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alfabetização
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Alberto S. Santana
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Emanuel Santana
Grasiele Aparecida Lourenço
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Paulo Heraldo Costa do Valle
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica
Aldrei Jesus Galhardo Batista
Ivaneide Dantas da Silva
Rosângela de Oliveira Pinto
Editorial
Adilson Braga Fontes
André Augusto de Andrade Ramos
Cristiane Lisandra Danna
Diogo Ribeiro Garcia
Emanuel Santana
Erick Silva Griep
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
ISBN 978-85-522-0034-5
CDD 372.4
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1 | Fundamentos teóricos e metodológicos do processo de
alfabetização 7
Bons estudos!
Unidade 1
Fundamentos teóricos e
metodológicos do processo
de alfabetização
Convite ao estudo
Nesta unidade de ensino, estudaremos três temas de
fundamental importância para a contextualização e compreensão
da temática em questão: a alfabetização no Brasil numa
perspectiva histórica; a psicogênese da língua escrita – com suas
hipóteses de construção da escrita; e as ideias que os adultos têm
acerca da escrita infantil.
Diálogo aberto
Pesquise mais
Leia o documento do MEC/SASE a seguir, que tem relevantes
informações sobre o Plano Nacional de Educação e explica as 20
metas definidas como primordiais:
Assimile
A escrita foi uma revolução dentro das sociedades, pois possibilitou
uma nova forma de organização. Sua sistematização ocorreu a partir de
Higounet (2003), em três etapas: escritas sintéticas, escritas analíticas e
escritas fonéticas.
As escritas analíticas
representam uma grande
evolução para o sistema
de escrita, criando a escrita
das palavras, um estágio
bem mais complexo, pois o
processo de isolar as palavras Fonte: <https://goo.gl/uagdAQ>. Acesso em: 12 jan. 2017.
Pesquise mais
Acesse o livro de Ruth Rocha e Otávio Roth, que conta de uma maneira
simples e divertida a evolução da escrita na humanidade, enfatizando sua
importância e seu poder de comunicação:
Reflita
Imagine viver em um mundo sem escrita ou em um mundo em que a
oralidade prevalece como forma de comunicação e memória. Como
seriam as escolas? O que ensinariam? De que forma?
Exemplificando
As políticas públicas têm a finalidade de organizar investimentos em
todo o país de forma a equalizar problemas e melhorar a qualidade da
educação. Imagine como seria a atividade educativa sem programas
nacionais norteadores.
Um dos caminhos que ela elegeu como prioritário foi a retomada dos
Assim, buscou uma base teórica que pudesse trazer subsídios para
a criação e para a estimulação dos alunos. Um dos elementos que lhe
chamaram atenção logo de início foi a história da escrita. Pensou ainda
como pôde passar tão desatenta pela temática, que agora apenas por
mera lembrança lhe trazia memórias de conhecimentos significativos
para orientar sua prática pedagógica com os alunos.
Avançando na prática
Alfabetização e criatividade
Descrição da situação-problema
A professora Joana inicia o trabalho com sua turma. Ela percebe que os
alunos, que já frequentaram dois anos de escolarização e estavam no terceiro
ano do primeiro ciclo de aprendizagem, tinham conhecimentos diferenciados
sobre o processo de escrita: alguns não escreviam, outros escreviam com
muitos erros e assim por diante. A fim de conseguir realizar um trabalho de
qualidade, ela pediu à sua orientadora pedagógica para auxiliá-la. Você poderia
exercer esse papel, orientando a professora no início dessa trajetória?
Pesquise mais
Assista à palestra de Emilia Ferreiro, proferida em outubro de 2006,
no 1º Seminário Victor Civita de Educação. Essa palestra auxilia na
compreensão central das ideias da psicogênese:
Assimile
É importante frisar que, para Emilia Ferreiro, a escrita é um processo de
construção coletiva, em que diferentes usuários deixam marcas ao longo da
história. A escrita é um produto social e não um simples código estável, por
exemplo. Um código pode ter um sistema de correspondência letra som, mas
não tem ortografia. Todas as línguas escritas têm ortografia e são um sistema
complexo, nos quais uma mesma letra pode corresponder a mais de um som.
A segunda fase é aquela em que a criança utiliza uma letra para representar
cada sílaba, entretanto, aqui, o valor sonoro da representação ainda não está
presente. A escrita da palavra está associada com a quantidade de partes
para a emissão oral da mesma. Conforme escreve Ferreiro (2010, p. 27):
Vimos aqui que, para aprender a ler e a escrever, a criança passa por
um longo caminho de aprendizado, trilhado a partir do contato com a
linguagem escrita. Não se trata de uma questão de decifrar um código,
mas de reconstruir e compreender a lógica do sistema de escrita. Portanto,
notamos que a avaliação das escritas infantis é uma grande ferramenta para
a compreensão do que o aluno já aprendeu e deverá nortear a intervenção
pedagógica docente. Veremos essa questão mais afundo na próxima seção.
Exemplificando
Os professores, depois que conhecem a psicogênese da língua escrita, poderão
avaliar, de forma significativa, o desempenho e o aprendizado de seus alunos.
Ler e escrever deixa de ser uma questão de discriminação visual, e os famosos
testes de prontidão perdem seu sentido. Observar que o aprendizado da escrita
é um processo de construção social modifica a forma de planejamento do
professor, que poderá trabalhar em cima dos erros de escrita dos alunos como
um processo de aprendizado, propondo atividades relevantes.
O tempo que o aluno leva para aprender é também repensado, não como
uma deficiência, mas como uma fase de construção do aprendizado. Pensar
Pense em uma organização escolar que privilegie o tempo que o aluno precisa
para aprender e reconstruir o processo de interpretação da escrita. Reflita sobre
a importância de olhar a escrita infantil como um processo de construção de
hipóteses. O aluno aprende porque interage com o objeto escrito, escreve
porque comunica algo. É um sujeito que pensa, testa e reconsidera inúmeras
informações para chegar ao resultado de uma escrita alfabética. Aprender a ler
e escrever é um processo magnífico de construção e reconstrução!
