do trabalho, 0 interacionismo sociodiscursivo e a sociologia. Os resultados das ‘andlises apontam para a eficdcia do método para a coleta des- ros tempos até 0 século XX ~ tratando de personagens como Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, e Macunaima, de Mario de Andrade. VBA, 28 DE MAIO DE 2003. Palavra-chave: método; leitura; trabalho; grupos homogéneos. MACHADO, A.R., ~DESCRICAO DO METODO DE COLETA DE DADOS SOBRE A RECEPCAO DO JORNAL DA EMPRESA" IN THE ESP, SAO PAULO, 1998, VOL 19 INP ESPECIAL, 333-348, BOI) ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI yer a Mss) Cec) ee pore ae one ane ari er parm reat eer Pena eeneny inet one Perr Seer Peter Condado rc nny peels ee rear seyeerriny bomen pe peace ee eed Daa ae ea eee ees oe IENOSSAS SUGESTOES Real e fantastico | m A Festa do Bode (Mandarim), Mario V s Llosa descreve um pe riod nebuloso na vila politica da Re publica Dominicana. [ (1930-1961) a populagso daquele pais viveu sob a tirania do ditador Ratael Trujillo Molina. Os desmandes do neral € a queda do regime apsis seu Bgsassinaro servem para o escritor peru a historia & bral, que volta para Santo Domingo de Gi capital dominicana, depois de 30 anos de auséncia para de lado a precisio hist6rica. Quem cond Urania no construir cenarios € personagens fantésticos, sem deixar | reencontrar o pai — um ex-senador de Trujillo. De repente | ela ests de volta ao passadc [ea est de vol 90 pass. mmanuer xan a RESUMO [Bf 2. Preencha a tabela, identificando as caracteristicas da situagdo de produ- glo dos textos 2, 3, 4, 5 ¢ 6, conforme o exemplo. Texto! |texto2 | Texto3 [textos |rextos |TExTOs Autor Nio exphctade| Fungio social | Jornalista do autor especializado cm cinema Imagem que | Destinatirio @ autor tem de | que costuma seu destinatiio| ver filmes pe- la TV a cabo. Locais e/ou | Monet. A sua | veiculos onde | revisa da Net possivelmente o | Ed. Globo, fe texto circulara | vereiro/2004 Momento | Imediatamen- possivel da | te anterior produgdo | i datu de publicagio Objetivo do | Daras infor- autor do texto. | mages cen teais minima sobre o filme e conveneer 0 destinatirio a assis a filme = 3. Qual a diferenga entre o objetivo dos textos denominados de resumo dos demais? 4. Preencha o quadro, indicando algumas das caracteristicas da situagdo de produgdo de um resumo escolar/académico. Autor do resumo | Aluno Destinatirio Local onde 0 texto circular Objetivo do autor do resumo BBB) ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI CONCLUINDO... Antes de ler, resumir ou produzir qualquer texto, precisamos ter consciéncia de que ¥ a antecipacdo do contetido do texto pode facilitar a leitura; 7 todo texto é escrito tendo em vista um leitor potencial; ¥ 0 texto é determinado pela época e local em que foi escrito; ¥ todo texto possui um autor que teve um objetivo para a escrita daquele texto; ¥ 0 texto é produzido tendo em vista o veiculo em que ird circular. PARA CONTINUAR A CONVERSA... Além dos géneros que vimos nesta seco, em que outros géneros de textos podemos encontrar informagdes resumidas? Procure exemplos desses géneros e analise-os para compreender 0 contexto de produgio dos textos. nesuMO Bl SECAO 3 Sumariza¢gaéo: processo essencial para a produc¢do de resumos PaRA COMEGAR A CONVERSA... esta segio, vamos trabalhar com um dos processos mentais essenciais para a produgio de resumos, 0 processo de sumarizagio, que sempre ocorre durante a leitura, mesmo quando nao produzimos um resumo oral ou escrito. Esse processo nio é aleatério, mas guia-se por uma certa légica, que buscaremos identificar nas atividades que seguem abaixo, Veja os exemplos. a. No supermercado, Paulo encontrou Margarida, que estava usando um lindo vestido aqul de bolinhas amarelas. Sumarizagio: Paulo encontrou Margarida. Informagdes exclufdas: circunstincias que envolvem o fato (no supermercado), qualificagdes/descrigdes de personagens (que estava usando um lindo vestido de bolinhas amarelas. b. Vocé deve fazer as atividades, pois, do contrério, ndo vai aprender e vai tirar nota baixa. Sumarizagio: Vocé deve fazer as atividades. Informagées excluidas: justificativas para uma afirmagdo 1, Sumarize os periodos abaixo, quando possivel. A medida que for fazendo cada exemplo, assinale no quadro o procedimento que vocé utilizou, pre- enchendo os paréntesis com as letras dos perfodos correspondentes. ResuMO. Bil (a) Apagamento de contetidos facilmente inferiveis a partir de nosso conheci- mento de mundo. ) Apagamento de sequéncias de expressdes que indicam sinonimia ou explicagao. ) Apagamento de exemplos. ) Apagamento das justificativas de uma afirmagio. ) Apagamento de argumentos contra a posigdo do autor. ) Reformulagio das informagies, utilizando termos mais genéricos. (ex: ho- mem, gato, cachorro > mamiferos) ( ) Conservagio de todas as informagées, dado que elas nio sio resumiveis. a. Maria era uma pessoa muito boa. Gostava de ajudar as pessoas. b. Discutiremos a construgio de textos argumentativos, isto é, aqueles textos nos quais o autor defende determinado ponto de vista por meio do uso de argumen- tos, procurando convencer 0 leitor da sua posigio. ¢. Nao corra tanto com seu carro, pois, quando se corre muito, nao é possivel ver a paisagem e, além disso, o niimero de acidentes fatais aumenta com a velocidade. d. © principal suspeito do assassinato era o marido: era ciumento e nao tinha um , dado que afirma ter ficado rodando a casa para ver se a mulher se encon- trava com 0 amante. e. De