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& Capitulo 19 Por uma inclusio escolar Ppossivel: 0 que o Acompanhamento Terapéutico tem a ver com isso? Equipe Ponte: Carla Soares Perego Moreira Julia Fatio Vasconcelos Manuela Borghi Crissiuma Marcela Morgado Cury Mariana Facanali Angelini e Julieta Jerusalinsky As aquisicdes que fazem parte da infancia nao se produzem de um modo linear, nem natural. O lugar em que a crianga € esperada, os mitos culturais, costumes sociais e as configuragdes familiares sio fundamentais para essa constitui¢ao, tanto quanto as condigdes organicas de base. Freud, com a psicanalise, trouxe um novo estatuto pare a infancia ao considerar que é neste momento da vida no qua se inscrevem as experiéncias primordiais de prazer e de aia formando um corpo pulsional e, junto com este, peas no. A partir disso, a psicanalise traz a clinica interdiscip! nar Paradigma que permite considerar a infancia como caeaaae €m que a estrutura psiquica de cada sujeito esta em COI 5 267 i 7 NM Travessias e travessuras no Acompanhamento Terapéutico 7 J ; . ; 98 as portanto, a incidéncia de sofrimento pode introduzir obsticuly 0 esse processo, Nesse sentido, € preciso tomar a crianga como ur 550" a seit em consitigto para além da avaliagto de seus tense per dc e déficits de desenvolvimento. * dito” 50s a suios dice eel ni Ao escutar seus pacientes, em cujos discursos Sempre manic retomava o infantil, Freud pode formular uma teoria que dey uma No! guinada importante na compreensiio sobre 0 que &a infancia, 9 imeit “pequeno adulto” da Idade Média, assim como a crianga ingég as Pris in ¢ obediente da Era Vitoriana deram lugar, a partir da psicanaie. on sal a uma crianga com suas fantasias e prazeres, saberes e angiistias, Cae 1 que nao nasce adulto, mas se constitui como sujeito. , ee s Para além do que é vivido individualmente Por cada een crianga, a infancia ocupa socialmente, cada vez mais um lugar yudesse Se privilegiado na vida cotidiana. E um momento de Cuidado, tanto i da familia quanto do Estado. Por isso, além do espaco familiar, Ape Ihe € reservado também um lugar social: a escola. A escola é ¢ educagdo que marca a passagem da crianga do espaco doméstico familiar como poli €, portanto, privado, para o espaco ptiblico. A escola é espago de estrutura¢' transmissao formal da cultura, de suas regras, valores, saberes ¢ de Diretriz crengas. E também lugar de encontro com um Outro encamado, pela prime que se estende da figura dos pais a do professor, e dos outros Por lei, as ¢ semelhantes (pares da mesma idade), com a possibilidade de As escola: enlace na construgao de amizades.“Assim, tem-se, hoje, uma ue oferec Tepresentagdo da infancia que, necessariamente, passa pela crianga de cada uy “escolar” (LEGNANI; ALMEIDA, 2006, p. 2). Para o m No entanto, a escola nem sempre foi esse lugar de circulay30 oe de © pertencimento para todas as criancas, Ela é marcada inicialment® ae Consi em sua histéria pela exclusio de mulheres, negros e deficientes. A sou Oui “escola para todos” é uma conquista recente, do século XX. ait ciedade em vias de construgo, 7 : aungas ave FOUCKUD Com o fim da Idade Média (século XVI), as a od 1937, “presentavam problemas, que até entdio eram cuidaduas pels ane MANTo, i familias e participavam do espago coletivo, passaram a sae on Dis, Como individuos que nao poderiam contribuir para a vida prot 4 2k gig Ao mesmo tempo em que surge a escola como institui¢a0 P BRASIL, 268 lo, ‘0S ma nga Por uma incluso escolar possivel formagio das criangas, surgem os manicé) problemas mentais'. Dentro dessa logic: passou a separar adultos ¢ criangas, “normais” e “anormais”, ditos deficientes