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COMPETITIVIDADE:

Conceituação e
Fatores Determinantes

NACOES u ~ i o a s 3
BNDES

ÁREA DE PLANEJAMENTO
Departamento de Estratégias de Desenvolvimento - DEESD
COMPETITIVIDADE:
Conceituação e
Fatores Determinantes

Departamento de Estratégias de Desenvolvimento - DEESD


Março de 1991

"E permitida a reprodução parcial ou total deste trabalho


desde que citada a fonte "
EQUIPE TÉCNICA

Chefe do DEEST/AP
Yolanda Maria Me10 Ramalho

Grupo de Trabalho
Helena Soares - texto - APIDEEST
Mario Esteves Filho - coordenação e texto - APIDEEsT
Ana Maria de Castro - AP/DEEST
Elizabeth Reiniger - AP/DEEST
Marcelo Nardin - APIDEEST

Apoio Bibliográfico
Lília Maria C. Figueiredo e Mello - APICOPED

Apoio Administrativo
Izabela Denise Ticon Maia - APIDEEST
Introdução ............................................... 4

1 . Conceituaçáo Geral de Competitividade ................. 6

2 . Fatores Determinantes de Competitividade .............. 10

2.1. Fatores Externos a Empresa ....................... 11

2.2. Fatores Internos a Empresa ....................... 16

3 . Conclusões ............................................ 21

Notas .................................................... 24

Bibliografia ............................................. 26
Introdução m
Z
............................................................ z
V)

O objetivo básico deste trabalho 6 apresentar uma


visão conceitual sobre a competitividade. Embora este
assunto venha se tornando elemento central no debate sobre
desenvolvimento industrial, percebe-se que ainda há pouca
clareza quanto ao significado mais preciso deste conceito.

Evidentemente este pequeno texto não pretende esgotar


um assunto tão abrangente e complexo. Espera-se apenas
contribuir para uma reflexão dentro do Sistema BNDES sobre
O tema da competitividade.

A crescente preocupação com a questão da


competitividade se origina em mudanças no cenário econômico
mundial nas últimas d6cadas, que resultaram num novo padráo
de competição industrial e de vantagens competitivas. Novos
competidores, novos conceitos em produtos e processos e
novas tecnologias sáo alguns dos elementos que configuram a
chamada "nova competição", caracterizada, entre outros
aspectos, pela maior adaptação da produção (flexibilidade)
as necessidades da demanda, em substituiçáo a oferta
generalizada de produtos padronizados (1).

A competitividade não deve ser reduzida a uma questão


relacionada exclusivamente a preços. Qualidade, prazo de
entrega, marketing, serviços antes e após vendas são cada 21
dia mais importantes para a conquista de mercados. Neste
r
m
Z
contexto, novas formas de gerenciamento da produção, nova z
V)

postura com relação aos consumidores e a aplicação de novas


tecnologias são decisivas na busca de competitividade.

Esta nova realidade tem colocado grandes desafios a


empresas e países no que se refere a manutenção de sua
posição no mercado. Tendências recentes da indústria, tais
como crescente ritmo de inovação tecnológica, menores
ciclos de vida dos produtos, flexibilidade no atendimento
ao mercado, automação industrial, perda de importância da
mão-de-obra desqualificada, novos insumos, mudanças nos
padrões de organização da produção, crescente globalização
e intensificaçao da competição, podem implicar grandes
modificações na composição e nos fluxos geográficos do
comércio internacional. A adaptação a essas tendências é,

assim, fundamental para a manutenção da competitividade,


particularmente no caso dos países em desenvolvimento,
tradicionalmente competitivos na produção de
matérias-primas e produtos intensivos em mão-de-obra (2).

A discussão destas questões tem contribuído para o


desenvolvimento de inúmeros estudos em torno do tema da
competitividade. Tais estudos, a despeito das diferentes
visões que apresentam, reconhecem o caráter sist8mico da
questão da competitividade, ou seja, que ela é afetada por
um conjunto de fatores que se inter-relacionam.
w
s
e 5
4
a 9
2
e r
1
a 1. Conceituaçáo Geral de Competitividade m
a ............................................................ Z
z
e V)

Dado esse caráter sistêmico, a competitividade é um


conceito multidimensional (3), pois resulta de uma
combinação de múltiplos fatores, e não da ação de fatores
isolados.