manhi, lavou a louga, varreu a casa, tirou 0 pé e passou roupa. A tarde, foi ao banco pagar contas, retirar talao de cheques e extrato e, & noite, preparou aula, corrigiu os trabalhos ¢ elaborou a prova. £ O Tluminismo ataca as injusticas, a intolerancia religiosa e os privilégios tipicos do Antigo Regime. g. A pena de morte tem muitos argumentos a seu favor, mas nada justifica tirar a vida de nosso semelhante. h. No resumo de uma narragao, podem-se suprimir as descrigdes de lugar, de tempo, de pessoas ou de objetos, se elas nao sto condigdes necessirias para a realizagao da agao. Por exemplo, descrever um homem como ciumento pode ser relevante e, portanto, essa descrigio nao poderd ser suprimida, se essa qualidade é que determinara que o homem assassine sua esposa. Jé a sua descri¢do como alto € magro poderd nesse caso ser suprimida. BBM anna RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELL! 2. Resuma os perfodos abaixo ao minimo, pensando que o seu destinatério 6 © seu professor e que ele vai avaliar a sua compreensio das ideias globais desses trechos. Use os procedimentos de sumarizacio j4 estudados. a) Com a evolucao politica da humanidade, dois valores fundamentais consolidaram 0 ideal democratico: a liberdade e a igualdade, valores que foram traduzidos como objetivos maiores dos seres humanos em todas as épocas. Mas os avangos e as conquistas populares em direcdo a esses objetivos nem sempre se desenvolveram de forma pacifica. Guerras, destituicdes e enforcamentos de reis e monarcas, revolugdes populares e golpes de Estado marcaram a trajetéria da humanidade em sua busca de liberdade e igualdade (Clovis Brigagio & Gilberto M. A. Rodrigues. 1988. Globalizagao a olho nu: 0 mundo conectado, S40 Paulo: Moderna). b) A cultura indigena é complexa, como a de qualquer outra sociedade. Seu grande diferencial, porém, que foge a regra geral de todas as outras, ¢ a no existéncia de desniveis econdmicos. Na sociedade indigena nao existem também normas estabelecidas que confiram a alguém as prerrogativas de mandante ou lider do nucleo populacional. Aquele que é chamado de cacique nao tem privilégios de autoridade, tem somente os de conselheiro. Nao é um escolhido, € ligado, até quando possivel, a uma linhagem lendaria E, quando essa condicao desaparece, passa a responder como con- selheiro da aldeia aquele que pelo niimero de aparentados alcanca essa posi¢ao mais respeitada (...). (O. Villas-Béas. 2000. A arte dos pajés. Impressées sobre 0 universo espiritual do indio xinguano. Sao Paulo: Globo. p. 25). ©) Na linguagem comum e mesmo culta, ética e moral so sindnimos. Assim dizemos: “Aqui ha um problema ético” ou “um problema moral”. Com isso emitimos um juizo de valor sobre alguma pratica pessoal ou social, se boa, se ma ou duvidosa. Mas aprofundando a questo, percebemos que ética e moral ndo sao sindnimos. A ética € parte da filosofia. Considera concepgdes de ResuMO fundo, principios e valores que orientam pessoas e sociedades. Uma pessoa ¢ ética quando se orienta por principios e convicedes. Dize- mos, entdo, que tem carater e boa indole. A moral é parte da vida concreta, Trata da pratica real das pessoas que se expressam por costumes, habitos e valores aceitos. Uma pessoa é moral quando age ‘em conformidade com os costumes e valores estabelecidos que po- dem ser, eventualmente, questionados pela ética. Uma pessoa pode ser moral (segue costumes) mas ndo necessariamente ética (obedece a princfpios). (http://www:leonardoboff.com/) (CONCLUINDO... ¥/ Sintetize suas conclusdes sobre o proceso de sumarizagao. PARA CONTINUAR A CONVERSA... Selecione alguns perfodos de textos utilizados em seu curso e sumarize as informa- Bes contidas em cada perfodo de acordo com os procedimentos estudados. BBY ANNARACHEL MACHADO | ELIANELOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELL SECAO 4 A influéncia dos objetivos na sumarizagao PARA COMEGAR A CONVERSA... ‘omo vimos nas segdes anteriores, podemos sumarizar diferentes tipos de informagGes, provenientes de fontes variadas (acontecimento, fil- me, cb, livro etc.) e essa sumarizagio pode ser materializada em uma parte de um texto ou em um texto inteiro, em um verdadeiro resumo. ‘Agora, vamos ver que as informagGes provenientes de um mesmo Lr cetelte tle (o Me Met Os dois garotos correram até a entrada da casa. objeto (no caso, de um texto) podem ser sumarizadas de dife- Po rentes formas, de acordo com a si- tuagdo em que nos encontramos. 1. Leia o texto ao lado: _ . i ~Veja, eu disse a vocé que hoje era um bom dia para brincar aqui — dis- se Eduardo. — Mamae nunca esta em casa na quinta-feira — acrescentou. arbustos escondiam a entrada da casa; os meninos podiam correr no Jardim extremamente bem cuidado. — Eu nao sabia que sua casa era to grande — disse Marcos. — E, mas ela esta mais bonita ago- ra, desde que meu pai mandou re- vestir com pedras essa parede late- ral e colocou uma lareira. eesumo Bl Havia portas na frente e atras e uma porta lateral que levava @ garagem, que estava vazia, exceto pelas trés bicicletas com marcha guardadas af. Eles entraram pela porta lateral. Eduardo explicou que ela ficava sempre aberta para suas irmas mais novas entrarem e sairem sem dificuldade. Marcos queria ver a casa... Entéo, Eduardo comecou a mostré-la pela sala de estar. Estava recém-pintada, como o resto do primeiro andar. Eduardo ligou 0 som: 0 barulho preocupou Marcos. — Nao se preocupe, a casa mais préxima esté a meio quilémetro daqui — gritou