passaram a ser Segre; reclusos em instituigdes apartadas do manicémios e orfanatos. mios para os que tinham ‘a institucionalizante que 3 OS gados do convivio social ¢ seu mundo ao redor, como No Brasil, somente na metade do século XIX? as primeiras escolas especiais guiadas pelo principio de que, em tais instituigdes, as criangas pudessem realizar reeducagoes compensatorias de seus déficits especificos. Nesse sentido, esses primeiros modelos de escolas especiais mantinham uma logica de educa-las separadamente das demais. Eram as chamadas “criangas excepcionais” que deveriam se adaptar ao meio sem que o meio pudesse se repensar e se preparar melhor para inclui-las. surgiram Apenas a partir da metade do século XX, em 19577, a educa¢do especial passou a ser assumida pelo poder publico como politica de sua competéncia, através de campanhas e da estrutura¢4o de novos projetos. E mais tarde, em 1996, coma Lei de Diretrizes e Bases da Educacao Nacional*, que se estabeleceu pela primeira vez 0 direito de todos a educagio. A partir de entao, por lei, as escolas devem se encarregar de receber todas as criangas. As escolas devem ser um espaco aberto, pluralista e democratico, que oferega um ensino de qualidade para desenvolver as poténcias de cada um e preparar a crianga para o exercicio de sua cidadania © para o mundo. Ou seja, a igualdade passa, a partir de entao, pela nogao de incluir as diferengas e nao de segregé-las ou erradica- las, considerando-se que essa convivéncia das diferencas pode contribuir para a formagdo de todas as criangas ¢ uma futura Sociedade melhor: 5: Vozes, UCAULT, Michael. Vigiar e Punirs nascimento da pristo. 29.¢d. Petropolis: 1987, 1 sly da exclusdo a inclusdo MANTOAN, Maria Teresa Eglér A edueagdo especial no Brasil: da exclsto 220) ‘scolar. Disponivel em: < http://www.lite.fe.unicamp.br/cursos/nvtal 3. fm: 18 abr, 2016, Id, ibid, “BRASIL. Lei n® 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 269 | “Travesias€ travessuras no Acompanhamento Terapeitico Implica numa mudanga de posicionamento social, pois é a sociedade quem deve fornecer os servigos que o deficiente necessita para ter acesso aos bens culturais, Sociais, ou teja, as escolas devem modificar-se para que os deficientes possam acessar seu curiculo, 0s lagradouros piblicos devem sofrer reformas para que qualquer pessoa possa ter acesso a vias e bens piblicos (rampas, elevadores, guias rebaixadas, panheiros adequados, portas largas, pisos com sinalizagao para deficientes visuais, orelhdes para surdos, dnibus adaptados, enfim uma série de alteragdes que vemos em vias piblicas), além das modificagdes necessarias nas concep¢6es humanas, com 0 intuito de acabarem as atitudes preconceituosas, (ROMERO; SOUZA, 2008, p.3095). A incluso de criangas e adolescentes com deficiéncias ou impasses no desenvolvimento tem, entao, uma historia recente no Brasil. Faz apenas 20 anos que receberam formalmente 0 direito a matricula em instituigdes de ensino regular e, também, de circular e serem reconhecidos socialmente como pequenos cidadaos — apesar de que, informalmente, haja havido experiéncias precursoras nesse sentido, tais como as relatadas neste mesmo livro e que foram decisivas para essa transformacao legal. O significante escola Passa aqui a exercer uma fungdo importante, porque “escola é coisa de crianga [...] uma instituigao [...] da sociedade por onde circula, em certa proporgdo, a normalidade social. [,,,] [e assim] um signo de reconhecimento de serem capazes de circular numa certa Proporcdo, pela norma social” (JERUSALINSKY, 2010, p.150). Neste ponto, a lei se faz fundamental, pois possibilita novas transformagées e questionamentos