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‘Séeie PensaMeNTo MoDERNO Esta sie prove itroduges cris JAMES WILLIAMS Pos-estruturalismo TRADUGAO DE CAIO LIUDVIG | y EDITORA adices para eatélogo sistem VOZES rrutur Filosofia 149.96 pueniemniae Petropolis arqueologia devesse menosprezar a datacéo pelo carbor ficas de autoria. O problema para além da ciénci idades devem ser agrupadas para descrever c plexos de poder. O problema é também, contudo, a razo por que néo podemos simplesmente ficar em ciéncias estabelecidas, lives de preocupag&es sobre sua emergéneia imputa ¢ sobre o modo como ela se ban em formas extra as de poder e misturas selvagens de forga ia deve responder ao discurso, a pol 8 sociedade, aos objetos além de seu direto escopo, a especulacao, contraditérias. Uma ci emogdes, desejos, Ela deve interagir com o que Foucault chama d “ideologia”. Quando ela o faz, sua genealogia volta a ter import cia, porque a ciéncia tem de operar fora das fronteiras de suas p prias regulagSes e na esfera tragada pelo arquedlogo. pés-estruturalismo de Foucault nao 6 anticientifico, Pelo con: busca uma extenséio da ciéncia a outros discursos e busca © papel da ciéncia na emergéncia de formas de poder, nao na forga negativa, mas como uma forga que niio pode estar rari de que 0 método ideia de que a 188 Pensamento Moderno Pés-estruturalismo, psicanalise, linguistica A revolugao da linguagem poética, de Julia Kristeva Revolugiio e pés-estruturalismo A revolugdo da linguagem poética (La revolution du langa sigue] foi langada na Franga em 1974, Foi traduzida numa versio (0 abreviada em 1984. A“abreviagao se deve, sem diivida, & gran- de extensfio © escopo do texto original, que continha 640 paginas muito densas. Como a Diferenca e repetigito, de Deleuze, ¢ Discurs figura, de Lyotard, o livro consiste na longa tese de doutorado torat d’éiat) de Ker altissima qualidade alcangada por esta forma de trabalho acadé menos usual, De fato, uma consideragio da mudanga d 105 longos, relativamente raros e que exigiam enorme dispé tempo, para trabalhos mais curtos e padronizados, benefic de uma aniilise pés-estruturalista em termos das forgas em a dos valores que estiio declinando e sendo trocados por outros, poe na Franga. Os trés livros so testemunlh lo francés deveria ser compreendido como “a re bem como “a revoluglo ma linguages ya no apenas acredita que ha uma re jura em fins do século XIX (com Mi glo na poesia e na i e politica. Sua tese é, pois, muito mais que uma afirmativa sobre uma mudanga dramatica na arte. E uma afirmat sobre 0 poder re- volucionéirio da arte. O principal respaldo para esta afirmativa con- siste na visio de que, ao desafiar e transformar a pode revelar e abalar estruturas p revolugdo na sociedade: Para Kristeva, um aspecto-chave desta revolugaio est em sua ca- pacidade de mostrar como a linguagem é dominada por estruturas, jos e formas de pensamento masculinas. Sua revoluedo & uma que nao reconhecem nenhuma “especific © que subordinam a problemética da reprodugio & da prodiuglo. Neste espaco si 4 mae-mulher 6 con- eios de representar, de organizar, de trabalhar e de estruturar que sto masculinos. © préprio fato de se negar este recorte de género das formas de representago e de organizag4o mostra a excluséo da mulher, isto é de formas especificamente femininas, ou mais pro- cam o problema que Kristeva esté enfrentando, jé que ela nao se re~ 1. Para inglés INT]. 190. Pensammento Moderno eee Seat orgasmo). Mas como lade © por seu poder como o de “mulher” De que outro modo elas poderiam ser compreendidas? Se hi uma revolugao feminista a ser realizada, ela nfo deveria se referir a ideias e formas concretas ao invés de fazer reivindicagSes sobre livro de Kristeva € uma resposta tada a estas questées. E também uma cr argumento segue duas diregGes. Primeiro, usando a psicandlise ela idadosamente argumen- ica das bases delas. Seu processos que fieam de fo supostos por ela e dos quais eta de esta dependéncia deixa a linguagem aberta a transformagdes revo: lucionérias internas. E posstvel libertar os processos subjacentes de volta para a linguagem; este € o seu potencial revolucionério. iguagem, mas que sio pres. ide, Segundo, ela mosira que Esta libertagéo focaliza 0 processo psicanalitico da negagio e © lugar para a revolugao poética na linguagem. A revolugao