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INTRODUÇÃO AO CÁLCULO

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD


Introdução ao Cálculo – Prof. Ms. Antônio César Geron

Meu nome é Antônio Cesar Geron. Sou mestre em Ciências


e Práticas Educativas pela Universidade de Franca – Unifran
(Franca – SP) e especialista em Educação Matemática.
Sou Licenciado em Física e Matemática pela Universidade
de Franca. Atuo como professor nas áreas de Física e
Matemática no Ensino Fundamental II, no Ensino Médio,
em diversos cursos de graduação e, também, na EaD,
ministrando as disciplinas Matemática Instrumental e
Metodologia do Ensino da Geometria.
E-mail: geron@claretiano.edu.br.
Prof. Ms. Antônio César Geron

INTRODUÇÃO AO CÁLCULO

Caderno de Referência de Conteúdo


© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP)

Curso: Graduação
Disciplina: Introdução ao Cálculo
Versão: jul./2013

Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva


Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida

Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Artieres Estevão Romeiro


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Felipe Aleixo
Camila Maria Nardi Matos Rodrigo Ferreira Daverni
Carolina de Andrade Baviera
Talita Cristina Bartolomeu
Cátia Aparecida Ribeiro
Vanessa Vergani Machado
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins Projeto gráfico, diagramação e capa
Lidiane Maria Magalini Eduardo de Oliveira Azevedo
Luciana A. Mani Adami Joice Cristina Micai
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Henrique de Souza
Luis Antônio Guimarães Toloi
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu Raphael Fantacini de Oliveira
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Tamires Botta Murakami de Souza
Simone Rodrigues de Oliveira Wagner Segato dos Santos

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SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA............................................. 8

Unidade 1 – A DERIVADA
1 OBJETIVOS......................................................................................................... 35
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 35
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 36
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 36
5 REVISÃO DO CONCEITO DE DERIVADA............................................................ 36
6 REGRAS DE DERIVAÇÃO.................................................................................... 43
7 INTERPRETAÇÃO FÍSICA E GEOMÉTRICA DA DERIVADA................................ 57
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 62
9 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 65
10 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 65

Unidade 2 – APLICAÇÕES DA DERIVADA


1 OBJETIVOS......................................................................................................... 67
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 67
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 68
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 68
5 FUNÇÕES CRESCENTES E FUNÇÕES DECRESCENTES ..................................... 69
6 DERIVADA COMO TAXA DE VARIAÇÃO............................................................ 73
7 MÁXIMOS E MÍNIMOS ..................................................................................... 75
8 FUNÇÕES MARGINAIS ...................................................................................... 84
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 88
10 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 89
11 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 89

Unidade 3 – INTEGRAL
1 OBJETIVOS......................................................................................................... 91
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 91
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 91
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 92
5 ORIGEM DE INTEGRAL ..................................................................................... 93
6 INTEGRAL INDEFINIDA...................................................................................... 94
7 TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO.............................................................................. 101
8 INTEGRAL DEFINIDA......................................................................................... 104
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 110
10 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 112
11 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 112

Unidade 4 – APLICAÇÕES DA INTEGRAL


1 OBJETIVOS......................................................................................................... 113
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 113
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 113
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 114
5 CÁLCULO DE ÁREAS.......................................................................................... 115
6 APLICAÇÕES DA INTEGRAL............................................................................... 127
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 138
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 140
9 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 141
10 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 141
Caderno de
Referência de
Conteúdo

CRC
Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Conceito de derivada. Regras de derivação. Funções crescentes e decrescentes.
Máximos e Mínimos. Funções marginais. Integral indefinida. Técnicas de integra-
ção. Integral definida. Cálculo de áreas. Aplicações a problemas da Economia.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
Vamos juntos refletir sobre o ensino-aprendizagem da dis-
ciplina Introdução ao Cálculo e descobrir que o domínio de certos
conteúdos, conceitos, habilidades e competências da Matemática
são de extrema importância para o exercício pleno da construção
do conhecimento e da cidadania.
Iniciaremos nossos estudos, na Unidade 1, com uma revisão
do conceito de derivada, taxa de variação, derivada de uma fun-
ção num ponto qualquer, regras de derivação e interpretação física
e geométrica da derivada. Iremos identificar as habilidades e as
competências para entender esses conceitos por meio de exem-
plos e exercícios resolvidos.
Na Unidade 2, funções crescentes, decrescentes, teorema
do valor médio, máximos e mínimos de uma função e funções
marginais serão estudados e assimilados por meio da resolução de
exemplos práticos.
8 © Introdução ao Cálculo

Já na Unidade 3, abordaremos a integral definida, suas pro-


priedades, técnicas de integração, integral definida, propriedades
da integral definida e o Teorema Fundamental do Cálculo. Para
melhor assimilar os conceitos, serão propostos exercícios e ques-
tões para resolução.
Por fim, na Unidade 4, iremos relacionar os processos
de derivação e integração, além de identificar problemas que
se relacionam com as aplicações dos conceitos de derivada e
integral. Para isso, é necessário estudar e compreender conceitos
relacionados à primitiva de uma função e integral definida na
exploração de áreas de volumes e suas utilizações na resolução
de problemas. Os exemplos e exercícios resolvidos ajudarão no
perfeito entendimento desse conteúdo.
Esperamos que o estudo e a compreensão da disciplina In-
trodução ao Cálculo contribua de maneira significativa para o do-
mínio de conceitos matemáticos capazes de proporcionar maior
coerência e objetividade em seu raciocínio lógico e no aumento
significativo de seus conhecimentos.
Após essa breve introdução, apresentaremos, a seguir, al-
gumas orientações de caráter motivacional, dicas e estratégias de
aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo.

2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA


Abordagem Geral da Disciplina
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será es-
tudado nesta disciplina. Aqui, você entrará em contato com os
assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá
a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada
unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o
conhecimento básico necessário a partir do qual você possa cons-
truir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural
– para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com
competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos co-

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Caderno de Referência de Conteúdo 9

meçar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princí-


pios básicos que fundamentam esta disciplina.
Iniciaremos nossos estudos com uma revisão dos conceitos
de derivada, taxa de variação, taxa média de variação, derivada
de uma função f num ponto x0, regras de derivação com derivada
de uma constante, derivada de potências, derivada de uma soma
ou diferença, derivada de um produto, derivada do quociente e
derivada da função composta, conhecida como regra da cadeia.
Veremos, também, a interpretação física e geométrica da derivada
de uma função. Vamos lá?
Iniciaremos nossa abordagem com ênfase nos conceitos de
taxa de variação e de derivada de uma função, que veremos a se-
guir.
O conceito de derivada
Considerando uma função y = f (x) , definida num intervalo
de números reais I : a < x < b . Nesse intervalo, escolhemos um
ponto x0 e outro ponto que indicaremos por x0 + ∆x . Quando a
variável independente x passa do valor x0 para o valor x0 + ∆x ,
sofrendo uma variação ∆x , o correspondente valor da função pas-
sa do valor f ( x0 ) para o valor f ( x0 + ∆x) , sofrendo uma variação
∆y = f ( x0 + ∆x) − f ( x0 ) . Como podemos observar na Figura 1:

Figura 1 Taxa de variação de uma função f ( x) .


10 © Introdução ao Cálculo

O quociente ∆y = f ( x0 + ∆x ) − f ( x0 ) é chamado taxa mé-


∆x ∆x
dia de variação da função f quando x muda de x0 para x0 + ∆x ;
é a medida da variação média sofrida pela função, entre esses dois
pontos. Para compreender melhor esse conceito, observe com
atenção o Exemplo 1:

Exemplo 1 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Considerando a função f ( x ) = x 2 − x + 1 , x ∈ R , calculamos a taxa média de va-


riação da função entre os pontos x0 = 2 e x0 + ∆x =1 . Assim, substituindo x0 = 2
na expressão x0 + ∆x =1 temos ( 2 + ∆x =1 ⇒ ∆x =1 − 2 ⇒ ∆x =−1 ).
Temos:
f ( x0 ) = f (2) = 22 − 2 + 1 ⇒ f ( x0 ) = 3

Como calculado anteriormente, temos que x0 = 2 e que ∆x =−1 . Nesse caso,


temos que x0 + ∆x = 2 + (−1) = 1 . Assim,
f ( x0 + ∆x)= f (1)= 12 − 2 + 1 ⇒ f ( x0 + ∆x)= 0

∆y
Logo,=
f ( x0 + ∆x ) − f ( x0 ) 0 − 3
= = 3.
∆x ∆x −1
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Definiremos, então, a derivada de uma função f num ponto


x0
:
Seja f uma função definida num intervalo aberto a < x < b
e x0 . Chamamos derivada da função f no ponto x0 ao valor do
limite, caso esse limite exista.
∆y f ( x0 + ∆x ) − f ( x0 )
Assim, temos: lim = lim .
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

Para indicar a derivada de uma função y = f ( x ) no ponto

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© Caderno de Referência de Conteúdo 11

x0 , usamos uma das seguintes notações: f ′( x0 ) ou df (x0 ) ou


dy dx
(x0 ) ou, ainda, y′(x0 ) .
dx
Na Unidade 2, iremos estudar conceitos relativos a funções
crescentes e funções decrescentes, teorema do valor médio, máxi-
mos e mínimos de uma função, funções marginais, custo marginal
e receita marginal. Nesse contexto, destacaremos os conceitos de
derivada como taxa de variação, além de máximos e mínimos de
uma função.
Vamos começar pela derivada como taxa de variação. Des-
tacamos, a seguir, um exemplo prático bem conhecido de taxa de
variação que é o conceito de velocidade de um móvel em movi-
mento retilíneo.
Suponha a seguinte situação: um móvel se move em linha
reta segundo a equação s = f ( x ) (espaço em função do tempo),
onde x é o tempo decorrido para percorrer a distância s. Esse mó-
vel movimenta-se entre os instantes x1 e ( x1 + ∆x ) , ou melhor, no
intervalo ∆= x ( x1 + ∆x ) − x1 . Então, seu deslocamento varia de
f ( x1 ) a f ( x1 + ∆x ) , isto é: =
∆S f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 ) .
A velocidade média (variação do espaço sobre a variação do
tempo) desse móvel é calculada pela equação:
∆S f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 )
vm
= =
∆x ∆x
Para conhecermos a velocidade desse móvel no instante
x1 , devemos calcular a velocidade média com ∆x cada vez me-
nor (variação de tempo tendendo a zero). Se imaginarmos que
∆x se aproxima do zero, a velocidade instantânea será dada por:
f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 ) , que é a derivada da função espaço.
v = lim
∆x →0 ∆x
Esse limite é a derivada de s = f ( x1 ) para o tempo x1 . Por-
tanto, a velocidade é a derivada da função espaço para um inter-
12 © Introdução ao Cálculo

valo de tempo tendendo a zero:


v = f ′ ( x1 )

A aceleração (variação da velocidade sobre a variação do


tempo) de um móvel também é uma taxa de variação (derivada).
Sabendo que a aceleração média no intervalo de tempo ∆x é dada
por:
∆v v ( x1 + ∆x ) − v ( x1 )
a=
m =
∆x ∆x

A aceleração do móvel no instante x1 , isto é, quando ∆x se


aproxima de zero (tende a zero), é dada por:
v ( x1 + ∆x ) − v ( x1 ) , que é a derivada da função velocidade.
a = lim
∆x →0 ∆x

Podemos escrever: a= ( x ) v=
' ( x ) f '' ( x ) , sendo que f '' ( x )
é a derivada segunda da função ( x ) , isto é, f '' ( x ) é a função
f
f ( x ) derivada duas vezes.
Para compreender melhor a explicação anterior, conside-
re o seguinte exemplo: um automóvel inicia um movimento em
linha reta no instante t = 0 s . Sua posição (espaço) é dada por
S (t=
) 8t − t 2 . Qual é a velocidade do automóvel no instante
t = 2 s ? Qual é sua aceleração no instante t = 4 s ?
Para determinarmos a velocidade do automóvel no instante
t = 2 s , derivamos a função posição f ( t ) .
v ( t )= S ' ( t )= 8 − 2t

Se t = 2 , basta substituirmos: v ( 2 ) =−
8 2.2 =4 unidades
de velocidade.
Sabendo que a aceleração é a derivada da função velocidade
( a = v '(t ) ou a = S ''(t ) ), temos:

a ( t ) =v′ ( t ) =(16 − 2t ) =−2 ⇒ a (t ) =−2

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© Caderno de Referência de Conteúdo 13

Assim, para qualquer instante t , a aceleração do carro é


a ( t ) = −2 unidades de aceleração. Em Física, aprendemos que se
a aceleração é negativa o carro está reduzindo sua velocidade (mo-
vimento retardado).
Vimos, no exemplo anterior, que os termos velocidade
e aceleração foram utilizados para se referir às derivadas que
descrevem o movimento de um móvel.
Até o momento você teve a oportunidade de compreender
que a derivada de uma função representa a inclinação da reta
tangente ao gráfico em um ponto. Esse fato nos permite aplicar a
derivada para construir gráficos. Se determinarmos, por exemplo,
os pontos nos quais a derivada é zero, encontraremos, também, os
pontos em que a reta tangente é horizontal.
Muitos dos problemas do nosso dia a dia envolvem a procura
de valores extremos das funções. Estamos sempre procurando
maximizar lucros, minimizar custos etc.

Vejamos como o cálculo diferencial pode nos ajudar anali-


sando os valores extremos de uma função. Dizemos que uma função
y = f ( x ) , definida num intervalo de números reais I : a < x < b ,
possui um máximo local num ponto c ∈ I , se existe uma vizinhan-
ça V desse ponto tal que f ( x ) ≤ f ( c ) para todo x ∈ V .
Analogamente, se f possui um mínimo local num ponto
c ∈ I , se existe uma vizinhança V desse ponto tal que f ( x ) ≥ f ( c )
para todo x ∈ V .
O gráfico da Figura 2 ilustra esses conceitos.
14 © Introdução ao Cálculo

Figura 2 Valores extremos de uma função.

Podemos demonstrar que se y = f ( x ) for uma função di-


ferenciável num dado intervalo I e se x0 ∈ I for um ponto de
máximo ou de mínimo local, então, f ' ( x0 ) = 0 . Desse modo, os
possíveis pontos de máximo ou de mínimo locais de uma função
diferenciável são os pontos onde f ' ( x ) = 0 .
Portanto, uma função f ( x ) tem um valor máximo relativo
em um ponto c se, em um intervalo aberto que contenha c , o va-
lor de f ( c ) for maior que qualquer outro f ( x ) , x pertencente a
esse intervalo. Observe a Figura 3.

Figura 3 Valor máximo relativo de uma função.

Uma função f ( x ) tem um valor mínimo relativo em um


ponto " c " se, em um intervalo aberto que contenha " c ", o valor
de f ( c ) for menor que qualquer outro f ( x ) , para todo " x " per-
tencente a esse intervalo.

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© Caderno de Referência de Conteúdo 15

Os gráficos da Figura 4 demonstram o valor mínimo relativo


em " c ":

Figura 4 Valor mínimo relativo de uma função.

Se a função f tem um valor máximo ou mínimo relativo em


c , podemos dizer que f tem um extremo relativo em " c ".
Observando os gráficos anteriores (Figuras 3 e 4), percebe-
mos que a reta tangente ao gráfico no ponto " c " deve ser uma
reta horizontal. Para isso, a inclinação da reta deve ser zero, isto é,
a derivada de f no ponto " c " deve ser igual a zero. Para localizar
os possíveis valores de " c " utilizamos o teorema a seguir.
Apresentaremos um critério para localizar pontos de máxi-
mo e de mínimo locais de funções diferenciáveis:
Teste da primeira derivada
Seja y = f ( x ) uma função diferenciável num intervalo
I : a < x < b e seja c ∈ I um ponto tal que f ' ( c ) = 0 então:
• c é ponto de máximo local se: f ' ( x ) > 0 para x < c e
f ' ( x ) < 0 para x > c .
• c é ponto de máximo local se: f ' ( x ) < 0 para x < c e
f ' ( x ) > 0 para x > c .

Os gráficos da Figura 5 ilustram esse teste:


16 © Introdução ao Cálculo

Figura 5 Valor máximo e valor mínimo de f ( x) .

Para entender melhor os conceitos apresentados, acompa-


nhe o Exemplo 2:

Exemplo 2 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Vamos verificar se existem os pontos de máximo ou de mínimo relativos da fun-
2
ção y = x − 6 x + 8 ?

Solução
Calculando a derivada da função anterior, obtemos y=' 2 x − 6 . Os possíveis
pontos de máximo ou de mínimo são aqueles que anulam essa derivada, ou seja,
y'= 0
Assim, para determinar a raiz dessa função derivada escrevemos:
y ' = 2 x − 6 ⇒ 0 = 2 x − 6 ⇒ −2 x = −6 ⇒ x = 3 , que é a raiz da função
derivada.

x = 2 (2 é menor que 3) temos:


Se considerarmos
x =2 ⇒ y ' =2.(2) − 6 =−2 ⇒ y ' < 0 (decrescente)
x = 4 (4 é maior que 3), temos:
Se considerarmos
x =4 ⇒ y ' =2.(4) − 6 =2 ⇒ y ' > 0 (crescente)
Nesse caso, pode-se concluir que x=3 é ponto de mínimo da função
y = x2 − 6x + 8 .

Observe, na Figura 6, o esboço do gráfico dessa função y = x2 − 6x + 8 eo


respectivo ponto de mínimo (3,-1).

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Caderno de Referência de Conteúdo 17

Figura 6 Ponto de mínimo da função y = x2 − 6x + 8


––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Na Unidade 3, destacaremos o conceito de integral indefini-
da e suas propriedades, técnicas de integração, integral definida e
suas propriedades.
Inicialmente, vamos conceituar a primitiva de uma função:
Definição: a função F (x) é a primitiva de uma função f (x)
se F ' ( x) = f ( x) para qualquer x no domínio de f.
O conjunto de todas as primitivas de " f " é a integral indefini-
da de " f " em relação a " x ", denotada por ∫ f ( x=
) dx F ( x ) + C ,
onde:
• ∫ é o símbolo de uma integral.
• F ( x ) é a primitiva da função f ( x ) .
• C é a constante de integração.
Dessa forma, a equação ∫ f ( x=
) dx F ( x ) + C deve ser lida
como "a integral indefinida de f em relação a x é F ( x ) + C ".
Observe que estamos tratando do problema "inverso" ao
que fizemos nas seções anteriores onde, até então, aprendemos
a calcular a derivada de uma função conhecida. Agora, nos propo-
mos a obter uma função da qual conhecemos a sua derivada.
18 © Introdução ao Cálculo

Para compreender melhor esse conceito, acompanhe aten-


tamente os exemplos a seguir:
• Exemplo 1: F ( x ) = x 2 é uma primitiva da função
f ( x ) = 2 x , pois F ' ( x=
) 2. x 2=
−1
x f ( x) .
2=

x3
• Exemplo 2: F ( x ) = é uma primitiva da função
3
f ( x ) = x 2 , pois F ' ( x=
1
) .3x=2 x=2 f ( x ) .
3
• Exemplo 3: F ( x=
) x3 − 2 x é uma pri-
mitiva da função f (=x ) 3x − 2 ,
2
pois
F ' ( x )= 3. x 3−1 − 2.(1).x1−1= 3 x 2 − 2= f ( x) .
Outro importante conceito a que iremos dedicar especial
atenção na Unidade 3 é o de integral definida.
Durante o estudo, você verá que uma preocupação e um de-
safio dos matemáticos, desde a Antiguidade, foi calcular a área de
uma figura plana irregular. A técnica utilizada consistia em aproxi-
mar a figura de um conjunto de polígonos cujas áreas pudessem
ser calculadas.
Por meio dessa técnica, iremos desenvolver um processo
para calcular a área de uma região plana delimitada pelo gráfico
de uma função y = f ( x ) , num intervalo [a, b], como na Figura 7.

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Caderno de Referência de Conteúdo 19

Figura 7 Área de uma função f ( x ) no intervalo [a,b].

Para isso, tomamos uma "partição" do intervalo [a, b], isto é,


dividimos o intervalo em n subintervalos de igual comprimento
∆x , tomando os pontos:

a = x0 < x1 < x2 < x3 < ....... < xn−1 < xn = b


Para cada i, i = 1, 2,..., n , construímos um retângulo de base
∆x e altura f ( xi ) , como mostra a Figura 8.

Figura 8 Área de uma função f ( x ) no intervalo [a, b] .

é Ai f ( xi ) . ∆x , ou seja, o produ-
A área desses retângulos=
to da medida da base pela medida da altura.
A soma das áreas desses retângulos é:

An = f ( x1 )∆x + f ( x2 )∆x + ... + f ( xn−1 )∆ + f ( xn )∆x


20 © Introdução ao Cálculo
n
Portanto, An = ∑ f ( xi )∆x é uma aproximação para a área
i =1
da Figura 8, descrita anteriormente.
Podemos observar, intuitivamente, que, aumentando o nú-
mero de divisões do intervalo, a soma das áreas mais se aproxima
da área real da figura.
Chegamos à seguinte definição:
Se y = f ( x ) é uma função contínua, com f ( x ) ≥ 0 , no in-
tervalo [a, b], a área " A " sob o gráfico da função y = f ( x ) no
intervalo [a, b] é definida pelo limite:
n
A = lim ∑ f ( xi ) ⋅ ∆x
∆x →0
i =1

O valor desse limite é, também, definido como a integral de-


finida da função y = f ( x ) , desde " a " até " b ", e é denotada por:
b n

∫ f ( x ) dx lim ∑ f ( x1 ) . ∆x se existir tal limite.