Avançando na prática
Escritas infantis
Descrição da situação-problema
Lucas é uma criança que entrou na escola aos 6 anos. Antes disso,
conviveu com sua avó, que lhe contava muitas histórias. Ele tinha acesso a
muitos livros e revistas e brincava muito com esse material. Todos os dias,
sua avó lia muitas histórias. Quando chegou à escola e a professora lhe
deu papel e lápis para desenho livre, o menino escreveu muitas coisas. A
professora, intrigada, perguntou-lhe o que havia escrito em um dos trechos
Resolução da situação-problema
1. “Como diria Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, a escrita é uma forma de representar
aquilo que é funcionalmente significativo, estabelecendo um sistema de regras
próprias. Para se aprender a escrever o indivíduo necessita conhecer o sistema
de regras da escrita e esse conhecimento acontece de forma gradual, e exige do
sujeito uma reflexão a respeito das características gerais da escrita.” (NOGUEIRA;
SILVA, 2014)
Tendo como base os estudos de Emilia Ferreiro sobre a psicogênese da língua
escrita, é correto afirmar que:
a) A criança aprende apenas quando entra na escola, por meio do ensino
sistematizado e formal.
b) A criança aprende de forma gradual e contínua, passando por etapas predefinidas,
de acordo com o contato que tem com a linguagem escrita.
c) A criança aprende antes de entrar na escola, a qual não é fundamental para a
alfabetização.
d) A criança aprende passando por etapas naturais, e é indiferente que ela tenha
contato social com o texto escrito.
e) A criança aprende a ler e escrever por meio do método fônico, depois ela pode
produzir textos espontâneos.
c) II e III, apenas.
Pesquise mais
No texto a seguir, a professora Silvia de Mattos Gasparian Colello,
do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Alfabetização e Letramento
(GEAL) da USP, afirma que construtivismo não é um método, mas,
sim, um conceito. Leia:
Reflita
Você considera fundamental a escolha de um método de
alfabetização? Acredita que todos os alunos aprendem no
mesmo ritmo? Acredita, ainda, que existe diferença no tempo
de aprendizagem de cada pessoa? Essa diferença pode medir as
capacidades individuais? A gradação e o tempo, predefinidos nos
métodos de alfabetização, são suficientes para a aprendizagem de
todos os alunos?
Ilustração A1
(Olga Letícia)
(Olga Letícia)
(vaca)
(vaca)
(elefante)
(elefante)
(Olga Letícia)
(Olga Letícia)
(vaca)
(vaca)
(toro)
(touro)
(mariposa)
(borboleta)
(elefante)
(elefante)
(mosca)
(mosca)
(papá come tacos)
(papai come tacos)
Ilustração A3
OLGA LETÍCIA - III (fevereiro)
(Olga Letícia)
(Olga Letícia)
(mango)
(manga)
(agua)
(água)
(tacos)
(tacos)
(Yo como plátanos)
(Eu como bananas)
Ilustração B1
(la-ma-es-tra-co-ge-su-la-piz)
(a-pro-fes-sora-pe-ga-seu-lá-pis)
É importante frisar que esses casos não são isolados, pois as pesquisas
foram realizadas na Suíça, no México e na Argentina. O tempo que uma
criança leva para aprender a ler e a escrever é ainda mais complexo,
pois nem sempre se restringe ao tempo escolar. O que está em jogo
é a compreensão da natureza do sistema de escrita, que, segundo
Ferreiro (2011), é uma reconstrução interna, e não uma recepção de
conhecimento pré-elaborado.
As escritas espontâneas são um valioso instrumento de avaliação
da construção de hipóteses da escrita pela criança. A valorização dessa
prática possibilita a expressão da criança e valoriza a manifestação de seu
pensamento, bem como os testes de hipóteses.
Exemplificando
As crianças que vivem em um meio social letrado acabam tendo
mais contato com a escrita. A contação de histórias, as escritas
que são realizadas, como listas de compras, e até a utilização de
jogos e aplicativos da internet podem ser considerados elementos
detonadores da construção de hipóteses de escrita pelas crianças.
Avançando na prática
Avaliando na alfabetização
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
FERRARI, M. Emília Ferreiro. Revista Nova Escola, [online], 2011. Disponível em: <http://
educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/emilia-ferreiro-306969.shtml>. Acesso
em: 12 jan. 2017.
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. 26. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
______.; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas,
1999.
NOVA ESCOLA. Emilia Ferreiro: outubro de 2006. 2009. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=ImQa0t_qVm4>. Acesso em: 12 jan. 2017.
A alfabetização na perspectiva
do(s) letramento(s)
Convite ao estudo
Olá, aluno! Seja bem-vindo aos estudos da Unidade 2.
Bons estudos!
Pesquise mais
Para saber mais sobre as considerações de Paulo Freire em relação
à leitura de mundo e às possibilidades de constituição leitora, faça a
leitura do livro a seguir:
Exemplificando
A carta é entendida como um gênero textual, já que possui características
socialmente funcionais e determinada estrutura. São elas:
- Local e data.
- Destinatário.
- Saudação.
- Despedida.
Reflita
Você já pensou em como realizar um trabalho pedagógico com textos
para crianças que ainda não leem ou escrevem convencionalmente?
Quais contribuições docentes são possíveis? Como os gêneros
textuais podem ajudar nessa aprendizagem?
Avançando na prática
Alfabetizar letrando
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-lmoIZnrBurg/Tp4h61eTd_I/AAAAAAAAAGg/A15QTM_CaLY/s1600/Imagem1.png>.
Acesso em: 21 mar. 2017.
Assimile
No contexto original, o escriba é o especialista na reprodução
de textos ou manuscritos. Na educação infantil, o professor, cujas
crianças ainda não possuem uma escrita convencional, pode se tornar
um escriba de suas produções orais. Segundo Teberosky (2003), o
professor escriba desempenha um papel muito importante: “Quando
o professor desempenha o papel de escriba, a criança aprende a
participar como produtora de textos aprende a ditar para que o outro
produza um texto escrito.” (TEBEROSKY, 2003, p. 126)
Pesquise mais
Vamos aprofundar mais nossos conhecimentos sobre o currículo na
educação infantil? Para isso, assista a a seguir:
Reflita
“Repeti a 1ª série do Ensino Médio duas vezes, foi então que decidi me
matricular na EJA, para recuperar o tempo perdido; o trabalho também
foi um fator importante, pois precisava de dinheiro e faltava muito às
aulas”, diz o estudante Caio Cacimiro, 20 anos (LARIEIRA, 2015).
Exemplificando
Os adultos, de forma geral, são resistentes quando recebem a
incumbência de escrever de acordo com os conhecimentos
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
Bons estudos!
Pesquise mais
Assista à entrevista da professora Sônia Penin sobre o currículo
escolar no Brasil. Ela lhe ajudará a compor mais conhecimentos
sobre a abordagem curricular no contexto educativo.
Reflita
Você já pensou sobre os processos de adaptação e construção
cognitiva, afetiva e psicológica pelos quais passa uma criança ao
mudar de etapa, escola e metodologias? A educação infantil dialoga
Exemplificando
Um exemplo de outras maneiras de ler refere-se à utilização do
computador: para dominar essa nova forma de comunicação, é
necessário adquirir outras habilidades, como manusear a máquina,
saber pesquisar na internet, utilizar chats, enviar/receber e-mails,
entre outras.