suspende a negagdo necesséria na linguagem, ou seja, a necessidade dela de negar sua condigéo em processos inconscientes ¢ na resi t@ncia deles 2s suas formas bem-ordenadas. Segundo Kristeva, ‘guagem bem-determinada decorre de uma negagio e rejeigdo de um Teque a priori de processos que so desordenados e desordenadores, ‘20 menos do ponto de vista do que constitui a verdade e o sentido na linguagem. Para obter sentido de uma mul dades contradit6rias a linguagem lade de impulsos e poss poe uma ordem ao negar alguns Pos-estruturalismo 191 deles; por exemplo, ao rejeité-los como nonsense, ou como envol- vendo objetos aos quais ndo se pode referir, ou como contraditérios ante 08 pressupostos necessérios da linguagem (em termos de gra- mética ou formas dialégicas). Este pol negagio dos m gadas no sentido de uma competigao entre instintos e desejos. Ant eles sfio negados no sentido mais profundo e mais enganoso de que m ou no so possfveis, ou so autocontra !a segunda negagio é a negagiio da negacao. sérios. Em resposta a esta dupla negacao ~ a negaco do inconsciente pré-lingufstico € entdo a negagao desta negago — a revolugio poé- fica introduz aqueles processos de volta & linguagem. Isso é fei pela recusa de formas de ordem, veracidade, referencia, gramética ¢ (0, por exemplo). Um nonsense apa- idade ou contradigao das regras gramaticais sio mostrados como operando na linguagem. Mostra-se que isso tem um efeito e interage com a linguagem bem-ordenada. A despeito de romper com a forma aceita, a linguagem poéti deflagra efeitos através de outras formas de linguagem, Ela come- 2 uma revolugdo nelas, no sentido de thes dar novas formas, de idos e, em consequéncia, foreé-las a re- jeitd-las mais abertamente ou ordend-los em formas e descjos novos jéveis. Por exemplo, quando os poetas rompem com a gramética padriio, introduzindo formas novas e contradit6rias, eles deflagram processos revoluci zir exemplos de nonsen: (texto écapaz de explicar omecanisma da rejeigio em sua hneterogencidade porque ele € uma prtiea que pulveriza a 192 Pensamento Moderna tunidade fazendo dela um processo que postula © desterra feses. Noutras palavras, 0 texto expe, pela representacio, ‘0 momento extremo caracteristica de todos os processos como pritica (RPL: 208 ~ Tradugio modificada). Por heterogencidade da rejeigdo Kristeva entende o duplo aspec- to da negagdo ¢ sua recusa e a recusa da recusa, A prética literéria iondria € um processo de mudanga, ao invés de um mecanis- simples e bem-ordenado (numa troca linguistica funcional dire- , por exemplo). Para mostrar este mecanismo enganadlor o texto poético resiste quebra a unidade imposta mediante as pretensées de ordenar a age ruptura e convida a que tal tese sea sul le continua revolugéo): iedade € situago a fungi do texto IF @repressfio que exerce enorme peso f em particular, toe sociedade, mas A exigencia por ordem na linguagem é patticul “Suas pretensdes & verdade devem ter esta for lo sendo nesta forma gramatical ra que cada uma destas formas de r revolucionéria mos- ressio tem de ser superada. Ao fazé-lo, contudo, ela também mina a ligagdo entre o sujeito e sociedade, na medida em que a conexio dependa desta ordem. Ow seja, 0 sujeito € um produto da ordem social (ao invés de uma con- ligio para ela). Ele, portanto, cai quando a ordem € desafiada. Mais la, esta ordem é mais desaliada, frequentemente, ao se desafiat a ide do sujeito, Isto nao é um desafio destrutivo a possibilidade de qualquer so- Kristeva trabatha por uma relagéo dialética Pés-est clismo 193 intos extralinguisticos e entre a linguagem da revoluedo poética e a linguagem bem-ordenada, Cada um dos termos pressupée 0 outro. A linguagem € necesséria para a expresso d instintos, ao mesmo tempo em que os pressupde. O sujeito ea s0- ciedade sfo formas necessérias para a revolugo poética, ambas para que ela tenha lugar e como parte de seu futuro ordenamento. A revolugéo postica forga a linguagem a mudar, a se adap se abrir e entrar numa relagao di Ela também explica a entre linguagem e ica com processos inconscientes, ignificdincia da linguagem, ou acto sobre nés em termos de desejos. A revolugao 6, portanto, pet ‘manente e junta negagao e transformago numa di lo conhecimer yguagem em sua relagio com o mu te permite uma explicagiio de por 4 Aqui, “importar” € muito mais do que