=
a
∆x →0
i =1

Pode-se demonstrar que, se y = f (x) é uma função contí-


b

nua no intervalo [a, b] , a integral definida ∫ f ( x)dx existe.


a
Suponha que no gráfico da Figura 9 tenhamos um quarto da
área de um círculo de raio igual a 4 unidades. Assim, para o inter-
valo [a, b] , escrevemos [0, 4] .
Observe que subdividimos esse intervalo em quatro partes
iguais (n = 4) . Calculando ∆x , temos:
(b − a ) (4 − 0)
∆x
= = = 1
n 4
Verificamos que a base de cada retângulo da Figura 9 vale
uma unidade de comprimento.
Para obtermos as áreas dos retângulos, basta multiplicar a

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Caderno de Referência de Conteúdo 21

base (∆x = ( )
1) pela altura f x p de cada retângulo e depois somá-
( )
las. Os valores de f x p estão ilustrados na Figura 10.

Figura 9 Somatório dos retângulos.

Na Figura 10, temos a soma das áreas dos quatro retângulos


e a área da região limitada por um quarto do círculo.

Figura 10 Soma das áreas dos retângulos.

Observe que os valores dessas áreas (um quarto de círculo e


a soma dos retângulos) são valores muito próximos, o que caracte-
riza que a área de um quarto de círculo equivale à soma das áreas
dos retângulos.
Outro importante conceito que estudaremos na unidade 3
é o Teorema Fundamental do Cálculo. Temos que se y = f ( x ) for
uma função contínua no intervalo [ a, b ] , e se F ( x ) for uma pri-
mitiva de f nesse intervalo, então,
22 © Introdução ao Cálculo

∫ f ( x=
a
)dx F (b) − F (a)

A diferença F (b) − F (a ) pode ser indicada pelo símbolo


[F ( x)]a .
b

Vejamos dois exemplos da aplicação desse conceito.

Exemplo 1
Utilizando o Teorema Fundamental do Cálculo, a integral da
função f ( x) = x 2 para o intervalo de [1; 4] , determinamos:
x3

2
Como x dx
= + c , uma das primitivas da função dada é
x 3 , assim temos: 3
3 4
4
 x3  43 13 64 1 63
∫1
2
x dx = 3 = − = − = = 21
 1 3 3 3 3 3

Exemplo 2
Utilizaremos o Teorema Fundamental do Cálculo para deter-
minar a integral da função f ( x= ) x 2 + 2 para o intervalo de [2;3] .
x3
Como ∫ ( x 2 + 2)dx = + 2 x + c , uma das primitivas da fun-
3 3
ção é x + 2 x , assim temos:
3
3 3
 x3 
∫2 ( x + 2)dx = 3 + 2 x  =
2

 (3)3   (2)3 
 3 + 2.(3)  −  3 + 2.(2) 
   

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Caderno de Referência de Conteúdo 23

3
 27   8 
∫ (x
2
+ 2)dx =  + 6  −  + 4  =
2 3  3 
27 8 19 25
+6− −4= +2=
3 3 3 3
Para finalizar, iremos relacionar, na Unidade 4, os processos
de derivação e integração, além de estudar técnicas de integração
e aplicar o conceito de integração em problemas práticos.
Veremos que o cálculo de áreas de figuras planas, limitadas
por gráficos de funções contínuas, pode ser feito por integração,
como vimos na unidade anterior.
Vamos destacar alguns casos particulares como o cálculo
da área limitada pela intersecção dos gráficos de duas funções
y = f ( x ) e y = g ( x ) no intervalo [ a, b ] , como apresentado no
gráfico da Figura 11.

Figura 11 Área da função f ( x) e g ( x) .

Observe o gráfico anterior! A área será calculada pela dife-


rença entre a área sob o gráfico da função y = f ( x ) e a área sob
o gráfico da função y = g ( x ) .
24 © Introdução ao Cálculo

Assim, temos que a área é determinada por:


b b b
A =∫ f ( x)dx − ∫ g ( x)dx =∫ ( f ( x) − g ( x) ) dx
a a a

Para exemplificar, iremos calcular a área limitada pelas


funções f ( x) =− x + 30 (reta decrescente) g ( x=) x 2 + 10
(parábola) no intervalo [0; 4] , conforme pode ser observado no
gráfico da Figura 12.

Figura 12 Área das funções f ( x) e g ( x) .

Para determinar a área em destaque na Figura 12, temos que


a área A será o valor da integral. Assim:
4 4

∫ (− x + 30)dx − ∫ ( x
2
A= + 10)dx
0 0

∫ [− x + 30 − ( x
2
A= + 10)]dx
0

∫ [− x + 30 − x
2
A= − 10)]dx
0

Somando os termos semelhantes, obtemos:


4

∫ (− x
2
A= − x + 20)dx
0

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Caderno de Referência de Conteúdo 25

Uma primitiva para a função f ( x) =− x 2 − x + 10 é


x3 x 2
− − + 20 x . Assim, podemos escrever:
F ( x) =
3 2
4 4
 x3 x 2 
A = ∫ (− x − x + 20)dx =  − − + 20 x  = F (4) − F (0)
2

0  3 2 0

Na sequência, substituirmos x da função primitiva pelos


valores 4 e 0 . No entanto, observe que f (0) resultada zero e,
portanto, não é preciso substituí-lo. Assim, para obter a área da
figura 12 basta substituir f (4) na função primitiva. Realizando-se
a substituição obtemos:
4
 (4)3 (4) 2 
A = ∫ (− x 2 − x + 20)dx =  − − + 20.(4) 
0
4
 3 2 
64 16
A =∫ (− x − x + 20)dx =− − + 80
2

0
3 2
4
−64 − 24 + 240 152
∫ (− x
2
A= − x + 20)dx = =  50, 67ua.
0
3 3
Assim, a área delimitada pela reta f ( x) =− x + 30 e pela pa-
rábola g ( x=) x 2 + 10 no intervalo [0; 4] é, aproximadamente,
50, 67 u.a. (unidades de área).
No decorrer de nossos estudos, veremos outros exemplos
e aplicações da integral, que serão descritos nas quatro unidades
deste material mediacional.

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados na disciplina Introdução ao Cál-
culo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos utilizados:
26 © Introdução ao Cálculo

1) Derivada da função em um ponto: a inclinação da reta


tangente à função f ( x ) no ponto " a " é chamada deri-
f ( a + ∆x ) − f ( a )
vada e denotada por: f ' ( a ) = lim ,
∆x →0 ∆x
quando este limite existir. f ' ( x ) denota a derivada de
f ( x ) , e lê-se: "f linha de x".
2) Derivada da função constante: a derivada de uma fun-
ção constante é igual a zero. Se f ( x ) = c , então f ' ( x ) = 0 ,
em que " c " é um número real.
3) Derivada da função potência com expoente natural: a
derivada de uma função potência é igual ao produto do
expoente " n " pelo coeficiente numérico da variável ele-
vada ao expoente " n " menos 1( −n − 1) . Se f ( x ) = x ,
n

então f ' ( x )= n ⋅ x , em que " n " é um número inteiro


n −1

positivo.
4) Derivada da função potência com expoente inteiro: a
derivada de uma função potência é igual ao produto do
expoente −n pelo coeficiente numérico da variável ele-
vada ao expoente −n menos 1( −n − 1) . Se f ( x ) = x ,
−n

então f ' ( x ) =−n ⋅ x − n −1 , em que " n " é um número in-


teiro.
5) Derivada do produto de uma constante por uma fun-
ção: a derivada do produto de uma constante por uma
função é igual ao produto da constante pela derivada da
função. Se g ( x ) = c . f ( x ) , então g ' ( x ) = c . f ' ( x ) , em
que " c " é um número real.
6) Função: considera dois conjuntos, A e B, em que exista
uma relação, chamada f , que associa os elementos do
conjunto "A" com os elementos do conjunto "B". Diz-se
que a relação f é uma função se todo elemento de "A"
estiver associado a um único elemento de "B".
7) Função afim (ou função polinomial do 1º grau): é qual-
quer função f de IR em IR dada por uma lei da forma
f ( x=) ax + b , onde " a " e " b " são números reais e
a ≠ 0.

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Caderno de Referência de Conteúdo 27

8) Função do segundo grau: uma função é do 2º grau quan-


do é escrita da seguinte forma: f ( x ) = ax + bx + c . Nas
2

funções do 2º grau, o maior expoente de x é 2 . O grá-


fico de uma função do 2º grau é uma parábola que tem
concavidade voltada para cima se a > 0 e concavidade
voltada para baixo se a < 0 .
9) Função modular: é definida por f ( x ) = x . Lembre-se
de que o módulo de um número real " x " é dado por:
 x se x ≥ 0
x =
− x se x < 0
10) Funções exponenciais: são importantes nas aplicações
da ciência e da engenharia. Seja " a " um número positi-
vo e diferente de 1. A função f ( x ) = a é a função expo-
x

nencial com base " a ".


11) Função logarítmica: a função logarítmica de base " a ",
= y f= ( x ) log a x , é xa função inversa da função expo-
nencial y = f ( x ) = a ( a > 0, a ≠ 1) de base " a ".
12) Função inversa: em uma função f : A → B , bijetora, de-
nomina-se função inversa de f , a função g : B → A tal
que se f ( a ) = b ; então g ( b ) = a , quaisquer que sejam
a ∈ A e b ∈ B , e assim, indicamos a função inversa de
f por f −1 .
13) Função composta: se o domínio de uma função g ( x )
contiver o contradomínio de uma função f ( x ) , de-
finimos uma função composta e denominamos por
g ( f ( x) ) .
14) Integral definida: a integral definida de uma função
contínua em um intervalo real [a, b] fornece a área da
região limitada pelo gráfico da função f neste interva-
lo. Assim, a soma de pequenos segmentos de área para
cada ponto de uma função em uma curva delimitada por
um intervalo delimitado por dois pontos fornece a área
definida para esse intervalo, a qual é chamada integral
definida.
28 © Introdução ao Cálculo

15) Integral indefinida: uma função F ( x ) é uma primitiva


de uma função f ( x ) se F ' ( x ) = f ( x ) para qualquer "
x " no domínio de f . O conjunto de todas as primitivas
de f é a integral indefinida de f em relação a " x ",
denotada por . Logo, é o processo utilizado para operar
a derivada de uma função para encontrarmos a função
que a originou.

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 13), um
Esquema dos Conceitos-chave da disciplina. O mais aconselhável
é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou seu
mapa mental. Esse exercício é uma forma de construir o seu co-
nhecimento, ressignificando as informações a partir de suas pró-
prias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-
se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em
esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co-
nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-
dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza-
gem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Caderno de Referência de Conteúdo 29

tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos


conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é
você o principal agente da construção do próprio conhecimento,
por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações in-
ternas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por ob-
jetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o
seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja,
estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de co-
nhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo
(adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/eduto-
ols/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em:
11 mar. 2010).
30 © Introdução ao Cálculo

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave da disciplina Introdução ao Cálculo.

Como você pode observar, esse Esquema proporciona a você,


como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais
importantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre
um e outro conceito desta disciplina e descobrir o caminho para
construir o seu processo de ensino-aprendizagem.
Observe na sequência que os conceitos de taxa de variação
e derivada de uma função estão diretamente relacionados. Para
compreender o conceito de derivada de uma função é preciso
compreender taxa de variação e, para se entender as aplicações
da integral definida em situações-problema é preciso antes, com-
preender os conceitos de integral indefinida por meio da primitiva
de uma função.

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Caderno de Referência de Conteúdo 31

O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de


aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD,
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com o ensino de Cálculo estudado nas quatro uni-
dades pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento.
Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto
tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será
dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você
testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a
sua prática profissional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gaba-
rito, que lhe permitirá conferir as respostas das questões autoava-
liativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas).

As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação


pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a
elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o
seu tutor ou com seus colegas de turma.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
32 © Introdução ao Cálculo

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustrativas,
pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto.
Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos
da disciplina, pois relacionar aquilo que está no campo visual com
o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
O estudo desta disciplina convida você a olhar, de forma
mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser
humano. É importante que você se atente às explicações teóricas,
práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunica-
ção, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois,
ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, per-
mite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a
ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é,
portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno do curso de Ciências Contábeis na moda-
lidade EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e con-
sistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância,
do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas.
Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as ativi-
dades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Caderno de Referência de Conteúdo 33

No final de cada unidade, você encontrará algumas questões


autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a
esta disciplina, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto
para ajudar você.
Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
EAD
A Derivada

1. OBJETIVOS
• Introduzir o conceito de derivada.
• Interpretar a derivada geometricamente.
• Descrever as técnicas e as regras de derivação.

2. CONTEÚDOS
• Revisão do conceito de derivada.
• Regras de derivação.
• Interpretação física e geométrica da derivada.
36 © Introdução ao Cálculo

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Estabeleça uma relação de identidade do CRC com o CAI
e procure desenvolver as atividades e as interatividades
dentro do cronograma previsto para não prejudicar o
andamento de seus estudos.
2) Leia os livros da bibliografia indicada, para que você
amplie seus horizontes teóricos. Coteje com o material
didático e discuta a unidade com seus colegas e com o
tutor. Pesquise novas fontes e troque experiências com
eles, pois toda experiência é bem-vinda e ajudará no
aprendizado.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Iniciaremos esta unidade fazendo uma revisão do conceito
de derivada e das suas principais propriedades operacionais. O ob-
jetivo é reforçar o significado físico e geométrico e utilizá-lo com
segurança na resolução de problemas aplicados.

5. REVISÃO DO CONCEITO DE DERIVADA


Taxas de variação
Consideremos uma função y = f ( x) , definida num interva-
lo de números reais I : a < x < b . Escolhemos, nesse intervalo, um
ponto x0 e outro ponto que indicaremos por x0 + ∆x .
Quando a variável independente x passa do valor x0 para o
valor x0 + ∆x , sofrendo uma variação ∆x , o correspondente valor
da função passa do valor f ( x0 ) para o valor f ( x0 + ∆x ) , sofrendo
uma variação = ∆y f ( x0 + ∆x ) − f ( x0 ) .

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 37

Observe a Figura 1:

Figura 1 Taxa de variação de uma função f ( x) .

O quociente ∆y = f ( x0 + ∆x ) − f ( x0 ) é chamado taxa mé-


∆x ∆x
dia de variação da função f quando x passa do valor x0 para o
valor x0 + ∆x ; é a medida da variação média sofrida pela função
entre esses dois pontos. Acompanhe o raciocínio nos exemplos a
seguir.
Exemplo 1
Seja a função f ( x) = x 3 − x + 2; x ∈ R .
Para calcular a taxa média de variação da função entre
os pontos x0 = 3 e x0 + ∆x =1 (observe que, neste caso, temos
∆x =−2 ), temos:
f ( x0 ) = f ( 3) = 33 − 3 + 2 ⇒ f ( x0 ) = 26

f ( x0 + ∆x)= f (1)= 13 − 1 + 2 ⇒ f ( x0 + ∆x)= 2


∆y
Logo, = f ( x0 + ∆x) − f ( x0 ) 2 − 26
= = 12 .
∆x ∆x −2
38 © Introdução ao Cálculo

Para a mesma função anterior, f ( x) = x 3 − x + 2 , x ∈ R , cal-


cular a taxa média de variação da função entre os pontos x0 = 2 e
x0 + ∆x = 4 . Neste caso, observe que ∆x =2 . Assim, temos:
f ( x0 ) = f ( 2 ) = 23 − 2 + 2 ⇒ f ( x0 ) = 8
f ( x0 + ∆x )= f ( 4 )= 43 − 4 + 2 ⇒ f ( x0 + ∆x )= 62
Logo, ∆y f ( x0 + ∆x) − f ( x0 ) 62 − 8
= = = 27 .
∆x ∆x 2

) x 2 − 1 ; x ∈ R , calcular a taxa média de


Para a função f ( x=
variação da função entre os pontos x0 e x0 + ∆x . Temos:
f ( x0=
) x02 − 1 e f ( x0 + ∆x=) ( x0 + ∆x ) − 1
2

f ( x0 + ∆x=
) x02 + 2 x0 ⋅ ∆x + ( ∆x ) − 1
2

Portanto, a diferença f ( x0 + ∆x ) − f ( x0 ) é
f ( x0 + ∆x ) − f ( x=
0) 2 x0 ⋅ ∆x + ( ∆x ) .
2

( x0 + ∆x ) − f ( x0 ) 2 x0 ⋅ ∆x + ( ∆x ) que,
2

= Assim, ∆y f=
∆x ∆x ∆x
simplificada, obtemos: ∆=y
2 x0 + ∆x .
∆x
Podemos, agora, definir derivada de uma função f num
ponto x0 .
Seja f uma função definida num intervalo aberto a < x < b
e x0 , um ponto desse intervalo. Chamamos derivada da função f
no ponto x0 ao valor do limite, caso esse limite exista.
∆y f ( x0 + ∆x ) − f ( x0 )
lim = lim
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
Notação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para indicar a derivada de uma função y = f ( x) no ponto x0 , usamos uma
das seguintes notações:

f ´( x0 ) ou df
( x0 ) ou dy
( x0 ) ou ainda, y´( x0 )
dx dx
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 39

Exemplo 2
Podemos, também, calcular a derivada da função
) x 2 − 1 num ponto x0 ∈ R .
f ( x=
Aproveitando os cálculos que fizemos no exem-
plo anterior, temos que: ∆= y
2 x0 + ∆x e, portanto,
∆x
∆y
=f ( x0 ) lim= lim ( 2 x0 = + ∆x ) 2 x0 .
∆x → 0 ∆x ∆x → 0

A função derivada
Se uma função y = f ( x ) definida num intervalo I : a < x < b
for tal que existe a derivada f ´( x0 ) , em cada ponto x0 desse in-
tervalo, diremos que a função é diferenciável no intervalo “ I ”. Po-
demos, então, definir uma nova função que "a cada número x ∈ I
associa a derivada f ´( x ) , da função original f ( x ) , nesse ponto”.
Vejamos a seguir alguns exemplos.
Exemplo 1
Sendo f ( x) = x 2 − 2 x + 1 , vamos encontrar a derivada da
função f ( x) no ponto x0 = 1 .
Para isso, devemos encontrar o valor de:
f (1 + ∆x ) − f (1)
m(1) = lim
∆x → 0 ∆x
Na função f ( x ) = x − 2 x + 1 , se substituirmos x por
2

(1 + ∆x ) , obtemos f (1 + ∆x ) . Temos:
f (1 + ∆x )= (1 + ∆x ) − 2 (1 + ∆x ) + 1 ⇒
2

[12 + 2 ⋅1 ⋅ ∆x + (∆x) 2 ] − 2 − 2∆x + 1

⇒ f (1 + ∆x ) = 1 + 2∆x + ( ∆x ) − 2 − 2∆x + 1 = ( ∆x )
2 2

⇒ f (1 + ∆x) = (∆x) 2
40 © Introdução ao Cálculo

Na função f ( x ) = x − 2 x + 1 , se substituirmos x por (1) ,


2

obteremos f (1) . Teremos:


f (1) = 12 − 2 ⋅1 + 1 = 1 ⇒ f (1) = 0
Assim, podemos determinar a derivada da função f ( x) para
o ponto x0 = 1 :
f (1 + ∆x ) − f (1) ( ∆x ) ( ∆x )
2 2
−0
=m (1) lim ⇒ lim ⇒ lim = ⇒ lim∆x 0
∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x ∆x → 0

Exemplo 2
Sendo f ( x=
) x 2 + x , para encontrar a derivada da função
f ( x ) no ponto x0 = 2 , devemos encontrar o valor de:

f ( 2 + ∆x ) − f ( 2 )
m ( 2 ) = lim
∆x →0 ∆x

Na função f ( x= ) x ² + x , se substituirmos x por (2 + ∆x)


obtemos f (2 + ∆x) . Temos:
f ( 2 + ∆x )= ( 2 + ∆x ) + ( 2 + ∆x )
2

⇒  22 + 2 ⋅ 2 ⋅ ∆x + ( ∆x )  + 2 + ∆x
2

 
⇒ f ( 2 + ∆x ) = 4 + 4∆x + ( ∆x ) + 2 + ∆x
2

⇒ f ( 2 + ∆x ) = ( ∆x )
2
+ 5∆x + 6

Na função f ( x= ) x 2 + x se substituirmos x por ( 2 ) obte-


mos f ( 2 ) . Temos:

f ( 2 ) = 22 + 2 = 6 ⇒ f ( 2 ) = 6

Assim, podemos determinar a derivada da função f ( x) para


o ponto x é igual a 2:

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 41

f (2 + ∆x) − f (2) (∆x)² + 5∆x + 6 − 6


=m(2) lim ⇒ lim
∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x
(∆x)² + 5∆x (∆x)(∆x + 5)
m(2) =lim = ⇒ lim =∆x + 5 .
∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x

Como ∆x → 0 , temos:
⇒ lim ∆x + 5 =5
∆x → 0

A derivada da função f ( x) no ponto x0 = 2 é 5 .

Observação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Podemos calcular, também, a derivada de uma função não apenas em um único
ponto, mas para qualquer ponto do domínio de f ( x) . Para simplificarmos a
expressão, iremos adotar x0 = x .
Assim, a derivada de uma função f ( x) é dada pelo limite:
f ( x + ∆x ) − f ( x ) , se este limite existir.
f ´( x ) = lim
x →0 ∆x
Nesse contexto, f ´( x ) denota a derivada de f ( x ) , e lê-se: “ f linha de x ”.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Exemplo 3
Vamos utilizar a função f ( x ) = x − 2 x + 1 e calcular a fun-
2

ção derivada para qualquer ponto “ x ” desta função.