Quadro 2.1 | Quadro comparativo das propostas curriculares de Minas Gerais e São
Paulo
Currículo básico comum do ensino
Proposta curricular – EF – Ciclo I
fundamental
São Paulo (2008)
Minas Gerais (2014)
Ciclo de alfabetização: 1º, 2º e 3º anos Ciclo de alfabetização: 1º, 2º e 3º anos
Meta: ao final do ciclo da alfabetização, a criança Objetivo: possibilitar que todos os
deve estar dominando o sistema alfabético de alunos se tornem leitores e escritores
representação da escrita para escrever seus competentes.
textos e ler com autonomia e compreensão dos
textos apresentados.
Eixo Competência/habilidade Eixo Expectativa
Pesquise mais
Embora a publicação da proposta curricular de São Paulo tenha
sido realizada em 2008, continua sendo um referencial no estado,
sendo complementada por outros documentos mais atuais, como a
seguinte obra:
Assimile
A Base nacional comum é um documento construído a muitas mãos
e que define quais são os objetivos que as escolas em todo o território
brasileiro devem levar em consideração na hora de elaborar o currículo
dos ensinos infantil, fundamental e médio. São os objetivos mínimos
que os estudantes precisam desenvolver na educação básica, sempre
levando em consideração as peculiaridades e necessidades de cada
região (parte diversificada).
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
______. MEC Ação Educativa. Educação para jovens e adultos: ensino fundamental: proposta
curricular - 1º segmento. Coordenação e texto final de Vera Maria Masagão Ribeiro. São Paulo:
Ação Educativa; Brasília: MEC, 2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/
pdf/eja/propostacurricular/primeirosegmento/propostacurricular.pdf>. Acesso em: 21 mar.
2017.
______. Ministério da Educação. Guia de livros didáticos do PNLD EJA 2011. Brasília: MEC/
SECAD, 2011. Disponível em: <http://pnld.mec.gov.br/download/GuiaPNLD-EJA2011_NET.
pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017.
CURY, J. Diretrizes curriculares nacionais para a educação de jovens e adultos. Brasília: CNE,
2000.
______.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas,
1991.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São Paulo:
Cortez, 1988.
LARIEIRA, L. 30% dos alunos da educação de jovens e adultos têm entre 15 e 19 anos no Brasil.
Disponível em http://www.ebc.com.br/educacao/2015/05/30-dos-alunos-da-educacao-de-
jovens-e-adultos-tem-entre-15-e-19-anos-no-brasil. Acesso em 31/03/2017.
SACRISTAN, J. G. O currículo, uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed, 2000.
______. Proposta curricular do estado de São Paulo. 2008. Disponível em: <http://www.
rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/PropostaCurricularGeral_Internet_md.pdf>.
Acesso em: 21 mar. 2017.
UNIVERSIA. Brasil registra queda na taxa de analfabetismo, aponta IBGE. 2016. Disponível em:
<http://noticias.universia.com.br/emprego/noticia/2016/11/25/1146896/brasil-registra-queda-
taxa-analfabetismoaponta-ibge.html>. Acesso em: 21 mar. 2017
UNIVESP TV. Currículo na educação infantil: definições legais. 2011. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=xgWFOKF-4oQ>. Acesso em: 21 mar. 2017.
_____. Entrevista com a professora Sônia Penin sobre currículo escolar no Brasil. 2011.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rXwTGJupORg>. Acesso em: 21 mar.
2017.
TEBEROSKY, A. Aprender a ler e a escrever: uma proposta construtivista. Porto Alegre: Artmed,
2003.
Unidade 3
96 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
Seção 3.1
Práticas e intervenções didáticas no ciclo da
alfabetização: aprendizagem do sistema e
consolidação da alfabetização
Diálogo aberto
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 97
Não pode faltar
98 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
produzem mudanças em sua identidade (p, q, b, d), embora
uma letra assuma formatos variados (P, p, P, p);
3. A ordem das letras no interior da palavra não pode ser
mudada;
4. Uma letra pode se repetir no interior de uma mesma
palavra e em diferentes palavras, ao mesmo tempo em que
distintas palavras compartilham as mesmas letras;
5. Nem todas as letras podem ocupar certas posições no
interior das palavras e nem todas as letras podem vir juntas
de quaisquer outras;
6. As letras notam ou substituem a pauta sonora das
palavras que pronunciamos e nunca levam em conta as
características físicas ou funcionais dos referentes que
substituem;
7. As letras notam segmentos sonoros menores que as
sílabas orais que pronunciamos;
8. As letras têm valores sonoros fixos, apesar de muitas
terem mais de um valor sonoro e certos sons podem ser
notados com mais de uma letra.
9. Além de letras, na escrita de palavras usam-se, também,
algumas marcas (acentos) que podem modificar a
tonicidade ou o som das letras ou silabas onde aparecem;
10. As sílabas podem variar quanto às combinações entre
consoantes e vogais (CV, CCV, CVV, CVC, V, VC, VCC,
CCVCC...), mas a estrutura predominante no português
é a sílaba CV (consoante-vogal) e todas as sílabas do
português contêm, ao menos, uma vogal.Inserir texto
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 99
escrita – focaliza, basicamente, a conversão da cadeia sonora da fala em
escrita.” (SOARES, 2016, p. 38)
Assimile
A concepção de alfabetização na perspectiva dos letramentos
traz a ideia de que a aprendizagem da escrita alfabética constitui
um processo de compreensão de um sistema de notação e de
representação e não a aquisição de um código.
Pesquise mais
Para saber mais sobre a alfabetização e o sistema de escrita alfabética,
leia o artigo a seguir:
Exemplificando
Observe dois exemplos de escrita pré-silábica (BRASIL, 2012, p. 12):
100 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
• Nível silábico: a criança que está no nível silábico já consegue
entender que a palavra se “divide” em “pedaços” menores, as sílabas.
Muitos professores levam a criança a pensar quantas vezes ela abre
a boca para pronunciar a palavra e, a partir dessa reflexão proposta, a
criança consegue associar o número de vezes que a boca abre com a
quantidade de "pedaços (sílabas)" das palavras. Assim, entende que uma
letra representa uma sílaba. Algumas crianças atribuem letras "aleatórias"
para cada sílaba, sem uma correspondência sonora com a palavra. Essas
crianças estão na hipótese de escrita silábica sem valor sonoro; ao passo
que outras crianças já atribuem um valor sonoro para cada letra que
escrevem, estando na hipótese de escrita silábica com valor sonoro.