ao garantir o lugar de todos na escola. Recentemente, em decorréneia do longo process? historico de luta pelo re deficigneias conhecimento dos direitos das pessoas com 28 e/ou transtornos mentais, foi instituida a Lei Brasilei@ de Inclusao da Pessoa com Deficigncia’, “destinada a assegurat © Fi ie ae ém condi¢des de igualdade, o exercicio dos direitos ° um espago CO! ~ Como transformar a escola em \aridade € diferenga? de fato, inclua cada crianga em sua singt de 2014 € 2016, = os anos ‘Reportagens de diferentes revistas ¢ jomais, publicadas ent"© “ontempladas como referéncias ao final deste artigo- om Travessias e travessuras no Acompanhamento Terapéutico Essa abertura a reflexdio nos: da também a portunidadg de trazer 4 tona muitos outros questionamentos e, mais ainda, de convocarmos 0 leitor a pensar, junto conosco, a que serve a inclusag escolar: existem diferengas entre a demanda de Acompanhamentg Terapsutico (A.T.)’ formulada pela instituigao escolar ea demanda de A.T. como dispositivo de tratamento que pode Possibilitar ao paciente a construgao do lago e de processos subjetivos dentry da escola? Quais sao as implicagdes quando 0 A.T. serve como condig%o para crianga estar na escola, quando este est4 a Servigo de um trabalho adaptativo ou quando se coloca como um trabalho de escuta e mediagao que contribui para a constitui¢ao do sujeito? E, por fim, por que consideramos que algumas criangas poderiam se beneficiar com 0 trabalho de um acompanhamento terapéutico dentro de uma instituigo escolar? Para além dos diagndsticos, sindromes, deficiéncias fisicas ou mentais, € fundamental que as instituigdes que recebam os alunos ditos de inclusio possam se perguntar sobre cada sujeito em questiio: 0 que a crianga sabe e 0 que nao sabe, o que gosta, como se relaciona com a aprendizagem, com os colegas, com os professores, com as leis, com o seu proprio corpo, com a linguagem, com a brincadeira (como ela brinca, se ela brinca). Recolhendo e refletindo sobre essas observagées, a escola pode chegar ao entendimento de que, em alguns casos, ha algo em jogo que nao se articula no saber pedagdgico sobre o desenvolvimento de habilidades. Diante disso, & necessdrio que a escola se pergunte 0 44 cla pode fazer para o processo de incluso daquela crianca: 44! "Exit Jiferentes nomenclaturas para esse dispositivo, que comumente sio ust cade a ncnimes. Porém, hi uma diferenga importante na origem ¢ no significado 2 ee uma carga (tutor, acompanhamento pedagégico, mediador, acompanhan 8? feted fungao do profissional com a crianga e a escola. A Lea cares es ferapéutico, que teve sua origem na Luta Antimaniomi de saber (0 Um lugar cone eraPéutico, um efeito do trabalho e no uma especificidase TT oy i050, adulto ow oan Ou Sit sustenta-se que a relagdo é com 0 sujet PC go aaa oe crianga, ‘bem como portar alguma sindrome e/ou deficit a 6 local ~ levando et? 6M © que & produzido nessa relagd0 WANT ogo fando em consideragdo todas as suas especificidades - configure ns um setting. Por isso, 0 : Caps: na casa, escola ca Seo™Pathanteterapéutico pode estar no hospital. n° an e, ao me consider em falsc Pelas qu ficticias, cunho p. Stave ar Por uma inelusdo escolar possivel seu papel, quais as estratégias, que proj ; que contemple as especificid: Projeto cla pode construir lades da crianga. Em alguns casos, a escola Consegue exer com a crianga que conta com a parceria da fai tratamento. Mas ha casos em que isso nao é inclusio ocorra — ao invés de ercer um trabalho milia e da equipe de suficiente para quea ela ser vivida com ibilic ) d 0 possibilidade, pode se tornar um imperativo tanto para a escola, como para a familia e, principalmente, para