Inicialmente, determinamos f ( x + ∆x ) . Em seguida, substi-
tuímos x por ( x + ∆x ) na função f ( x ) = x − 2 x + 1 .
2

Temos:
f ( x + ∆x =
) ( x + ∆x ) − 2 ( x + ∆x ) + 1
2

)  x 2 + 2 x∆x + ( ∆x )  − 2 x − 2∆x + 1
2
⇒ f ( x + ∆x=
 

⇒ f ( x + ∆x ) = x 2 + 2 x∆x + ( ∆x ) − 2 x − 2∆x + 1
2
42 © Introdução ao Cálculo

Substituindo a expressão matemática anterior na fórmula


que define a derivada, temos:
f ( x + ∆x) − f ( x)
f '( x) = lim
∆x → 0 ∆x
x ² + 2 x∆x + (∆x)² − 2 x − 2∆x + 1 − ( x ² − 2 x + 1)
f '( x) = lim
∆x → 0 ∆x
2 x∆x + (∆x)² − 2∆x ∆x ⋅ (2 x + ∆x − 2)
f '( x) lim
=
∆x → 0 ∆x ∆x
f '( x)= lim (∆x + 2 x − 2)= 2 x − 2
∆x → 0

Portanto, a derivada da função f ( x ) = x2 − 2 x + 1 é


f ( x=
) 2x − 2 .
Exemplo 4
Dada a função f ( x=) x 2 + x , vamos calcular a função deri-
vada desta função para qualquer ponto x desta função.
Primeiro, determinamos f ( x + ∆x ) .
Para isso, substituímos “ x ” por ( x + ∆x ) na função
f ( x=
) x2 + x .
Assim, temos:
f ( x + ∆x)= ( x + ∆x)² + ( x + ∆x)
⇒ [ x ² + 2 x∆x + (∆x)²] + x + ∆x
⇒ f ( x + ∆x)= x ² + 2 x∆x + (∆x)² + x + ∆x

Substituindo esta expressão matemática na fórmula que de-


fine a derivada, temos:

f ( x + ∆x ) − f ( x )
f ´( x) = lim
∆x → 0 ∆x

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 43

( ∆x ) + ∆x + x − ( x 2 + x )
2
x 2 + 2 x∆x =
= lim
∆x → 0 ∆x

x ² + 2 x∆x + (∆x)² + ∆x + x − x ² − x
f '( x) = lim
∆x → 0 ∆x
2 x∆x + (∆x)² + ∆x
=
∆x
∆x(2 x + ∆x + 1)
f '( x=
) lim = 2 x + ∆x + =
1 2x +1
∆x → 0 ∆x

Portanto, a derivada de f ( x=
) x 2 + x é f ´( x=) 2 x + 1 .

6. REGRAS DE DERIVAÇÃO
Dada uma função y = f ( x ) , a sua derivada y ' = f ' ( x )
mede a taxa de variação da função f, no ponto x. Ou seja,
f ( x + ∆x) − f ( x)
f ′( x) = lim
∆x →0 ∆x
Obter a derivada de uma função utilizando a definição ante-
rior torna-se um processo muito difícil. Apresentaremos, a seguir,
algumas regras que facilitam esse trabalho.

Regra 1 – Derivada da constante


A derivada de uma função constante é igual a zero.
Se f ( x ) = c , então f ' ( x ) = 0 , em que “ c ” é um número
real.
Se y = c ( c , uma constante) então, y´= 0 .
Exemplos:

1) f ( x ) =
3 ⇒ f ´( x ) =
0.
44 © Introdução ao Cálculo

2) f ( x ) =−3 ⇒ f ´( x ) =0 .

3) f ( x ) =0, 6 ⇒ f ´( x ) =0.

4) f ( x ) =−37 ⇒ f ´( x =0) .
7
5) f ( x ) =− ⇒ f ´( x ) =0.
8
6) f ( x ) =π ⇒ f ´( x) =0.

7) f ( x ) =
− 5 ⇒ f ´( x ) =
0.

8) f ( x ) =0 ⇒ f ´( x) =0.

Regra 2 – Derivada das potências


A derivada de uma função potência é igual ao produto do
expoente n pelo coeficiente numérico da variável elevada ao ex-
poente n menos 1 ( n − 1) .
Se f ( x ) = x n , então f ' ( x ) = n . x n −1 , em que “ n ” é um
número inteiro positivo.
Se y = x n então, y ' = n . x n −1
Exemplos:
3 2
1) y = x ⇒ y´= 3 x
7 6
2) y = x ⇒ y´= 7 x
21 20
3) y = x ⇒ y´= 21x
4) y = x ⇒ y´=1 (neste caso observe que y = x é a mesma
coisa que y = x1 então, y ' = 1⋅ x1−1 ou y ' = 1⋅ x 0 ou y´= 1)

2 x 5 ⇒ f ´( x) =
5) f ( x) = 5 ⋅ 2 x 5−1 =
10 x 4
3 4 3 12
6) g ( x) = x ⇒ g´( x) = 4 ⋅ x 4−1 =x 3 = 3x3
4 4 4
2 2 2 0 2
7) z ( x) =⇒x z´( x) = 1 ⋅ x1−1 = x =
4 4 4 4
Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
© A Derivada 45

Casos especiais

Quando o expoente é negativo


Devemos lembrar que, por definição, 1n = x − n e, portanto,
x
para derivar y = 1n , escrevemos y = x e utilizamos a regra 2:
−n

x
− n −1 1 −n
.y ' = − n . x ou, na forma fracionária: y ' =−n × n +1 ⇒ y ' = n +1
x x
Exemplos:
1
1) f ( x=
) = x −4 ⇒
x4
4
−4 ( x −4−1 ) ⇒ f ´( x ) =
2) f ´( x ) = −4 x −5 ⇒ f ´( x ) =
− 5
x
2 −3 2
3) g ( x ) =⇒x −3 ⋅ ( x −3−1 ) ⇒ g´( x ) =
g´( x ) = −2 x −4
3 3
2
⇒ g´( x ) = − 4
x
10
4) h( x) =−5 x −2 ⇒ h´( x) =−2 ⋅ (−5) x −2−1 =10 x −3 = 3
x
1 1
5) w( x) = =⇒ x −1 w´( x) = −1x −1−1 = −1x −2 = − 2
x x
3 6
6) z ( x) = 2 =3 x −2 ⇒ z´( x) =−2 ⋅ 3 x −2−1 =−6 x −3 =− 3
x x
Quando o expoente é fracionário
1
Devemos lembrar também as definições: n
x = xn e
m
m n m m mn −1
n
x = x . Assim, y =
m
x ⇔ y = x ⇒ y´=
n
x .
n n
Exemplos:
1) y =x −2 ⇒ y´=−2 x −2−1 ⇒ y´=−2 x −3
2) x =x −7 ⇒ y´=−7 x −7 −1 ⇒ y´=−7 x −8
46 © Introdução ao Cálculo

3
3 32 −1 3 1 3
3) y = x 2 ⇒ y´= x ⇒ x 2 ⇒ y´= x
2 2 2
4) y = x , escrevemos,
1
1 12 −1 1 − 12
5) y = x ⇒ y´= x ⇒ y´= x
2
2 2
1 1 1 1 1
⇒ y´= ⋅ 1 = ⋅ =
2 2 2 x 2 x
x

Regra 3 – Derivada do produto de uma constante por uma


função
Se y= a ⋅ f ( x) (a, uma constante), então y '= a ⋅ f '( x) . Ve-
jamos os exemplos a seguir:
1) y =3 x 2 ⇒ y´= 2 ⋅ 3 x 2−1 ⇒ y´=6 x
2) y =−3 x 4 ⇒ y´=⋅
4 (−3) x 4−1 ⇒ y´=−12 x 3
3) y =3 x −5 ⇒ y´=−15 x −6
4) g ( x) =8 x 4 =8( x 4 ) ⇒ g´( x) =8(4 x 4−1 ) =8(4 x3 ) =32 x3
3 3 2 3 3
5) h( x) = x 2 =
2 2
( x ) ⇒ h´( x) = ( 2 x 2−1 ) = ( 2 x ) =3 x
2 2

Regra 4 – Derivada de uma soma ou diferença


Se y= u ± v (onde u = f ( x ) e v = g ( x ) então, y =' u '± v ' .
Vejamos os exemplos:

1) y = 3 x 4 + 5 x 3 ⇒ y´= 12 x 3 + 15 x 2
2) y= 2 x5 − 5 x 2 ⇒ y´= 10 x 4 − 10 x
3) f ( x ) =−4 x 2 + 3 x + 4 ⇒ f ´( x) =−8 x + 3
3 3 2 2
4) g ( x) =− x + x + 3 x − 5 ⇒ g´( x) =−3 x + 2 x + 3
3

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 47

Regra 5 – Derivada de um produto


Se y = u . v (onde u = f ( x ) e v = g ( x ) ), então,
y ' = u ' ⋅ v + u ⋅ v ' . Em outras palavras, podemos escrever que a de-
rivada do produto de duas funções é igual à derivada da 1ª função
multiplicada pela 2ª função, mais a 1ª função multiplicada pela
derivada da 2ª função.
Se f =
( x) g ( x) ⋅ h( x) , então, f ´( x) = g´( x) ⋅ h( x) + g ( x) ⋅ h´( x)

Por Exemplo:
y= ( 3x − 1) ⋅ ( x 2 + 2 x )
Podemos identificar

  u = u(=3 x( − 1) ⇒
3 x1)−⇒ u ′ = u ′3= 3
 v = 2( x 2 + 2 x ) ⇒ v′ = 2 x +⇒2 ⇒ y ' = y u' = '.vu+'.vu+
.vu' .v '
  (
v = x + 2 x ) ⇒ v ′ = 2 x + 2

Portanto, y´= 3 ⋅ ( x ² + 2 x) + (3 x − 1) ⋅ (2 x + 2)
Observe que, efetuando o produto, a soma e depois simplifi-
cando, obtemos y ' = 9 x ² + 10 x − 2 .
Se inicialmente efetuássemos o produto indicado na defini-
ção da função, obteríamos y = 3 x 3 + 5 x 2 + 2 x que, derivada, pe-
las regras anteriores, fornece y ' = 9 x 2 + 10 x − 2 , mesmo resultado
obtido anteriormente. Veja os exemplos:

1) h ( x ) = 2 ( x 3 ) ⇒ f ´( x ) =
2 x3 ⇒ f ( x ) = 2 ⋅ 3( x2 ) =
6x2
2) g ( x ) = (x 2
+ 1) ⋅ ( x3 + 2 x )
⇒ g´( x )= [ 2 x ] ⋅  x3 + 2 x  +  x 2 + 1 ⋅ 3x 2 + 2
= 5x4 + 9 x + 2
3) g ( x=
) (x 2
+ 1) ⋅ ( − x )
⇒ g´( x=
) [ 2 x ] ⋅ [ − x ] +  x 2 + 1 ⋅ [ −1]
= −2 x 2  +  − x 2 − 1 =−3 x 2 − 1
48 © Introdução ao Cálculo

Regra 6 – Derivada do quociente


u
Se y = , (onde u = f ( x ) e v = g ( x ) ) então, y ' = u ' ⋅ v −2 u ⋅ v ' .
v v
Em outras palavras, podemos afirmar que a derivada do
quociente de duas funções é igual à derivada do numerador vezes
o denominador, menos o numerador vezes a derivada do denomi-
nador, tudo isso sobre o denominador elevado ao quadrado.
g ′ ( x ) ⋅ h ( x ) − g ( x ) ⋅ h′ ( x )
Se f ( x ) = ( ) , então f ′ ( x ) =
g x
.
h ( x) 2
 h ( x ) 

Por exemplo:
3x − 2
y=
2x +1

Podemos identificar
u = ( 3x − 2 ) ⇒ u′ = 3 u '.v − u.v '
 ⇒ y'= 2
 v = ( 2 x + 1) ⇒ v′= 2 v

Utilizando a regra:

3 ⋅ ( 2 x + 1) − ( 3x − 2 ) ⋅ 2
y′ =
( 2 x + 1)
2

6x + 3 − 6x + 4 7
=y' = 2
(2 x + 1) (2 x + 1) 2

Após simplificar, obtemos:


7
y′ =
( 2 x + 1)
2

Vejamos, a seguir, outros exemplos de derivada do quocien-


te de uma função.

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 49

2 x3 + x
1) f ( x ) = , então,
7−x
(2 x3 + x)(7 − x) − (2 x3 + x)(7 − x)
f ´( x) =
(7 − x) 2

=
(6x 2
+ 1) (7 − x) − (2 x 3 + x)(0 − 1)
(7 − x) 2
42 x 2 − 6 x 3 + 7 − x + 2 x3 + x
⇒ ⇒
(7 − x) 2
2 x3 − 6 x3 + 4 x 2 + 7 −4 x3 + 42 x 2 + 7
=f ´( x) = ⇒ f ´( x )
(7 − x) 2 (7 − x) 2

x2 + 1
2) g ( x) = , então
x

=g´( x)
(=
x + 1)´( x)− ( x + 1)( x)´
2 2
(2 x)( x) − ( x 2 + 1)(1)
( x) 2 x2
2 x2 − x2 −1 x2 −1
= ⇒ g
= ´( x )
x2 x2

x2
3) f ( x ) = , então
x−2

=f ´( x )
(=
x )´⋅ ( x − 2 ) − ( x ) ⋅ ( x − 2 )´
2 2
2 x ⋅ ( x − 2 ) − ( x 2 ) ⋅ (1)
( x − 2) ( x − 2)
2 2

2 x2 − 4 x − x2 x2 − 4 x
f ´( x )
⇒= =
( x − 2) ( x − 2)
2 2

2
4) g ( x ) = 3 x − x − 10 , então
x−2
50 © Introdução ao Cálculo

( 6 x − 1) ⋅ ( x − 2 ) − ( 3x 2 − x − 10 ) ⋅ (1)
⇒ g´( x) =
( x − 2)
2

6 x 2 − 12 x − x + 2 − ( 3 x 2 − x − 10 )
⇒ g´( x ) =
( x − 2)
2

6 x 2 − 13 x + 2 − 3 x 2 + x + 10 3 x 2 − 12 x + 12
=⇒ g´( x) =
( x − 2) 2 x2 − 4 x + 4
3( x2 − 4 x + 4)
g´( x )
⇒= g´( x ) 3
⇒=
x2 − 4x + 4

Regra 7 – Derivada da função composta (Regra da Cadeia)


Sejam as funções y = f ( u ) e u = g ( x ) , podemos conside-
rar (desde que g ( x ) esteja no domínio de f ) a função compos-
ta y = f ( g ( x ) ) . Se “ f ” e “ g ” forem diferenciáveis. Neste caso,
podemos calcular a derivada dessa função composta pela regra:
=y ' f ' (u ) ⋅u ' ( x ) .
y ( 2 x 2 − 3) pode ser inter-
5
Vejamos um exemplo prático:=
pretada como = y f= ( u ) u 5 , com= u 2 x 2 − 3 . Nesse caso, temos
f ' ( u ) = 5u e u ' ( x ) = 4 x . Assim, a derivada
4
= y ' f ' ( u ) ⋅ u ' ( x ) fi-
x: y ' 20 x ( 2 x 2 − 3) .
4
cará: = 4
y ' 5u ⋅ 4 x ou, em termos da variável =
Vejamos mais alguns exemplos da aplicação da derivada de
uma função composta.

Exemplo 1
A função f ( x= ) ( x + 2)² é uma função composta. Se escrever-
mos u ( x=) ( x + 2) , podemos simplificar a função f ( x=) ( x + 2)²
por: f ( x) = (u )² .
Para derivar a função f ( x ) , precisamos derivar f e u e de-
pois multiplicá-las, ou seja: f ' ( x ) =
( x + 2 )2  '. ( x + 2 )  ' .
   

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 51

Derivamos a função:
f ( x) =
(u )² ⇒ f '( x) =
2u ⇒ f '( x) =
2( x + 2)
⇒ f '( x) =
2x + 4

Derivamos a função:
u ( x) = ( x + 2) ⇒ u '( x) = 1
Multiplicamos as funções y ' e u ' e obtemos:
f '( x) = (2 x + 4) ⋅ (1) ⇒ f '( x) = 2 x + 4 .

Exemplo 2

A função f ( x ) = x é uma função composta. Se escrever-


3

mos u ( x ) = x , podemos simplificar a função f ( x ) = x por:


3 3

f ( x) = u .

Para derivar a função f ( x) , precisamos derivar f e u e de-


pois multiplicá-las, ou seja: f ' ( x ) = ( x ) '.( x ) ' .
3 3

Derivamos a função:
1
1 1 −1 1 − 1
f ( x) = y = u ⇒ y = u 2 ⇒ y´= u 2 = u 2
2 2
1 1 1 1 1 1 1
y´= ⋅ 1 = ⋅ = = =
2 u 2 2 u 2 u 2 x 3
2x x

Derivamos a função:
u ( x) =x 3 ⇒ u´( x) =
3x 2

Multiplicamos as funções y´ e u´ e obtemos:


1 3x 2 3x
f ´( x)= ( x 3 )´⋅ ( x 3 )´= ⋅ 3 x 2 ⇒ f ´( x)= =
2x x 2x x 2 x
52 © Introdução ao Cálculo

Exemplo 3
(5x )
7
A função f ( x )=
2
− 9 x + 2 é uma função composta. Se
escrevermos u ( x )= (5x 2
)
− 9 x + 2 , podemos simplificar f ( x )
por: y = u 7 .
f ( x)
Para derivar a função , precisamos derivar f e u e, em
seguida, multiplicá-las, ou seja:
f ' ( x ) (=
= y ').(u ') (u 7 ) '.(u ) '

( )
)  5 x 2 − 9 x + 2  '. 5 x 2 − 9 x + 2  ' .
7
f '( x=
 
Derivamos a função
y = u 7 ⇒ y´= 7u 6 = 7(5 x 2 − 9 x + 2)

Derivamos a função

u ( x)= 5 x 2 − 9 x + 2 ⇒ u´( x)= 10 x − 9

Multiplicamos as funções "y" e "u" e obtemos:


f ´( x) = 7 ⋅ u 6 ⋅ u´= 7 ( 5 x 2 − 9 x + 2 ) ⋅ (10 x − 9 ) .
6

Exemplo 4
A função f ( x) = x com x ≥ 0 é uma função composta. Se
escrevermos u ( x) = x , podemos simplificar f ( x)= y= u .
Para derivar a função f ( x ) , precisamos derivar y e u e, em
seguida, multiplicá-las, ou seja:
Derivamos a função:
1
1 − 12 1 1
f ( x) = y = u ⇒ y´= u = 1 =
2
2 2 u
2u 2
Derivamos a função:
u ( x) = x ⇒ u´= 1

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 53

Multiplicamos as funções y´ e u´ obtendo:


1 1
f ´(=
x) ⋅1
=
2 u 2 x

Exemplo 5
Para calcular a derivada da função f ( x) = 3 x , procedere-
mos de modo similar ao exemplo anterior.
A função f ( x) = 3 x é uma função composta. Se escrever-
mos u ( x) = x , podemos simplificar f ( x)= y= 3 u . Para derivar a
função f ( x) , precisamos derivar “y” e “u” e, em seguida, multi-
plicá-las, ou seja:
Derivamos:
1
1 − 23 1 1
f ( x ) = y =u ⇒ y ' = u = 2 =
3
3 3 2
3u 3 3 u

Derivamos:
u ( x ) =x ⇒ u ' =1

Multiplicamos as funções y ' e u ' obtendo:


1 1
f '( x)
= = .1
33 u2 3 3 x2
Exemplo 6
Vamos calcular a derivada da função h=
( x) x2 − x ?
Pois bem! A função h=
( x) x 2 − x é uma função composta.
u x2 − x e y = u .
Para derivá-la podemos denotar =
Pela regra da cadeia, temos que h´(= x) ( y )´⋅ ( u )´ . Assim,
para derivar a função h ( x ) , precisamos derivar “u” e “y” e, em
seguida, multiplicá-las:
54 © Introdução ao Cálculo

Derivamos:
1
1 − 12 1 1
y = u 2 ⇒ y´= u = 1
=
2 2 u
2u 2

Derivamos:
u = x 2 − x ⇒ u´= 2 x − 1
Multiplicamos as funções y´ e u´ obtendo:
1 2x −1
h´( x=
) ⋅ ( 2 x − 1=
)
2 u 2 x2 − x

Exemplo 7
x) ( x 2 − 1)3 .
Agora, vamos calcular a derivada da função h(=
x) ( x 2 − 1)3 é composta. Para derivá-la, pode-
A função h(=
3
u x2 −1 e y = u .
mos denotar =
Pela regra da cadeia, temos que h´(= x) ( y )´⋅(u )´ . Assim,
para derivar a função h ( x ) , precisamos derivar u e y e, em segui-
da, multiplicá-las:

Derivamos:
y =u 3 ⇒ y´=3u 2 =3 ⋅ ( x 2 − 1)
2

Derivamos:
u = x 2 − 1 ⇒ u´= 2 x
Multiplicamos as funções y ' e u ' obtendo:
h´( x) = (2 x) ⋅ ( x 2 − 1) 2 = 6 x ⋅ ( x 2 − 1)
2

Exemplo 8
Para que você compreenda melhor como aplicar essa regra,
1
vamos calcular a derivada da função h ( x ) = ?
2 x2 −1
1
A função h ( x ) = é uma função composta. Assim,
2 x2 −1

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 55

para derivá-la devemos introduzir mais de uma variável intermedi-


ária. Neste exemplo, podemos denotar u= x − 1 , z = u e y = 1 .
z
Pela regra da cadeia, temos que h ' ( x ) = ( y ) '. ( z ) ' ( u ) ' .
Para derivar a função h ( x ) , precisamos derivar “u”, “z” e “y”
e, em seguida, multiplicá-las:
Derivamos:
1 1
y == z −1 ⇒ y ' =
−1. z −2 =
− 2
z z

Derivamos:
1
1 − 12 1 1
z= u = u2 ⇒ z ' = u = 1
=
2 2 u
2u 2

Derivamos:
u = 2 x − 1 ⇒ u '= 2
Multiplicamos as funções z ' , y ' e u ' obtendo:

1 1
h '( x) = − . .2
z2 2 u

Substituindo os valores temos:

2 2 2
⇒− =− =− =
( ) u .2 u 2 ( 2 x − 1) .2 2 x − 1
2
u 2 u
h '( x) = − 2
2 z 2 u
− 1
2 ( 2 x − 1)( 2 x − 1) 2

2 2
Portanto, h ' ( x ) =
− 3
=
− 3
2 ( 2 x − 1) 2 ( 2 x − 1) 2
56 © Introdução ao Cálculo

Exemplo 9
Como último exemplo, vamos calcular a derivada da função
1 ?
h( x ) =
x4 −1
1
Vamos lá! A função h( x) = é uma função composta.
x4 −1
Assim, para derivá-la devemos introduzir mais de uma variável in-
termediária. Nesse exemplo, podemos denotar = u x4 − 1, z = u
1
e y= .
z
Pela regra da cadeia, temos que h´(=
x) ( y )´⋅ ( z )´(u )´ .
Para derivar a função h( x) , precisamos derivar “u”,“z” e “y”
e, em seguida, multiplicá-las:
1 1
Derivamos: y = =z −1 ⇒ y´=−1 ⋅ z −2 =− 2
z z
1
1 − 12 1 1
Derivamos:z = u = u ⇒ z´= u =
2
1
=
2 2 u
2u 2

Derivamos:
u = x 4 − 1 ⇒ u´= 4 x 3
Multiplicamos as funções z ' , y ' e u ' obtendo:
1 1
h´( x ) =
− 2⋅ ⋅ 4 x3
z 2 u

Substituindo os valores temos:


4 x3
h´( x ) = −
z2 2 u
4 x3 4 x3 4 x3
⇒− =− =−
( u) ( x 4 − 1) ⋅ 2 x 4 − 1
2
2 u u⋅2 u

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 57

4 x3
⇒−
2 ( x 4 − 1) ⋅ ( x 4 − 1)
1
2

Portanto,

4 x3 2 x3
h´( x) =
− 3
= 3
2 ⋅ ( x 4 − 1) 2 ( x 4 − 1) 2

Função exponencial e função logaritmo


Duas funções bastante úteis em certas aplicações são a fun-
ção exponencial e a função logaritmo. Vamos conhecê-las?
Função exponencial
y = a x onde a é a base, a > 0; a ≠ 1 e x ∈ R .
Em particular, a função y = e x onde e é um número irracio-
nal, base dos logaritmos naturais, e ≅ 2, 71828 .
Função logaritmo
y = ln x , logaritmo de x na base natural e .
Derivada da função exponencial: y = e x (base e ) ⇒ y ' =
ex .
Para outra base a qualquer, y = a x ⇒ y ' = a x .ln a .
1
Derivada da função logaritmo: y = ln x ⇒ y′ = .
x

7. INTERPRETAÇÃO FÍSICA E GEOMÉTRICA DA DERI-


VADA
Interpretação física
Tradicionalmente, motivado pela preocupação de descrever
os fenômenos do movimento, o conceito de derivada nasceu com
a interpretação física de velocidade: a taxa de variação do "espaço
percorrido com o tempo gasto em percorrê-lo", ou aceleração: a
taxa de variação da "velocidade de um móvel com o tempo".
58 © Introdução ao Cálculo

Hoje, esse conceito tem aplicações em quase todos os ramos


do conhecimento, em particular nas ciências socioeconômicas,
como veremos na próxima unidade.