Exemplificando
Observe a primeira imagem que mostra um exemplo de escrita silábica
sem valor sonoro e a segunda imagem que mostra um exemplo de
escrita silábica com valor sonoro (BRASIL, 2012, p. 14):
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 101
Quando a criança atribui um valor sonoro para cada “sílaba” que
escreve, essa correspondência sonora pode estar associada à vogal ou à
consoante da palavra. Observe, na segunda imagem anterior, a figura do
dado e a escrita “A O”. Nesse exemplo, a criança atribui um valor sonoro
associado às vogais da palavra. Já no exemplo da figura de peteca, ela
escreve “E T A”, ora associando o valor sonoro à vogal, ora à consoante.
Exemplificando
Observe dois exemplos de escrita silábica alfabética (BRASIL, 2012, p. 15):
102 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
sistema de escrita alfabética, mas ainda podem cometer muitos erros
ortográficos.
Exemplificando
Observe um exemplo de escrita alfabética (BRASIL, 2012, p. 15):
Reflita
Agora que você já estudou que a aprendizagem do sistema de
escrita alfabética não acontece de modo espontâneo, devido às suas
convenções e normatizações, reflita:
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 103
Antes de responder a essa pergunta, vale destacar que as atividades
voltadas para o ensino do sistema de escrita alfabética precisam fazer
parte de um escopo real de leitura e escrita, na perspectiva do que
entendemos como alfabetizar letrando, ou seja, ensinar o sistema de
escrita alfabética proporcionando às crianças experiências de leitura e de
produção de texto que façam parte do seu dia a dia, de sua cultura, de
suas necessidades de comunicação etc. (SOARES, 1998).
Exemplificando
A seguir, apresentamos alguns exemplos sobre atividades de
consciência fonológica que as crianças podem realizar:
104 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
• Identificar que no interior da palavra tucano há outras palavras (tu,
cano).
LUCIANA
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 105
o crachá com o seu nome. Se Luciana não conseguir encontrar seu
crachá, Júlia pode pedir ajuda para outras crianças.
VACA PORCO
COELHO RATO
LEÃO GATO
Todas as imagens foram retiradas do Pixabay. Disponível em: <https://pixabay.com/>. Acesso em: 24 mar. 2017.
1
106 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
Atividade 3: Recital de parlendas e leitura de parlendas
LÁ EM CIMA DO PIANO,
UNI DUNI TÊ
SALAMÊ MINGUÊ
O SORVETE COLORÊ
VACA AMARELA
BABOU NA PANELA
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 107
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
Z O L H CA PI DU MA
A B E S LE BO LI NE
F V T I FA JÁ SU ZI
R M C R GI RE TA MO
108 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
CA PI DU MA
LE BO LI NE
FA JÁ SU ZI
GI RE TA MO
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 109
apontou com o dedo “O” para “mo”, “T” para “tan” (o modo como leu), “E” para
“de” e “A” para “la”. Sua comida preferida é mortadela.
De acordo com o que foi estudado nesta unidade, em qual hipótese de
escrita encontra-se Ana Clara? Assinale a alternativa correta:
a) Na hipótese de escrita silábica sem valor, pois não atribui valor sonoro
às letras.
b) Na hipótese de escrita silábica com valor, pois atribui valor sonoro às
letras.
c) Na hipótese de escrita silábica-alfabética, pois atribui valor sonoro às
letras e nota mais de uma letra por sílaba.
d) Na hipótese de escrita pré-silábica, pois ainda não organiza sua escrita
de modo a considerar sua consciência fonológica.
e) Na hipótese de escrita silábica sem valor, pois ainda não organiza sua
escrita de modo a corresponder os grafemas e os fonemas.
110 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
Seção 3.2
Práticas e intervenções didáticas no ciclo de
alfabetização: leitura
Diálogo aberto
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 111
Temos percebido que, muitas vezes, as crianças que iniciam o
primeiro ano do ensino fundamental já possuem algum conhecimento
sobre leitura, por exemplo: que se lê da esquerda para a direita, de cima
para baixo, que não dá para ler correndo, que é diferente ler e contar
uma história, entre outras coisas.
112 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
entende que todo leitor é um leitor ativo porque ele “processa e atribui
significado àquilo que está escrito”.
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 113
Assimile
A professora e o professor do ciclo de alfabetização são os principais
"modelos de leitores" para as crianças, pois “a importância da leitura feita
por outros reside em que contribui para familiarizar a criança com a
estrutura do texto escrito e com sua linguagem, cujas características de
formalidade e descontextualização as distinguem da oral” (SOLÉ, 1998,
p. 55). Nesse contexto, ler para as crianças é promover o aprendizado
da leitura.
• A capa do livro traz tais figuras. Sobre o que o livro vai falar?
Assimile
É muito importante que o professor do ciclo de alfabetização planeje
diferentes atividades de leitura, com diferentes propósitos, por exemplo:
114 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
ler uma parlenda para localizar uma palavra específica; ler um bilhete para
compreender o que está sendo pedido; ler uma receita de bolo para saber
como fazer o bolo; etc. Nesse cenário, concordamos com Solé (1998, p.
42) quando afirma que “[...] no âmbito do ensino, é bom que meninos e
meninas aprendam a ler com diferentes intenções para alcançar objetivos
diversos. Dessa forma, além de aprenderem a ativar um grande número
de estratégias, aprendem que a leitura pode ser útil para muitas coisas”.
Reflita
Você também já empregou estratégias de leitura diversas, de acordo
com o objetivo de leitura? Vamos refletir sobre as seguintes questões:
• Você lê uma carta para outra pessoa do mesmo modo que lê uma
notícia de jornal para você mesmo(a)?
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 115
Assimile
Suporte textual é o suporte material no qual o texto se encontra.
Muitos suportes textuais já se encontram relacionados com
gêneros textuais específicos, como: folheto, convite, carta,
cartão postal, bula de remédio, etc. Há suportes textuais que se
relacionam com diversos gêneros textuais, como o livro. Há livros
de poesia, de romance, de crônica, de receita e assim por diante.
No caso do jornal impresso, ele é um suporte textual que carrega
diversos gêneros textuais: notícia, classificado de emprego,
anúncio de imóveis, propaganda de produtos, editorial de moda,
seção do leitor, história em quadrinho, tirinha, entre outros.
116 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
suas escritas de forma adequada, de acordo com a função
que necessitam que ela adquira em cada contexto. Não
adianta haver uma escrita objetiva se o leitor não identifica
o propósito do gênero textual a partir de seus índices
estruturais. (PICCOLI; CAMINI, 2012, p. 96)
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 117
Exemplificando
Exemplos de coisas escritas que as crianças podem encontrar no
ambiente da escola:
• Quadros de aviso/informações.