Eduardo. Marcos sé sentiu mais confortavel ao observar que nenhuma casa podia ser vista em qualquer direcao além do enorme jardim. A sala de jantar, com toda a porcelana, prata ¢ cristais, nao era Jugar para brinear: os garotos foram para a cozinha, onde fizeram um lanche. Eduardo disse que nao era para usar 0 lavabo, porque ele ficara imido e mofado, uma vez que 0 encanamento arrebentara. — Aqui € onde meu pai guarda suas colegdes de selos e moedas raras — disse Eduardo, enquanto eles davam uma olhada no escritério. Além do escritério, havia trés quartos no andar superior da casa. Eduardo mostrou a Marcos o claset de sua mae cheio de roupas ¢ o cofre trancado onde havia joias. O quarto de suas irmas nao era tao interes- sante, exceto pela televisio com o Atari. Eduardo comentou que o melhor de tudo era que o banheiro do corredor era seu, desde que um outro fora construido no quarto de suas jrmas. Nao era tao bonito como o de seus pais, que estava revestido de marmore, mas para ele era a melhor coisa do mundo (traduzido e adaptado de J. Pitchert & R. Anderson. “Taking Different Perspectives on a Story”, Journal of Psychology, 1977, 69, In: A. Kleiman. 1989. Texto e leitor, Pontes Editores, Campinas). 2. Agora, releia o texto, levantando as caracteristicas mais importantes da casa descrita, como se vocé fosse passé-las para trés diferentes destinatdrios: para um possfvel comprador, para um assaltante, para seu professor. BY ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI PARA UM POSSiVEL COMPRADOR DA CASA PARA UM ASSALTANTE PARA SEU PROFESSOR 3. Compare as informagdes selecionadas para cada destinatério com as de um colega ¢ discuta o porqué da selegio feita. CONCLUINDO... Sumarizamos de forma diferente, conforme o tipo de destinatario, de acordo com 1 que julgamos que ele deve conhecer sobre o objeto sumarizado e de acordo com (que julgamos ser 0 objetivo desse destinatério. No caso do resumo escolar/académico, quem € o destinatario do texto? Qual o objetivo desse leitor destinatario? Portanto, tendo em vista esse destinatirio e esse objetivo, assinale a alternativa correta: (. ) 0 leitor j4 conhece o texto e, por isso, nao é necessario dar as informagdes centrais do texto; ( ) oleitor ja conhece o texto, mas é necessirio dar as informagdes centrais para que ele possa avaliar a sua compreensio global do texto. nesumo if PARA CONTINUAR A CONVERSA... Procure, em jornais ¢ revistas destinados a publicos diferentes, uma critica sobre um mesmo filme ou um resumo de um mesmo livro, € verifique se a informagao sele- cionada é, de alguma forma, diferente. Analise os textos tendo em vista os destina- tarios de cada revista. BBY) ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI SECAO 5 A compreensao global do texto a ser resumido Para COMECAR A CONVERSA. esta seco, comecaremos a enfocar as diferentes fases de produgio do resumo escolar/académico de um texto especifico, comegando por uma leitura e um estudo detalhado do texto para depois chegar a seu resumo. Para isso, vamos tomar o texto que serviu de base para os resumos apresentados na Seco 1. 1. Passe os olhos pelo texto, buscando identificar: ST a) 0 género de texto; A ‘ ) og A cultura dominante, hoje mun- dializada, se estrutura ao redor da vontade de poder que se traduz por vontade de dominacao da na- tureza, do outro, dos povos e dos mercados. Essa € a légica dos jinossauros que criou a cultura do medo e da guerra. Praticamente em todos os paises as festas nacionais seus herdis sao ligados a feitos de guerra e de violéncia. Os meios de comunicagao levam ao paroxismo a magnificagao de todo tipo de vio- léncia, bem simbolizado nos filmes de Schwarzenegger como o “Exter- minador do Futuro”. Nessa cultura b) 0 meio de circulagios ©) 0 autor; d)a data de publicagio; e) o tema; RESUMO Bal © militar, 0 banqueiro e © especulador valem mais do que 0 poeta, 0 filésofo e 0 santo. Nos processos de socializacao formal e informal, ela nao cria mediagdes para uma cultura da paz. E sempre de novo faz suscitar a pergunta que, de forma dramatica, Einstein colocou a Freud nos idos de 1932: € possivel superar ou controlar a violéncia? Freud, realisticamente, responde: “E impossivel aos homens controlar totalmente © instinto de morte... Esfaimados pensamos no moinho que tao lenta- mente mdi que poderiamos morrer de fome antes de receber a farinha”. Sem detalhar a questo, dirfamos que por detras da violéncia fun- cionam poderosas estruturas. A primeira delas 6 0 caos sempre pre- sente no processo cosmogénico. Viemos de uma imensa explosio, 0 big bang. E a evolugao comporta violéncia em todas as suas fases. Sao conhe- cidas cerca de S grandes dizimagdes em massa, ocorridas ha milhdes de anos atras. Na ultima, ha cerca de 65 milhdes de anos, pereceram todos 0s dinossauros apés reinarem, soberanos, 133 milhdes de anos. A expan- sao do universo possui também o significado de ordenar 0 caos através de ordens cada vez mais complexas e, por isso também, mais harménicas e menos violentas. Possivelmente a prOpria inteligéncia nos foi dada para pormos limites 8 violéncia e conferir-lhe um sentido construtivo, Em segundo lugar, somos herdeiros da cultura patriarcal que instau- rou a dominagao do homem sobre a mulher e criou as instituicbes do patriarcado assentadas sobre mecanismos de violéncia como o Esta- do, as classes, 0 projeto da recnociéncia, os processos de produgae como objetivacdo da natureza e sua sistemética depredacao. 