a crianga. Nesses momentos, experiéncia escolar deixa de ser constituinte para o sujeito e passa a ser vivida como ameaga a sua constituicdo psiquica e as aquisigdes proprias da aprendizagem e da sociabilizagao. Testemunhamos diversas situagGes de criangas matriculadas em regime de inclusao por exigéncia familiar e anuéncia da escola, mas pertencendo a classes nas quais nao tém condi¢ao alguma de acompanhar os contetidos do ponto de vista da aprendizagem e, a0 mesmo tempo, do ponto de vista da sociabilizacao, nao sao consideradas como semelhantes para seus colegas. Esta situacao em falso, via de regra, desencadeia graves atuagdes das criangas pelas quais se denuncia a exclusdo que subjaz as suas inclusdes ficticias, algumas vezes culminando em formagoes delirantes de cunho persecutério ou de fantasias de desaparecimento com uma grave angistia e custo psiquico. Na medida em que sabemos da importancia inquestionavel do Outro social, representado pela escola, pela figura do professor € pelos colegas, para a constitui¢ao psiquica e para as een que fazem parte do desenvolvimento (aprendizagem, hal ios, Psicomotricidade e linguagem), € preciso que possamos interrog: nr Por quais outros caminhos a inclusio dessa crianga pode se torn: Mais possivel? Odispositivo doA.T., pautado em referenciais psicanaliticos, ‘rabalha a partir do caso a caso, escutando 0 suleto ‘ineuagem, de produzir 0 laco social (entre ele ¢ © au os raise de le e os outros, etc.) e auxiliar a crianga a sustent no social. Pertencimento, desde o qual Ihe faga ae travessuras no Acompanhamento Terapéutico e travessuras Por isso, 0 A.T. na escola pode ser importante em alguns casos, pois, sendo a instituigao escolar 0 lugar social da crianga, muitas vezes, sera na escola que aparecerao sofrimentns significativos dos alunos que t¢m leis) dificuldades de fazer Jago e de se apropriar daquele espago. Nesse sentido, por estar lado a lado com a crianga, 0 A T derd intervir em ato e in loco na questao apresentada, fazendo a ponte entre o aluno e seus colegas, entre ° aluno € a aprendizagem, Sendo assim, 0 A.T. podera propiciar as condi¢des para mudangas na posigdo daquela crianga diante do mundo e, no caso especifico, perante a escola, de modo a nao ser apenas um lugar para ire,sim, um lugar que permita que ela se aproprie da sua posigao de aluno, Consideramos, ent&o, que nao se trata de situar o trabalho do A.T. como uma normativa institucional, mas como um recurso terapéutico a ser pensado e repensado, considerando caso a caso € momento a momento, ja que uma crianga, quando as coisas correm bem, muda, e é para isso que intervimos: para cada vez sermos menos necessdrios na medida em que o lago da crianga com os outros se produz. Situar que o A.T. & um recurso possivel nao equivale a afirmar que ele sempre seja necessario em casos de inclusio. Situd-lo como uma condigio a priori implica langar toda 2 tesponsabilidade para 0 acompanhante terapéutico, levando 4 escola a eximir-se de considerar 0 projeto singular para a criang2 construido € sustentado em rede na institui¢do, avaliando as condigdes de aprendizagem e sociabilizago de cada crians’ assim como as proprias condig6es de transformagdes institucionss necessdrias ao caminho da incluso. As criangas de incluso — por suas dificuldades = ™t Vezes podem passar a personificar e representar para funcio lado da escola e equipe pedagégica, colegas e familiares, " T estranho, assustador ou exdgeno. E ai que a mediagd0 reo toma-se decisiva para que seja possivel desmontar ie im defensivas que surgem como efeito da angistia no enor 0 i isolame as diferengas e que podem acabar resultando em um is 274 os profe