• Mapas.
118 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
• Escrever as palavras circuladas na lousa e fazer a análise
linguística delas: com que letra começa, com que letra termina,
quantas letras têm na palavra, etc.
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 119
Pesquise mais
O Centro de estudos em Educação e Linguagem da Universidade
Federal de Pernambuco (CEEL/UFPE) elaborou uma caixa de jogos de
alfabetização:
Fonte: <http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211-218175739/16340-ensino-fundamental-de-noveanos-
alcanca-todas-as-redes>. Acesso em: 8 jun. 2017.
120 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
Cada criança (ou cada dupla de crianças) recebe uma cartela. A
professora retira uma figura/imagem/foto do envelope e mostra
para as crianças, que precisarão ler a cartela e localizar a palavra
correspondente à figura.
CACHORRO
GATO
PEIXE
PORQUINHO-DA-INDIA
PASSARINHO
GALO
COELHO
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 121
CIRCULE O NOME DAS COISAS:
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
122 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
A professora deve fazer as mediações necessárias.
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 123
b) Certo, pois a criança pode até se apropriar do sistema de escrita alfabética
durante as atividades de leitura.
c) Errado, pois a criança que ainda não domina o sistema de escrita alfabética
pode reconhecer e já conhecer algumas palavras, conseguindo, desse
modo, fazer a leitura dessas palavras.
d) Errado, pois a criança aprende a ler lendo, ou seja, é durante atividades de
leituras reais e concretas, durante o processo de alfabetização, que a criança
aprende a ler.
e) Errado, pois a criança que não conhece o sistema de escrita alfabética não
consegue fazer uso de estratégias de leitura.
124 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
Seção 3.3
Práticas e intervenções didáticas no ciclo de
alfabetização em produção de textos
Diálogo aberto
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 125
A criança produz um texto quando fala, quando conta uma história,
quando explica uma situação que aconteceu com ela, etc. Destaca-se
aqui a importância da oralidade para o desenvolvimento infantil, pois
é – na maioria das vezes – por meio dela que a criança consegue se
comunicar e formular pensamentos e ideias.
126 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
participam de diferentes situações de interação social e aprendem
sobre elas próprias, sobre a natureza e sobre a sociedade.” (LEAL;
ALBUQUERQUE; MORAIS, 2007, p. 70)
Pesquise mais
Para saber mais, leia o documento a seguir:
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 127
que, quando escrevem, as letras representam graficamente o som (os
fonemas) das palavras. Na Seção 4.3 da Unidade 4, você vai conhecer
alguns jogos de alfabetização que contribuem para a reflexão da criança
sobre o sistema de escrita alfabética, que ajudam a desenvolver a
consciência fonológica.
Assimile
Defendemos que é importante o trabalho docente intencional com
a oralidade, pois entendemos que “compreender as relações entre
oralidade e análise linguística implica em refletir sobre as relações
entre fala e escrita, tendo em vista a apropriação do sistema de escrita,
as variantes linguísticas e os diferentes gêneros textuais orais, em suas
características discursivas e formais." (BRASIL, 2012, p. 45).
Por tudo que foi visto até aqui, enfatizamos que o trabalho com a
oralidade é fundamental no processo de alfabetização das crianças e
precisa ser planejado com intencionalidades diversas por parte das
professoras e dos professores.
Reflita
Em sua experiência como aluno ou professor, você se lembra de ter
experimentado/desenvolvido atividades ou situações didáticas nas quais
havia um trabalho intencional sobre a oralidade?
128 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
Exemplificando
Exemplo 1: Atividade Com que letra/sílaba começa
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 129
Não é necessário que a criança esteja próxima de escrever
alfabeticamente para que sejam propostas atividades
de escrita de textos [...]. Construir a ideia de texto com
as crianças significa articular uma gama variada de
conhecimentos linguísticos, o que necessita de muito
investimento pedagógico desde o início da escolarização.
130 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
as autoras. Vamos pensar em um exemplo. Quando a professora e o
professor apresentam o gênero textual carta para as crianças, geralmente
eles leem uma carta, explicam o que é destinatário e remetente, mostram
como se inicia e como se finaliza uma carta, apresentam as saudações
comumente utilizadas nas cartas, etc. A professora e o professor podem
propor para as crianças que elas produzam uma carta oralmente,
enquanto eles serão os escribas. Para tanto, será necessário escolher um
motivo para a produção da carta, um destinatário, como essa carta vai
começar, como ela vai ser desenvolvida e como ela vai terminar. Nessa
conversa sobre os elementos das cartas, as crianças vão conhecendo
os elementos do texto e, a partir do planejamento, da organização e da
revisão do texto, também podem refletir sobre as convenções do sistema
de escrita alfabética. As crianças aprendem a escrever ao produzirem
oralmente textos tendo a professora como escriba porque ela é a pessoa
que apenas grafa o texto, pois quem o produz são as crianças. Leitura,
escrita e reflexão sobre o SEA estão em interação o tempo todo, e o
professor é o principal mediador dessa interação.
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 131
A professora ou o professor podem propor que cada criança escreva o
trecho (ou a letra toda) de uma música que elas gostem muito. Crianças
que ainda não dominam convencionalmente o sistema de escrita
alfabética podem escrever músicas sem sentido. Cabe ao professor
chamar essa criança individualmente e perguntar qual era a música que
ela quis escrever e fazer as mediações necessárias para que a criança
consiga refletir sobre o sistema de escrita alfabética a partir do trecho da
música que escolheu. A professora pode escolher algumas produções
das crianças para apresentar para a turma na lousa, com a finalidade de,
ao revisar o texto escrito, refletir sobre o SEA, sobre a segmentação das
frases, etc.
132 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
com a aprendizagem do sistema de escrita alfabética, da leitura
e da produção de textos orais e escritos. Voltemos agora para a
situação-problema inicial.
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 133
Atividade 4: Etiquetando objetos
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
134 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
claro em sua escrita, revisando o texto e corrigindo-o. Após a revisão e
a correção do manual, cada dupla escolhe uma brincadeira contida no
manual para brincar. Se a brincadeira precisar de mais de duas crianças
para ser realizada, as duplas podem se juntar ou convidar participantes
especiais para suas brincadeiras.