7g Em terceiro lugar, essa cultura patriarcal gestou a guerra como forma de resolucao dos conflitos, Sobre esta vasta base se formou a cultura do capital, hoje globalizada; sua légica € a competigao e nao a cooperacao, por isso, gera guerras econémicas e politicas e com isso desigualdades, injustigas e violéncias. Todas estas forcas se articulam estruturalmente para consolidar a cultura da violéncia que nos desumaniza a todos. A essa cultura da violencia ha que se opor a cultura da paz. Hoje ela é imperativa. a E imperativa, porque as forcas de destruicao estado ameacando, por todas as partes, o pacto social minimo sem o qual regredimos a Bi) ANNARACHEL MACHADO | ELIANELOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI niveis de barbarie. E imperativa porque o potencial destrutivo j4 monta~ do pode ameacar toda a biosfera e impossibilitar a continuidade do projeto humano, Ou limitamos a violéncia e fazemos prevalecer 0 projeto da paz ou conheceremos, no limite, 0 destino dos dinossauros. ‘Onde buscar as inspiragdes para a cultura da paz? Mais que impe- rativos voluntaristicos, € © préprio processo antropogénico a nos fornecer indicagées objetivas e seguras. A singularidade do 1% de carga genética que nos separa dos primatas superiores reside no fato de que nds, a distingio deles, somos seres sociais e cooperativos. Ao lado de estruturas de agressividade, temos capacidades de afetividade, com-pai- xdo, solidariedade e amorizacdo. Hoje é urgente que desentranhemos tais forcas para conferir rumo mais benfazejo a histéria. Toda protelacao é insensata. Eq] © set humano ¢ © unico ser que pode intervir nos processos da natureza € copilotar a marcha da evolucao. Ele foi criado criador. Dispée de recursos de reengenharia da violéncia mediante processos civilizatorios de contencao e uso de racionalidade. A competitividade continua a valer mas no sentido do melhor e ndo de destrui¢ao do outro. Assim todos ganham e nao apenas um, Hé muito que fildsofos da estatura de Martin Heidegger, resgatando uma antiga tradicéo que remonta aos tempos de César Augusto, veem no cuidado a esséncia do ser humano. Sem cuidado ele nao vive nem sobrevive. Tudo precisa de cuidado para continuar a existir. Cuidado representa uma relacio amorosa para com a realidade. Onde vige cuida- do de uns para com os outros desaparece o medo, origem secreta de toda violéncia, como analisou Freud. A cultura da paz comesa quando se cultiva a meméria e 0 exemplo de figuras que representam o cuidado a vivéncia da dimensao de generosidade que nos habita, como Gandhi, Dom Helder Camara e Luther King ¢ outros. Importa fazermos as revo- lugées moleculares (Guattari), comegando por nds mesmos. Cada um estabelece como projeto pessoal e coletivo a paz enquanto método e enquanto meta, paz que resulta dos valores da cooperacao, do cuidado, da com-paixao e da amorosidade, vividos cotidianamente. Artigo disponivel no site http://www.leonardoboff.com/.Ultimo acesso em 18/02/ 2004. Originalmente publicado no Jomal do Brasil em 8 de fevereiro de 2002, p. 9. nesumo Bl 2. Leia essa pequena biografia do autor do texto. Baseando-se nos dados da biografia e no titulo do texto, responda: Como vocé acha que o autor vai abordar o tema? Qual serd sua posicao? Leonardo Boff (1938-) é tedlogo e um dos principais formuladores da teo- logia da libertacao, além de conferencista requisitado internacionalmente. E professor emérito de ética, de filosofia da religiao e de ecologia na Univer- sidade Estadual do Rio de Janeiro. Dedica-se atualmente ao tema da ecolo- gia e espiritualidade com vistas 4 construgao de uma ecodemocracia inte- gradora e planetéria. Escreveu mais de 60 livros nas areas de teologia, espi- ritualidade, ecologia, filosofia, antropologia e mistica, dentre eles: A oracdo de Sao Francisco. Uma mensagem de paz para o mundo atual; O destino do homem e do mundo; Ecologia — grito da Terra, grito dos povos; Sao Francisco de Assis: ternura e vigor. 3. Agora, vocé j4 pode reler o texto atentamente, buscando detectar as ideias colocadas pelo autor como sendo as mais relevantes, grifando-as € verificando se suas hipéteses sobre 0 texto se confirmam ou nao. Procedimentos de compreensio de vocabulério Assinale 05 procedimentos que vocé usou para compreender algumas das pala~ vras ou partes mais dificeis do texto, exemplificando cada caso. (_ ) procurar no dicionario; ( ) procurar a explicagio da palavra no préprio texto, antes ou depois dela; ( ) ver como a palavra é formada: sufixos, prefixos etc.; ( ) outros: © que € processo antropogénico? Como se pode deduzir seu significado a partir de indices do texto? (7 pardgrafo) Que palavras se relacionam com a palavra volunzaristico, que sao da mesma fami- lia? (7 pardgrafo pardg © que significa imperativos voluntaristicos? Como vocé pode descobrir 0 seu significado? él) ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI 4. Leia o primeiro parégrafo e faga as atividades. a, Resuma com suas préprias palavras 0 fato inicialmente constatado pelo autor. b. Dé os exemplos que o autor da para comprovar que 0 fato é verdadeiro, cc. Levante a questo que o autor vai discutir a partir da constatagio desse fato. Sublinhe-a no texto. 