cumprir_um papel ténico importante, no sentido de nos permitiraleangar certos fins. Sig nos colocar em movimento, nos impulsionar a agir, perturbar e dar prazer, ser 0 objeto de fetiches, destruigdo e criatividade. Primeira- mente, a revolugdo é sobre a linguagem enquanto objeto de desejo, ¢ do sobre a linguagem como ferramenta, Mas é também a libertagdo do desejo na aparente neutralidade da técnica e da fungo. mo ¢ linguagem: 0 semistico e o simbélico Pés-estrutus fica este recurso a processos extr Mas como Kristeva jt guisticos? Como ela pode demonstrar que estes processos existem ¢ que cles minam ideias tradicionais sobre a linguagem? Por que esta necessidade de ser uma compreensdo da linguagem em relagdo com 194 Pensamento Moderno desejo ou com instintos inconscientes? Por que nao 6 refinar os meios pelos quais a linguagem nos permite fazer lo uns para os outros e nos referirmos # coisas no mundo? tas questées trazem & tona dois aspectos da obra de Kristeva que 4 fazem sobressair. talvez. a mais depen- dente da psicandlise freudiana, Gragas as ideias interprotagdes freudianas e lacanianas, Kristeva é capaz de estudar processos, (ais como a negacao na linguagem, bem como impulsos pré-conscientes e inconscientes. Isto tem a grande forga de fornecer uma extensa (eGrica para seu recurso a processos, algo que por vezes falta em outros pensadores pds-estruturalistas. Contudo, ist o grande leque de reagdes criticas a Freud desde muitos campos diversos. Primeiro, entre os pés-estruturalistas Em segundo lugar, A revolugdo da linguagem poética oferece 0 estudo mais completo de linguistica dentre todas as obras pés-es- truturalistas. Isto porque Kristeva busca demonstrar como um le- ito amplo de teorias da linguagem pressupSe, ¢ ao mesmo O leque inelui o es- spo em que nega, processos extralingt truturalismo (notadamente, rege) € homsky). Ela despende ipo mostrando como cada teoria deve ser complementada pelo pelo de Kristeva a processos pré Explica também a ampla influéncia e posigio entre 0s te6ricos contempordineos da nao é apenas te6rico; pelo contr: antecedente (este trabalho posterior sobre Mallarmé, Lautréamont e Artaud — entre outros — também omitido pela tradugao em inglés) Esta estrutura de teoria-aplicagao e o compromisso com um am- plo leque de novos termos tedricos (tanto os lin 15 quanto os Pés-estruturalismo 195 ica, isto leva a uma cr ca, € da negagao do simbélico em priticas p que derivam a uma loucura destrutiva. dda negagiio do semistico ni jcas muito extrer 8) & problemético do ponto de vista do pés-estruturalis- ‘mo conforme desenvolvido alhures, os outros trabalhos estudados aqui poem maior énfase na prética ante a teoria, ou seja, a teoria s6 emerge como uma prética. Com Kristeva nfo & esse 0 caso, pelo me Segundo, permite-Ihe estudar qualquer forma dada em termos Aclivagem de teoria e prética permanece de sua relago com ambos os dominios, Por exemplo, 0 sujei nos em suas obras com sua virtude de permi suas condigdes para emergir, mas também com seu vicio de convidar a criticas dos conceitos criados por Kristeva em termos de sua de- pendéncia de afirmativas fundacionais, por exemplo, em termos de ‘sua dependéncia de Freud. uma definigdo clara da linguagem e de marcado por um débito com ambos” (RPL: 24). Isso quer dizer Kristeva se une a outros pés-estruturalistas no que ndo se adéqu Para Kristeva ha uma prética potti revolucio- néria, Isto é dialético, continuo e constantemente se autotransforma, Contudo, ha tambi ico que permanece inde- pender ; em termos da classificagao dos impulsos em negativos ¢ por i Kristeva define o Esta teoria Spi , no sentido de que qualquer sepa- tributarios de Freud, esp ragdo ¢ exposigio de instintos envolve sua conjungao ¢ interdepen- . Contudo, as duas dialéticas nao se confundem e a teoria ¢ a 60 campo onde estes fos vém a se juntar idem ser vistas como separadas em Kristeva de um em séries de relagdes de deslocamento e condensagéo, ou se} om a desconstrugao de Derrida, por exemplo. s, energias ou processos ham juntos, antes de terem um efeito sobre formas tes tm uma série de relagBes antes de operarem na consciéncia e antes que se possa dizer que trabalham cem formas linguist 0. Kristeva dé a este campo ‘um fermo espectfico, a chora se nada. Contudo, j4 que Kristeva continua a caracterizar ambos os dominios como