Interpretação geométrica
Uma importante interpretação geométrica da derivada num
ponto x0 é a inclinação da reta tangente ao gráfico da função no
ponto P = ( x0 , f ( x0 ) ) , como veremos a seguir.
Seja a função dada por y = f ( x ) , considere, sobre o gráfico
= ( x0 + ∆x, f ( x0 + ∆x ) )
dessa função, os pontos P = ( x0, f ( x0 ) ) e Q
, mostrados na Figura 2.

Figura 2 Interpretação geométrica da derivada de uma função.

A reta secante à curva que passa pelos pontos P e Q, tem


uma inclinação (ou coeficiente angular) dada por:

∆y f ( x0 + ∆x ) − f ( x0 )
m( P , Q ) = =
∆x ∆x
Imaginemos, agora, que o ponto P esteja fixado e que o pon-
to “Q” “caminhe” sobre a curva, se aproximando do ponto P (isso é
a mesma coisa que, fixado o valor x0 , tomar os valores de ∆x cada
vez menores, se aproximando de zero).

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 59

Nessas condições, a inclinação das retas secantes PQ
vão se tornando cada vez mais "próximas" da inclinação da reta
tangente ao gráfico no ponto P. Ou seja, as suas inclinações
∆y f ( x0 + ∆x ) − f ( x0 ) , quando ∆x → 0 , vão tendendo à incli-
=
∆x ∆x
nação da reta tangente ao gráfico da função y = f ( x ) , no ponto P.
Esse processo nos mostra, intuitivamente, que a inclinação
da reta tangente ao gráfico de y = f ( x) , no ponto P = ( x0 , f ( x0 )) ,
é igual ao lim f ( x0 + ∆x) − f ( x0 ) = f ´( x ) .
0
∆x → 0 ∆x
Por essa razão, podemos afirmar que a reta tangente ao grá-
fico da função y = f ( x ) no ponto “P”, é a reta que passa por P e
tem coeficiente angular igual a f ' ( x0 ) .
A ideia de derivada de uma função surgiu com o estudo de
problemas relacionados ao movimento. Torricelli e Barrow estu-
daram o problema do movimento com velocidades variadas já sa-
bendo que a taxa de variação pontual – derivada – do deslocamen-
to era a velocidade e que a operação inversa da velocidade era o
deslocamento.
Um exemplo prático bem conhecido de taxa de variação é o
conceito de velocidade de um móvel em movimento retilíneo.
Suponha a seguinte situação: um móvel se move em linha
reta segundo a equação s = f ( x ) (espaço em função do tempo),
onde “ x ” é o tempo decorrido para percorrer a distância s . Esse
móvel movimenta-se entre os instantes x1 e x1 + ∆x , ou melhor,
no intervalo ∆= x ( x1 + ∆x ) − x1 . Então seu deslocamento varia de
f ( x1 ) a f ( x1 + ∆x ) , isto é: =
∆S f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 ) .
A velocidade média (variação do espaço sobre a variação do
tempo) desse móvel é calculada pela equação:

∆S f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 )
vm
= =
∆x ∆x
60 © Introdução ao Cálculo

Para conhecermos a velocidade desse móvel no instante x1


, devemos calcular a velocidade média com ∆x cada vez menor
(variação de tempo tendendo a zero). Se imaginarmos que ∆x se
aproxima do zero, então a velocidade instantânea será dada por:
f ( x1 + ∆x) − f ( x) , que é a derivada da função espaço.
v == lim
x →0 ∆x
Como já vimos no início da unidade, esse limite é a derivada
de s = f ( x1 ) para o tempo x1 . Portanto, a velocidade é a derivada
da função espaço para um intervalo de tempo tendendo a zero:
v = f '( x1 ) .
A aceleração (variação da velocidade sobre a variação do
tempo) de um móvel também é uma taxa de variação (derivada).
Sabendo que a aceleração média no intervalo de tempo ∆x é dada
∆v v ( x1 + ∆x ) − v ( x1 )
por: a=
m = .
∆x ∆x
A aceleração do móvel no instante x1 , isto é, quan-
do ∆x se aproxima de zero (tende a zero), é dada por:
v ( x1 + ∆x ) − v ( x1 )
a = lim , que é a derivada da função velocida-
de.
x →0 ∆x

Podemos escrever: a=( x ) v=


' ( x ) f '' ( x ) , sendo que f '' ( x )
é a derivada segunda da função f ( x ) , isto é, f '' ( x ) , f é a função
f ( x ) derivada duas vezes. Vejamos a seguir dois exemplos.

Exemplo 1
Um automóvel inicia um movimento em linha reta no instan-
te t = 0 s . Sua posição (espaço) é dada por S (=
t ) 16t − t 2 . Qual é
a velocidade do automóvel no instante t = 2 s ? Qual é sua acelera-
ção no instante t = 4 s ?
Para determinar a velocidade do automóvel no instante
t = 2 s , derivamos a função posição f ( t ) .
v ( t=
) S ' ( t=) 16 − 2t
Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
© A Derivada 61

Se t = 2 , então basta substituirmos: v ( 2 ) =16 − 2.2 =12


unidades de velocidade.
Sabendo que a aceleração é a derivada da fun-
ção velocidade ( a = v ' (t ) ou a = S " ( t ) ), temos:
a ( t ) =v ' ( t ) =(16 − 2t ) ' =−2 ⇒ a ( t ) =−2 unidades de acelera-
ção.
Assim, para qualquer instante “t”, a aceleração do carro é
a ( t ) = −2 unidades de aceleração. Em Física, aprendemos que,
se a aceleração é negativa, o carro está reduzindo sua velocidade
(movimento retardado).
Vimos, no exemplo anterior, que os termos velocidade e
aceleração foram utilizados para se referir às derivadas que des-
crevem o movimento de um móvel.
Exemplo 2
Suponha que o custo de produção de “x” impressoras seja
dado pela função c(=x) 6 x 2 + 15 x reais quando são produzidas de
x) 8 x 2 + 12 x represente a receita da
1 a 20 impressoras e que r (=
venda de “x” impressoras. Considerando que uma indústria produ-
za 10 impressoras por dia, qual será o custo adicional aproximado
para produzir uma impressora a mais por dia e qual o aumento
estimado na receita para a venda de 11 impressoras por dia?
Observe que o custo marginal para produzir uma impressora
a mais, quando são produzidas 10 por dia, é de aproximadamente
c´(10) .
Teremos:

c´(=
x) 12 x + 15
⇒ c´(10) = 12(10) + 15 = 120 + 15 = 135

O custo adicional será de, aproximadamente, R$135,00.


Dessa forma, podemos dizer que o rendimento marginal é
r´(=
x) 15 x + 12 , que estima o aumento no rendimento como re-
sultado da venda de uma unidade adicional. Se forem vendidas
62 © Introdução ao Cálculo

10 impressoras por dia, pode-se esperar que o rendimento au-


mente em torno de r´(10) = 172 , ou seja, se a venda
= 16(10) + 12
aumentar para 11 impressoras por dia, teremos um aumento de
R$172,00 na receita.

8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure resolver e responder as ques-
tões a seguir, que tratam da temática desenvolvida nesta unidade,
ou seja, da aprendizagem de conteúdos como reta tangente, de-
rivada de uma função em um ponto, regras de derivação e aplica-
ções de derivadas.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você aferir seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
resolvê-las, procure revisar os conteúdos estudados para saná-las.
Este é um momento importante para você fazer uma revisão desta
unidade.
Lembre-se de que no ensino a distância, o aprendizado é re-
alizado de forma cooperativa e colaborativa. Portanto compartilhe
com seus colegas suas dúvidas e conhecimentos.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade.
1) Calcule a inclinação da reta tangente à função
) x 2 + 2 x no ponto x = 3 .
f ( x=
2) Dada a função f ( x= ) x 2 + 5 , calcule a derivada para
qualquer ponto x desta função.
3) Utilize as regras de derivação e determine a derivada das
funções a seguir:
a) f ( x) = − π .
b) f ( x) = −8 .
c) f ( x) = −3 x5 .

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© A Derivada 63

2 5
d) g ( x) = x .
3
3
e) z ( x) = 3 .
x
4) Utilize as propriedades operatórias de derivação e de-
termine a derivada das funções a seguir:
a) f ( x) = 4 x11 .

2 3x 2 + 2 x3 .
b) f ( x) =+

3 5
c) − x2 +
f ( x) = .
4 7
x2 + 1
d) f ( x) .
x −1
2
f ( x) =
e) x4 .
x +1
f ( x) =
f) x −1 .

g) f ( x) = (x 2
− 1) ⋅ ( x 2 + x ) .

h) f ( x=
) ( 2x 2
− 1) ⋅ ( x + 1) .

5) Utilize a regra da cadeia para derivar as funções a se-


guir:
x) ( x 2 − 2) 2 .
a) f (=

b) f =
( x) x2 + 1 .
c) 1 .
f ( x) =
1 − x2
64 © Introdução ao Cálculo

Gabarito
Depois de responder às questões autoavaliativas, é impor-
tante que você confira o seu desempenho, a fim de que possa sa-
ber se é preciso retomar o estudo desta unidade. Confira, a seguir,
as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas
anteriormente.
1) 8.
2) f ´( x) = 2 x .

3)
a) 0.
b) 0.
c) −15x 4 .
d) 10 x 4 .
3
e) − 9 .
x4
f) 44x10 .
g) 6 x 2 + 6 x .

h) − 3 x .
2

i) x2 + 2x −1 .
( x − 1)
2

j) 8 .

x5
k) − 2 .
( x − 1)
2

l) 4 x3 + 3x 2 − 2 x − 1 .
m) 6 x 2 + 4 x 2 x − 1 .

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© A Derivada 65

4)

a) 4 x( x 2 − 2) .

b) x .
x2 + 1

c) 2x .
(1 − x 2 ) 2

9. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você teve a oportunidade de estudar a reta
tangente, derivada de uma função em um ponto, regras de deriva-
ção e aplicações de derivadas.
Na próxima unidade, iremos conceituar funções crescentes e
decrescentes, máximos e mínimos de uma função e algumas apli-
cações da derivada de uma função.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


DANTE, L. R. Matemática: contexto & aplicações. 4. ed. São Paulo: Ática, 2000. v. 3.
FLEMMING, D. M.; GONÇALVES, M. B. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 5.
ed. São Paulo: Makron Books, 1992/2004.
IEZZI, G. Fundamentos de matemática elementar: conjuntos funções. 7. ed. São Paulo:
Atual, 1993.
IEZZI, G., MURAKAMI C.; MACHADO N. J. Fundamentos de matemática elementar: limites,
derivadas, noções de integral. 5. ed. São Paulo: Atual, 1993.
MORETTIN, P. A.; HAZZAN, S.; BUSSAB, W. O. Cálculo: funções de uma e várias variáveis.
São Paulo: Saraiva, 2006.
SIMMONS, G. F. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Seiji Hariki. São Paulo:
Makron Books, 1987. v. 1.
SWOKOWSKI, E. W. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Alfredo Alves de Farias.
2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. v. 1.
VERAS, L. L. Matemática aplicada à economia: síntese da teoria, mais de 300 exercícios
resolvidos e propostos com respostas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
EAD
Aplicações da Derivada

2
1. OBJETIVOS
• Identificar o comportamento das funções pelo conceito
de derivada.
• Reconhecer situações reais que se descrevem pela deri-
vada.
• Resolver problemas do dia a dia com o auxílio da deriva-
da.

2. CONTEÚDOS
• Funções crescentes e decrescentes.
• Máximos e mínimos.
• Funções marginais.
• Orientações para o estu
68 © Introdução ao Cálculo

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir.
1) Sugerimos, que você realize apontamentos com o objeti-
vo de comparar e aprofundar os pontos de destaque.
2) Lembre-se de que sua participação pode fazer a diferen-
ça! É por meio da interação alicerçada pelos conteúdos
e pelo rigor e dedicação na pesquisa que você poderá
adquirir de forma colaborativa conhecimentos e habili-
dades. Por isso, não deixe de interagir com seus colegas
de turma e com seu tutor.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, iremos explorar os conceitos de funções
crescentes e decrescentes, o teorema do valor médio, máximos e
mínimos de uma função, funções marginais e algumas aplicações
da derivada de uma função.
Uma importante aplicação das derivadas, explorando a sua
interpretação geométrica, é utilizá-la para obter detalhes sobre o
comportamento do valor da função f ( x ) , quando x varia num
dado intervalo do domínio da função.
Tais dados permitem descrever os intervalos onde a função
é crescente ou decrescente, localizar os valores extremos da fun-
ção, os pontos de máximo e de mínimo que, frequentemente, nos
preocupam nos problemas práticos.
A ideia de derivada de uma função surgiu com o estudo de
problemas relacionados ao movimento. Torricelli e Barrow estu-
daram o problema do movimento com velocidades variadas já sa-
bendo que a taxa de variação pontual – derivada – do deslocamen-
to era a velocidade e que a operação inversa da velocidade era o
deslocamento.

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Aplicações da Derivada 69

5. FUNÇÕES CRESCENTES E FUNÇÕES DECRESCENTES


Consideremos uma função y = f ( x ) , definida num interva-
lo de números reais I : a < x < b , e sejam x1 e x2 os pontos desse
intervalo:
• Dizemos que f é crescente em I se:
x1 < x2 ⇒ f ( x1 ) < f ( x2 ) .
• Dizemos que f é decrescente em I se:
x1 < x2 ⇒ f ( x1 ) > f ( x2 ) .
• Dizemos que f é constante em I se: f ( x1 ) = f ( x2 ) para
todos x1 e x2 .

Figura 1 Gráficos de funções crescentes e decrescentes.

Em linguagem menos formal, a função é crescente se quan-


do x aumenta f ( x ) também aumenta e é decrescente se quando
x aumenta f ( x ) diminui, como mostram os gráficos da Figura 1.
Para ver como os conceitos de função crescente e decres-
cente se vinculam ao conceito de derivada, precisamos do Teore-
ma do Valor Médio.
O Teorema do Valor Médio enuncia que – seja y = f ( x )
uma função contínua no intervalo fechado [a, b] e diferenciável
no correspondente intervalo aberto (a, b) , então, existe um pon-
to c pertencente ao intervalo (a, b) , tal que:
70 © Introdução ao Cálculo

f (b) − f (a)
f ′(c) =
b−a
Para interpretar o significado desse teorema, vamos obser-
var a Figura 2:

Figura 2 Gráficos de uma função interceptada por uma reta.

Vemos que os pontos A = ( a, f ( a ) ) , B = ( b, f ( b ) ) e


C = ( c, f ( c ) ) são pontos do gráfico da função y = f ( x ) . Dese-
nhamos as duas retas: reta pelos pontos A e B e reta tangente
ao gráfico da função pelo ponto C .
Observando que o quociente f ( b ) − f ( a ) mede a in-
b−a
clinação da reta que passa pelos pontos A e B e lembrando
que o valor f ' ( c ) mede a inclinação da reta tangente ao gráfi-
co da função y = f ( x ) no ponto “ c ”, a conclusão do teorema
f ( b ) − f ( a ) quer dizer que existe um ponto “ c ”, no in-
f '(c) =
b−a

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Aplicações da Derivada 71

tervalo (a, b) , tal que a reta tangente ao gráfico da função nesse


ponto tem a mesma inclinação da reta que liga os pontos A e B .
Essas observações nos permitem enunciar duas importantes
consequências do Teorema do Valor Médio.
Seja y = f ( x ) função contínua no intervalo fechado [a, b] e
diferenciável no correspondente intervalo aberto (a, b) :
• Se f ' ( x ) > 0 , para todo x no intervalo (a, b) então
f ( x ) é crescente em [a, b] .
• Se f ' ( x ) < 0 , para todo x no intervalo (a, b) , então
f ( x ) é decrescente em [a, b] .
Vejamos dois exemplos simples envolvendo funções do
2º grau.

Exemplo 1
Consideremos a função do 2º grau y= x − x − 2; x ∈[ −2,3]
2

, cujo gráfico, já sabemos, é uma parábola e, como o coeficiente “


a ” é positivo, ela tem a "boca" virada para cima, conforme mostra
o gráfico na Figura 3.

Figura 3 Gráfico de uma função do 2º grau (parábola).


72 © Introdução ao Cálculo

Vemos que, calculando a derivada, obtemos: y=' 2 x − 1 .


Analisando o sinal da derivada, obtemos:
 ′ 1
 y > 0 ⇔ 2 x − 1 > 0 ⇔ x > ⇒ função crescente
2
 1
 y ′ < 0 ⇔ 2 x − 1 < 0 ⇔ x < ⇒ função decrescente
 2

Exemplo 2
Consideremos, agora, a função do 2º grau
y =− x 2 + x + 2; x ∈[ −2,3] , cujo gráfico é uma parábola. Como o
coeficiente “ a ” é negativo, ela tem a "boca" virada para baixo.
Veja o gráfico da Figura 4:

Figura 4 Gráfico de uma função do 2º grau (parábola).

Observamos que, calculando a derivada, obtemos:


y'=
− 2 x + 1 . Analisando o sinal da derivada, obtemos:

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Aplicações da Derivada 73

 ′ 1
 y > 0 ⇔ − 2 x + 1 > 0 ⇔ x < 2 ⇒ função crescente
 1
 y′ < 0 ⇔ − 2 x + 1 < 0 ⇔ x > ⇒ função decrescente
 2

6. DERIVADA COMO TAXA DE VARIAÇÃO


Um exemplo prático bem conhecido de taxa de variação é o
conceito de velocidade de um móvel em movimento retilíneo.
Suponha a seguinte situação: um móvel se move em linha
reta segundo a equação s = f ( x ) (espaço em função do tempo),
onde x é o tempo decorrido para percorrer a distância s . Esse
móvel movimenta-se entre os instantes x1 e ( x1 + ∆x ) , ou melhor,
no intervalo ∆= x ( x1 + ∆x ) − x1 . Então seu deslocamento varia de
f ( x1 ) a f ( x1 + ∆x ) , isto é: =
∆S f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 ) .
A velocidade média (variação do espaço sobre a variação do
tempo) desse móvel é calculada pela equação:
∆S f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 )
vm
= =
∆x ∆x

Para conhecermos a velocidade desse móvel no instante x1


, devemos calcular a velocidade média com ∆x cada vez menor
(variação de tempo tendendo a zero). Se imaginarmos que ∆x se
aproxima do zero, então a velocidade instantânea será dada por:
f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 ) , que é a derivada da função espaço.
v = lim
∆x →0 ∆x
Como já vimos anteriormente, esse limite é a derivada de
s = f ( x1 ) para o tempo x1 . Portanto, a velocidade é a derivada da
função espaço para um intervalo de tempo tendendo a zero:
v = f ′ ( x1 )

A aceleração (variação da velocidade sobre a variação do


tempo) de um móvel também é uma taxa de variação (derivada).
74 © Introdução ao Cálculo

Sabendo que a aceleração média no intervalo de tempo ∆x é dada


por:
∆v v ( x1 + ∆x ) − v ( x1 )
a=
m =
∆x ∆x

A aceleração do móvel no instante x1 , isto é, quando ∆x se apro-


v ( x1 + ∆x ) − v ( x1 )
xima de zero (tende a zero), é dada por: a = lim
, que é a derivada da função velocidade.
∆x →0 ∆x

Podemos escrever: a= ( x ) v=
' ( x ) f '' ( x ) , sendo que f '' ( x )
é a derivada segunda da função f ( x ) , isto é, f '' ( x ) é a função
f ( x ) derivada duas vezes. Vejamos dois exemplos.
Exemplo 1
Um automóvel inicia um movimento em linha reta no instan-
te t = 0 s . Sua posição (espaço) é dada por S (=
t ) 16t − t 2 . Qual é a
velocidade do automóvel no instante t = 2 s ? Qual é sua acelera-
ção no instante t = 4 s ?
Para determinar a velocidade do automóvel no instante
t = 2 s , derivamos a função posição f (t ) .

v ( t=
) S ' ( t=) 16 − 2t

Se t = 2 , basta substituirmos: v ( 2 ) = 16 − 2 ⋅ 2 = 12 unidades


de velocidade.
Sabendo que a aceleração é a derivada da fun-
ção velocidade ( a = v ' (t ) ou a = S '' ( t ) ), temos:
a ( t ) =v ' ( t ) =(16 − 2t ) ' =−2 ⇒ a ( t ) =−2 unidades de aceleração.
Assim, para qualquer instante t a aceleração do carro é
a ( t ) = −2 unidades de aceleração. Em Física, aprendemos que,
se a aceleração é negativa, o carro está reduzindo sua velocidade
(movimento retardado).

