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CENTRO UNIVERSITÁRIO VALE DO IGUAÇU - UNIGUAÇU

UNIÃO DA VITÓRIA, 02 DE MAIO DE 2022


PSICOLOGIA - 7N
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
BRUNA HAINOSZ RUCHINSKI

TEXTO ARGUMENTATIVO - ESCOLA SEM PARTIDO

A educação sempre foi ponto controverso em qualquer assunto que se preste a debatê-
la, mesmo que quem a mencionou não faça a mínima ideia do que se está falando. Era comum
em épocas primevas, começo do século XX, uma aplicação da aprendizagem de forma
mecânica, uma equação muito simples, que consistia em o professor, dominador de todo o
conhecimento, ensinar as matérias aos alunos, desprovidos de qualquer autonomia e
pensamento crítico.
E ao decorrer do século, foi visto uma reação a justamente tal tipo de ensino, os mais
diversos teóricos criaram obras sensacionais com visões e críticas à aprendizagem da época,
tal como o próprio Foucault, que introduziu uma visão bastante grosseira - e justa - de uma
comparação entre escolas e prisões. Até mesmo obras artísticas se prestaram para este tema,
como o álbum The Wall do Pink Floyd, utilizando a arte como expressão para esta grande luta
que é a opressão, em suas mais diversas formas (FOUCAULT, 1987).
No Brasil, o principal representante desta luta é justamente o patrono da educação
brasileira, Paulo Freire. Com suas ramificações pautadas na sociologia de Marx, na dialética
de Hegel e inescapavelmente da psicanálise de Freud, Paulo Freire apresenta suas idéias da
maneira mais clara e objetiva possível, sintetizado em sua mais célebre obra, a Pedagogia do
Oprimido. Chamado de comunista pelo conservadorismo brasileiro, Freire questiona a
eficácia atual do sistema de educação, mostra como Marx está correto no propósito de lutar
contra o que não está funcionando (FREIRE, 1974).
Continuando a dialética iniciada por Hegel do mestre e do escravo, e após para a de
Marx da burguesia e proletariado, Paulo Freire denomina o opressor e o oprimido, a educação
bancária e a problematizadora. A pobreza não apenas incomoda no fisiológico como a fome e
moradia, mas também denega o acesso à informação e dificulta uma chance de grandes
mudanças, pois como haverá mudança se quem está inserido neste sistema não possui o
conhecimento nem o poder para realizá-la?
Dito isso, Paulo Freire busca utilizar da educação como uma prática para a liberdade e
autonomia, fazendo com que as classes mais pobres possuam o mínimo de conhecimento para
conseguirem ser agentes de mudança. A aprendizagem de Paulo Freire é questionadora,
deliberadamente crítica, propõe que não haja mais hierarquia professor e aluno, pois afinal, o
professor não é pai e nem o aluno filho, nem um sábio e o outro ignorante. Em suma, uma
educação em que não haja exclusão e tudo seja debatido, de maneira igualitária, porém é
claro, esta é a proposta, e ainda não foi atingida totalmente, o que deixa claro que as políticas
são dinâmicas e que é necessário quem quer que esteja nesta área promover estas ideias que
são o mínimo para começar a falar em mudança (FREIRE, 1974).
A escola sem partido, em contraponto a todo o trabalho de Paulo Freire, falseia suas
intenções como algo neutro, pois não pode haver doutrinas e muito menos ideais nas escolas
de acordo com este movimento, mas excluir autores considerados alienantes e taxados
pejorativamente de comunistas apenas por promover a luta por injustiça é contraditório. Se
manter neutro é o mesmo que concordar com a atual situação, então quem está no topo da
hierarquia dificilmente vai querer sair dela, portanto, a escola sem partido nada mais é que um
movimento em busca de conservar os pensamentos atuais, sem perigo de algum pensamento
crítico ou contrário.
Escola sem partido é uma piada liberal que nem a própria tese faz sentido, são o
exemplo de erro e ignorância humana, que colocam a culpa em terceiros para justificar seus
atos, ameaças invisíveis, fantasmas, ou como conhecemos, comunistas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOUCAULT, M. . Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Editora Vozes,
1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1974.

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