O conceito de competitividade é passível de ser


aplicado a países, setores, empresas ou até mesmo a
produtos. Neste texto, no entanto, se privilegiará a
discussão de competitividade de nações e de empresas, pois
são nações e empresas os agentes capazes de criar e
sustentar condições para o aumento de competitividade.

A elevação do nível de competitividade de uma nação


deve ter por objetivo primordial a melhoria do padrão de
vida de sua população. Resulta, em grande parte, da
competitividade das empresas que operam em seu território,
que, por sua vez, necessitam de um ambiente econõmico,
político e social favorável ao desenvolvimento e
manutenção de sua capacidade competitiva.

A competitividade de uma empresa pode ser definida, em


sentido amplo, como sua capacidade de desenvolver e
sustentar vantagens competitivas que lhe permitam enfrentar
a concorrência. Esta capacidade competitiva empresarial é 21
condicionada por uma amplo conjunto de fatores internos e
r
m
Z
externos a empresa. z
V)

Em nível interno, a competitividade empresarial


resulta, em última instancia, de decisões estratégicas,
através das quais são definidas suas pollticas de
investimento, de marketing, tecnológica, de gestão da
produção, financeira, de recursos humanos etc. O objetivo
de tais decisões deve ser atingir padrões de preço,
qualidade e prazo de entrega competitivos com os padrões
vigentes nos mercados atendidos pela empresa.

Por outro lado, a competitividade de uma empresa é

fortemente condicionada pelas políticas públicas, cabendo


ao Estado prover um ambiente favorável a criaçao e
sustentação de vantagens competitivas por parte das firmas.
Deste modo, fatores externos a empresa como ambiente
macroeconômico (taxa de inflação, taxa de juros, taxa de
cambio, estrutura tributária, política salarial etc.),
infra-estrutura econômica (transporte de carga,
armazenagem, sistema portuário, energia, comunicações etc.)
e infra-estrutura técnico-científica e educacional (ensino
básico e superior, institutos e centros de pesquisa,
laboratórios, instituições de normalização e certificação
de qualidade, ensino técnico especializado etc.)
constituem-se em questões centrais para o desenvolvimento
da competitividade das empresas e da nação.
possível identificar duas abordagens principais (4). A m
Z
primeira associa a competitividade a parcela de mercado da g
V)

empresa. Trata-se de uma abordagem ex-post, que avalia a


atual posição de competitividade de empresas e países a
partir da sua posição nos mercados domestico e
internacional. Uma segunda abordagem refere-se a
competitividade como a capacidade de longo prazo para
competir e, ao contrário da primeira, 6 uma abordagem
ex-ante .

Embora a primeira abordagem seja altamente relevante e


mais difundida, alem de mais simples de ser avaliada, não
se deve esgotar a análise da posição competitiva de uma
empresa somente a partir dos resultados obtidos, medidos
por indicadores como marketshare e desempenho exportador.

A segunda abordagem, por outro lado, permite


evidenciar a análise dos fatores determinantes da
competitividade e, assim, avaliar a capacidade de empresas
e países de manter, ampliar ou conquistar posições
competitivas nos mercados domestico e internacional.

Como vimos, a competitividade 6 determinada pela ação


combinada de inúmeros fatores internos e externos a
empresa. A análise de competitividade, quando limitada a
abordagem ex-post, não permite avaliar o comportamento
desses fatores, limitando-se, assim, a análise estática da
competitividade.
A indústria e a competição, porem, não são estáticas.
Vantagens competitivas não só podem a qualquer momento ser
superadas por concorrentes como podem, ainda, ser
ultrapassadas por mudanças no padrão de vantagens
competitivas (5). A abordagem ex-ante, ao investigar os
seus fatores determinantes, procura identificar as
vantagens competitivas de empresas e países e sua
capacidade de mant&-las ou renová-las.

A principal diferença entre as duas abordagens 6 que a


primeira utiliza indicadores e a segunda enfatiza fatores
para avaliação da competitividade. Ou seja, no primeiro
caso procura-se avaliar a competitividade a partir de seus
efeitos ou resultados, enquanto no segundo, busca-se
investigar suas causas. A avaliação ex-post da
competitividade, atraves de indicadores como volume de
exportações, participaçao no mercado ou balança comercial 6
relativamente simples. Já a avaliação ex-ante exige uma
análise ampla dos seus fatores determinantes, incluindo
fatores externos a empresa, quais sejam, o ambiente
macroecon~mico e institucional, infra-estrutura econômica,
tecnico-científica e educacional e fatores internos a
empresa. O quadro a seguir esquematiza os principais
fatores de competitividade, que são tratados na próxima
seção.
FATORES DETERMINANTES DE COMPETITIVIDADE