5. Que respostas so dadas a essa pergunta por Freud e pelo proprio autor? Tente verificar se as duas esto explicitas no texto ou se alguma delas pode ser inferida a partir do que é exposto. Indique o(s) pardgrafo(s) em que essas respostas sao dadas explicita ou implicitamente. Complete o quadro. RESPOSTA PARAGRAFOS Freud Boff 6. Releia os parégrafos 2, 3 e 4 ¢ responda. a. O autor apresenta trés argumentos que podem ser usados para justificar a ideia de que é impossivel chegarmos & cultura da paz. Quais sio as expressdes que indicam essa enumeracao de argumentos? b. Quais so os trés argumentos introduzidos por essas expressdes? Resuma-os com suas préprias palavras. 7. Releia 0 sexto parégrafo e responda. ReSUMO [ZI a) Quais so os argumentos usados pelo autor para justificar sua afirmagao de que a construgao da cultura da paz é absolutamente necesséria? b) Qual é 0 conectivo que introduz. esses argumentos? 8, Leia o sétimo, 0 oitavo e o nono pardgrafos. a. Que pergunta 0 autor faz? Sublinhe-a no texto. b. Qual é 0 objetivo dessa pergunta? ( ) Introduzir os argumentos do autor a favor da ideia de que é possivel construir uma cultura da paz. (_ ) Introduzir argumentos contrarios & ideia de que € possivel construir uma cultura da paz. (_ ) Introduzir exemplos da cultura dominante. c. A partir de sua compreensao do texto inteiro, como podemos reformular essa pergunta em forma afirmativa? d. Assinale a frase que melhor exprime e generaliza os dois primeiros argumen- tos que sustentam a ideia de que é possivel construir uma cultura da paz. () Oserhumano tem 1% de carga genética que o separa dos primatas superiores. (. ) © ser humano tem, geneticamente, condigdes biolégicas que favorecem a socializago, a cooperagio e a criago, diferentemente dos animais. ( ) O ser humano é 0 iinico ser que pode intervir nos processos da natureza ¢ influir na marcha da evolugio, e. Assinale a frase que melhor exprime e generaliza 0 terceiro argumento que sustenta a ideia de que é possivel construir uma cultura da paz. (__) Heidegger considera que a esséncia do ser humano € 0 cuidado, a relagao amorosa com a realidade. (..) Accultura da paz comega quando cultivamos figuras como Gandhi, Dom Hélder Camara e Luther King, ( ) Do ponto de vista filos6fico, podemos considerar que a esséncia do ser humano € 0 cuidado, que pode nos levar a vencer a violencia. GB ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI £. Releia a conclusio mais geral a que o autor chega e indique qual é o seu objetivo maior com 0 texto. (_ ) Levar o leitor a ter consciéncia dos processos da constituigao humana. (_ ) Levar o leitor a construir um projeto pessoal e coletivo para colaborar com a paz no mundo. ( ) Levar o leitor a cultuar herdis como Gandhi, Dom Hélder Camara e Martin Luther King, (_ ) Levar o leitor a se conscientizar de que a paz é possivel CONCLUINDO... ‘A primeira etapa para se escrever um bom resumo é compreender 0 texto que sera resumido, Auxilia essa compreensio o conhecimento sobre 0 autor, sua posigao ideolégica, seu posicionamento tedrico etc. Também é preciso detectar as ideias que © autor coloca como sendo as mais relevantes, buscando, sobretudo quando se tratar de géneros argumentativos (como artigos de jornal ou artigos cientificos), identificar ¥ a questio que é discutida; ¥ a posigdo (tese) que o autor rejeita; 7 2 posigio (tese) que o autor sustenta; ¥ 08 argumentos que sustentam ambas as posigdes € ¥ a conclusio final do autor. PARA CONTINUAR A CONVERSA. Procure outros artigos em jornais ou revistas cientificas e busque lé-los, utilizando as instrugdes dadas nesta segio. RESUMO Bl —_ —— SEGA 6 A localizagaéo e explicitagao das relagdes entre as ideias mais relevantes do texto PARA COMEGAR A CONVERSA... seguir, vamos trabalhar com a organizagao global do texto e com as relagdes entre as ideias centrais, pois, no resumo, devemos mostrar essa organizagio e reproduzir claramente essas relagdes, tais como se en- contram no texto original. 1. De acordo com as respostas dadas na seco anterior, complete o esquema abaixo. Fato Questao j Posi¢ao contraria 4 do autor resumo Bll Posigaéo do autor Argumentos Argumentos Argumentos Argumentos Argumentos Conclusao 4 BBY) ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELL! 2. No esquema construida, por enquanto, voce tem apenas as ideias mais rele- ‘vantes, Entretanto, no resumo, como jé foi dito, devemos manter as relagdes que o autor estabelece entre elas (de exemplificagao, de causa/consequéncia, de explicagao, de conclusio etc.). Uma das formas de indicar essas relagdes 6 0 uso de conectivos ou organizadores textuais. Assim, utilize os conectivos abaixo para completar os sete quadros destacados no esquema, explicitando essas relagdes, Se necessario, retorne ao texto. Porque, portanto, mas 3. Escolha outros conectivos que possam substituir os trés conectivos do item anterior, para indicar: + argumentos ou justificativas: + concluses: * teses contrarias uma a outra: 4, Agora, complete a tabela que segue com outros conectivos sugeridos no quadro. Logo — ja que — no entanto — assim — entretanto — uma vez que — todavia — pelo fato de — devido a — apesar de — contudo — isso posto — ainda que — como — por isso — porém — assim sendo Conectivos que indicam | Conectivos que introdu- | Conectivos que intro- contraste entre ideias ou | zem conclusées duzem argumentos, argumentos contrdrios justificativas, causas 5. Una as duas oragSes em um s6 periodo. Estabelega as relagdes de dife- rentes formas usando 08 conectivos adequados. Siga o exemplo a. a. Paulo faltou é aula . Ele estava doente. Paulo faltou a aula porque estava doente. Como Paulo estava doente, faltou a aula. Pelo fato de estar doente, Paulo faltou a aula. aesumo fl b. Seu namoro foi proibido. As familias eram inimigas. c. As chuvas abriram muitos buracos na rua. A rua foi interditada. d. O tio estava poluido. Os peixes conseguiram sobreviver. 