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 135
a) Por meio de atividades nas quais as crianças possam ler os textos escritos
que produziram, dessa forma, elas oralizam um texto com destino escrito.
b) Por meio de atividades que permitam às crianças falarem, serem
ouvidas, darem suas opiniões e serem respeitadas no momento em que se
expressam oralmente.
c) Em momentos de lazer e descanso, o trabalho com a oralidade deve ser
inserido nas aulas, pois nesses momentos a descontração é permitida, e a
criança não precisa estar concentrada.
d) Com a utilização exclusiva de um gravador de áudio para gravar uma
explicação sobre um conteúdo, que deverá ser escutado atentamente
pelas crianças e depois deverá ser reproduzido por elas.
e) Com a utilização da ferramenta eletrônica podcast, as crianças
dificilmente terão acesso à conteúdos de ensino, pois esses arquivos de
áudio contêm apenas rodas de conversas espontâneas.
136 U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas
Referências
BRASIL. Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro
de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso
em: 24 mar. 2017.
______. Pacto Nacional pela alfabetização na idade certa: o trabalho com gêneros
textuais em sala de aula: ano 2, unidade 5. Brasília: MEC/SEB, 2012b.
______. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Lei que aprova o Plano Nacional de
Educação (PNE) e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em: 24 mar. 2017.
BRYANT, P.; BRADLEY, L. Problemas de leitura na criança. Porto Alegre: Artes Médicas,
1987.
______. Com todas as letras. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas,
1986.
JOLLIBERT, J. (Coord.) Formando crianças leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
LOPES, D. Falar e ser ouvido verdadeiramente. Letra A, ano 12, n. 47, Belo Horizonte,
nov./dez. 2016. Disponível em: <http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/files/uploads/JLA/
JLA47_web.pdf> . Acesso em: 24 mar. 2017
U3 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: práticas e intervenções didáticas 137
MORAIS, A. G. de. sistema de escrita alfabética. São Paulo: Melhoramentos, 2012.(Coleção
Como eu ensino).
Bons estudos!
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 141
para chegar até o seu destino. A escolha do meio de transporte
carrega em si uma relação direta com o objetivo e com o tempo do
deslocamento necessários. O mesmo acontece com professores no
momento de planejar e organizar seu trabalho pedagógico no ciclo
de alfabetização, pois eles precisam escolher um “meio de transporte”,
chamados de modalidade organizativa, que tenha relação intrínseca
com o(s) objetivo(s) de aprendizagem das crianças e com o tempo
necessário para se chegar a esse(s) objetivo(s).
Reflita
Você já imaginou que há várias formas de se trabalhar um conteúdo
do ciclo de alfabetização em sala de aula com as crianças? Em
suas experiências como estudante da educação básica e do ensino
superior, você realizou atividades/tarefas/lições de que forma? Elas
aconteciam sempre e do mesmo modo? Você já participou de algum
projeto na escola ou na faculdade? Havia uma sequência de atividades
para se conhecer um conteúdo específico?
a) Atividade permanente
142 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
Assimile
Alfredina Nery (2007, p. 112) explica que atividade permanente é:
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 143
ajudá-las a selecionar informações e a ter uma visão mais
crítica sobre o que circula na Internet.
Pesquise mais
Para saber mais sobre o ProInfo acesse o site:
b) Sequência didática
144 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
Assimile
Alfredina Nery (2007, p. 112) explica que atividade permanente é:
Exemplificando
Sequência didática “Lugar onde nasci”
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 145
as respostas, vai registrando as palavras na lousa.
146 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
Em nossas experiências e de acordo com os autores citados no
parágrafo anterior, temos visto que os projetos realizados nas escolas
estão embasados em uma metodologia centrada em problemas
contextualizados social e culturalmente e na busca por suas resoluções.
Diante disso, entendemos que o trabalho com projeto também
encontra referência no conceito de “zona de desenvolvimento
proximal” de Vygotsky. Esse conceito foi criado pelo estudioso russo
no início do século XX e se refere ao espaço entre o que a criança já
sabe e o que a criança pode vir a saber a partir da mediação – da ajuda
– de outras pessoas (adultos e crianças) que saibam mais do que ela.
Exemplificando
Projeto “XÔ DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA”
Objetivos:
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 147
• Investigar como as doenças Dengue, Zika e Chikungunya são
transmitidas para as pessoas.
148 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
Destacamos que há várias possibilidades para se planejar, organizar
e desenvolver um projeto e que o exemplo anterior é apenas uma
dessas possibilidades. Enfatizamos também que o exemplo foi proposto
pela professora Inês, que também precisa estimular as crianças a
fazerem questionamentos e perguntas sobre situações do cotidiano.
Desse modo, a ideia para um trabalho com projetos se origina do
protagonismo da própria criança.
Objetivos:
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 149
• Estimular o gosto pela leitura.
Procedimentos metodológicos:
150 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
assim por diante.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 151
as atividades propostas. Entre essas crianças, uma encontra-se na
hipótese de escrita silábica sem valor e três na hipótese silábica com
valor. Que atividade permanente de leitura Júlia pode propor para
essas crianças avançarem em seu processo de alfabetização?
Resolução da situação-problema
MESES DO ANO
A L A D E Z E M B R O J
G U B L E M A I O B A U
O A R J A N E I R O L N
S B I A E O P T U P E H
T O L F E V E R E I R O
O D O U T U B R O N S A
M A R Ç O E P J U L H O
A S E T E M B R O A N A
N O V E M B R O P A T O
152 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
II. Leitura sobre os sintomas da dengue.
III. Leitura semanal realizada pelas crianças.
IV. Leitura sobre as formas de prevenção da dengue.
De acordo com o que foi estudado, assinale a alternativa que apresenta quais
atividades são permanentes:
a) I e II, apenas. d) II e III, apenas.
b) I e III, apenas. e) II e IV, apenas.
c) I e IV, apenas.
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 153
crianças de trava-línguas e parlendas; cada criança escolhe um trava-
língua ou uma parlenda e decora; realização de um concurso de trava-
línguas e parlendas onde cada criança é encorajada a se apresentar para
a turma.
154 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
Seção 4.2
Outros aspectos da rotina do professor
alfabetizador
Diálogo aberto
Bons estudos!
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 155
Os professores alfabetizadores, ao desenvolverem uma atitude
investigativa sobre as aprendizagens ou dificuldades de aprendizagens
das crianças, precisam realizar uma avaliação diagnóstica dos
conhecimentos que elas já têm sobre o sistema de escrita alfabética.
Como realizar essa avaliação diagnóstica?
Exemplificando
Atividade: Ditado mudo ou autoditado.