processos ¢ néio como objetos, é importante notar ‘mesmos para o sim- iproca é verdadeire ico envolve processos que vio de que 0 semic bolico. E igualmente iportante notar que a te crucial deste, Esta relagdo entre os dois dominios crucial para que perpassa todos os aspectos ‘Quantidades discretas de energia se mov corpo do sujeito que nio est sinda cons! 196 Pensamento Moderno Pés-estruturalismo 197 © no curso de seu desenvolvimento elas sfo organizadas segundo as vérias coergdes impostas ao seu corpo — pre jd envolvido num processo semistico =, famfia © tros processos (RPL: 25). Esta energia pode ser entendida como uma soma de desejos ¢ tos que nao foram ainda organizados, por exemplo, quando esto presentes em uma crianga muito pequena (Kristeva estuda as teorias freudianas do desenvolvimento infantil em profundidade em A revolugdo da linguagem poétic zagdo, 08 impulsos so correlatos, Os impulsos formam e desfazem relagées. ss sendo depoi Mesmo com esta falta de organi- les ensaiam diferen. intados goes 6 a chora: “deste modo as pulsdes, que sio cargas de ‘energia’, bem como marcas ‘psiquicas’, articulam aquilo que chamamos uma cho- ra: uma totalidade no expressiva formada pelos impulsos ¢ suas estases em uma motilidade que é to repleta de movimento quanto regulada” (RPL: 25). O semitico 6. um s6 tempo a fonte de nossos movimentas (energia), centes estados mentais (marcas psiquicas). tes conexdes, uns poucos dos quai em organizagées impostas. A soma desorganizada de ntido de atragdes ea fonte de nossos cres- A chora é “nao expressiva” no sentido de que no é uma estru- tura que tenha um significado mais profundo. Nao é um sistema de 10S que se refiram a algo externo a si, Nem, contud si estabilidade estrutural que permitisse o emergir de sent uma série de relagGes fixas repet nna motilidade (movimento e regulagao onde ner ‘0 controle do outro), Este movimento e resisténcia a estrutura e & referéncia externa é de suma importincia, jf que de outro modo a chora poder ser defini como outa linguagem, seja peas coisas sua Hlentidade 6 efémera ¢ nenhuma isifncia dela fracaasa devido 198. Pensamento Moderno iia @ seus movimentos continuos. Esta falta de identidade levanta uma sGria objegdo: pela questo de como sabermos que a chora semi cca esté lé de algum modo. Qual é a sua evidéncia? Como é deduzi da? E uma mera ficgdo ou hd raz6es mais fortes para acreditar em sua existéncia? A resposta a estas questées & que a chora semitica € postulada confirmada apenas por uma anéllise de seus efeitos. Isso explica © débito de Kristeva com a psicanzlise freudiana, néo apenas em termos de suas afirmativas sobre os impulsos inconscientes, mas também em seus estudos clinicos de tai pulsos, através de so- nhos ou compulsdes, por exemplo, e através de suas teorias sobre a sexualidade infantil. atest de Freud no inicio dos anos de 1970; e da relagao erica de Foucault com a psicandlise, notadamente em Esta prevengio a uma aceitagéo irrestrita das teorias freudianas se deve 8 sua caracterizagio excessivamente forte dos impulsos e seu foco nas relagdes familiares € na sexualidade infantil, aspectos que Kristeva adota, por exemplo, em termos de castragdo ¢ separagéio da mae. Esta oposigio reflete outras criticas a Proud e Lacan, por exemplo, em termos das bases cientfficas de suas teorias ¢ em termos da natureza altamente especulativa de sua reflexdo sobre os impulsos ©. sexualidade, Por ambas as abordagens crfticas da psicandlise, se- Pes 199 gue-se, no minimo, que a obra de Kristeva esteja aberta x mesmas s que as de Freud e a de Lacan. Hi duasresposas fortes a estas ertcas e problemas. A primeira 0 das teorias A validade dor estudos de Krista depende da forga de sua obra rdria ¢ linguistica, ¢ nfio de uma autoridade secund: fomada a Freud e Lacan. De fato, poder-se-ia dizer que, se bem-sucedido, € Possfvelsexuira psicandlise em termos de sua postulago de pulses ica. 15 sem ter que seguir a prética psica obra de Kristeva ¢ erftica a Freud um em deixar um espago para A segunda resposta € q a Lacan no que as obras deles uma dialética aberta que possa desafiar qualquer dada visio fixa das com trabalho critico sobre Hegel com uma percepgio da impor: 1, € ndo uma teoria téncia da continua revolugdo que requer da teoria de Freud sobre as pulses contra as tend@ncias que gosta- iam de naturalizé-la: