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 Reflexão sobre a Falsidade:

"Como diziam sempre existe a possibilidade da água não ferver a 100°C e portanto você
percebe que o falso, ele é muito mais saltante, presente, visível e fácil de encontrar que
o verdadeiro. Pois sobre o verdadeiro sempre pairá a possibilidade da falseabilidade.
Está sempre sobre suspeita. Ninguém tem nenhuma dúvida o mal é cristalino, o mal é
indiscutível, o mal tá presente em todo lugar, o mal tá no jornalismo, tá na notícia tá em
todo canto, o mal é claríssimo. O bem é frágil, o bem é porcelana, o mal é de ferro, o
bem é sobre suspeita o mal é insuspeito, o bem é raro, o mal é frequente, abundante.
Você percebeu que o bem é super delicado, a simetria entre o bem e o mal, como diz
Pascal: " O falso e o mal eu conheço bem, eu conheço o bem, o bem é o verdadeiro o
mal eu tenho vaga ideia do que possa ser."

Do que você gosta? Do que você acha que eu sou, porque o que eu sou mesmo é
ingostável, é muita tristeza na trajetória pra ser simpático. A Ideia que você tem de mim
é amável pois foi você que fez, ela é uma produção sua, você gosta da ideia que você
tem de mim e ela é gostável porque ela é sua.

A transparência portanto é oferecer um material semiótico de comportamento que


permita à você ter a ideia mais próxima possível de mim, eu abasteço você de
informações e você atualiza as ideias que tem de mim e você vai meio que correndo
atrás, correspondência absoluta é impossível porque nunca há verdade absoluta no
mundo da vida mas o que há é uma aproximação tendencial entre o que eu desejo, o que
eu pretendo e o que você acha que eu sou, essa aproximação é garantida por mim, por
quê ? Porque quando eu me comporto, eu conto pra você qual é a minha, dando a você a
chance de definir-me da forma mais real e vital possível. Agora se eu pelo contrário, sou
cínico, se eu pelo contrário manifesto na contramão do que eu pretendo, se eu pelo
contrário manifesto de forma opaca, você não tem outra alternativa senão se submeter a
minha falsidade mas é claro eu condeno você a se relacionar com alguém que não
existe... Progressivamente distanciado da realidade, você ama quem não existe, você
tem amigos que não existem, pois você acredita em mundos que já foram desmentidos
pelo real.’’

(BARROS, Clóvis F.)


ÉTICA PRAGMÁTICA:

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