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Aplicações da Derivada 75

Observação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Vimos, no exemplo anterior, que os termos velocidade e aceleração foram utiliza-
dos para se referir às derivadas que descrevem o movimento de um móvel.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Exemplo 2
Suponha que o custo de produção de “x” impressoras seja
dado pela função c (=x ) 6 x 2 + 15 x reais quando são produzidas
de 1 a 20 impressoras e que r (=x ) 8 x 2 + 12 x represente a receita
da venda de “x” impressoras.
Considerando que uma indústria produza 10 impressoras
por dia, qual será o custo adicional aproximado para produzir uma
impressora a mais por dia e qual o aumento estimado na receita
para a venda de 11 impressoras por dia?
Observe que o custo marginal para produzir uma impressora
a mais, quando são produzidas 10 por dia, é de aproximadamente
c ' (10 ) .
Assim, teremos:
c '( x) = 12 x + 15 ⇒ c '(10) = 12(10) + 15 = 120 + 15 = 135
O custo adicional será de aproximadamente R$135,00.
Dessa forma, podemos dizer que o rendimento marginal é
r´(=
x) 16 x + 12 , que estima o aumento no rendimento como re-
sultado da venda de uma unidade adicional.
Se forem vendidas 10 impressoras por dia, pode-se esperar
que o rendimento aumente em torno de r´(10)= 16(10) + 12 = 172 ,
ou seja, se a venda aumentar para 11 impressoras por dia, teremos
um aumento de R$172,00 na receita.

7. MÁXIMOS E MÍNIMOS
Até o momento, você teve a oportunidade de compreender
que a derivada de uma função representa a inclinação da reta tan-
gente ao gráfico em um ponto. Esse fato nos permite aplicar a de-
rivada para construir gráficos.
76 © Introdução ao Cálculo

Se determinarmos, por exemplo, os pontos nos quais a de-


rivada é zero, encontraremos, também, os pontos em que a reta
tangente é horizontal.
Muitos dos problemas do nosso dia a dia envolvem a procu-
ra de valores extremos das funções. Estamos sempre procurando
maximizar lucros, minimizar custos etc. Veremos como o cálculo
diferencial pode nos ajudar.

Valores extremos de uma função


Dizemos que uma função y = f (x) , definida num interva-
lo de números reais I : a < x < b , possui um máximo local num
ponto c ∈ I , se existe uma vizinhança V desse ponto tal que
f ( x) ≤ f (c) para todo x ∈ V .
Analogamente, diremos que f possui um mínimo local
num ponto c ∈ I , se existe uma vizinhança V desse ponto tal que
f ( x) ≥ f (c) para todo x ∈ V .
O gráfico representado na Figura 5 ilustra esses conceitos.

Figura 5 Gráfico valores extremos de uma função.


É possível demonstrar que se y = f (x) for uma função di-
ferenciável num dado intervalo I e se x0 ∈ I for um ponto de
máximo ou de mínimo local, então f ′( x0 ) = 0 . Em outras palavras,
os possíveis pontos de máximo ou de mínimo locais de uma função
diferenciável são os pontos onde f ′( x) = 0 .

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Aplicações da Derivada 77

Valor máximo relativo


Uma função f ( x) tem um valor máximo relativo em um
ponto c se, em um intervalo aberto que contenha “ c ”, o valor de
f (c) for maior que qualquer outro f ( x) , x pertencente a esse
intervalo.
Os gráficos da Figura 6 ilustram um máximo relativo em c .

Figura 6 Valor máximo relativo de uma função.

Valor mínimo relativo


Uma função f ( x ) tem um valor mínimo relativo em um
ponto “ c ” se, em um intervalo aberto que contenha “ c ”, o valor
de f ( c ) for menor que qualquer outro f ( x ) , para todo “ x ” per-
tencente a esse intervalo.
Os gráficos da Figura 7 demonstram o valor mínimo relativo
c
em “ ”:

Figura 7 Valor mínimo relativo de uma função.


78 © Introdução ao Cálculo

Se a função f tem um valor máximo relativo ou um valor


mínimo relativo em c , podemos dizer que f tem um extremo
relativo em “ c ”.
Observando os gráficos das Figuras 6 e 7 (valor máximo rela-
tivo e valor mínimo relativo), percebemos que a reta tangente ao
gráfico no ponto c deve ser uma reta horizontal.
Para isso, a inclinação da reta deve ser zero, isto é, a derivada
de f no ponto “ c ” deve ser igual a zero. Para localizar os possíveis
valores de c , utilizamos o teorema a seguir.
Apresentaremos, agora, um critério para localizar pontos de
máximo e mínimo locais de funções diferenciáveis:
Teste da primeira derivada: seja y = f (x) uma função dife-
renciável num intervalo I : a < x < b e seja c ∈ I um ponto tal que
f ′(c) = 0 . Então:
• c é ponto de máximo local se: f ′( x) > 0 para x < c e
f ′( x) < 0 para x > c .
• c é ponto de máximo local se: f ′( x) < 0 para x < c e
f ′( x) > 0 para x > c .
Os gráficos da Figura 8 ilustram esse teste:

Figura 8 Valor máximo e valor mínimo de f ( x) .

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Aplicações da Derivada 79

Vejamos alguns exemplos.


Exemplo 1
Encontre, se existirem, os pontos de máximo ou de mínimo
relativos da função y = 8 x3 − 12 x 2 − 26 x + 15 .
Solução:
Calculando a derivada dessa função, obtemos:
y ′ = 24 x 2 − 24 x − 26.
Os possíveis pontos de máximo ou de mínimo são aqueles
que anulam essa derivada:
y′ =0 ⇒ 24 x 2 − 24 x − 26 =0 ⇔ 12 x 2 − 12 x − 13 =0 , uma equa-
ção do 2º grau que resolveremos utilizando a fórmula de Báskara.
Temos: ∆ = ( −12 ) − 4 ⋅12 ⋅ ( −13) ⇒ ∆ = 768 que, substituí-
2

− ( −12 ) ± 768
do na fórmula ⇒ x =
2 ×12

 12 − 27, 71
 x1 = 24
= −0, 65
⇒
=  x 12 + 27, 71
= 1, 65
 2
24
Façamos o teste para máximos e mínimos nos pontos
x1 = −0, 65 e x2 = 1,65 .
Precisamos analisar o sinal da derivada y ′ = 24 x 2 − 24 x − 26.
Como se trata de um trinômio do 2º grau com coeficiente a posi-
tivo, concluímos que:
• y ′ > 0 , fora do intervalo das raízes.
y ′ > 0 se x < −0,65 ou x > 1,65 .
• y ′ < 0 , no intervalo das raízes.
y ′ < 0 se − 0,65 < x < 1,65 .
80 © Introdução ao Cálculo

Aplicando o teste da primeira derivada, concluímos que


x1 = −0, 65 é ponto de máximo local e x2 = 1, 65 é ponto de mí-
nimo local.
Observe, na Figura 9, o esboço do gráfico dessa função
y = 8 x3 − 12 x 2 − 26 x + 15 .

f ( x)
Figura 9 Valor máximo e mínimo relativo a .

Exemplo 2
Uma indústria de fósforos estimou que a função demandada
para suas caixas de fósforos é dada por=p 19, 2 − 0,8 x , onde x é
a quantidade de caixas de fósforos demandada (medida em lotes
de 10.000 caixas) e p é o preço de venda no atacado (medido em
centavos por caixa). Qual a quantidade comercializada que gerará
a maior receita? Qual o valor dessa máxima receita?
Solução:
Inicialmente, vamos obter a função receita, obtida pela se-
guinte regra:
Re ceita (quantidade de caixas vendidas ) ⋅ ( preço por caixa )
No problema em questão, a expectativa de receita, admitin-
do-se que o preço de venda seja o fornecido pela função da deman-

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Aplicações da Derivada 81

da, será: R( x)= 10000 x ⋅ (19, 2 − 0,8 x) ⇒ R( x)= 10000(19, 2 x − 0,8 x 2 ),


uma função do 2º grau.
Para pesquisa de máximo (ou mínimo), calculemos a deriva-
da: R′( x) = 10000 (19,2 − 1,6 x ).
Impondo a condição R′( x) = 0 ⇒ 19,2 − 1,6 x = 0 ⇒ x = 12.
Fazendo o teste para máximo ou mínimo (resolvendo as desigual-
dades 19,2 − 1,6 x > 0 e 19,2 − 1,6 x < 0), vemos que: R′( x) > 0 se
x < 12 e R′( x) < 0 se x > 12.
Portanto, x = 12 é ponto de máximo.
Assim, a quantidade que maximiza a receita são 12 lotes de
10.000 caixas, ou seja, x = 120.000 caixas.
O valor dessa receita é obtido substituindo-se a quantidade
de lotes x = 12 na expressão da receita:

R (12) 10.000(19, 2 ⋅12 − 0,8 ⋅122 )


=

Feitas as contas, obtemos R (12) = R$1.152.000 centavos ou


R = R$ 11.520,00.
Exemplo 3
No exemplo em que o automóvel em movimento obede-
ce à função (espaço em metros e tempo em segundos) dada por
t ) 16t − t 2 , pudemos determinar os possíveis extremos relati-
S (=
vos da função S (t ) .
Vimos que os extremos relativos são os pontos em que a de-
rivada da função é igual a zero, ou seja, a reta tangente ao gráfico
da função S (t ) é paralela ao eixo “x”.
Assim, temos que a derivada da função S (= t ) 16t − t 2
é dada por S´(t= ) 16 − 2t . Fazendo S´(t ) = 0 , temos:
0 = 16 − 2t = 16 ⇒ t = 8s .
82 © Introdução ao Cálculo

Observe, no gráfico da Figura 10, que para t = 8s o espaço


do móvel é S = 65m . Esse par ordenado (8;65) identifica o tempo
e a posição do móvel no momento em que ele muda o sentido da
trajetória.
Máximo de uma função

70
r
60

50
espaço (S)

40
S(x) = -t2 + 16t
30
20
10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
-10
tempo (t)

Figura 10 Valor máximo de uma função S ( x) .

Exemplo 4
Dada a função f ( x= ) x 2 − 4 x , encontre os possíveis extre-
mos relativos de f ( x ) .
Vimos que os extremos relativos são os pontos em que a de-
rivada de f ( x ) é zero, ou seja, a reta tangente ao gráfico da fun-
ção f ( x ) é paralela ao eixo “ x ”.
A derivada da função f ( x= ) x 2 − 4 x é f '( x=
) 2 x − 4 . Fa-
zendo f '( x ) = 0 , temos: 0 = 2 x − 4 ⇒ 2 x = 4 ⇒ x = 2 .
) x 2 − 4 x uma função do 2º grau e o coeficiente
Sendo f ( x=
2
de x positivo, seu gráfico é uma parábola com concavidade vol-
tada para cima.
Note, na Figura 11, que a reta tangente intercepta a parábola
no ponto de coordenada (2;-4).

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© Aplicações da Derivada 83

Mínim o de um a função

4
y = x2 - 4x
2

0
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6
-2

r
-4

-6

Figura 11 Valor mínimo relativo de ) x2 − 4x .


f ( x=

Máximo e mínimo absolutos


Uma função f ( x ) tem um valor máximo absoluto em um
ponto c se o valor de f ( c ) é maior que qualquer outro f ( x ) , x
pertencente ao domínio de f .
Em contrapartida, uma função f ( x ) tem um valor mínimo
absoluto em um ponto c se o valor de f ( c ) é menor que qual-
quer outro f ( x ) , x pertencente ao domínio de f .
Exemplo
3 2
Dada a função f ( x) = x − 3 x − 9 x + 4 , encontre os ex-
tremos absolutos de f .
Para isso, escrevemos:

f ′ ( x ) = 0 ⇒ ( x3 − 3 x 2 − 9 x + 4) ' = 0 ⇒ 3 x 2 − 6 x − 9 = 0 .
Resolvendo a equação do 2º grau obtida, encontramos dois
pontos críticos: x = −1 e x = 3 , cujos extremos absolutos corres-
pondentes são:
f (−1) =(−1)3 − 3(−1) 2 − 9(−1) + 4 =9 e
84 © Introdução ao Cálculo

f (3) =(3)3 − 3(3) 2 − 9(3) + 4 =−23

Obviamente, o primeiro valor é o máximo absoluto (−1, 9)


e o segundo valor é o mínimo absoluto (3, −23), pois o primeiro é
maior que o segundo.
Observe como fica o gráfico da função na Figura 12.

Máximo e Mínimo Absoluto

15
y = x 3 - 3x 2 - 9x + 4
10

0
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
-5

-10

-15

-20

-25

Figura 12 Valor máximo e mínimo absoluto de f ( x) = x 3 − 3 x 2 − 9 x + 4 .

8. FUNÇÕES MARGINAIS
Vimos que a taxa média de variação ∆y = f ( x0 + ∆x) − f ( x0 )
∆x ∆x
de uma função f , quando x passa do valor x0 para o valor
x0 + ∆x , é a medida da variação média sofrida pela função entre
esses dois pontos.

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© Aplicações da Derivada 85

A derivada de uma função num ponto x0 , definida pelo li-


mite f ′( x0 ) = lim ∆y , tem como interpretação natural ser a taxa
∆x →0 ∆x

de variação instantânea, que, numa linguagem bem simples, é a

medida da taxa de variação ∆y para “pequenos” valores de ∆x ,


∆x
ou ainda, que a variação ∆y da função entre dois pontos x0 e
x0 + ∆x é, aproximadamente, ∆y ≅ f ′( x0 ) ⋅ ∆x , para pequenos va-
lores de ∆x .
Por exemplo:
2
Consideremos a função y = 1 − x (ou, f ( x) = 1 − x 2 ). Vamos
calcular e interpretar o valor da sua derivada nos pontos x0 = −1
e x0 = 1 .
Calculando a derivada, obtemos f ′( x) = −2 x . Assim, te-
mos:
• No ponto x0 = −1: f ′(−1) = 2 ⇒ ∆y ≅ 2 ⋅ ∆x , evidenciando
uma tendência de crescimento de 2 unidades.
• No ponto x0 = 1: f ′(1) = −2 ⇒ ∆y ≅ −2 ⋅ ∆x , evidencian-
do, agora, uma tendência de decrescimento de 2 unida-
des.
As observações anteriores nos permitem interpretar a deri-
vada da função num ponto x0 , como valor marginal ou tendência
nesse ponto.

Custo marginal
Seja y = C (x) a função custo de produção de x unidades de
um produto. A derivada C ′(x) é chamada custo marginal no ponto
“ x ”.
O custo marginal pode ser interpretado como o custo de pro-
dução de uma unidade adicional, após terem sido produzidas “ x ”
unidades.
86 © Introdução ao Cálculo

Por exemplo:
Uma grande fábrica de brinquedos produz “ x ” unidades
por mês de um determinado brinquedo, e estima que o custo
total de produção dessas “ x ” unidades, em R$, seja dado por:
1
C ( x) = 500 + 4 x + x 2.
10.000
Vamos calcular o custo marginal num ponto arbitrário “ x ”?
Comparando e interpretando os valores desse custo marginal para
um nível de produção de 1.000 e 5.000 unidades por mês?
Solução:
O custo marginal é o valor da derivada da função custo, por-
x
tanto, C ′( x)= 4 + .
5000
Vejamos nos valores numéricos:
1.000
x= 1000 ⇒ C ′(1.000) =4+ ⇒ C ′(1.000) =4, 2
5.000
Isso significa que, após terem sido produzidas 1.000 unida-
des, o custo de produção da próxima unidade será de R$4,20.
5.000
5000 ⇒ C ′(5.000) =
x= 4+ ⇒ C ′(5.000) =
5
5.000

Isso significa que, após terem sido produzidas 5.000 unida-


des, o custo de produção da unidade seguinte será de R$5,00.

Receita marginal
Analogamente, se y = R(x) é a função receita da venda de
“x” unidades de um determinado produto, a derivada R′(x) é cha-
mada receita marginal no ponto x .
A receita marginal é interpretada como a variação da receita
decorrente da venda de uma unidade adicional do produto a partir
de “ x ” unidades. Vejamos dois exemplos.

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© Aplicações da Derivada 87

Exemplo 1
Uma companhia estima que sua receita bruta pela comercia-
lização de " x " unidades semanais de um de seus produtos é dada,
x2 x3
em reais, pela função; R( x) = 90 x + − .
20 300
Iremos calcular a receita marginal num ponto arbitrário “ x ”.
E também a receita marginal nos pontos x = 10 e x = 30 , compa-
rando os dois resultados.
Solução:
Pela definição anterior, a receita marginal num ponto “ x " é
x x2
igual a R´( x) = 90 + − .
10 100
10 10 2
• Se x = 10, temos R′(10) = 90 + − = 90.
10 100
30 30 2
• Se x = 30, temos R′(30) = 90 + − = 84.
10 100
Observe que, quando as vendas passam de 10 para 11 unida-
des, a receita aumenta em aproximadamente R$89,89.
11 112
Se x = 11, temos R′(11) = 90 + − = R$89,89 .
10 100
Note que um aumento nas vendas de 30 para 31 unidades
semanais acarreta um aumento na receita de, aproximadamente,
R$83,49.
31 312
Se x = 31, temos R′(31) = 90 + − = R$83, 49 .
10 100
Exemplo 2
Sabe-se que o custo de produção de “ x ” anéis de ouro é
dado pela função C ( x) = 5 x 2 + 10 x reais quando são produzidas
de 1 a 15 anéis e que a função r ( x) = 20 x 2 + 20 x representa a re-
ceita da venda de x anéis de ouro.
Considerando que são produzidos 12 anéis por dia, qual será
o custo adicional aproximado para produzir um anel a mais por dia
e qual o aumento estimado na receita para a venda de 12 anéis
por dia?
88 © Introdução ao Cálculo

Solução:
O custo adicional será de R$130,00 reais, aproximadamen-
te, pois temos a função C ( x) = 5 x 2 + 10 x que, derivada, resulta
C ' ( x) = 10 x + 10.
Substituindo-se a quantidade de 12 anéis te-
mos C '(12) = 120 + 10 = R$130, 00, o que resulta em
C '(12) = 120 + 10 = R$130, 00 .
Se aumentarmos a produção em um anel por dia o au-
mento estimado na receita para a venda será de R$260,00, pois
temos que R= ( x) 10 x 2 + 20 x . Derivando-se a função, obte-
mos R´(= x) 20 x + 20 . Substituindo-se “ x ” por 12, obtemos:
R´(12) = 20 ⋅ (12) + 20 ⇒ R´(12) = 240 + 20 = R$260, 00 .

Outras funções marginais


Podemos definir essa propensão marginal em várias outras
funções na área de Análise de Negócios, como função lucro, fun-
ção produtividade, função consumo etc., usando a derivada de
cada uma dessas funções como medida, obtendo o lucro marginal,
a produtividade marginal, a propensão marginal a consumir etc.
Outra importante aplicação das derivadas na área econômi-
ca é, por exemplo, no indicador da elasticidade da demanda de um
determinado produto.

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, algumas questões propostas para verificar
o seu desempenho no estudo desta unidade:
1) Determine, para a função f ( x) = x 2 − x − 6 , o intervalo
em que ela é crescente e decrescente.
2) Dada a função g ( x) = x 3 − 6 x 2 + 9 x + 1 , encontre os ex-
tremos absolutos da função g ( x ) .

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© Aplicações da Derivada 89

3) O espaço percorrido por um móvel é dado por s= 5t + t 2


com t ≥ 0 , com s em quilômetros (km) e o tempo em
horas (h). Determine, no instante t = 2h , a posição, a ve-
locidade e a aceleração do móvel.
4) O espaço percorrido por um móvel é dado por s = t 2 − 5t + 6
com t ≥ 0 , com s em metros (m) e o tempo em segundos
(s). Determine, no instante t = 3s , a posição, a velocida-
de e a aceleração do móvel.

Gabarito
1) Crescente para x > 1 / 2 e decrescente para x < 1 / 2 .
2) Os extremos absolutos são os pontos de coordenadas
(1,5) e (3,1).
3) s = 14km; v = 9km / h; a = 2km / h 2.
2
4) s = 0m ; v = 1m / s ; a = 2m / s .