6. Identifique 0s conectivos dos trechos de textos abaixo. Orientando-se por eles, complete as tabelas. Nao acredite em nenhum “método” ou (pior) “metodologia” para fazer critica de textos — nao porque os métodos ou as metodologias sejam intrinsecamente maus, mas simplesmente porque eles o impedem de pen- sar de modo independente e de desfrutar sua liberdade intelectual em uma dimensao de pensamento que nao admita regularidades rigidas (adaptado de Hans Ulrich Gumbrecht, Critica. IN: Folha de S. Paulo, Cader- no Mais, domingo, 13 de outubro de 2002). TESE Argumentos que sustentam a tese Conectivo que introduz os argumentos aetna ost en ae Uma pesquisa de comunicagao descobriu que as pessoas tendem a ler, ouvir ou ver comunicacdes que apresentem pontos de vista do seu agra- do e a evitar as demais. Duzias de outras pesquisas revelam que as pessoas escolhem o material que combina com seus pontos de vista e interesses e evitam, amplamente, 0 que 0s contraria. A pesquisa também mostra que as pessoas “lembram” mais do material que apoia suas ideias do que daquele que as ataca. Finalmente, e sob certos aspectos de maneira relevante, também é seletiva a percepcdo ou interpretacdo. Por exemplo, os fumantes que leram artigos sobre fumo e cancer preocupa- ram-se menos que os nao fumantes com a possibilidade de o fumo realmente provocar 0 cancer. Portanto, € Sbvio que, se as pessoas procu- BA ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI ram evitar as comunicacées coletivas que contrariam seu pontos de vista e interesse, se tendem a esquecer as que recebem e se, finalmente, alteram aquelas de que conseguem lembrar-se, nao € provavel que as comunica- gGes coletivas possam lhes causar mudanga de pontos de vista. (adaptado de Joseph Klapper. 1964. “Os efeitos sociais da comunicagao coletiva”. In: Panorama da comunicaao coletiva. Ed. Fundo de Cultura, Sao Paulo-Lisboa. pp. 64-67.) TESE DO AUTOR Argumentos que sustentam a tese Conectivo que introduz a tese 7. Identifique os organizadores textuais utilizados nos Resumos 1 e 2 da Segéo 1. Agora, compare esses dois resumos em relagio ao uso dos organizadores textuais. O que se pode concluir? CONCLUINDO... Para que o resumo seja claro e coerente, é preciso indicar as relagdes entre as ideias do resumo ¢ explicitar as relagdes entre as ideias do texto. Para isso, utilizamos os organizadores textuais (ou conectivos) que melhor expressem as relagdes entre as ideias do texto original. PARA CONTINUAR A CONVERSA... Procure localizar — nos artigos que vocé jé pesquisou para a segio anterior — os conectivos que unem as ideias do texto e substitua-os por outros semelhantes. Resumo [Bi SEGAO 7 Mengao ao autor do texto resumido PARA COMEGAR A CONVERSA.. 1. 2. 3. m resumo € um texto sobre outro texto, de outro autor, e isso deve ficar sempre claro, mencionando-se frequentemente © seu autor, para evitar que o leitor tome como sendo nossas as ideias que, de fato, sio do autor do texto resumido. Releia o Resumo 2 da Sego 1. Circule no texto as diferentes maneiras usadas para se referir ao autor. A partir do que fez no exercicio anterior, tire sua conclusdo e complete os espacos. Geralmente, amos © resumo com O do autor. ‘Ao longo do resumo, podemos nos referir ao autor utilizando . Complete as lacunas do texto seguinte, fazendo mengao ao autor de diferentes formas. Saturno nos Trépicos, de Moacyr Scliar (Companhia das letras; 274 pp.s 29 reais) — Em seu novo livro, 0 gaticho Moacyr Scliar deixa a ficgo de lado e investe em outra de suas especialidades: 0 ensaio. Sacurno | nos Trépicos é um estudo sobre a melancolia, ¢ custou cinco anos de pesquisa a0 escritor. Nao se trata de uma obra dificil: ao contrario, sua linguagem € sempre acessivel e envolvente. enfoca o tema em varios momen- aesuMo Hl tos histéricos, Fala da Idade Média dos tempos da peste negra e da Renascenga dos grandes avangos cientificos. Mas seu objetivo é, sobretudo, compreender a melancolia 4 moda brasileira e tragar uma histéria dela. exa- mina a cultura nacional desde os primeiros tempos até 0 século XX — tratan- do de personagens como Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, e Macunaima, de Mario de Andrade. 4. Releia o Resumo 1 da Seco 1 e verifique de que forma o autor do resumo se refere ao autor do texto original. Aponte os principais proble- mas que vocé pode observar. CONCLUINDO. Sintetize suas conclusdes para evitar os problemas discutidos. PARA CONTINUAR A CONVERSA. Procure diferentes tipos de resumos ou de resenhas em jornais ¢ revistas e faga um levantamento das diferentes formas de se mencionar os autores dos objetos que sto resumidos. BBY) ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI SEGAO 8 Atribuigaéo de atos ao autor do texto resumido PARA COMEGAR A CONVERSA... © resume, o autor do texto original aparece como se estivesse reali- zando varios tipos de atos, que, frequentemente, nao esto explicitados no texto original. Vocé é que tem de interpretar esses atos usando 0 verbo adequado. Observe esse fendmeno, fazendo as atividades que seguem. 