como tr descons' versus criangas uma rea’ A de forma em seus essa con no deser Padecere alie seb €scolar p ele Prépr em mani Por uma incluso olar possivel el crianga de incluso c: da ¢ : nao se conte com qual se torne possivel atravessar, no espa cada um tem no encontro com suas Propri Nessa diregao, pretende-se que a funca proviso a ao caminhar em Conjunto com es é ATT. possa ser ae 7 escola i no compromisso de oferecer um lugar possivel pa & Sociedade eadolescentes estarem no lago social e no Coletivo. on Sendo assim, é importante pensarmos em como a escol: os professores € a sociedade em geral lidam com a diferen ee como transformar as leituras atuais sobre essa tematica de a a desconstruir alguns paradigmas (normal versus anormal, eficiéncia versus deficiéncia, melhor versus pior) que em nada ajudam as criangas a pertencerem de fato ao laco social, em prol, assim, de uma real inclusao. uma mediagtio ; : pela '0 Coletivo, o temor que 12s faltas ¢ imperfeicges Aescola nao é apenas lugar de aprendizagem, mas também de formagao do sujeito; se hd o desejo social de incluir a diferenga em seus espagos coletivos, a escola é um espa¢o decisivo para essa construgdo. As criangas, com suas dificuldades e impasses no desenvolvimento, nao devem ser inseridas na escola para padecerem sobre si esse embate social, mas porque podem estar alie se beneficiar, ao passo que os outros colegas a comunidade escolar podem inscrever novas marcas de quem €0 outro e quem ele proprio é, que as dificuldades e diferengas circulam por ae em manifestagdes e intensidades singulares. Segundo Alfredo Jerusalinsky (2010, p.150): utico, porque, do lado do fe seu horror & psicose, OU ima, as vezes maior, snidade escolar oU 30 numero de Isso acaba tendo um efeito terapé discurso social, cura esse discurso de set cura, numa certa proporgao, as vezes ™! as vezes num efeito circunscrito 4 comu aa bairro onde a escola esté, cura, diziamos: °° Preconceitos. ; ormente, acreditamos . nea jdo anteriormente, &'"" Assim, conforme ja introduzido por si mesma, pois, diante . 3 a x 2 iss . ivenciada Que a lei da inclusiio nao garante Is as experiencias vivenciadas das complexidades de cada caso € 4 275 ‘Travessias e travessuras no Acompanhamento Terapéutico na pratica de trabalho da equipe, percebe-se que a legislagag nao alcanca 0 que pode vir a aparecer nos processos de inclusao escolar: muitas vezes, a logica do “ter de” incluir atravessa a questo mais importante, que é a de “como” incluir. E neces, respeitar e admitir a diferenga, sem grandes juizos de valores ¢ mais ainda, podendo oferecer espagos e€ estratégias que favorecam as potencialidades das diferentes formas de ser mais do que intensificar suas limitagdes. Sdtig A ética da psicandlise pensa no sujeito, ou seja, em cada crianga em questdo, de modo a sua teoria e seus métodos se interrogarem a todo o momento sobre as possiveis intervengées, sustentando, assim, o lugar de incompletude, de falta e impoténcia para que se possa pensar em formas eficazes de incluir. Para isso, € imprescindivel que se fagam parcerias (escola e A.T./tratamento; escola, A.T. e comunidade) que possam criar juntas e (re)inventar espagos diferenciados de educagao formal. Somente assim seré possivel alcangar a fungdo a qual o A.T. na escola se propée e, entao, possibilitar que as criangas de inclusdo sejam, cada vez mais, vistas como sujeitos, aceitas e reconhecidas genuinamente em suas produgées. Para uma inclusio possivel, a escola precisa se implicar em um processo que exige suportar certa perda de controle, de saber e de garantia, numa aposta de que todas as criangas podem se beneficiar disso. Nao funcionara da