MORTADELA PÃO
PIZZA
156 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
Após ditar as palavras, é relevante reproduzir uma frase simples
contendo uma das palavras já escritas pelas crianças, pois esse tipo
de atividade permite que o professor observe se a criança apresenta
um padrão de escrita. Logo após a escrita de cada palavra, a criança
deve lê-la (apontando com o dedo) e o professor realiza a marcação
de leitura, para compreender em qual hipótese de escrita a criança se
encontra, por exemplo:
Criança 1: Criança 2:
E-I-O-A MO-TÃ-D-LA
O-E-U TO-MA-T
E-I PI-TA
à PÃU
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 157
Assimile
158 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
zona de desenvolvimento proximal, de Vygotsky (1984), que pode ser
entendido como o espaço entre o que a pessoa já sabe e o que a
pessoa pode vir a saber por meio da mediação de alguém que saiba
mais do que ela. Nesse contexto, entendemos que ensinar é criar
zonas de desenvolvimento proximal e mediar o caminhar das crianças
nessa zona, pois “o aprendizado adequadamente organizado resulta
em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos
de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de
acontecer.” (VYGOTSKY, 1984, p. 101)
Pesquise mais
Para saber mais sobre zona de desenvolvimento proximal, acesse:
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 159
escrita alfabética. O principal critério a se considerar no momento de
organizar as crianças em grupos é que o grupo deve ser formado com
crianças com níveis diferentes e próximos de conhecimento sobre a
escrita (ou sobre outro assunto/tema). “É preciso, portanto, planejar
os agrupamentos, de modo a evitar a resolução da atividade por um
único aluno, o que é muito comum quando se colocam crianças com
níveis de conhecimento muito distintos, para realizarem uma mesma
atividade juntos.” (SILVA, 2012, p. 13)
Reflita
Você se lembra de como ocorreu seu processo de alfabetização?
Lembra-se dos professores e das atividades propostas? Havia
atividades propostas em grupo? Que atividades eram essas?
160 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
Assimile
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 161
variadas hipóteses, maneiras de pensar sobre os fatos
cotidianos.
Pesquise mais
Para saber mais sobre lição de casa, faça a leitura da dissertação a
seguir:
PAULA, Flávia Anastacio de. Lições, deveres, tarefas, para casa: velhas
e novas prescrições para professoras. Dissertação de Mestrado.
Campinas: Faculdade de Educação da Universidade Estadual de
Campinas, 2000.
162 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
A partir dessa reflexão sobre o papel da lição de casa, defendemos
que uma boa proposição tem de ter:
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 163
Sem medo de errar
CA VA LO
CO E LHO
164 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
A mediação de Júlia tanto para a Dupla A, quanto para a Dupla B
pode contar com os seguintes encaminhamentos: perguntar para
cada dupla qual é o animal de cada figura. Em seguida, perguntar com
qual letra começa o nome da figura “PATINETE”. As crianças poderão
responder “P” ou “A”. A partir daí a professora orienta as crianças a
refletirem sobre a sílaba, pois há mais de uma letra na sílaba. A reflexão
aqui acontece em cada sílaba.
A D A T U O E O A H
L A E N A O T D A C
S T R A A C N C O I
N O M C O P R R E L
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 165
depois”, até a palavra estar formada. Como variante dessa atividade, a
professora pode orientar as crianças a separar a palavra em sílabas.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
1. Desenhar a brincadeira.
166 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
música) que gostem para escrevê-la no caderno ou em uma folha.
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 167
2. A coordenadora pedagógica Cristina orientou a professora Ananda a
organizar as crianças de sua turma do segundo ano, que ainda se encontram
nas hipóteses de escrita silábica sem valor (duas crianças) e silábica com valor
(quatro crianças), em dois trios.
Escolha a alternativa que apresenta a justificativa que Cristina utilizou para
orientar a professora Ananda, de acordo com o que foi estudado sobre
alfabetização na perspectiva dos letramentos:
a) A organização em trios permite que uma criança com maior
conhecimento realize a mediação necessária entre as duas outras crianças,
para que elas possam refletir sobre o sistema de escrita alfabética e, desse
modo, a professora não precisa realizar a mediação.
b) Um agrupamento de crianças em trio contribui para a realização coletiva
de atividades de reflexão sobre a língua escrita porque dificilmente uma
criança vai fazer a tarefa sozinha e deixar as outras duas crianças sem fazê-
la.
c) Apesar de ser muito difícil organizar as crianças em trios, pois duas estão
na hipótese de escrita silábica sem valor e quatro na hipótese silábica com
valor, a coordenadora sugeriu que em cada trio deve ficar uma criança
que está na hipótese silábica sem valor junto com as crianças na hipótese
com valor.
d) Cristina explicou para Ananda que a escola vem perdendo alunos, que
estão buscando aulas alternativas e que não se baseiam nas atividades das
cartilhas, por isso a professora precisa inovar suas práticas alfabetizadoras,
incluindo os agrupamentos em trios.
e) A organização de crianças – com níveis diferentes, porém próximos de
conhecimento – em agrupamentos, nesse caso em dois trios, favorece a
aprendizagem das mesmas, pois a interação entre elas contribui para uma
reflexão coletiva sobre a língua escrita.
168 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
a) A cruzadinha direta é utilizada porque Ananda possui um banco de
cruzadinhas sobre palavras do repertório das crianças, o que facilita seu
trabalho no momento de solicitar uma lição de casa para as crianças.
b) A cruzadinha direta permite exclusivamente às crianças mais adiantadas
no processo de alfabetização a consolidação do conhecimento sobre o
sistema de escrita alfabética e Matheus é um aluno que está adiantado, por
isso ele recebe essa lição de casa.
c) A cruzadinha direta é uma atividade permanente, que acontece uma vez
por semana e que tem como objetivo permitir que a criança reflita sozinha
sobre o sistema de escrita alfabética no momento de escrever as letras que
formam a palavra indicada pela figura.
d) A cruzadinha direta permite que a criança se divirta enquanto a realiza
a lição de casa, pois é necessário considerar a infância e inserir atividades
lúdicas nas tarefas.
e) A cruzadinha direta só é oferecida para as crianças que apresentam
alguma dificuldade de aprendizagem em entender o sistema de escrita
alfabética e Matheus é uma criança que tem apresentado algumas
dificuldades, por isso a cruzadinha pode ajudá-lo a aprender a ler e a
escrever.
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 169
Seção 4.3
Recursos didáticos na alfabetização
Diálogo aberto
Bons estudos!
170 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
a) Jogos de alfabetização: contribuições para a aprendizagem do
sistema de escrita alfabética
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 171
Os dez jogos contidos na Caixa Amarela têm regras e objetivos
distintos, conforme mostra o quadro a seguir:
Exemplificando
O quadro a seguir lista os dez jogos propostos na Caixa Amarela
(BRANDÃO et al., 2008, p. 19-20):
172 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
- Compreender que em cada sílaba
há ao menos uma vogal.