1. Relacione os verbos abaixo com os atos que indicam: (_ ) define, classifica, enumera, argumenta. (_ ) incita, busea levar a ( ) afirma, nega, acredita, duvida (_ ) aborda, trata de (_ ) enfatiza, ressalta a. _ posicionamento do autor em relago a sua crenga na verdade do que é dito b. indicagdo do contetido geral c. — organizago das ideias do texto d. indicagZo de relevancia de uma ideia do texto €. agao do autor em relagao ao leitor 2. Agora, releia o Resumo 2 da Segio 1 e grife com dois tragos os verbos que indicam os diferentes tipos de atos que so atribuidos ao autor. 3. Explique os significados dos seguintes verbos encontrados no Resumo 2 em relagdo a esses atos: a. inicia: b. conclui: c. incitando-n resuMo 8) 4. Observe o exemplo em que destacamos os verbos utilizados para indicar diferentes atos do autor do texto resumido. Em seguida, leia os trechos € preencha os espagos dos resumos correspondentes com os verbos mais adequados, dentre os do quadro abaixo. apontar — definir — descrever — elencar — enumerar — classificar — carac- tetizar — dar caracteristicas — exemplificar — dar exemplos — contrapor confrontar — comparar — opor — diferenciar— comegar — iniciar — intro~ duzir — desenvolver — finalizar — terminar — concluir — pensar — acreditar — pensar — julgar — afirmar — negar — questionar — criticar — descrever — narrat — relatar — explicar — expor — comprovar — provar — defender a tese — argumentar — dar argumentos — justificar — dar justificativas — apresentar — mostrar — tratar de — abordar — discorrer — esclarecer — convidar sugerir — incitar — levar a Um amigo me disse: — Nao guarde nada para uma ocasiio especial. Cada dia que se vive é uma ocasido especial. Ainda estou pensando nestas palavras... j4 mudaram minha vida. Agora estou lendo mais e limpando menos. Sento-me no terraco e admiro a vista sem preocupar-me com as pragas. Passo mais tempo com minha familia e menos tempo no trabalho. Compreendi que a vida deve ser uma fonte de experiéncias a desfrutar, nado para sobreviver. Ja ndo guardo nada. Uso meus copos de cristal todos os para ir ao supermercado, se me da vontade. J4 ndo guardo meu melhor perfume para ocasides especiais, uso-o quando tenho vontade. (Mensagem distribufda por e-mail) © autor relata 0 que um amigo lhe disse e mostra como as palavras desse amigo influenciaram sua vida, elencando diversas acdes de seu cotidiano que ele realiza de forma diferente. s. Coloco uma roupa nova BO) ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI Em 1948 e em 1976, as Nacdes Unidas proclamaram extensas listas de direitos humanos, mas a imensa maioria da humanidade s6 tem o direito de ver, ouvir e calar. Que tal comecarmos a exercer 0 jamais proclamado direito de sonhar? Que tal delirarmos um pouquinho? Vamos fixar 0 olhar num ponto além da infamia para adivinhar outro mundo possivel: — 0 ar estaré livre do veneno que nao vier dos medos humanos e das humanas paixdes; — nas ruas, os automéveis serao esmagados pelos caes; — as pessoas nao serao dirigidas pelos automéveis, nem programadas pelo computador, nem compradas pelo supermercado e nem olhadas pelo televisor. (Eduardo Galeano, Forum Social Mundial 2001. Caros Amigos 01/2000) Resumo do trecho 1 © autor (____) a contradico entre a existéncia de extensas listas de direitos humanos ¢ o fato de a maioria da humanidade nao ter nenhum. Diante disso, ( ) 0 leitor a sonhar com um mundo possivel e ( ) algumas das caracteristicas dese mundo. Ha trés tipos de jornalistas: 1) 0 reporter, que escreve o que viu; 2) © reporter interpretativo, que escreve 0 que viu e o que ele acha que isso significa; 3) 0 especialista, que escreve a respeito do significado daquilo que nao viu. (adaptado de Elio Gaspari, Folha de S.Paulo, 13/09/1998) ee oles © autor ( ) 05 jornalistas em trés tipos. RESUMO [Bil As vezes ainda se ouve por ai alguém dizendo que sexo sem amor nao da. Soa um tanto ingénua a alegacdo, meio fora de tempo, como um simca chambord atrasando o tréfego. Amor, 0 que € isso? Coisa mais anos 50... (...) O que se quer dizer, quase sempre, ndo é que sexo precisa de amor, mas que sexo precisa de narrativa (Eugénio Bucci, O melodrama e a gente, Folha de S.Paulo, 24/02/2002) Resumo do trecho 3 © autor ( ) a afirmagao corrente de que sexo sem amor nao da; questiona-a (ironicamente) e ( ) © seu sentido, (-.) E resolvi escrever sobre essa antiga dualidade: sexo ¢ amor. (...) ‘© amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo, Sexo é contra a lei, no fundo de tudo. O amor depende de nosso desejo, € uma Construgao que criamos. Sexo nao depende de nosso desejo; nosso desejo € que € tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre sem tesdo. O sexo € um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidao a posteriori pelos prazeres do sexo. (Arnaldo Jabor, Amor atrapalha 0 sexo, O Estado de S. Paulo, 29/08/2002) TT (Mr toed © autor ( ) sexo e amor, ( ) as caracteristicas de cada um Chat, pra quem nao sabe, é um lugar onde fica uma porgao de chatos, todos com pseudonimos (homem diz que € mulher e mulher vira homem) a te perguntar: vocé esta af? (Mario Prata, Chats e chatos pela Internet. O Estado de S. Paulo, 02/12/1 998) BBY ANNs RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI Resumo do trecho 5 © autor ( ) © chat de forma irdnica. Beto) As obras mais significativas no campo da economia foram redigidas por especialistas de outras reas, Adam Smith, por exemplo, tido como 0 “pai da economia”, era um professor de filosofia moral. SoM (ol se Colo) O autor ( ) que as obras mais importantes da economia sio feitas por especialistas de outras areas, ( ) com Adam Smith. Beto Periodo de férias O inicio do ano escolar no més de fevereiro merece ser revogado, voltan- do & antiga praxe de