P O L TICAS
~
PUBLICAS

+---------------------+ +------------------+

I P O L ~ T I C AINDUSTRIAL
E COmRCIAL
+---------------------+
INFRA-ESTRUTURA
+------------------ +I
+---------------------+ +------------------ +
I P O L ~ T I C ATECNOL~GICA
+---------------------+ ' I
INFRA-ESTRUTURA
TÉCNICO-CIENT~FICA
E EDUCACIONAL I
+----c------------- +

COMPETITIVIDADE
A

E F I C I ~ N C I AGLOBAL
DA EMPRESA

I / COMPETITIVA
EMPRESARIAL I I

v v v
+------------------+ +------------------- + +--------------+

I ESTRATÉGIA
FINANCEIRA
+------------------+
ESTRATÉGIA DE
I /ESTRATÉGIA DE
MARKETING
+--------------+
I etc.
2. Fatores Determinantes da Competitividade
............................................................

2.1. fatores Externos h EmDresa

Ambiente Macroecon6mico ( 6 )

O impacto do ambiente macroeconômico sobre a


competitividade se dá, antes de mais nada, pela sua
importância na determinação do nível de investimento. Uma
taxa de investimento deprimida é considerada o principal
elemento inibidor do aumento da competitividade.

O ambiente macroeconômico afeta a taxa de investimento


de várias formas, como, por exemplo, através do efeito das
políticas monetárias e fiscal sobre a taxa de juros ou do
impacto do sistema tributário sobre a poupança ou ainda da
política cambial sobre a taxa de câmbio.

O investimento é o principal indutor do crescimento da


produtividade e, neste sentido, inclui não só novas plantas
e equipamentos, mas também infra-estrutura econômica,
tecnológica, educacional etc. Ou seja, os níveis de
-11-
produtividade alcançados tanto ao nível de empresas quanto 21
da economia como um todo dependem, além da incorporação de
r
m
Z
tecnologia a novos investimentos, da qualificação de g
V)

recursos humanos e das condições de eficiência da


infra-estrutura econômica.

Diversos fatores macroeconômicos afetam a


competitividade. Um ambiente inflacionário, por exemplo,
pode levar as empresas a secundarizar a melhoria da
qualidade dos seus produtos ou o controle de custos, uma
vez que os ganhos assim obtidos podem ser neutralizados por
mudanças nos níveis de preços absolutos e relativos.

A balança comercial deficitária é comumente


considerada um sintoma de perda de competitividade. A
relação entre déficit comercial e competitividade, porém,
pode não ser tão direta, no sentido de que mudanças no
resultado da balança comercial nem sempre refletem aumento
ou perda de competitividade. Por exemplo, a desvalorização
real da taxa de câmbio, embora favoreça as exportações,
pode ser uma solução de curto prazo, caso a indústria em
outros países apresente ganhos de produtividade superiores
aos da indústria doméstica. O resultado da balança
comercial também pode melhorar primordialmente devido a um
ambiente recessivo no mercado doméstico, favorecendo
exportações e inibindo importações.

Fatores macroeconõmicos também afetam a


disponibilidade de cr6dito de longo prazo e o custo dos
A
52
financiamentos. A escassez de recursos financeiros de longo 21
prazo leva as empresas a recorrerem a fontes de curto prazo
r
m
Z
ou a cortarem investimentos, provocando uma queda na taxa g
V)

de investimento e no nível de atividade econômica. O alto


custo do financiamento é uma desvantagem competitiva, tendo
em vista seu efeito negativo sobre o custo de capital e,
portanto, sobre as decisóes de investimento. A redução no
custo de financiamento pode ampliar o horizonte dos
investimentos, já que seu retorno futuro é descontado a uma
taxa mais baixa.

A competitividade, porém, não é determinada apenas


pelo ambiente macroeconômico. 6 importante observar que
países com características macroecon6micas semelhantes
podem apresentar diferentes desempenhos industriais. Dentro
de um país, é possível verificarem-se diferentes
desempenhos entre indústrias e mesmo entre empresas dentro
de uma indústria.

Fatores macroeconômicos não determinam diretamente o


grau de flexibilidade e rapidez de resposta a mudanças no
mercado ou a incorporação de novas tecnologias, por
exemplo. Para avaliar aspectos como esses é necessário
considerar uma série de variáveis que não podem ser
deduzidas de indicadores macroeconômicos.

