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UNIDADE CURRICULAR: Demografia

CÓDIGO: 41018

DOCENTE: Professora Doutora Cristina Vieira | Mestre Helena Dias

A preencher pelo estudante

NOME: Carlos Miguel da Silva rodrigues

N.º DE ESTUDANTE: 1502798 – Turma 2

CURSO: Licenciatura Ciências Sociais – Minor Ciência Política e Administrativa

DATA DE ENTREGA: 10 de janeiro de 2021

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:
O envelhecimento demográfico pode, em traços largos, definir-se como a diminuição
paulatina do peso das gerações mais jovens, concomitante com o aumento progressivo do
peso das gerações mais velhas. Um dos principais atributos do séc. XX foi o declínio da
mortalidade, embora não se tenha observado em todos os países em simultâneo, e dentro
de cada território tenha sido sentida a várias velocidades. Na época anterior à
contemporânea, a mortalidade mantinha níveis elevados devido principalmente à
ausência de condições sanitárias, à fome, guerras e epidemias, permitindo o conhecimento
destas condições elencar as causas primordiais do declínio da mortalidade. Estas
compõem-se de fatores sócio económicos, sanitários, clínicos e educacionais que,
concomitantemente, foram a base da quase duplicação da esperança de vida nos países
desenvolvidos, enquanto que nos não desenvolvidos os principais fatores foram os
sanitários e clínicos. Considerada a problemática chave no que concerne ao futuro da
saúde, educação e segurança social, o rumo demográfico – ditado pelo comportamento
das migrações, da natalidade e da mortalidade - é uma questão antiga que se vincou nas
últimas décadas, sobretudo a partir da década de 60 do séc. XX, principalmente por
“movimentos externos para países europeus e movimentos internos para o litoral
urbano” (Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2014, p. 17). Face ao declínio da
Natalidade na geração anterior, a geração atual dispõe de menos indivíduos, além de que
as inovações na saúde permitem um aumento da esperança de vida, consubstanciando-se
no envelhecimento populacional. Apesar do decréscimo acentuado da mortalidade
infantil, o declínio contínuo e reiterado da fecundidade e natalidade, potenciado por
profundas alterações nos padrões de vida que influenciam a composição familiar, instalou
o défice demográfico. Esta realidade contemporânea deixa antever o colapso dos sistemas
de saúde e segurança social, até porque a grande parte dos salários continuam a ser baixos,
com a consequente baixa contribuição fiscal. Acresce que a população mais envelhecida,
financeiramente dependente de uma pequena percentagem de indivíduos em idade ativa
– contribuintes do Estado - é também a mais dependente dos serviços de saúde. Face aos
acontecimentos, o saldo migratório1 (por via da imigração de indivíduos em idade fértil)
seria a solução mais imediata, contudo, por via da crise económica, não só não chegam

1 “Diferença entre a imigração (entrada) e a emigração (saída) numa determinada região durante o ano
(por conseguinte, o saldo migratório é negativo quando o número de emigrantes excede o número de
imigrantes). Como a maioria dos países não possui valores exatos sobre imigração e emigração, o saldo
migratório é geralmente calculado com base na diferença entre a variação populacional e o crescimento
natural entre dois períodos (saldo migratório ajustado). Por conseguinte, as estatísticas sobre saldos
migratórios são afetadas por todas as imprecisões estatísticas nas duas componentes desta equação,
especialmente a variação populacional” (PORDATA, [s.d.])