comeco das aulas em marco. O carnaval geralmente cai em fevereiro ¢ interrompe as aulas recém-iniciadas. O verao escaldante torna as aulas penosas e com baixo rendimento. Finalmente, as férias escolares comandam grande parte das férias dos trabalhadores. E as férias destes sA0 motor do turismo, atividade geradora de empregos riqueza para o Pais. (...) Portanto, h4 grande vantagem para todos na transferéncia do inicio das aulas para o més de marco. COST Co (ol tg CoCo © autor (_____) a tese de que as alas devem voltar a comegar em marco, ( ) os seguintes argumentos: 0 fato de que o carnaval normalmente cai em fevereiro, 0 fato de que o calor é forte e prejudica as aulas e o fato de que as férias dos trabalha- dores, coincidindo com as escolares, so benéficas para a economia. RESUMO [Bi CONCLUINDO... Escreva aqui suas conclusdes sobre 0 que vocé estudou nesta segio PARA CONTINUAR A CONVERSA... Procure resumos (ou resenhas) de livros em jornais e revistas, levante os verbos usados para indicar atos do autor e classifique-os de acordo com seu significado. BA) ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI — sECAO 9 Recapitulagao dos procedimentos para a producgdo do resumo PaRA COMECAR A CONVERSA... esta segao, recapitularemos os passos necessirios para vocé escrever seu proprio resumo. 1. Discuta com seu professor e com os seus colegas tudo aquilo que vocé ja sabe e é capaz de fazer para ser bem-sucedido nessa produgio. 2. Agora é hora de vocé escrever um resumo seguindo os passos aprendi- dos. Leia o texto seguinte e faga um resumo escolar/académico. resumo Bll £002 30 OW8HAL3S 30 12" isI¥W ‘OTN¥AS 30 vEFTON -xrwo>yonpeypusepuan jew] — 9) “Jue 2p suou saypeyoq ‘wo opusinu opeasous op opeyueae oun ‘0 Sej-pua sIMBasUOD OBA OBN “ORS Sea ‘woo —soparsesou sew anaqu ey +43 ap uy ewn soyuoxur eed ‘Soaneus (ot ‘Sojoqw snas waumutanb Funoyretu op soa soap oq ean “seryesTon9} no sou -s1p — steamjno somnpaxd ap orgies. 10.9 eidoo v sejamu09 -sd sep opxauoa aquansar va souopeind woo sop ose va exput opm, “eansuaa ouoa aooxtde ost apodiay £ ‘pat eum soqnuep eam sopeouoo se so some ppuew on ‘ops sp 090 ypasa Wgpas ep ojaureusua 0 e2su EopuInes —eEWHOY epypout y "eUND BaEA WD ebuO e ‘0as9 an goarey sno wd yazan ms sean wayeinbo oss anhuod ‘toy = wa7gj 9s anb sop ome ogu a Seismu ——_"25S0pnUyU 26 oe} ap oBSEINON w apordnqusip ep auowenye wedioued —ppewjout quauyeuouuoy apmowe v nb anb soupnsn sajanbyp see oput ‘sod say sossanoud ap sary soso woo -souueio soursaxduaso anb apmpum ges wad osnaad wring" ssouuy soznfox sounus opuesnea esa -U9, 9p fe0} 0 sapyw 9p uo 2s-eus9 ‘V1 96 9g (apa ep susp opumxtag ‘Uo 95 eS 2y9 BIE "OP esq SOP e>yRATOUO PLNSNpUT ep opSuisossy up amuapysaud ‘uewuayy ep) semnasnurar ogs epure opessaooud 0 Army, S21], 20K WN] ay, [eUAOl oad 498 2p saoueN sy “oRDHO TUN IO, cow asip*,sossaooud sai0304 ap 1019 pvanb anaved ogy anbuod‘oonsyqegoxd ‘ovnaony 0 see 2p e808 won, (1) sop aud op wsuod an (0 vj @ anid “oped sod epersou0d 2 -uansyope eu >} 2 epLAnp 2008 9 S04 -oprumsuoo stem 2 samy sta suaxol ‘nua ops wf anb op saugdodun stow op te 0osip ap soqurouge} 2 saiomnpoxd so e1ue!D ap s0ypa a7 oj@D1e |W jouss}U! eu eDUg]NINAL Ig wa epua!D ‘opunuu ofod supeedso seossad 2p qu ap seuaquan no seuszap quent ~janenoud ‘sogyjtu opg {speojunop waz -ay anh svossad se separ sss -wonpad wap ap aquotumsnf -f]exyauuid e jausayu vp seoist Ap BubW op ose> ON “sogSeHU eUAY 6 oanp po ‘uuod "ened pts BN, ‘op exdojode ap epesnae vias eumnjoo e anb sayy ‘ousige ov ox ossed wn 19 9p04 “seine soap 10d seprayud sagt ‘Puiu ep ureexteganb seoss rao steraipnf sossoooud | ‘seueuos senp -uowe-2y04 voyeougy eunsnput BIUQTO oNs2enNo BBN) ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI Avalie vocé mesmo PARA COMEGAR A CONVERSA... SECAO 10 eleia seu resumo e avalie-o, levando em conta as questdes da ficha de avaliagdo que segue abaixo. Refaga-o a partir dessa avaliagio. Utilize essa ficha toda vez que fizer um resumo, Lito MR (MUL AULT Leto) 1. O texto esta adequado ao objetivo de um resumo académico/escolar? nv .O texto est adequado ao(s) des- tinatario(s)? (ou seja, a seu pro- fessor?) .O texto transmite a imagem que vocé quer passar de si mesmo? (isto é, a imagem de quem leu e compreendeu adequadamente o texto original?) * . Todas as informagdes que 0 au- tor do texto original coloca como sendo as mais relevantes estdo ex- pressas no seu resumo? (principal- mente a questo que esta sendo discutida, a posicao do autor seus argumentos?) a . No inicio do resumo ha uma in- dicagao clara do titulo e do au- tor do texto resumido? resumo [Bail 6. As relagdes entre as ideias do texto original estao claramente explicitadas por conectivos e verbos adequados? 7. Fica claro de quem sao as ideias resumidas, mencionando-se o seu autor de diferentes formas? . © resumo pode ser compreendido em si mesmo por um leitor que nao conhece o texto original? 9. A selecao lexical (vocabuldrio utilizado) esta adequada ao género? ” 10. Nao ha problemas de pontuacao, frases incompletas, erros gramati- cais, ortograficos etc.? Outras questées Acrescente outras questdes a essa ficha com base nas conclusdes parti- culares tiradas das atividades anteriores e das discussdes em aula. PARA CONTINUAR A CONVERSA... Troque o seu resumo com o de um colega. Cada um deve avaliar 0 resumo do outro de acordo com a ficha. GBI) ANNA RACHEL MACHADO | ELIANE LOUSADA | LILIA SANTOS ABREU-TARDELLI

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