10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você teve a oportunidade de estudar os con-
ceitos de funções crescentes e decrescentes, o teorema do valor
médio, máximos e mínimos de uma função, funções marginais e
algumas aplicações da derivada de uma função.
Na próxima unidade, estudaremos os conceitos, as proprie-
dades e algumas aplicações da integral de função.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ÁVILA, G. Introdução ao cálculo. Rio de Janeiro: LTC, 1998.
BOULOS, P. Cálculo diferencial e integral. São Paulo: Makron Books, 1999. v. 1.
DANTE, L. R. Matemática: contexto & aplicações. 4. ed. São Paulo: Ática, 2000. v. 3.
FLEMMING, D. M.; GONÇALVES, M. B. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 5.
ed. São Paulo: Makron Books, 1992/2004.
IEZZI, G. Fundamentos de matemática elementar: conjuntos funções. 7. ed. São Paulo:
Atual, 1993.
90 © Introdução ao Cálculo

IEZZI, G.; MURAKAMI C.; MACHADO N. J. Fundamentos de matemática elementar:


limites, derivadas, noções de integral. 5. ed. São Paulo: Atual, 1993.
MORETTIN, P. A.; HAZZAN, S.; BUSSAB, W. O. Cálculo: funções de uma e várias variáveis.
São Paulo: Saraiva, 2006.
SIMMONS, G. F. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Seiji Hariki. São Paulo:
Makron Books, 1987. v. 1.
SWOKOWSKI, E. W. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Alfredo Alves de Farias.
2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. v. 1.
VERAS, L. L. Matemática aplicada à economia: síntese da teoria, mais de 300 exercícios
resolvidos e propostos com respostas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

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EAD
Integral

3
1. OBJETIVOS
• Compreender o conceito de integral.
• Desenvolver as técnicas de integração.
• Reconhecer situações que podem ser resolvidas com o
auxílio da integral.

2. CONTEÚDOS
• Integral indefinida.
• Técnicas de integração.
• Integral definida.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
92 © Introdução ao Cálculo

1) Estabeleça uma relação de identidade do CRC com o


CAI e procure desenvolver as atividades e interativi-
dades dentro do cronograma previsto para não pre-
judicar o andamento de seus estudos.
2) Leia os livros da bibliografia indicada para que você
amplie seus horizontes teóricos. Coteje com o mate-
rial didático e discuta a unidade com seus colegas e
com o tutor. Pesquise novas fontes e troque experi-
ências, pois toda experiência é bem-vinda e ajudará
no aprendizado.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na Unidade 2, estudamos o conceito de derivada de uma
função e algumas aplicações. Também vimos que a derivada con-
siste em determinar a inclinação de uma curva, e que esta inclina-
ção é obtida pela reta tangente à curva em um dado ponto.
Agora, estudaremos o conceito, as propriedades e as apli-
cações das integrais de uma função. Abordaremos, também, a
primitiva de uma função, a integral indefinida, a integral definida,
algumas técnicas de integração e algumas aplicações.
Isaac Newton (1642-1727) desenvolveu métodos analíticos
unindo técnicas matemáticas que tornaram possível a resolução
de problemas de diversos tipos, como o de encontrar áreas, tan-
gentes e comprimentos de curvas, assim como máximos e míni-
mos de funções.
Todas essas descobertas foram feitas anos antes por de Leib-
niz (1646-1716), que, de forma independente, veio a desenvolver
o Cálculo Diferencial. Newton recusou-se, durante muito tempo, a
divulgar as suas descobertas e foi Leibniz quem primeiro publicou
conceitos sobre o Cálculo Diferencial.
Isso gerou uma disputa muito grande entre os dois mate-
máticos sobre quem teria realmente desenvolvido o conceito de
Cálculo. Apesar de Newton ter desenvolvido o Cálculo antes de

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Integral 93

Leibniz, a notação e a maneira de calcular derivadas que preva-


leceu foi a desenvolvida por Leibniz, que se mostrou muito mais
simples e conveniente.

5. ORIGEM DE INTEGRAL
Vamos iniciar o estudo desta unidade com a origem da noção
de integral, que surgiu a partir da necessidade de se calcular áreas
de figuras planas cujos contornos não são segmentos de reta.
Na antiguidade, problemas para determinar e medir super-
fícies planas eram frequentemente enfrentados pelos geômetras.
Para determinar áreas de superfícies planas não conhecidas bus-
cavam encontrar um quadrado que tivesse a área aproximada à da
superfície estudada. Esse processo recebia o nome de quadratura,
um termo antigo que se tornou sinônimo do processo de determi-
nar áreas.
Os primeiros registros sobre a quadratura de figuras planas
datam de 440 a.C., quando Hipócrates de Chios estudou e procu-
rou determinar a área das lúnulas, regiões que se assemelham
com a lua no seu quarto crescente. Além disso, tivemos o Antifon
(430 a.C.), o qual procurou determinar a quadratura do círculo.
Uma grande contribuição dos gregos para o cálculo ocorreu
por volta do ano 225 a.C., quando Arquimedes descreveu um te-
orema para a quadratura da parábola. Ele desenvolveu e provou
com rigor a soma com infinitos termos, além de ter contribuído
para o cálculo da área do círculo, obtendo uma aproximação para
o número π . Também colaborou para o cálculo do volume da es-
fera e a área da superfície esférica, entre outros.
Somente em 1606 o italiano Luca Valério publicou Quadra-
tura parabolae (quadratura da parábola), aplicando o mesmo mé-
todo utilizado pelos gregos para resolver problemas relacionados
com o centro de gravidade de um corpo. Os matemáticos Fermat e
Cavalieri também contribuíram para o desenvolvimento do cálculo
94 © Introdução ao Cálculo

integral. Na obra conhecida por Geometria indivisibilibus continu-


orum nova (Nova Geometria de contínuos indivisíveis), Cavalieri
desenvolveu a noção de área de uma figura como uma soma infi-
nita de componentes ou segmentos indivisíveis. Por volta de 1640,
a fórmula geral da integral das parábolas maiores era conhecida
por Fermat, Blaise Pascal, Descartes, Torricelli e outros. Mas foi em
1655 que o inglês John Wallis aritmetizou o método desenvolvido
por Cavalieri na determinação da área de figuras planas, desenvol-
vendo princípios de indução e interpolação.
Paralelamente ao estudo das áreas, Galileu, Torricelli e Bar-
row estudavam o problema do movimento dos corpos com veloci-
dades variadas. Sabiam, na época, que a derivada da distância era
a velocidade e a operação inversa, partindo da velocidade, levava
à distância. A partir desse problema envolvendo movimento, o in-
glês Isaac Barrow percebeu que os dois problemas estavam rela-
cionados e que os processos de diferenciação e integração eram
processos inversos.
O inglês Isaac Newton e o alemão Gottfried Wilhelm von
Leibniz exploraram essa conexão percebida por Barrow e desen-
volveram o cálculo integral. Em suma, eles perceberam que o Te-
orema Fundamental permitia encontrar a área de uma figura pla-
na de forma muito fácil, sem a necessidade de se calcular a soma
de áreas de um número indefinidamente grande de retângulos,
mas, sim, usando a antiderivada da função envolvida. Ambos de-
senvolveram o cálculo integral separadamente. Contudo, Newton
desenvolveu o cálculo utilizando métodos geométricos, enquanto
Leibniz utilizou métodos analíticos.

6. INTEGRAL INDEFINIDA
Primitivas
Iniciaremos nosso estudo com um exemplo simples. Quere-
mos determinar uma função f ( x) cuja derivada é f '( x) = 2 x .

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Integral 95

Se utilizarmos a regra da derivada de uma potência para deri-


varmos a função f ( x) = x 2 , obteremos f= x 2−1 2 x . Obser-
´( x) 2=
ve que, se c for uma constante, a derivada da função f ( x=
) x2 + c
também será 2x , pois a derivada de uma constante é zero. Assim,
escrevemos:
x 2 + c ⇒ f '( x) =
f ( x) = ( x 2 ) '+ (c) ' =
2 x + 0 ⇒ f '( x) =
2x

) x ² + c , onde c
Concluímos que a função procurada é f ( x=
é uma constante qualquer.
Vamos, agora, determinar a função f ( x ) cuja derivada é
f ' ( x ) = 4 x 3 . Temos como função procurada f ( x= ) x 4 + c , pois, se
derivarmos f ( x= ) x + c , obteremos f '( =
4
x) 4 x3 .
x) 4 x 4 −1 + 0 ⇒ f '( =

Assim, vemos que a função procurada é f ( x=


) x 4 + c , onde
c é uma constante qualquer.
Uma função F ( x ) é dita uma primitiva da função f ( x ) se,
para todo “ x ” num intervalo I : a < x < b , tivermos: F ' ( x ) = f ( x ) .
Em outras palavras, F ( x ) é uma primitiva de f ( x ) se a derivada
de F ( x ) for igual à função f ( x ) .
Observe que estamos tratando do problema “inverso” ao
que fizemos nas unidades anteriores: até então, aprendemos a cal-
cular a derivada de uma função conhecida; agora, nos propomos a
obter uma função da qual conhecemos a sua derivada.
Analisando os exemplos anteriores e as conclusões supraci-
tadas, poderemos definir primitiva de uma função. Vamos lá?
Definição: uma função F ( x ) é uma primitiva de uma fun-
ção f ( x ) se F ' ( x ) = f ( x ) para qualquer “ x ” no domínio de f .
O conjunto de todas as primitivas de f é a integral indefi-
nida de f em relação a x , denotada por ∫ f ( x ) dx =F ( x) + C ,
onde:
• ∫ é o símbolo de uma integral.
• F ( x ) é a primitiva da função f ( x ) .
• C é a constante de integração.
96 © Introdução ao Cálculo

Dessa forma, a equação ∫ f ( x ) dx =F ( x ) + C deve ser lida


como “a integral indefinida de f em relação à x é F ( x ) + C ”.
Vejamos alguns exemplos de integral indefinida.
Exemplo 1
F ( x) = x 3 é uma primitiva da função f ( x) = 3 x 2 , pois
F´( x) = 3 ⋅ x 3−1 =3x 2 =f ( x) .

Exemplo 2
x 4 é uma primitiva da função f ( x ) = x3 , pois
F ( x) =
4
1
F ' ( x=
) .4 x= x=3 f ( x ) .
3

Exemplo 3
x3
F ( x=
) ) x 2 + 1 , pois
+ x é uma primitiva da função f ( x=
3
1
F´( x) = ⋅ 3x 2 + 1 = x 2 + 1 .
3

Exemplo 4
F ( x) = x 4 é uma primitiva da função f ( x) = 4 x 3 , pois
F´( x) =⋅4 x 4−1 = 4 x3 =f ( x) .
Exemplo 5
F ( x=) x 4 + 1 é uma primitiva da função f ( x ) = 4 x3 , pois
F ' ( x ) = 4 ⋅ x 4−1 + 0 = 4 x3 = f ( x ) .

Exemplo 6
) x 4 + 27 é uma primitiva da função f ( x) = 4 x 3 , pois
F ( x=
F´( x) = 4 ⋅ x 4−1 + 0 = 4 x 3 = f ( x) .

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Integral 97

Exemplo 7
) x 4 − 5 é uma primitiva da função f ( x) = 4 x 3 , pois
F ( x=
F ´( x) = 4 ⋅ x 4−1 + 0 = 4 x 3 = f ( x) .
Exemplo 8
Observando os exemplos 4, 5, 6 e 7, podemos afirmar que
) x 4 + c , para qualquer valor da constante c , é uma primiti-
F ( x=
va da função f ( x) = 4 x 3 , pois F´( x) = 4 ⋅ x 4−1 + 0 = 4 x 3 = f ( x) .
Em síntese, se F ( x) é uma primitiva da função f ( x) , a ex-
pressão F ( x) + c , sendo c uma constante, é chamada integral in-
definida da função f ( x) e é denotada por:

∫ f ( x=
)dx F ( x) + c
Observações:
1) O símbolo ∫ é chamado sinal de integração.
2) f ( x) é a função integrando.
3) f ( x)dx é o integrando.
4) O símbolo dx , que aparece no integrando, serve para
identificar a variável de integração.
Na verdade, o símbolo dx indica a diferencial da função
y = x . De modo geral, para uma função y = f ( x ) , a diferencial
df dessa função é definida como sendo: df = f ' ( x ) dx .

Propriedades da integral indefinida


Sejam f ( x ) e g ( x ) duas funções e K uma constante, então,
• ∫ K . f ( x ) dx =
K ∫ f ( x ) dx .
• ∫ ( f ( x ) + g ( x ) ) dx = ∫ f ( x ) dx + ∫ g ( x ) dx .
• ∫ ( f ( x ) − g ( x ) ) dx = ∫ f ( x ) dx − ∫ g ( x ) dx .
Vejamos alguns exemplos.
98 © Introdução ao Cálculo

Exemplo 1
Sabemos que ( x3 )´= 3 x 2 . Então, ∫ 3x 2 dx =+
x3 c .
Exemplo 2
1
∫ x5 dx = x 6 + c ; pois  1=
6 1 5
x x5
6  x  ' 6.=
6  6
Exemplo 3
1
Como  3 43  4 3 43 −1 1
e x 3
=3x, então
 x ' = ⋅ x = x 3

4  3 4
1
3 34
∫ 3 xdx =
∫ x 3 dx =+x c.
4
Observação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Usando a definição de primitiva de uma função, as propriedades operatórias e as
integrais de funções particulares, iremos resolver alguns exemplos explorando
esses conceitos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Exemplo 4
Vamos calcular ∫ dx . (Um caso especial)?
O que é solicitado nada mais é do que uma primitiva de 1,
que é x + c . Então: ∫ dx = x C , pois ( x + C ) ' =(1 + 0 ) =1 .
∫ 1dx =+
Exemplo 5
Calcularemos ∫ 2xdx . Ao resolver este exercício, temos que
2
( )
a primitiva de 2x é x 2 + C , pois x + C ' = 2 x + 0 = 2 x . Assim,
podemos escrever: ∫ 2xdx = x2 + C .
Exemplo 6
Agora, iremos 2
calcular ∫ ( 2 x + 5 ) dx . Nesse caso, uma primi-
tiva de 2 x + 5 é x + 5 x . Assim: ∫ ( 2 x + 5 ) dx = x 2 + 5 x + C , pois a
( )
derivada vale x 2 + 5 x + C ' = 2 x + 5 + 0 = 2 x + 5 .
Exemplo 7
Vamos calcular ∫ x5 dx ? Nesse exercício, o que se solici-
6
ta é a primitiva de x , que é x . Assim, podemos escrever:
3

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Integral 99

x6  x6 
∫ x5 dx = + C , pois a derivada vale  + C ´= x5 + 0 = x5 .
6  6 
Exemplo 8
Iremos calcular ∫ ( x 2 + 5 x − 3) dx . Para resolvemos esse cál-
culo, determinamos a primitiva mais simples para cada parte da
expressão ( x + 5 x − 3) e acrescentamos a constante de integra-
2

ção no final. Assim temos:

x 2+1 x1+1 x 0+1


∫ ( x 2 + 5 x − 3) dx
= + 5⋅ − 3⋅ C
+=
2 +1 1+1 0 +1
x3 x2 x1 x3 5 2
+ 5⋅ − 3⋅ + C = + x − 3x + C
3 2 1 3 2

Exemplo 9
Calcularemos ∫ xdx . Vamos utilizar a expressão geral apre-
sentada anteriormente para calcular essa integral. Lembre-se de
1
que x = x 2 e que, nesse caso, n = 1 . Então:
2
n +1
x
∫ x n dx = +C
n +1
1 3
1 +1
x2 x 2 2 32 2 3
⇒ ∫ xdx = ∫ x dx =
2
= = ⋅x = x
1 3 3 3
+1
2 2
2 3.
Assim, ∫ xdx = x
3
Dessa forma, podemos generalizar os exemplos anteriores
x n +1
dados pela expressão: ∫ x n dx = + C , com n≠1, “n” racional.
n +1
100 © Introdução ao Cálculo

Exemplo 10
Determinaremos as integrais indefinidas de ∫ x 2 − 2 x + 8 dx . ( )
Resolvemos este cálculo determinando a integral para cada termo
( )
da expressão x 2 − 2 x + 8 . Determinamos a primitiva mais sim-
ples para cada parte e acrescentamos a constante de integração
no final. Temos, então:

∫ ( x 2 − 2 x + 8 ) dx =
x3 x2
∫ x 2 dx − 2 ∫ xdx + 8 ∫ dx = − 2 + 8x + c
3 2
Simplificando, temos:
x3
∫ ( x 2 − 2 x + 8 ) dx = − x2 + 5x + c
3
Exemplo 11
Determinaremos, agora, as integrais indefinidas de
 1 
∫  2  ⋅ dx . Resolvemos este cálculo determinando a integral para
x 
o termo  12  da expressão.
x 

Exemplo 12
Determinamos a primitiva mais simples para o termo e acres-
centamos a constante de integração no final. Temos, então:
1 −2 x −2+1 x −1 1
∫ ⋅ dx =∫ x dx = + c = + c =− + c
x 2
( −2 + 1) −1 x

Simplificando temos: ∫ 1 ⋅ dx = 1
− +c.
2
x x
Exemplo 13
Determine as integrais indefinidas de ∫  1  dx .
3x
Resolvemos este cálculo determinando a integral para o
termo  1  da expressão.
3 
 x
Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
© Integral 101

Determinamos a primitiva mais simples para o termo e acres-


centamos a constante de integração no final. Temos, então:
1
 1  1
x 3
− +1
 1  −
∫  3 x =
⋅ dx ∫  1 = dx
 ∫ x dx
= 3
1
= +c
 x3  (− + 1)
3
2
x3 3 23
c
+= x +c
2 2
3

Simplificando, temos: ∫  1  dx =
33 2.
x
3  2
 x
7. TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO
Os exemplos anteriores nos mostram que o processo de inte-
gração requer muita atenção e, por que não dizer, muita intuição,
pois estamos procurando recuperar uma função da qual conhece-
mos a sua derivada.
Isso equivale a dizer que, para termos sucesso no cálculo de
integrais, é necessário termos bem nítidas em nossa mente as téc-
nicas de derivação.

Integrais imediatas
1) ∫ dx =x + c .
1 a +1
2) ∫ x a dx
= x + c (para a , uma constante, a ≠ −1 ).
a +1
1
3) ∫ x −1dx = ∫ dx = ln x + c .
x
4) ∫ e x dx =e x + c ( e ≅ 2, 71828 é a base dos logaritmos na-
turais).
1 x
5) ∫ a x dx= a + c ( a constante, a > 0; a ≠ 1 ).
ln a
102 © Introdução ao Cálculo

Vejamos alguns exemplos.


Exemplo 1
x3
∫ ( x 2 + 2 ) dx = + 2 x + c , pois, usando as propriedades da
2
integral indefinida, temos:
x3
∫ ( x 2 + 2 ) dx =∫ x 2 dx + 2 ∫ dx = + 2 x + c
3

Exemplo 2
x4 3 2
∫ ( x3 − 3 x + 5 ) dx = − x + 5 x + c , pois
4 2
∫ ( x 3 − 3 x + 5 ) dx =∫ x3 dx − 3 ∫ xdx + 5 ∫ dx =

x4 x2
− 3 + 5x + c
4 2
Exemplo 3
2 32
( )
∫ 3 x 2 + x − 1 dx = x3 +
3
x − x + c , pois
1
∫ ( 3x 2
+ x − 1) dx = 3 ∫ x 2 dx + ∫ x 2 dx − ∫ dx
3
x3 x 2
= 3 + −x+c
3 3
2
Que, depois de simplificado, assume a forma acima.
1
1 +1 3
x2 x 2
Observe que: ∫ x dx = = 2
1 3
+1 2
2
Exemplo 5

 1
∫  2e −  dx = 2e x − ln x + c , pois
x

x
 x 1
∫  2e − x  dx = 2∫ e dx − ∫ x dx = 2e − ln x + c
x −1 x

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Integral 103

Integral por substituição ou mudança de variáveis


Esta técnica fundamenta-se na Regra da Cadeia: considere-
mos as funções F ( x ) , f ( x ) e g ( x ) de modo que:
• F ' ( x ) = f ( x ) ; ( F ( x ) é uma primitiva de f ( x ) ).

• A composta y = F ( g ( x ) ) esteja definida.


Pela Regra da Cadeia, temos:

 F ( g ( x ) )  ' F=
' ( g ( x ) ) . g ' ( x ) f ( g ( x ) ) . g ' ( x ) , isto é, a
=  

composta F ( g ( x ) ) é uma primitiva de f ( g ( x ) ) . g ' ( x ) .

Assim, ∫ f ( g ( x ) ) . g=
' ( x ) dx F ( g ( x )) + c .
Que pode ser interpretada da seguinte maneira:
• Fazendo a mudança de variável u = g ( x ) , temos a dife-
rencial du = g ' ( x ) dx .
• Podemos, agora, interpretar a integral ∫ f ( g ( x ) ) . g ' ( x ) dx
como: ∫ f ( g ( x ) ) . g ' ( x ) dx = ∫ f ( u ) du .
• Como F (u ) é uma primitiva de
f (u ) ⇒ ∫ f ( u ) du =
F (u ) + c .

