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Primeira parte

A primeira parte é a visão do Inferno:

Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de  fogo  que parecia estar debaixo da terra.
Mergulhados neste fogo os  demónios  e as  almas, como se fossem brasas transparentes e
negras ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no  incêndio  levadas pelas chamas
que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de  fumo, caindo para todos os lados,
semelhante ao cair das fagulhas em os grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre
gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demónios
distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas
transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu, que
antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o  Céu  (na primeira aparição)! Se
assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. [2]

Segunda parte

A segunda parte é a devoção ao Imaculado Coração de Maria e a conversão da Rússia:

Em seguida, levantamos os olhos para  Nossa Senhora  que nos disse com bondade e tristeza:

Vistes o  Inferno, para onde vão as almas dos pobres  pecadores. Para as salvar,  Deus  quer
estabelecer no mundo a  devoção  a meu  Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar-
se-ão muitas almas e terão  paz. A  guerra  vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus,
no reinado de  Pio XI  começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz
desconhecida,[3]  sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo pelos
seus crimes, por meio da  guerra, da fome e de perseguições à  Igreja  e ao  Santo Padre. Para a
impedir virei pedir a consagração da  Rússia  a meu Imaculado Coração e a Comunhão
Reparadora nos Primeiros Sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e
terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à
Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão
aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a
Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. [4]

Terceira parte

Ver artigo principal:  Terceiro segredo de Fátima

O conteúdo da terceira parte do Segredo de Fátima, revelado em 13 de Julho de 1917 em


Fátima, e que a Ir. Lúcia dos Santos redigiu em 3 de Janeiro de 1944, é o seguinte:

" Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco
mais alto, um anjo com uma espada de fogo na mão esquerda. Ao cintilar despedia chamas
que pareciam incendiar o mundo. Mas, apagavam-se com o contacto do brilho que da mão
direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O anjo, apontando com a mão direita para a
terra, com voz forte dizia: - Penitência, penitência, penitência.

E vimos numa luz imensa, que é Deus, algo semelhante a como se vêem as pessoas no espelho,
quando lhe diante passa um bispo vestido de branco. Tivemos o pressentimento de que era o
Santo Padre. Vimos vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma
escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande cruz, de tronco tosco, como se fora
de sobreiro como a casca. O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade,
meio em ruínas e meio trémulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena. Ia orando
pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho.

Chegando ao cimo do monte, prostrado, de joelhos, aos pés da cruz, foi morto por um grupo de
soldados que lhe disparavam vários tiros e setas e assim mesmo foram morrendo uns após os
outros, os bispos, os sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares. Cavalheiros e
senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da cruz, estavam dois anjos. Cada um
com um regador de cristal nas mãos recolhendo neles o sangue dos mártires e com eles
irrigando as almas que se aproximavam de Deus."[5]

E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da
lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas,
cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens
saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias
e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se
mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar
acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só
Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve
a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de
Coimbra)

Um dia, fomos passar as horas da sesta para junto do poço de


meus pais. A Jacinta sentou-se nas lajes do poço; o Francisco,
comigo, foi procurar o mel silvestre nas silvas dum silvado duma
ribanceira que aí havia. Passado um pouco de tempo, a Jacinta
chama por mim:
– Não viste o Santo Padre?
– Não!
– Não sei como foi! Eu vi o Santo Padre em uma casa muito
grande, de joelhos, diante de uma mesa, com as mãos na cara, a
chorar. Fora da casa estava muita gente e uns atiravam-Ihe pedras,
outros rogavam-lhe pragas e diziam-lhe muitas palavras feias (15).
Coitadinho do Santo Padre! Temos que pedir muito por Ele. (pág.126 – 3ªMemória).