mesma maneira para todas as criangas, mas 0 que isso significa? Talvez que outras formas Possam ser criadas, talvez que nao haja A escola, mas escolas a serem pensadas, inventadas e reinventadas, e que, para isso, atualmente a incluso se configura como um motor fundamental desse movimento. A intervengiio do A.T. na escola (através de um terceifo que nao € nem da familia nem do corpo docente) tem permitido mediagdes diante das dificuldades surgidas no caminho da incluso, Sem essa mediagio, pode-se fazer recair unicamente 0% jobre crianga, ora sobre 0 professor, o sucesso ou insucesso incluso, Por outro lado, a0 se produzir uma mediagdo doA.T-&™ 276 que poss da inclus lei, insist coletivam que, em 1 de mund criancas? Por uma inclusdo escolar possivel que se reconhega as dificuldades em jo, acrianga entre sua condi¢ao de sujeito e aluno; e as do profess. entre seu ideal epistémico e 0 encontro com essa crianga que ali esta, pode-se dar lugar a uma elaboragao com invengées de saidas singulares diante das dificuldades, em lugar de buscar silencia-las por imperativos, pois 0 nao elaborado costuma tetornar do pior modo. 80 que se apresentam para Em suma, os impasses apresentados no caminho da inclusao fazem necessario sustentar uma posi¢ao clinica que permita considerar as especificidades de cada caso. Isso pode ficar em risco quando se quer fazer do A.T. uma solugiio geral ou mesmo quando se quer excluir completamente os A.T. dos dispositivos de inclusao escolar. Para tanto, mais do que se encerrar em respostas, é preciso que possamos a cada vez interrogar os impasses e paradoxos da inclus’o. Pois, mesmo diante do valor inquestionavel dessa lei, insistem as perguntas cujas respostas teremos de construir coletivamente. Convocamos agora 0 leitor a participar da discusso que, em ultima instancia, busca que nos perguntemos: que tipo de mundo queremos? O que queremos transmitir para nossas criangas? E qual é o papel da escola e de cada um nesse ideal? Referéncias BRASIL. Governo Federal. Casa Civil/Subchefia para Assuntos Juridicos. Lei Brasileira de Inclusiio da Pessoa com Deficiéneia (Estatuto da Pessoa com Deficiéncia). Lei n° 13.146. Brasilia, DF,2015. Disponivel ae http:/www.planalto,gov.br/ecivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/ 113146.htm >, Acesso em: 10 jul. 2015. BRASIL. Ministéri Jo. Portal MEC. Lei de Diretrizes e Bases (a Educagao aa a 9 304, Brasilia, DF, 1996. Disponivelem: < hitpv/ portal mee gov br/arquivos/paf/ldb.pdf>. Acesso em: 17 set. 2015. 217 : —~J Travessias ¢ travessuras no Acompanhamento Terapéutico —eceF_rrnon—i ESCOLAS dizem receber aluno com deficiéncia. Folha de §, . Pr Portal Educagio, Sao Paulo, 15 mar. 2015. Disponivel em: . Acesso em: 15 mar. 2015, ESCOLAS particulares cobram taxa extra por acompanhantes: Ministig Piblico de MG e OAB dizem que medida fere a Consttuigao Feder Jornal o Tempo, Portal Cidades/Deficiéncia, Minas Gerais: 15 fey, 2014, Disponivel em: < http://www. tempo.com. br/cidades/escolas, particulares-cobram-taxa-extra-por-acompanhantes- 1.789645 5 >. Acesso em: 15 fev. 2014. . FOUCAULT, Michael. Vigiar e punir: nascimento da prisio. 29.ed, Petropolis: Vozes, 1987. JERUSALINSKY, Alfredo. Psicandlise e desenvolvimento infantil: um enfoque transdisciplinar. Porto Alegre: Artes e Oficios, 2010. LEGNANI, Viviane Neves; ALMEIDA, Sandra Francesca Conte de. A construcdo da infaincia: entre os saberes cientificos € as praticas sociais. Sao Paulo: Estilos da Clinica, 2006. MANTOAN, M. T. E. A Educagdo Especial no Brasil: da exclusio a incluso escolar. Disponivel em: Acesso em: 18 abr. 2016. MOVIMENTO DOWN. 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