Na prática, temos que "visualizar" uma função u = g ( x ) con-


veniente, de forma que, substituída na expressão, torne a integral
mais simples.
Veja os exemplos a seguir.
Exemplo 1
Calculamos ∫ ( x + 2 ) dx . Fazendo a mudança de va-
2

riável u= x + 2 , temos du = dx . Podemos, então, substi-


u3
tuir: ∫ ( x + 2 ) dx =
2
∫ u 2 du e, como ∫ u 2 du = + c , obtemos
3
( x + 2)
3

∫ ( x + 2 )=
2
dx +c.
3
104 © Introdução ao Cálculo

Exemplo 2
Calculamos ∫ (1 + x 2 ) 2 xdx . Fazendo a mudança de va-
riável u = 1 + x 2 , temos du = 2 xdx . Podemos, então, substi-
u2
tuir: ∫ (1 + x 2 ) 2 xdx = ∫ udu e, como ∫ udu = + c , obtemos
2

∫ (1 + x 2 )=
2 xdx
(1 + x ) +c.
2 2

2
Exemplo 3
Vamos calcular ∫ 3dx . Fazendo a mudança de va-
(3 x + 2)
u 3 x + 2 , temos du = 3dx . Podemos, então, subs-
riável =

3dx du e, como du
tituir: ∫ =
∫ ∫ = ln u + c , obtemos
(3 x + 2) u u
3dx
∫ = ln 3 x + 2 + c .
(3 x + 2)

8. INTEGRAL DEFINIDA
Uma preocupação dos matemáticos, desde a Antiguidade,
era calcular a área de uma figura plana. A técnica utilizada era
aproximar a figura de um conjunto de polígonos cujas áreas pu-
dessem ser calculadas.
Utilizando essa técnica, vamos desenvolver um processo
para calcular a área de uma região plana delimitada pelo gráfico
de uma função y = f ( x ) , num intervalo [a, b], como na Figura 1.

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Integral 105

Figura 1 Área de uma função f ( x ) no intervalo [a,b].

Para isso, tomamos uma "partição" do intervalo [a, b], isto é,


dividimos o intervalo em “n” subintervalos de igual comprimento
∆x , tomando os pontos:
a = x0 < x1 < x2 < x3 < ... < xn −1 < xn = b

Para cada i, i = 1, 2,..., n construímos um retângulo de base


∆x e altura f ( xi ) , como mostra a Figura 2.

Figura 2 Área de uma função f ( x) no intervalo [a,b].

A área de cada um desses retângulos é=


Ai f ( xi ) ⋅∆x .
106 © Introdução ao Cálculo

A soma das áreas desses retângulos:


An f ( x1 ) ∆x + f ( x2 ) ∆x + ... + f ( xn −1 ) ∆ + f ( xn ) ∆x
=

n
=
Assim, An ∑ f ( x ) ∆x é uma aproximação para a área da
i
Figura 2. i =1

Podemos observar, intuitivamente, que, aumentando o nú-


mero de divisões do intervalo, a soma das áreas mais se aproxima
da área real da figura.

Podemos, então, chegar à seguinte definição:


Se y = f ( x) é uma função contínua, com f ( x) ≥ 0 no inter-
valo [a, b], a área A sob o gráfico da função y = f ( x) no intervalo
n
=
[a, b] é definida pelo limite: A lim ∑ f ( x1 ) ⋅ ∆x .
∆x → 0
i =1

O valor desse limite é também definido como a integral de-


finida da função y = f ( x) , desde “a” até “b”, e é denotada por:
b n

∫ f ( x ) dx lim ∑ f ( xi ) . ∆x , se existir tal limite.


=
a
∆x →0
i =1

É possível demonstrar que, se y = f ( x ) é uma função contí-


b
nua no intervalo [a, b], então, a integral definida ∫ f ( x ) dx existe.
a
Vejamos um exemplo:
Suponha que, no gráfico da Figura 3, tenhamos um quarto
da área de um círculo de raio igual a quatro unidades.
Assim, para o intervalo [a,b], escrevemos [0, 4]. Observe
que subdividimos esse intervalo em quatro partes iguais (n = 4) .
(b − a ) ( 4 − 0 )
Calculando o ∆x , temos:=∆x = = 1 , e verificamos
n 4
que a base de cada retângulo da Figura 3 vale uma unidade de
comprimento.

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Integral 107

Figura 3 Somatório dos retângulos.

Para obtermos as áreas dos retângulos, basta multiplicar a


base ( ∆x =1 ) pela altura f ( x p ) de cada retângulo e depois somá-
las. Os valores de f ( x p ) estão ilustrados na Figura 4.

Figura 4 Soma das áreas dos retângulos.

Na Figura 4, temos a soma das áreas dos quatro retângulos e


a área da região limitada por um quarto do círculo.
Observe que os valores dessas áreas (um quarto de círculo e
soma dos retângulos) são muito próximos, o que caracteriza que
a área de um quarto de círculo equivale à soma das áreas dos re-
tângulos.
108 © Introdução ao Cálculo

Propriedades da integral definida


Sejam y = f ( x ) e y = g ( x ) funções contínuas no intervalo
[a, b] e seja K uma constante, então:
b a
1)
∫ ( x ) dx = − ∫ f ( x ) dx .
a b
b b
2)
∫ Kf ( x ) dx = K ∫ f ( x ) dx .
a a
b b b
3)
∫ ( f ( x ) + g ( x ) ) dx = ∫ f ( x )dx + ∫ g ( x )dx .
a a a
b b b
4)
∫ ( f ( x ) − g ( x ) ) dx = ∫ f ( x )dx − ∫ g ( x )dx .
a a a
b c b
5) f ( x ) dx ∫ f ( x )dx + ∫ f ( x )dx ;
∫= para todo ponto
a a c

c ∈ [ a, b ] .

Na prática, o cálculo de áreas ou da integral definida por esse


processo limite é muito trabalhoso.
O chamado Teorema Fundamental do Cálculo relaciona as
operações de derivação e integração, permitindo calcular a inte-
b
gral definida ∫ ( x ) dx de maneira bem mais fácil, utilizando a pri-
a
mitiva da função f ( x ) .
Enunciaremos, sem demonstração, uma versão desse teo-
rema.

Teorema Fundamental do Cálculo


Se y = f ( x) for uma função contínua no intervalo
[ a, b] , e se F ( x) for uma primitiva de f nesse intervalo, então,
b

∫ f ( x=
a
) dx F (b) − F ( a ) .

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Integral 109

Vamos verificar uma aplicação prática do Teorema Funda-


mental do Cálculo?
Suponha que uma mola possui comprimento inicial de 1m.
Uma força de 24 N estica a mola até o comprimento de 1,8m.
Determinaremos a constante de força “ K ” da mola e a
quantidade de trabalho que será necessário aplicar à mola para
esticá-la 2m além de seu comprimento inicial.
Para resolver esse problema, devemos lembrar que, na Fí-
sica, a equação que determina a força necessária para esticar ou
comprimir uma mola com “ x ” unidades de comprimento, par-
tindo de sua posição original (sem deformação) é proporcional a
“ x ” e é dada pela expressão: F = kx , onde F é a força aplicada
para deformar a mola (dada em Newton); k é a constante da mola
(dada em Newton/metro) e “ x ” é o comprimento da mola (dado
em metro).
Para determinar a constante k da mola, basta substituirmos
os valores F = 2, 4 N e x = 0,8 na expressão F = kx .
2, 4
Assim, obtemos: 2, 4= k . ( 0,8 ) ⇒ k= = 3N / m .
0,8
Para determinar a quantidade de trabalho necessária para
esticá-la 2m, devemos lembrar que trabalho é o produto da força
pelo deslocamento, isto é, W = F . d . A unidade de trabalho é o
Joule (cuja abreviação é J ).
Portanto, a força necessária para esticar a mola 2m será:
F = kx ⇒ F = 3 x .
Assim, se aplicarmos o conceito de integral, e o Teorema
b
Fundamental do Cálculo definido por ∫ f ( x=
a
)dx F (b) − F (a ) , o

trabalho realizado pela força F sobre a mola no intervalo de x = 0


até x = 2m é definido pela integral de W (trabalho) no intervalo
considerado.
110 © Introdução ao Cálculo

Assim, temos:
2 2
3 2
W
= ) dx  x=
∫0 ( 3x= F ( 2) − F ( 0)
 2  0
3  3 
W =  22  −  02  = [ 6] − [ 0] = 6
2  2 
Portanto, o trabalho realizado pela força F é 6J .
Observe no gráfico da função F = 3 x , na Figura 5, que o traba-
lho é numericamente igual à área da região hachurada (triângulo).

Figura 5 Função W = F .d .

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Determine as integrais indefinidas a seguir:
a)
∫ 8dx .
b) ∫ ( 5x ) dx .
c) ∫ ( 3x ) dx .
2

d) ∫ ( x ) dx .
3

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Integral 111

e) ∫ ( x + 3x − 5 x + 2 ) dx .
3 2

 2 
f) ∫  x + x  dx .
2

g) ∫ (u + )
u du.

2) Calcule a área da região sob o gráfico da função


y =f ( x ) =− x 2 + x limitada pelas retas x = 0 e x = 1 e
pelo eixo dos x.
3) Calcule a área da região sob o gráfico da função
= y f= ( x ) x 2 limitada pelo intervalo 2 ≤ x ≤ 5 .
4) Calcule a área da região sob o gráfico da função
y f ( x=
= ) x 2 − 3x limitada pelo intervalo 0 ≤ x ≤ 3 .
Gabarito
Depois de responder às questões autoavaliativas, é impor-
tante que você confira o seu desempenho a fim de que possa sa-
ber se é preciso retomar o estudo desta unidade. Assim, confira,
a seguir, as respostas para as questões autoavaliativas propostas
anteriormente:
1)
a) Solução : 8 .
x2
b) Solução :5 ⋅ +c.
2
x3
c) Solução :3 ⋅ + c .
3
4
x
d) Solução : + c .
4
x4 x3 x2
e) Solução := + 3⋅ − 5 ⋅ + 2 x + c .
4 3 2
x2 2
f) Solução : − +C .
2 x
112 © Introdução ao Cálculo

u 2 2 32
g) Solução : + u +C .
2 3
1
2) Solução :
6
117
3) Solução :
3
9
4) Solução :
2

10. CONSIDERAÇÕES
Na Unidade 3, definimos primitiva de uma função, estuda-
mos a integral indefinida e suas propriedades, algumas técnicas
de integração, a definição de integral definida e o Teorema Funda-
mental do Cálculo. Na Unidade 4, veremos algumas aplicações da
integral.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ÁVILA, G. Introdução ao cálculo. Rio de Janeiro: LTC, 1998.
BOULOS, P. Cálculo diferencial e integral. São Paulo: Makron Books, 1999. v. 1.
DANTE, L. R. Matemática: contexto & aplicações. 4. ed. São Paulo: Ática, 2000. v. 3.
FINNEY, R. L; WEIR, D. M.; GIORDANO, F. R. Cálculo de George B. Thomas. Tradução de
Paulo Boschcov. 10. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2002. v. 1.
FLEMMING, D. M.; GONÇALVES, M. B. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 5.
ed. São Paulo: Makron Books, 1992/2004.
GUIDORIZZI, H. L. Curso de cálculo. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998. v. 1.
IEZZI, G. Fundamentos de matemática elementar: conjuntos funções. 7. ed. São Paulo:
Atual, 1993. v. 1.
MORETTIN, P. A.; HAZZAN, S.; BUSSAB, W. O. Cálculo: funções de uma e várias variáveis.
São Paulo: Saraiva, 2006.
SIMMONS, G. F. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Seiji Hariki. São Paulo:
Makron Books, 1987. v. 1.
SWOKOWSKI, E. W. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Alfredo Alves de Farias.
2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. v. 1.
VERAS, L. L. Matemática aplicada à economia: síntese da teoria, mais de 300 exercícios
resolvidos e propostos com respostas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


EAD
Aplicações da
Integral
4
1. OBJETIVOS
• Identificar problemas que se relacionam com as aplica-
ções da integral.
• Reconhecer situações reais que podem ser resolvidas com
o auxílio da integral.

2. CONTEÚDOS
• Cálculo de áreas.
• Aplicações a problemas da Economia.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
114 © Introdução ao Cálculo

1) Sugerimos que você realize apontamentos com o obje-


tivo de comparar e aprofundar os pontos de destaque,
utilizando-se das fontes aqui listadas e indicadas como
indispensáveis para o estudo deste tema.
2) Lembre-se de que sua participação pode significar a di-
ferença entre apenas ler conteúdos ou transformar co-
nhecimentos em qualidade profissional. Por isso não
deixe de interagir com seus colegas de turma e com o
seu tutor.
3) Leia e analise com atenção os conteúdos e os exemplos
sobre integrais definidas, indefinidas, propriedades de
integrais e exemplos de aplicações, fundamentais para
a assimilação do conteúdo. Analise-os cuidadosamente
e, caso tenha dificuldade em compreendê-los, reveja os
conteúdos.
4) Tente formular novos exercícios a partir de outros ante-
riormente destacados e resolvidos. No final da unidade,
estão disponibilizadas algumas questões autoavaliativas,
cuja resolução será importante para aferir seu desempe-
nho.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na Unidade 3, estudamos o conceito, as propriedades e al-
gumas técnicas de integração, o conceito de integral definida e o
Teorema Fundamental do Cálculo.
Nesta unidade, revisaremos o conceito, as propriedades e
as técnicas de integração na determinação e no cálculo de áreas e
volumes e na resolução de problemas. Você irá identificar proble-
mas que são resolvidos com a utilização do conceito de integral e
verá, também, que a noção de integral surgiu da necessidade de
calcular áreas de figuras planas cujos contornos não são segmen-
tos de reta.

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 115

5. CÁLCULO DE ÁREAS
O cálculo de áreas de figuras planas, limitadas por gráficos
de funções contínuas, pode ser feito por integração, como vimos
na unidade anterior. Vejamos alguns casos particulares.

Área limitada pelo gráfico de uma função positiva


Veja, na Figura 1, a área limitada pelo gráfico de uma função
positiva no intervalo [a, b], pelas retas x = a, x = b e pelo eixo “x”:

Figura 1 Área da função f ( x) .


b
A = ∫ f ( x)dx = F (b ) − F (a )
a

Por exemplo: para calcular a área limitada pelas retas


y= x + 1 ; x = 3 e pelos eixos coordenados, teremos a seguinte
solução: observe, na Figura 2, o gráfico da região que queremos
calcular a área:
116 © Introdução ao Cálculo

Figura 2 Área da função f ( x )= x + 1 .

A área será o valor da integral da função f ( x )= x + 1 , no


3
A
intervalo [0,3] , ou seja:= ∫ ( x + 1) dx .
0

Uma primitiva da função f ( x )= x + 1 é a função


x2
F ( x=
) +x.
2
Assim, temos:
3
A =∫ ( x + 1) dx =F ( 3) − F ( 0 )
0

 32   02  15   0  15
A =  + 3  −  + 0  =   −   = = 7,5.ua
 2   2   2  2 2

Área limitada pelo gráfico de uma função negativa


A Figura 3 mostra a área limitada pelo gráfico de uma função
negativa no intervalo [a, b] pelas retas x = a, x = b e pelo eixo “x”:

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 117

Figura 3 Área da função f ( x) negativa.


b

Nesse caso, em que f ( x) ≤ 0 , a integral ∫ f ( x)dx


0
assumirá

um valor negativo e, portanto, precisamos tomar o módulo da in-


tegral para definir a área.
b

Assim, temos: A = ∫ f ( x)dx .


a

Área limitada pela intersecção dos gráficos de duas funções


A Figura 4 apresenta a área limitada pela intersecção dos grá-
ficos de duas funções y = f ( x ) e y = g ( x ) no intervalo [a, b]:

Figura 4 Área da função f ( x) e g ( x) .


118 © Introdução ao Cálculo

Observando o gráfico, a área será calculada pela diferença


entre a área sob o gráfico da função y = f ( x ) e a área sob o grá-
fico da função y = g ( x ) .
Assim, temos:
b b b
A =∫ f ( x)dx − ∫ g ( x)dx =∫ ( f ( x) − g ( x) ) dx
a a a

Vejamos alguns exemplos.


Exemplo 1
Vamos calcular a área limitada pelas retas y= x + 1 ;
x +1
=y = , x 0 e x = 3.
2

Observe o gráfico na Figura 5:

Figura 5 Área da função f ( x) e g ( x) .

A área A será o valor da integral:


3 3 3
 x +1   x +1 
A= ∫ ( x + 1)dx − ∫   ∫  x +1−
=  dx
0 0
2  0 2 
3
 x 1
= A ∫  +  dx
0
2 2

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 119

x 1 x2 x
Uma primitiva para a função f ( x )= + é F ( x
= ) + .
2 2 4 2
Portanto, temos:
3
 x 1  32 3   0 2 0 
A = ∫  + dx = F (3) − F (0) =  +  −  + 
0
2 2  4 2  4 2
3
x 1  9 3   0  15
A
= ∫  2 + 2  dx=
0
+ − == 3, 75 u.a (unidades de área )
 4 2   4  4

Exemplo 2
Agora, vamos calcular a área limitada pela intersecção da pa-
rábola y = x 2 com a reta y =− x + 2 .
Essas curvas interceptam-se nos pontos solução da equação
x 2 =− x + 2 , uma equação do 2º grau x 2 + x − 2 =,
0 conforme é
possível observar no gráfico da Figura 6.

Figura 6 Área da função y e g ( x) .

Os pontos de intersecção dessas equações são (-2, 4) e (1, 2).


A área procurada é a área A (parte hachurada na Figura 6).
120 © Introdução ao Cálculo

Assim, temos que a área é dada pela integral:


1 1 1

∫ ( − x + 2 ) dx − ∫ x dx = ∫ (2 − x − x )dx
2 2
A=
−2 −2 −2

Uma primitiva para a função f ( x ) = 2 − x − x é a função


2

x 2 x3
F ( x) = 2x − − .
2 3
Portanto, temos:
1 1  ( −2 ) ( −2 ) 
2 3

A= F (1) − F (−2)=  2 − −  −  2 ⋅ ( −2 ) − − 
 2 3   2 3 
9
A= = 4,5 u.a
2

Exemplo 3
Utilizaremos, agora, a integração para calcular a integral da
região delimitada pela função f ( x=
) 2 x + 2 no intervalo [1,3].
É preciso, de imediato, que se determine a primitiva da fun-
ção 2 x + 2 que é x 2 + 2 x .
Podemos escrever utilizando o Teorema Fundamental do
Cálculo:
F (b) − F (a ) ⇒ ∫ ( 2 x + 2 ) dx = ( x 2 + 2 x + C ) =
b 3
∫ f ( x ) dx =
a 1

( 3) + 2 ⋅ ( 3) + C  − (1) + 2 ⋅ (1) + C  =
2 2
   
[9 + 6 + C ] − [1 + 2 + C ] =12
Neste caso, podemos calcular geometricamente a área de-
terminada pelo intervalo [1,3] para a função f ( x= ) 2 x + 2 . Para
isso utilizamos o seguinte cálculo: a área de um trapézio dada pela
soma da base maior com a base menor, multiplicada pela altura e
o resultado dividido por 2. Assim, temos:

A=
( B + b) × h
2

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 121

Figura 7 f ( x=
) 2x + 2 no intervalo [1,3].

Ao substituirmos pelos valores obtidos pelo gráfico da Figura


7, obtemos:

A
=
(8 + 4 ) ⋅=
2 24
= 12 u.a
2 2
Exemplo 4
Utilizaremos, também, como exemplo de utilização da inte-
gral, o cálculo da área da região compreendida entre o eixo do “ x ”
e o gráfico de f ( x ) = x com 0 ≤ x ≤ 2 .
2

Vimos que a área é numericamente igual à integral da fun-


ção f ( x ) = x no intervalo considerado entre 0 ≤ x ≤ 2 . A primiti-
2

3
va para a função f ( x ) = x é f ' ( x ) = x .
2

3
Utilizando o Teorema Fundamental do Cálculo, podemos cal-
cular a área no intervalo de [0,2].
b
∫ a
f ( x=
)dx F (b) − F (a )
2
2  x 3   23   03  8
Área = ∫ 2
x dx =   =   −   =
0
 3 0  3   3  3
122 © Introdução ao Cálculo

Observe a Figura 8:

Figura 8 Área da função f ( x ) = x2 no intervalo [0,2].

Exemplo 5
Vamos determinar a área da região entre o eixo x e o gráfico
de f ( x ) = x3 − x 2 − 2 x no intervalo [-1,2].
Em primeiro lugar, devemos determinar as raízes da função.
Para isso, vamos simplificar a função. Observe que “x” é fator co-
mum em todos os termos e, portanto, podemos colocá-lo em evi-
dência. Obtemos:
) x( x 2 − x − 2)
f ( x=
Podemos obter as raízes da expressão ( x 2 − x − 2) . Dessa
forma, fazemos x 2 − x − 2 =0 , calculamos suas raízes e temos a
forma fatorada.
Assim, na expressão x 2 − x − 2 , temos que a = 1 , b = −1
e c = −2 . Calculamos as raízes utilizando o conceito de soma
−b − ( −1) c −2
s =
= = 1 e produto p = = = −2 das raízes.
a 1 a 1
Podemos concluir que as raízes são os valores x1 = −1 e
x2 = 2 , pois se somarmos as raízes ( −1 + 2 ) obtemos 1 e se mul-

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 123

tiplicarmos as raízes ( −1⋅ 2 ) obtemos -2. Podemos, também, uti-


lizar a fórmula de Báskara para determinar as raízes (reveja esse
conceito).
Após definirmos as raízes da expressão x 2 − x − 2 , podemos
escrevê-la na forma fatorada  a ( x − x1 )( x − x2 )  e, assim, obter-
mos 1⋅ ( x − ( −1) ) ( x − 2 )  , o que resulta ( x + 1)( x − 2 ) .

Agora, reescrevemos a função f ( x ) inicial como:


f ( x) = x 3 − x 2 − 2 x = x ( x 2 − x − 2 ) = x ( x + 1)( x − 2 )
Precisamos, neste momento, determinar as raízes desta fun-
ção. Assim, fazemos f ( x) igual a zero para obtermos suas raízes:
x ( x + 1)( x − 2 ) =
0 . Nesse caso, como temos um produto que resul-
ta em zero, podemos afirmar que x = 0 ou x + 1 = 0 ou x − 2 =0.
Resolvendo as equações, temos as raízes:
• x = 0 .
• x + 1 =0 ⇒ x =−1 .
• x − 2 = 0 ⇒ x = 2 .
Observe que no gráfico da Figura 9 a função f ( x ) = x − x − 2 x
3 2

intercepta o eixo das abscissas (x) exatamente nos pontos -1, 0 e 2,


que são as raízes dessa função.