Mesmo o aumento de produtividade, apontado em todos os


trabalhos sobre o tema como o mais importante fator de
competitividade, não é capaz de explicá-la inteiramente. A
produtividade, por mais i m p o r t a n t e que possa ser, não é o 21
único fator que afeta a competitividade, refletindo-se
r
m
Z
basicamente em reduções de c u s t o s u n i t á r i o s . H á uma série z
V)

de f a t o r e s d e c o m p e t i t i v i d a d e e x t r a c u s t o s , como capacidade
gerencial e e s t r a t é g i a tecnológica e n t r e diversos outros,
que não é passível de ser incorporada a medidas de
produtividade.

I n d i c a d o r e s macroeconômicos de s a l á r i o s c a l c u l a d o s p e l o
custo unitário relativo do trabalho, são considerados
indicadores de competitividade. Esta medida sugere uma
correlação negativa entre nível de salários e
competitividade, considerando o impacto de aumentos
s a l a r i a i s sobre custos.

No entanto, a evidência empírica demonstra o


contrário. Países que obtiveram maiores taxas de
crescimento do P I B e d a s e x p o r t a ç õ e s a p r e s e n t a r a m ao mesmo
tempo, aumento da p r o d u t i v i d a d e e í n d i c e s de crescimento
real dos salários s u p e r i o r e s a o s de outros países (7).

Ocorre que a medida do c u s t o u n i t á r i o da mão-de-obra não


leva em consideração aspectos como a qualidade e
especialização da mão-de-obra, a forma de organização do
processo produtivo, a i n c o r p o r a ç ã o de t e c n o l o g i a e outros
f a t o r e s que a f e t a m a p r o d u t i v i d a d e .

Infra-estrutura Econômica

A infra-estrutura econômica é um fator crucial na


determinação da competitividade. A disponibilidade, a 21
qualidade e eficiência de recursos nas áreas de
r
m
Z
transportes, energia e comunicações são uma condição g
V)

essencial para o crescimento da produtividade.


• A infra-estrutura econômica disponível determina as
condições gerais de eficiência da economia e, neste
e
sentido, seu impacto se refere competitividade em nível
sistêmico. Ou seja, a existência de uma infra-estrutura
adequada potencializa ganhos de eficiência ao nível do
sistema produtivo, e não só de empresas individualmente.
e A importância da infra-estrutura econbmica é
-
• reconhecida em qualquer estudo sobre o tema da
competitividade. Mesmo trabalhos que enfatizam outros
fatores apontam a disponibilidade de infra-estrutura como
uma precondição para a competitividade.
e
Infra-estrutura Tbcnico-Científica e Educacional

disponibilidade de infra-estrutura

• técnico-científica, abrangendo instituições de pesquisa,


e centros de ensino técnico, entidades de normalização e
a
aferição de qualidade, se constitui em fator determinante
• da competitividade.
e
a
O desenvolvimento de recursos humanos é um ponto
nevrálgico na questão da competitividade. Educação e
treinamento são indispensáveis para a qualificação e
• especialização da mão-de-obra, para o desenvolvimento da
a capacidade empresarial e para a capacitação tecnológica.
As características da força de trabalho de um país, no F
m
Z
entanto, são também determinadas pela sua qualificação, z
V)

motivação, flexibilidade, estrutura etária e condições de


saúde (8). É claro que muitos desses elementos não derivam
da disponibilidade de recursos técnico-científicos e
educacionais, sendo antes determinados por fatores
relacionados ao nível de renda e h realidade social daquele
país.

Desta forma, a infra-estrutura técnico-científica e


educacional também está relacionada h competitividade
sistêmica. Ou seja, a sua importância se refere tanto h

competitividade empresarial quanto h competitividade da


nação, uma vez que a elevação do padrão educacional da
população, bem como a utilização eficiente de uma
infra-estrutura técnico-científica não impactam apenas
empresas isoladas, mas sim o conjunto da economia.

2.2. Fatores Internos h EmDresa

Os fatores de competitividade ao nível da empresa são


aqueles que se encontram, a princípio, sob o controle da
empresa, nos quais esta pode obter vantagens competitivas
sobre seus concorrentes. Em geral, referem-se a condições
de eficiência de que a empresa dispõe para atender ao
mercado.