Já disse como, um dia, dois Sacerdotes nos recomendaram a


oração pelo Santo Padre e nos explicaram quem era o Papa. A
Jacinta, depois, perguntou-me:
– É o mesmo que eu vi a chorar e de quem aquela Senhora
nos falou no segredo?
– É – Ihe respondi.
– Decerto aquela Senhora também o mostrou a estes Senhores
Padres! Vês? Eu não me enganei. É preciso rezar muito por Ele.
Em outra ocasião, fomos para a Lapa do Cabeço. Chegados
aí, prostrámo-nos por terra, a rezar as orações do Anjo. Passado
algum tempo, a Jacinta ergue-se e chama por mim:
– Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de
gente, a chorar com fome, e não tem nada para comer? E o Santo
Padre em uma Igreja, diante do Imaculado Coração de Maria, a
rezar? E tanta gente a rezar com Ele?
Passados alguns dias, perguntou-me:
– Posso dizer que vi o Santo Padre e toda aquela gente?
– Não. Não vês que isso faz parte do segredo? que por aí logo
se descobria?
– Está bem; então não digo nada. (Pág.127)

7. Visões da guerra
Um dia fui a sua casa, para estar um pouco com ela. Encontrei-
a sentada na cama, muito pensativa.
– Jacinta, que estás a pensar?
– Na guerra que há-de vir. Há-de morrer tanta gente! E vai
quase toda para o inferno (16)! Hão-de ser arrasadas muitas casas
e mortos muitos Padres. Olha: eu vou para o Céu. E tu, quando
vires, de noite, essa luz que aquela Senhora disse que vem antes,
foge para lá também (17)!

– Não vês que para o Céu não se pode fugir?


– É verdade! Não podes. Mas não tenhas medo! Eu, no Céu,
hei-de pedir muito por ti, por o Santo Padre, por Portugal, para que a
guerra não venha para cá (18), e por todos os Sacerdotes.
Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo! V. Ex.cia não ignora como, há
alguns anos, Deus manifestou esse sinal que os astrónomos quiseram
designar com o nome de aurora boreal (19). Não sei. Parece-
me que, se examinarem bem, verão que não foi nem podia
ser, da forma que se apresentou, tal aurora. Mas seja o que
quiserem. Deus serviu-se disso para me fazer compreender que a
Sua justiça estava prestes a descarregar o golpe sobre as nações
culpadas e comecei, por isso, a pedir, com insistência, a Comunhão
reparadora nos primeiros sábados e a consagração da Rússia. O
meu fim era, não só conseguir misericórdia e perdão de todo o
Mundo, mas, em especial, para a Europa. Deus, na Sua infinita
misericórdia, foi-me fazendo sentir como esse terrível momento se
aproximava, e V. Ex.cia Rev.ma não ignora como, nas ocasiões
oportunas, o fui indicando. E digo ainda que a oração e penitência
que se tem feito em Portugal não aplacou ainda a Divina Justiça,
porque não tem sido acompanhada de contrição nem emenda.
Espero que a Jacinta interceda por nós no Céu. (p.128)

– Gostei muito de ver o Anjo, mas gostei ainda mais de Nossa


Senhora. Do que gostei mais foi de ver a Nosso Senhor, naquela
luz que Nossa Senhora nos meteu no peito. Gosto tanto de Deus!
Mas Ele está tão triste, por causa de tantos pecados! Nós nunca
havemos de fazer nenhum. (Francisco – p.141)

– É que – Ihe respondi – tu, com a Jacinta, vais breve para o


Céu e eu fico com o Coração Imaculado de Maria mais algum tempo
na terra.
– Quantos anos cá ficas? – perguntava.
– Não sei; bastantes.
– Foi Nossa Senhora que o disse?
– Foi. E eu vi-o nessa luz que nos meteu no peito.
E a Jacinta confirmava isto mesmo, dizendo:
– É assim, é! Eu também assim o vi!
Por vezes, dizia:
– Esta gente fica tão contente só por a gente Ihe dizer que
Nossa Senhora mandou rezar o terço e que aprendesses a ler! O
que seria, se soubessem o que Ela nos mostrou em Deus, no Seu
Imaculado Coração, nessa luz tão grande! Mas isso é segredo,
não se lhes diz. É melhor que ninguém o saiba.
Desde esta aparição, começámos a dizer, quando nos perguntavam
se Nossa Senhora nos não tinha dito mais nada:
– Sim, disse, mas é segredo.
Se nos perguntavam o motivo por que era segredo, encolhíamos
os ombros e, baixando a cabeça, guardávamos silêncio.
Mas, passado o dia 13 de Julho, dizíamos:
– Nossa Senhora disse-nos que não o disséssemos a ninguém
– referindo-nos, então, ao segredo imposto por Nossa Senhora. (P.144).

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