Figura 9 Gráfico da Função f ( x) = x3 − x 2 − 2 x .


124 © Introdução ao Cálculo

Para determinar a área da função no intervalo [ −1, 2] , deve-


mos integrar a função nos subintervalos [ −1, 0] em que f ( x) ≥ 0 ,
e [ 0, 2] em que f ( x) ≤ 0 (parte hachurada no gráfico da Figura 9)
e somar os valores absolutos (módulo) desses subintervalos.
Assim, uma primitiva da função f ( x) = x 3 − x 2 − 2 x é dada
por:  x − x − x 2  .
4 3

4 3 
 
Ao calcularmos as integrais definidas para os intervalos
[ −1, 0] e [0, 2] , obtemos:
0
0  x 4 x3  1 1  5
∫−1
3 2
( x − x − 2 x ) dx =  − − x 2  = 0 −  + − 1 =
4 3  −1  4 3  12
2
2  x 4 x3 2  8  8
∫0
3 2
( x − x − 2 x ) dx = − − x  = 4 − − 4  − 0 =−
4 3 0  3  3
5 8 37
+− =
A área no intervalo
[ −1, 2] é, portanto, 12 3 12 .
Exemplo 6

∫ (x + 1) dx .
1
3
Vamos, agora, calcular a integral de
−1

 4 
Uma primitiva da função x + 1 é  x + x  .
3

4 
Aplicando o Teorema Fundamental do Cálculo, temos:
1
b  x4 
f ( x ) dx =  F ( x )  ⇒ ∫ ( x + 1) dx =  + x  =
b 1

3
a a −1
4  −1
 14   1   5   3   8 
 + 1 −  − 1=
  −− =
  =  2
4  4  4  4 4

) x 3 + 1 no
O gráfico da Figura 10 representa a função f ( x=
intervalo [ −1,1] .

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 125

Figura 10 Gráfico da Função ) x3 + 1 .


f ( x=

Exemplo 7
Calculemos a área da região compreendida entre os gráficos
) x 3 + 1 e g ( x)= x + 1 , com −1 ≤ x ≤ 1 .
das funções f ( x=
As curvas de f ( x ) e g ( x ) interceptam-se nos pontos de
abscissas -1, 0 e 1, conforme se observa no gráfico da Figura 11.
No intervalo de [ −1, 0] , o gráfico da função f ( x=
) x3 + 1 é
"maior" que o gráfico da função g ( x )= x + 1 , e no intervalo de
[0,1] ocorre o inverso, o gráfico da função g ( x )= x + 1 é "maior"
que o gráfico da função f ( x=) x3 + 1 .
Então, podemos escrever:
0 1
Área
= ∫−1
[ x 3 + 1 − ( x + 1)]dx + ∫ [ x + 1 − ( x 3 + 1)]dx
0

O que resulta em:


0 1
Área = ∫ ( x 3 − x)dx + ∫ ( x − x 3 )dx
−1 0
126 © Introdução ao Cálculo

 4 2

Neste caso, a primitiva de ( x3 − x ) é  x − x  e a primitiva
4 2
de ( x − x ) é  x − x  .
3  2 4

2 4
Aplicando o Teorema Fundamental do Cálculo para os inter-
valos [ −1, 0] e [ 0,1] obtemos:

0 1
Área = ∫ ( x 3 − x)dx + ∫ ( x − x 3 )dx
−1 0

 x4 x2 
0
 x2 x4   ( −1) (−1) 2   (1) 2 (1) 4 
1 4

=
 −  +  −  =
−  − + − 
4 2  −1  2 4 0  4 2   2 4 

1 1 1 1 1 1 1
=
−  −  +  −  =+ =
4 2 2 4 4 4 2

Figura 11 Gráfico das funções ) x 3 + 1 e g ( x)= x + 1 .


f ( x=

Assim, a área da região compreendida entre as funções


) x3 + 1 e g ( x )= x + 1 no intervalo de [ −1,1] é 0,5 unidades
f ( x=
de área.

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 127

6. APLICAÇÕES DA INTEGRAL
A aplicação da integral consiste, essencialmente, em calcular
áreas e volumes. O que muda é a interpretação do que significa a
medida dessa área e volume.
Por exemplo, a área sob o gráfico de uma curva de demanda
tem os significados de excedente do consumidor e de quanto o
consumidor deixa de gastar. Por outro lado, a área sob o gráfico de
uma curva de oferta tem o significado de excedente do produtor.
Inúmeras são as aplicações do conceito de integral nas ati-
vidades diárias da Engenharia, da Física, da Biologia, da Medicina,
da Economia, do Sistema de informação, entre outras. Por isso,
veremos, a seguir, exemplos de aplicação da integral em algumas
áreas do conhecimento humano.
Vejamos alguns exemplos práticos da aplicação da integral.

Exemplo 1
A Petrobras anunciou recentemente a descoberta de uma
nova reserva petrolífera na exploração da camada do pré-sal no
litoral paulista.
Estima-se que poderão ser produzidas 950 toneladas de pe-
tróleo por mês e que, mantido esse ritmo, sua exploração (produ-
ção) se esgotará daqui a 240 meses (20 anos).
De acordo com o mercado futuro, estima-se que daqui a t
meses o preço por tonelada de petróleo será calculado pela fun-
ção f ( t ) =−0, 01t 2 + 8t + 500 , onde f(t) é a receita em milhões de
dólares e t é o tempo em meses.
Nessas condições, qual será a estimativa da receita total, em
dólares, gerada pela Petrobras na exploração dessa reserva petro-
lífera até ser esgotada a sua produção?
Considerando como domínio da função o intervalo de tempo
[0, 240] , podemos calcular a receita multiplicando a integral (área)
128 © Introdução ao Cálculo

da função f ( t ) =−0, 01t 2 + 8t + 500 no intervalo considerado por


950 toneladas.
240

Matematicamente, temos que Re ceita = 950 ∫ f ( t ) dt , o


que resulta em: 240
0

Rt = 950. ∫ (−0,01t 2 + 8t + 500)dt


0

A primitiva da função f (t ) =−0, 01t 2 + 8t + 500 é dada por:


 t3 t2 
 −0, 01 + 8 + 500t  .
 3 2 
Assim, aplicando-se o Teorema Fundamental do Cálculo, ob-
temos a receita total Rt:
240
 t3 t2 
Rt = 950.− 0,01 + 8 + 500t 
 3 2 0
240 3 240 2
Rt = 950.[−0,01 + 8. + 500(240)]
3 2
Fazendo os cálculos da equação anterior, obtemos:
R=
t 950 ⋅ [ −46080 + 230400 + 120000]

O que resulta numa receita de, aproximadamente:


950 ⋅ [304.320] =
Rt = R$289.104.000, 00

Assim, a estimativa da receita total, em dólares, gerada pela


Petrobras na exploração dessa reserva petrolífera até ser esgotada
a sua produção será de, aproximadamente, U $289.104.000, 00 .

Exemplo 2
Uma mola possui comprimento inicial de 1m. Uma força de
24N estica a mola até o comprimento de 1,8m. Determine a cons-
tante de força “k” da mola e a quantidade de trabalho que será
necessário aplicar à mola para esticá-la 2m além de seu compri-
mento inicial.

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 129

Na Física, a equação que determina a força necessária para


esticar ou comprimir uma mola com “x” unidades de comprimen-
to, partindo de sua posição original (sem deformação), é propor-
cional a x e é dada pela expressão: F = k ⋅ x , onde F é a força
aplicada para deformar a mola (dada em Newton); k é a constante
da mola (dada em Newton/metro) e x é o comprimento da mola
(dado em metro).
Para determinar a constante k da mola, basta substituirmos
os valores F = 2, 4 N e x = 0,8 na expressão F = k ⋅ x .
2, 4
Assim, temos: 24= k (0,8) ⇒ k= = 3, 0 N / m .
0,8
Para determinar a quantidade de trabalho necessária para
esticá-la 2m, devemos lembrar que trabalho é o produto da força
pelo deslocamento, isto é, W= F ⋅ d . A unidade de trabalho é o
Joule (cuja abreviação é J ).
Portanto, a força necessária para esticar a mola 2m será:
F 3, 0 ⋅ x .
=
Aplicando o conceito de integral, o trabalho realizado pela
força F sobre a mola no intervalo de x = 0 até x = 2m e lembran-
do que a primitiva da função [3 ⋅ x] é  3 x  , temos:
2

 2 
 
3 3
 3 x 2   22 
W =∫ (3 ⋅ x)dx =  =3 ⋅  =6, 0 J
0  2 0  2 

Observe, no gráfico da Figura 12, que o trabalho é numerica-


mente igual à área da região hachurada (triângulo).
130 © Introdução ao Cálculo

Figura 12 Gráfico da função W= F ⋅d .

Exemplo 2
Vamos determinar o volume de um sólido de revolução ge-
rado pela rotação da curva f ( x) = x , no intervalo [ 0, 4] , sobre
o eixo x.
Devemos lembrar que sólidos de revolução são aqueles cujas
formas podem ser geradas pela revolução de regiões planas em
torno de eixos determinados.
Para resolver o problema, é aconselhável desenhar as figuras
envolvidas para uma melhor visualização. Observe, no gráfico da
Figura 13, a curva da função f ( x) = x no intervalo [0, 4] no pla-
no cartesiano e, na Figura 14, o sólido de revolução originado pela
rotação da curva sobre o eixo “x”.

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 131

Fonte: Finney, Weir e Giordano, (2002, p. 400).


Figura 13 Gráfico da função f ( x) = x .
Note que a secção transversal de um sólido (Figura 14) per-
pendicular ao eixo de revolução x é um círculo de raio R(x) e área
A( x)= π ⋅ R 2 .

Fonte: Finney, Weir e Giordano, (2002, p. 400).


Figura 14 Sólido de revolução.

Desse modo, utilizando os conceitos estudados, podemos


afirmar que:
b
Volume = ∫ π  R ( x )  dx
2
 
a
132 © Introdução ao Cálculo

Substituindo os valores obtemos:


4 4

( )
π  x  dx π ∫ xdx
2
=V ∫0=  
0

 
( )  x2 
2
Observe que  x  = x e que a primitiva de “x” é  2 .
   
Assim, podemos escrever:
4 4
 x2  (4) 2
π ∫ xdx =
V= π   =⋅ π 8π
=
0  2 0 2
Nesse contexto, o volume determinado pela rotação da fun-
ção f ( x) = x , no intervalo [ 0, 4] , sobre o eixo “x” é 8π u.v. (uni-
dades de volume).

Exemplo 3
Vamos analisa outro exemplo?
Uma mina produz, mensalmente, 500 toneladas de certo mi-
nério. Estima-se que o processo extrativo dure 30 anos (360 me-
ses), a partir de hoje, e que o preço por tonelada do minério daqui
a “t” meses seja f (t ) = −0, 01t 2 + 10t + 300 unidades monetárias.
Qual a receita gerada pela mina ao longo dos 360 meses?
Para solucionar o problema, devemos considerar que o preço
por tonelada não é constante ao longo dos 360 meses, pois temos
uma função do 2º grau e o gráfico dessa função é uma parábola,
como pode ser observado na Figura 15.

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 133

Receita total

2500
y = -0,01x 2 + 10x + 300
2000

1500
receita

1000

500

0
0 50 100 150 200 250 300
tempo

Figura 15 Gráfico da função f (t ) =


−0, 01t 2 + 10t + 300 .

Sendo assim, não basta multiplicarmos 500 pelo preço e o


resultado por 360. É preciso considerar que a função não é linear
e, portanto, não podemos simplesmente realizar a operação.
Assim, considerando o domínio [ 0,360] , podemos cal-
cular a receita multiplicando a integral (área) da função
f (t ) =−0, 01t 2 + 10t + 300 no intervalo considerado por 500 tone-
ladas, que é a quantidade mensal extraída da mina.
360
Matematicamente, temos que Re ceita = 500 ∫ f (t )dt , o
que resulta em: 0
360

∫ (−0, 01t
2
Rt = 500 ⋅ + 10t + 300)dt
0

−0, 01t 2 + 10t + 300 é dada por:


A primitiva da função f (t ) =
 t3 t2 
 −0, 01 3 + 10 2 + 300t  .
 
Assim, aplicando o Teorema Fundamental do Cálculo, obte-
mos a receita total Rt:
360
 t3 t2 
R=
t 500 ⋅  −0, 01 + 10 + 300t 
 3 2 0
134 © Introdução ao Cálculo

3603 3602
R=
t 500 ⋅[−0, 01 + 10. + 300(360)]
3 2

3603 3602
R=
t 500 ⋅[−0, 01 + 10 ⋅ + 300(360)]
3 2
Fazendo os cálculos da equação acima, obtemos:

R=
t 500 ⋅[−155.520 + 648.000 + 108.000)

Rt =
500 ⋅[600.480] =
300.240.000, 00 u.m.

Portanto, a receita gerada pela mina ao longo dos 360 meses


é aproximadamente 300.240.000u.m (unidades monetárias).

Exemplo 4
Numa situação hipotética, um determinado produto apre-
senta como função de demanda = d (q ) 18000 − q 2 e como função
oferta o(=
q ) 60q + 2000 (ambas em reais), onde “d” é demanda,
“o” é oferta e “q” a quantidade.
Nessas condições, determine o preço “p” de venda do pro-
duto, o excedente do consumidor (Ec) e o excedente do produtor
(Ep).
Para determinar o preço de venda do produto, devemos de-
finir o ponto de equilíbrio entre a oferta e a demanda pelo pro-
duto. Para isso, igualamos as funções demanda e oferta obtendo:
d ( q ) = o( q ) .
Substituindo as funções, matematicamente, obtemos:

18000 − q 2 = 60q + 2000


⇒ q 2 + 60q − 16000 = 0

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 135

Determinando as raízes da equação do 2º grau anterior, te-


mos que q = −160 ou q = 100 . Como q é quantidade, somente
q = 100 é aceito como resposta, pois não temos quantidades ne-
gativas de produtos.
Para determinarmos o preço de venda do produto, basta
substituirmos a quantidade q = 100 na função demanda ou oferta
para obtermos:

) 18000 − q 2 ⇒ d (100)
d (q= 2
= 18000 − 100= 8000

Assim, o preço de venda será R$8.000,00.


O excedente do consumidor (Ec) é a quantidade total "eco-
nomizada" pelos consumidores ao comprar o produto pelo preço
de equilíbrio, em comparação com aquele que estariam dispostos
a pagar.
Assim, para calcularmos o excedente do consumidor (Ec) bas-
ta determinar a área da região em amarelo do gráfico da Figura 16.
Para isso, devemos utilizar o Teorema Fundamental do Cálculo.
100

∫ (18000 − q
2
Ec
= )dq − (8000 ⋅100)
0

Observe que (8000x100) é a área do retângulo cujas medi-


das são 100 (para a quantidade) e 8000 (para o preço).
136 © Introdução ao Cálculo

Figura 16 Gráfico do excedente do consumidor.

d (q ) 18000 − q 2 é
Lembrando que a primitiva da função =
 q 3  podemos escrever:
18000 q −
 3 
100

∫ (18000 − q ) dq − (8000 ⋅100 )


2
Ec
=
0
100
 q3 
Ec= 18000q −  − 800000
 3 0
 1000000 
Ec = 1800000 −  − 800000
 3
 4.400.000 
Ec 
=  − 800000
= 666.666, 66
 3

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 137

100

∫ (18000 − q
2
Ec = )dq − (8000 × 100)
0

Assim, o excedente do consumidor é, aproximadamente,


R$666.667,00.
O excedente do produtor (Ep) são os rendimentos extras ad-
quiridos pelos produtores ao vender um produto pelo preço de
equilíbrio em comparação com o que estariam dispostos a aceitar.

Exemplo 5
Assim, para calcularmos o excedente do produtor (Ep) basta de-
terminar a área da região em azul do gráfico da Figura 17 a seguir.

Figura 17 Gráfico do excedente do produtor.


138 © Introdução ao Cálculo

Para isso, devemos utilizar o Teorema Fundamental do Cál-


culo. Assim, temos:
100
Ep = (8000 ⋅100) − ∫ (60q + 2000)dq
0

Observe que (8000x100) é a área do retângulo cujas medi-


das são 100 (para a quantidade) e 8000 (para o preço).
Lembrando que a primitiva da função o(=
q ) 60q + 2000 é
30q + 2000q  , podemos escrever:
2

100

∫ (30q
2
Ep = (8000 ⋅100) − + 2000q )dq
0

= 800000 − 30 ⋅ (1002 ) + 2000 ⋅ (100) 


Ep

c = 800000 − [300000 − 200000] = 700.000,0


E
Nesse caso, o excedente do produtor é R$700.000,00.

7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Determine as integrais indefinidas a seguir:

a) ∫ ( 5x ) dx .
∫ ( 3x ) dx .
2
b)

∫ ( x ) dx .
3
c)

∫ ( x + 3x − 5 x + 2 ) dx .
3 2
d)
 2 
e) ∫  x + x  dx .
2

f) ∫ (u + )
u du .

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© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 139

2) Calcule a área da região sob o gráfico da função


y =f ( x ) =− x 2 + x limitada pelo intervalo 0 ≤ x ≤ 1 .
3) Calcule a área da região sob o gráfico da função
= y f= ( x ) x 2 limitada pelo intervalo 2 ≤ x ≤ 5 .
4) Calcule a área da região sob o gráfico da função
y f ( x=
= ) x 2 − 3x limitada pelo intervalo 0 ≤ x ≤ 3 .
Gabarito
Depois de responder às questões autoavaliativas, é impor-
tante que você confira o seu desempenho, a fim de que possa sa-
ber se é preciso retomar o estudo desta unidade. Assim, confira, a
seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas pro-
postas anteriormente:

1)
x2
a) Solução :5 ⋅ +c.
2
x3
b) Solução :3 ⋅ + c .
3
4
x
c) Solução : + c .
4
x4 x3 x2
d) Solução := + 3⋅ − 5 ⋅ + 2 x + c .
4 3 2
x2 2
e) Solução : = − +C .
2 x
u 2 2 32
f) Solução : + u +C .
2 3
2) Solução : 1 .
6

3) Solução : 117 .
3
4) Solução : 9 .
2
140 © Introdução ao Cálculo

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir a disciplina Introdução ao Cálculo, esperamos
que você tenha percebido como a Matemática, em particular, o
cálculo diferencial e integral, se relaciona com o nosso meio, e
como essa percepção pode nos ajudar a resolver e a entender me-
lhor problemas em diferentes atividades profissionais.
Tivemos a oportunidade de conhecer, discutir e aprofundar
algumas questões relevantes na área do conhecimento matemá-
tico. Dessa forma, ampliamos nossas concepções ao estudar os
temas abordados neste Caderno de Referência de Conteúdo e ao
realizar as atividades e as interatividades propostas no CAI.
Na Unidade 1, conhecemos e compreendemos como a dis-
ciplina Introdução ao Cálculo esteve organizada. Destacaram-se
algumas considerações sobre derivada, regras de derivação e a in-
terpretação física e geométrica da derivada.
Na Unidade 2, estudamos os conceitos matemáticos de fun-
ções crescentes e decrescentes, teorema do valor médio, máximos
e mínimos de uma função e funções marginais.
Na Unidade 3, abordamos integral indefinida, técnicas de in-
tegração, integral definida e o Teorema Fundamental do Cálculo.
Por fim, na Unidade 4, nos aprofundamos na utilização da
integral definida por meio do cálculo de áreas e volumes.
Esperamos que o conteúdo desta disciplina tenha contribu-
ído de maneira significativa para o domínio de importantes con-
ceitos matemáticos, capazes de proporcionar maior coerência e
objetividade em nosso raciocínio lógico e no aumento de conhe-
cimentos.
Que o aprendizado adquirido o prepare para conduzir com
segurança os problemas da realidade humana, colaborando para o
desenvolvimento e o bem-estar social no exercício da cidadania.

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© Aplicações da IntegralAplicações da Integral 141

9. E-REFERÊNCIAS
WEBER, O. A.; SODRÉ, U. Matemática essêncial. Disponível em: <http://pessoal.
sercomtel.com.br/matematica/superior/calculo/integral/integral.htm>. Acesso em: 5
jul. 2011.
SÓ MATEMÁTICA. Integrais indefinidas. Disponível em: <http://www.somatematica.com.
br/superior/integrais/integrais.php>. Acesso em: 5 jul. 2011.
LOPES, L. F. D. Derivadas. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/7095014/Derivadas-
e-Integrais>. Acesso em: 5 jul. 2011.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ÁVILA, G. Introdução ao cálculo. Rio de Janeiro: LTC, 1998.
BOULOS, P. Cálculo diferencial e integral. São Paulo: Makron Books, 1999. v. 1.
DANTE, L. R. Matemática: contexto & aplicações. 4. ed. São Paulo: Ática, 2000. v. 3.
FINNEY, R. L; WEIR, D. M.; GIORDANO, F. R. Cálculo de George B. Thomas. Tradução de
Paulo Boschcov. 10. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2002. v. 1.
FLEMMING, D. M.; GONÇALVES, M. B. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 5.
ed. São Paulo: Makron Books, 1992/2004.
GUIDORIZZI, H. L. Curso de cálculo. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998. v. 1.
HARIKI,S; ABDOUNUR O. J. Matemática aplicada: administração, economia, contabilidade.
São Paulo: Editora Saraiva, 1999.
IEZZI, G. Fundamentos de matemática elementar: conjuntos funções. 7. ed. São Paulo:
Atual, 1993. v. 1.
MORETTIN, P. A.; HAZZAN, S.; BUSSAB, W. O. Cálculo: funções de uma e várias variáveis.
São Paulo: Saraiva, 2006.
SIMMONS, G. F. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Seiji Hariki. São Paulo:
Makron Books, 1987. v. 1.
SWOKOWSKI, E. W. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Alfredo Alves de Farias.
2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. v. 1.
VERAS, L. L. Matemática aplicada à economia: síntese da teoria, mais de 300 exercícios
resolvidos e propostos com respostas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
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