- Compreender que a ordem em
que os fonemas são pronunciados
corresponde à ordem em que as
letras são registradas no papel,
obedecendo, geralmente, ao
sentido esquerda-direita.
- Comparar palavras quanto às
semelhanças gráficas e sonoras,
às letras utilizadas e à ordem de
aparição delas.
Jogos para - Consolidar as correspondências Quem escreve sou eu
consolidação das grafofônicas, conhecendo todas
correspondências as letras e suas correspondências
grafofônicas sonoras.
- Ler e escrever palavras com
fluência, mobilizando, com rapidez,
o repertório de correspondências
grafofônicas já construído.
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 173
de escrita silábica sem valor sonoro, pode acontecer da criança que
se encontra na hipótese de escrita silábica-alfabética ganhar todas as
partidas e desmotivar a outra que se encontra na hipótese de escrita
silábica sem valor sonoro.
Pesquise mais
Para conhecer os jogos da Caixa de Jogos de Alfabetização que
proporcionam a reflexão fonológica, acesse o link:
SILVA, Mariane Ellen da. O uso dos jogos para a reflexão fonológica
no processo de alfabetização. 2013. Disponível em: <http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=49126>.
Acesso em: 2 maio 2017.
Pesquise mais
Para saber mais sobre o Projeto Trilhas e acessar todo o material, acesse
o link:
174 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
Figura 4.2 | Projeto Trilhas
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 175
Compreendendo a importância dos livros didáticos
na organização da prática pedagógica do professor e
da professora, e reconhecendo que muitos deles se
distanciavam das propostas curriculares e dos projetos
elaborados pelas Secretarias de Educação, além de serem
desatualizados e apresentarem erros inaceitáveis, o MEC
passou a desenvolver, desde 1995, o Programa Nacional
do Livro Didático (PNLD). (MORAIS, 2007, p. 8)
Pesquise mais
Para saber mais sobre o PNLD, leia:
176 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
O guia oferece uma análise de vários livros de diversas editoras.
Há obras recomendadas, recomendadas com ressalvas e não
recomendadas. Essa avaliação é realizada por especialistas que se
pautam pelos seguintes princípios gerais:
Reflita
Nosso tema de estudo agora é o livro didático do 1º ao 3º ano. Nesse
contexto, você se lembra dos livros didáticos do seu processo de
alfabetização? Você utilizou a famosa cartilha?
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 177
Em nossa experiência com a alfabetização e de acordo com diversos
estudos, o livro didático é o principal recurso didático utilizado pelos
professores alfabetizadores e ele está presente em praticamente todas
as salas de aula do 1º ao 3º ano (FARIA, 1984; FREITAG; MOTTA; COSTA,
1987; MORAIS, 2007; SANTOS; ALBUQUERQUE; MENDONÇA, 2007).
O Guia PNLD 2016 nos ajuda a refletir sobre quais aspectos devem
estar presentes nos livros didáticos do 1º ao 3º ano, relativos à leitura e
produção de textos escritos e orais e aos conhecimentos linguísticos.
O conjunto de textos presentes no livro didático precisa promover o
acesso das crianças ao universo da escrita, por isso é importante que os
professores, no momento de análise dos livros didáticos, considerem
em relação à leitura que os livros didáticos:
178 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
Os livros didáticos precisam proporcionar, no que diz respeito à
produção de textos escritos, que as crianças possam:
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 179
• justificar-se pela contribuição que possam dar à leitura, à
produção de textos e à linguagem oral;
• estar relacionados a situações de uso e, portanto, ao
processo de desenvolvimento das capacidades exigidas na
leitura compreensiva, na produção de textos e no exercício
da oralidade;
• considerar e respeitar as variedades regionais e sociais
da língua, promovendo o estudo das normas urbanas de
prestígio nesse contexto sociolinguístico;
• subsidiar as demais atividades com um aparato
conceitual capaz de abordar adequadamente a estrutura,
o funcionamento e os mecanismos característicos dos
diferentes gêneros de textos;
• abordar os conhecimentos relativos às convenções da
escrita, como a pontuação e a paragrafação, articulando-
os com a produção de textos;
• contemplar o ensino-aprendizagem das regularidades
ortográficas e também das principais irregularidades;
• estimular a reflexão e propiciar a construção dos
conceitos abordados;
• recorrer a informações e conceitos isentos de erros e/
ou formulações que induzam a erros. (BRASIL, 2015, p. 18)
Pesquise mais
Para saber mais sobre livro didático na alfabetização, leia a dissertação
de mestrado a seguir:
180 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
recursos digitais na alfabetização.
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 181
Figura 4.3 | Recursos digitais para educação
182 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
4. Os textos precisam ser de diversos gêneros textuais.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 183
• Identificar a sílaba como unidade fonológica.
184 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
b) Os jogos de alfabetização são recursos didáticos que contribuem para
a alfabetização porque permitem às crianças memorizarem os códigos da
língua escrita em sua relação com os sons da fala.
c) Os jogos de alfabetização são recursos didáticos que contribuem para a
alfabetização das crianças porque permitem que elas, durante a atividade
lúdica, reflitam sobre as propriedades do sistema de escrita alfabética.
d) Os jogos de alfabetização são recursos didáticos que contribuem para a
alfabetização das crianças porque permitem que elas, durante a atividade
lúdica, decodifiquem os códigos do sistema de escrita alfabética.
e) Os jogos de alfabetização são recursos didáticos que devem ser utilizados
esporadicamente, pois o principal recurso didático a ser utilizado pelos
professores alfabetizadores é o livro didático.
U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos 185
3. Avalie as seguintes considerações sobre os recursos digitais para a
alfabetização:
I. Os recursos digitais na alfabetização são apoios importantes para o processo
de aquisição do sistema de escrita alfabética, por meio de jogos e atividades
disponíveis em sites, aplicativos, CD-ROM etc.
II. Os recursos digitais, por motivarem as crianças sem a necessidade de uma
mediação por parte dos professores, devem ser considerados os recursos
principais no processo de alfabetização, pois promovem a autonomia das
crianças.
III. O processo de letramento digital, por meio da utilização de ferramentas de
edição de texto, promove a aquisição do sistema de escrita alfabética porque
proporciona a reflexão sobre a língua escrita.
IV. As lousas digitais devem substituir todas as lousas comuns, pois elas
promovem maior interesse das crianças em aprender a ler e a escrever,
independentemente da atuação do professor alfabetizador.
Assinale a alternativa que apresenta as considerações corretas quanto à
contribuição dos recursos digitais para a alfabetização:
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) I e IV, apenas.
d) II e III, apenas.
e) II e IV, apenas.
186 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
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190 U4 - Ciclo da alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: modalidades organizativas e outros procedimentos didáticos
Anotações
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