Assim como os demais fatores de competitividade, os


fatores internos a empresa não são independentes entre si. 21
Da mesma forma, nenhum desses fatores é capaz, por si só, r
m
Z
de determinar a competitividade.
z
V)

O preço é tido por muitos como o principal fator de


competitividade. No entanto, cabe observar que preços são
função de custos e, assim, estes, e não os preços,
constituem-se em fator de competitividade. Ou seja, para
que uma empresa seja competitiva no preço de seus produtos,
sua estrutura de custos deverá ser compatível com os preços
vigentes no mercado.

Alguns trabalhos propõem, como critério básico para


avaliação de competitividade, a comparação dos preços
praticados pela mesma empresa no mercado doméstico e no
mercado externo, associando preços internos mais baixos a
competitividade e vice-versa (9).

Esta proposição merece algumas observações. Em


primeiro lugar, ela considera que preços de exportação
inferiores a preços domésticos seriam viabilizados por
mecanismos de promoção as exportações, tais como subsídios,
draw-back etc., indicando indústrias não competitivas (10).
Embora em muitos casos isto possa ocorrer, é sabido que não
é raro que empresas pratiquem no mercado externo margens
inferiores as do mercado doméstico, seja sob pressão de
maior número de competidores naquele mercado, ou pelo
acréscimo de encargos (frete, tarifas) sobre o produto no
seu mercado de destino (11).
Em segundo lugar, diferenças de preço podem resultar g
m
Z
da incorporação de fatores como qualidade, prazo de
z
V)
entrega, assistência técnica etc., não significando que o
produto de maior preço seja menos competitivo.

A qualidade de um produto, enquanto fator de


competitividade, é entendida no sentido de sua adequação a
um mercado específico. Ou seja, um produto competitivo
seria aquele capaz de atender as necessidades de
determinados mercados, ainda que sua qualidade seja
inferior a obtida por outros produtores, e desde que seu
preço seja compatível com aquele padrão. Desta forma, a
competitividade, em termos da qualidade do produto, não
significa a melhor performance ou um nível elevado de
sofisticação, mas a capacidade de se adequar a diferentes
padrões de renda e consumo (12).

A elevação da produtividade da empresa será sempre


importante numa estratégia competitiva. Custos mais baixos
proporcionam uma situação de maior conforto no
enfrentamento da concorrência, representando, em qualquer
caso, uma vantagem competitiva.

Tanto no que se refere a qualidade quanto a


produtividade, a introdução de novos métodos de organização
da produçáo e controle de qualidade tem desempenhado um
papel preponderante no aumento da competitividade de
empresas (13).
m
Z
A tecnologia é apontada crescentemente como o z
V)
principal fator de competitividade, em virtude do seu
impacto sobre o crescimento da produtividade, bem como pelo
seu papel decisivo nas novas tendências da indústria e seus
desdobramentos sobre o comércio internacional (15). Ao
nível da empresa, a importância da sua capacidade de
desenvolver tecnologia ou incorporar avanços tecnológicos
varia de acordo com as características do produto, com o
segmento da demanda a ser atendido e com o padrão de

difusão tecnológica no seu segmento industrial (15).

Os fatores citados são aqueles mais usualmente


associados competitividade empresarial. Diversos outros
fatores determinam a competitividade de uma empresa, e o
peso de cada um varia nos diferentes setores ou segmentos
industriais.

A estratbgia competitiva de uma empresa pode ser


resumida na busca de vantagens sobre os concorrentes,
através da definição do segmento do mercado a ser atendido,
da avaliação dos fatores determinantes de competitividade
naquele mercado e da adoção de meios para atendê-lo em
melhores condições que os demais competidores naquela
indústria.

Não caberia aqui discutir todos os aspectos envolvidos


numa estratégia empresarial. O que interessa mencionar é
principalmente nas características do produto, a m
Z
competitividade de uma empresa está subordinada a diversos g
V)

aspectos da sua organização interna, refletindo-se nas suas


condições de eficiência global.

Uma estrategia competitiva, assim, inclui decisões nas


áreas de compras, seleção e treinamento de pessoal,
planejamento e gestão financeira, contabilidade e custos,
sistemas de informação, controle de qualidade, design, P&D,
marketing, alem, evidentemente, de decisões relacionadas a
produção, como linhas de produtos, planejamento de
capacidade, gestão da produção, tecnologia de processo etc.
Embora em cada caso a empresa dê maior atenção a
determinados aspectos, em função do tipo de vantagem
competitiva que deseja obter, a estrategia empresarial
pressupõe o envolvimento de todas as áreas da empresa, uma
vez que sua capacidade para competir no longo prazo 6

determinada não pelo seu desempenho no mercado, mas sim


pelo seu desempenho global.
3 . Conclusões 2
1
............................................................ r

Conforme mencionado inicialmente, a competitividade 6


um conceito multidimensional. A quantidade e a diversidade
de fatores que afetam a competitividade, examinados no
capítulo anterior, permitem constatar que não 6 possível
traduzi-la num indicador sint6tico.