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suficientes imigrantes em idade fértil, como a busca de melhores condições de vida é
determinante para o êxodo de indivíduos em idade para trabalhar e procriar. Ainda assim,
a imigração tem um papel preponderante, não só no já aludido saldo migratório, como
também no saldo natural2 e no saldo total3, contribuindo para um maior peso das gerações
mais novas, não só por si próprios, mas também por via do crescimento da natalidade. De
acordo com o Estudo nacional “Casa Comum – Avançar Nas Práticas Rumo à Inclusão
e Coesão Social” (ECCLESIA, 2019), o acréscimo nos números da imigração em
Portugal reveste-se de cabal importância, pois “compensou a diminuição da
disponibilidade da mão-de-obra nacional (…) e onde a não existência de mão-de-obra
imigrante teria levado à “subutilização” da capacidade produtiva nos setores do turismo
ou dos serviços (…) e o caso agrícola é também paradigmático (…) fustigado pela saída
de tantos trabalhadores nacionais”(ECCLESIA, 2019). Este estudo acrescenta ainda que
“Os imigrantes contribuem para a literatura, arte e gastronomia e contrariam os efeitos
demográficos negativos da emigração e envelhecimento da população (…) em 2017, as
mulheres de nacionalidade estrangeira foram responsáveis, em média, por 9,7% dos
nascimentos (…) e são apenas 2% do total da população residente”. Impulsionados pela
evolução dos transportes e comunicações, os movimentos migratórios são uma das
caraterísticas mais destacadas do mundo contemporâneo. Apesar do desenvolvimento dos
mecanismos de controlo, e segundo a PORDATA, as taxas de migração continuam a
evoluir. Fenómeno evidente nos países do sul da Europa entre 1995 e 2005, as novas
entradas e processos de regularização demonstraram uma enorme taxa de aumento de
imigração. Como consequência, a direção dos fluxos migratórios mudou, pois os países
fornecedores de mão de obra tornaram-se também, num curto espaço de tempo, recetores.
Portugal destaca-se pela diferença, pois face ao medíocre sistema de ensino português e
à emigração em massa para o Centro e Norte da Europa, existe uma necessidade de mão
de obra que se tornou evidente na fase de inclusão na CEE. Nos anos 90 a imigração
Brasileira veio colmatar as necessidades mais especializadas, enquanto dos PALOP
chegou a mão de obra menos qualificada com decorrente precariedade laboral. Ao longo
da década de 90 e da primeira década do século XXI, a Europa de Leste não pertencente
à União Europeia juntou-se à equação, tendo Portugal reconhecido de forma imediata
como europeus de pleno direito, ainda que em determinada fase representassem uma das

2 Saldo natural - “Diferença entre o número de nados-vivos e o número de óbitos num dado período de
tempo”(PORDATA, [s.d.])
3 Saldo total - “Diferença entre os efetivos populacionais no final e no inicio de um determinado período”

(PORDATA, [s.d.])

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principais comunidades imigrantes. Nesta fase a China, Paquistão, Índia e Bangladesh
também se juntam ao fluxo migratório por via das conexões portuguesas com Macau e
África que se viram reforçadas com os acordos comerciais com a China. Face a fatores
conjunturais dos países, as dinâmicas migratórias alteram-se. Em Portugal o fator
preponderante para o fortalecimento dos fluxos, que, segundo a PORDATA, chegaram a
7.1% em 2005, foi o mercado laboral. Por força da crise Portuguesa iniciada em 2009,
não só se verifica uma diminuição na imigração, como um retorno aos países de origem.
Verifica-se também um crescimento acelerado da emigração, nomeadamente para França
e Suíça, mas também para Angola, EUA e Alemanha.
“As alterações demográficas ameaçam o dinamismo económico, a criatividade, e a
inovação [consubstanciando-se numa] quebra no potencial de crescimento do PIB (…) a
perda de competitividade e a quebra no crescimento serão ainda mais significativas
quando comparadas com as regiões do mundo onde se regista um aumento da
população.” (Parlamento Europeu, 2008).
Referência Bibliográficas
BÄCKSTRÖM, B. - Caderno de Apoio. Lisboa : Universidade Aberta, 2007. ISBN 978-
972-674-356-9.
ECCLESIA - Portugal: Migrações representam um benefício para todos. 16 Maio
2019. [Consult. 9 jan. 2021]. Disponível em
WWW:<URL:https://agencia.ecclesia.pt/portal/portugal-migracoes-representam-um-
beneficio-para-todos-caritas/>.
Eurocid - Informação europeia ao cidadão - [Em linha] [Consult. 9 jan. 2021].
Disponível em WWW:<URL:https://eurocid.mne.gov.pt/>.
FUNDAÇÃO FRANCISCO MANUEL DOS SANTOS - Dinâmicas Demográficas e
Envelhecimento da População Portuguesa (1950-2011): Evolução e Perspetivas.
Lisboa : [s.n.]. ISBN 978-989-8662-50-7.
PADILLA, Beatriz; ORTIZ, Alejandra - Fluxos migratórios em Portugal: do boom
migratório à desaceleração no contexto de crise. Balanços e desafios. REMHU :
Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana. . ISSN 1980-8585. 20:39 (2012) 159–
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PARLAMENTO EUROPEU - Défice Demográfico [Em linha], atual. 1 abr. 2008.
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PORDATA - PORDATA - Glossário [Em linha] [Consult. 9 jan. 2021]. Disponível em
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VALENTE ROSA, Maria João - Análise Social - Revista do Instituto de Ciências
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Disponível em
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