A classificação dos fatores de competitividade em


externos e internos a empresa 6 útil no sentido de
facilitar a sistematização do seu estudo, bem como para a
definição de políticas para a promoção da competitividade.
No entanto, a distinção entre os dois tipos de fatores não
significa que eles devam ser analisados separadamente. Pelo
contrário, o que 6 mais importante 6 a interação entre OS

diversos fatores, de tal maneira que a competitividade seja


o resultado da sua combinação.

6 importante tamb6m observar que não existe uma


"combinação ideal " de fatores para determinar a
competitividade. A importância relativa de cada fator pode
variar bastante de país para país ou de indústria para
indústria. Desvantagens competitivas em determinados
fatores podem ser compensadas por vantagens em outros e
vice-versa. Neste sentido, a adaptação de experiencias de
um ambiente para outro pode não apresentar os mesmos 21
resultados (16). ?

mercado internacional, no qual as características da


competição exigem a intensificação de esforços por parte
das empresas para colocar seus produtos (17). Desta forma,
além dos fatores externos e internos a empresa, que são
circunscritos a um determinado espaço nacional, a análise
de competitividade requer que se leve em consideração os
movimentos da economia mundial, tais como transferência de
tecnologia, comércio internacional (18), fluxos de capital,
estratégias de empresas líderes e políticas industriais.

Existem diversas formas de atuação do Estado na


promoção de competitividade, como:

- através da manutenção de um ambiente de estabilidade


política e econômica que estimule o investimento
produtivo e da execução de ações que favoreçam o
crescimento econômico e a elevação do padrão de vida da
nação;

- participando decisivamente no desenvolvimento da


infra-estrutura económica, técnico-científica e
educacional, e assim oferecendo condições para a
indústria galgar patamares mais elevados de eficiência
produtiva; e
- atrav6s de uma polltica industrial que estimule a 21
competição e que ofereça a indústria mecanismos de apoio,
r
m
Z
incluindo aqueles de natureza creditícia, capazes de g
V)

induzir o investimento e de conduzir a redução de custos,


a elevaçáo da qualidade dos produtos e a atualizaçáo
tecnológica .
( 1 ) Esse movimento é analisado com maior profundidade no
texto Tendências Globais da Indústria e da
Tecnolouia-DEEST/AP, setembro de 1990.

( 3 ) Ibid., p.2.

( 4 ) Alavi (1990) e Haguenauer (1989).

( 5 ) Possas e Carvalho (1989) p.1223.

(6) Esta seção ;aseia-se e m Alavi (1990), cap.111, seções


2, 3 e 4.

(7) Haguenauer (1989), p.13.

( 9 ) Haguenauer (1989), p.3.


(10) Ibid., p.3.

(li) Lóes (1990), p.5.

(12) Haguenauer (1989), p.5-6.

(13) Este tema 6 objeto do trabalho Qraanizacão da Producão


e Controle de Oualidade - O Caminho oara a Oualidade e
Produtividade - DEEST/AP, dezembro de 1990.

(14) Ibid.. p.10.

(15) Possas e Carvalho (1989), p, 1227.

(17) Lóes (1990), p.4-5.

(18) As questões colocadas atualmente no ambito do com6rcio


internacional são analisadas no trabalho Q GATT e a
Rodada Uruauai - Multilateralismo ou Protecionismo no
Com6rcio Mundial? - DEEST/AP, novembro de 1990.
Bibliografia

ALAVI, Hamid. 7
and Indicators. Washington, D.C., the World Bank,
Industrial Development Division, Industry and Energy
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FAJNZYLBER, Fernando . Çom~etitividad internacional:


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LÓES, AndrB Arantes. Identificacão das forcas com~etitivas

UFRJ/IEI, 1990.

POSSAS, Maria Silvia e CARVALHO, EnBas Gonçalves.


6XVII
Encontro Nacional de Economia. Anais, vo1.3. Fortaleza,
ANPEC, 1989.
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