O recurso de Kristeva as pulsdes nao se bascia na biologia. Uma das razées para isto € que esta perspectiva fixa as pulsGes ¢ as co- 200 Fensamento Moderno loca em oposigo umas as outras. Uma teoria cientifica das pulses \tos naturais opostos nao é a base do trabalho de Kristeva. cla thes enfatiza a heterogeneidade, ou seja, a resis- ago (como se pudéssemos falar desta ou daquela Pulsoes so movimento, ndo apenas em termes de nos compel ao movimento, mas, internamente, ou seja, em termos di dentro da pulsio em relagdo a outras. do, no sentido de ser aberto a uma restrigo secundétia que emirja significado, Ele pode ser interpretad pulses de modos que nfio podemos prever ou repres: 6 .um campo aberto, ¢ nao uma estrutura ex deve separar de & por sua imagem, de e par seus objetos (PRL:42), Para que sentido e eus emirjam deve haver um processo que im- Se uma ordem & chora semiética. © processo de ordenamento de- pende de uma designagdo de identidade. Esta designagio é explicada por Kristeva em termos de lingua- gom, psicanélise ¢ desenvolvimento infantil. O sentido requer refe- réncia a objetos e a sujeitos. Requer a identificagao de diferencas (palavras, sentengas), ilaridades em termos da linguagem em Pas-estruturalismo 201 em termos de seus referentes (objetos) e em termos de seus usuarios impulsos heterogéneos e caéticos, rumo a um sentido jcar-se eo que © cerca, rompendo com sua relagao indiferenciada com a mie e res- tringindo a variedade dos impulsos a fungSes significativas, trabalho sobre a crianga, a mic ¢ a castragio (a ruptura com a mie) 6 problemiético, jf que parece restringir © modo pelo qual a chora semistica pode ser organizada, no que con pretagdes dela. Estas rafzes lacanianas da obra de apenas probleméticas na medida em que podem ser falsas, mas tam- bém porque parecem contradizer a abertura atribufda a Freud. Por exemplo, @ passagem seguinte mostra uma profunda dependéncia para com uma nogio de castragao que tem sido amplamente ct da enquanto uma afirmativa fundamental sobre o desenvol “A castragdo pée os retoques finais no processo de separagéo que coloca o sujeito como significével, o que quer dizer, separado, sem- pre confrontado por outro” (RPL: 47). A questo é: Por que é ne- cessério definir 0 processo tético em termos de castragZo, e nfo em fe © nossas inter- wa nfio sfo yento: termos de uma ruptura necessiria que pode assumir muitas formas? O processo tético suscita 0 campo simbélico, tura de signos e regras que permitem a com uma estru- igo. Este campo € deliberadamente aberto no estudo de Kristeva, porque € concebido para incluir todas as afirmagSes de uma linguagem bem-ordenada (nfo todas as afirmagées posstveis, mas as maiores dentre as habitu- 2is). O simbélico é, portanto, definido em primeiro lugar, como um istema conectando referentes (objetos referidos a), o significado (os significados associados ao referente) ¢ os significantes (as coisas perc definido como pressupondo suj dda linguagem e o contexto em que referente significado e te se tornam conectados. 202 Fensamento Moderno entendem os papéis disruptivos, energizantes ¢ transformadores do cordem através de novos processos téticos. Eis uma das descricdes de Kristeva sobre este processo duplo no contexto da arte: “Arte”, por outro lado, por definiglo no abe mao do tti- o mesmo ao puter pla neqatvidade da transeres so. De fat 2 diffculdade de manter a funglo simbélica sob 0 assalto da negatividade indica o risco que a prética textual repre- senta para o sujeito (RPL: 69). transgredida pela revolugdo poética, ou seja, sua ordem é desafiada pelas formas criativas que a negam (nos mui- tos modos diversos mapeados em detalhe por Kristeva, cf. “Proces- 508 em textos: Transformando o sujeito e a estrutura”, p. 148). Mas esta prépria negagao depende do movimento ao simbélico, dat ser definido em termos de uma negagdo. Esta passagem também po uma outra reago do trabalho de Kristeva sobre a castragio, Sua insisténcia ao longo do ivro de que suas andlises focalizam textos e prética textual mostra de novo que ela nfo esté fazendo afirmagées sobre “impulsos humanos naturais”. Antes, sua obra é uma postulagéo de condigdes para a \guagem e para a relagdo entre a linguagem e a criagéo poética. Ela Pés-estruturalismo 203 mostra como esta relagao tem efei invés de fazer a afirmativa familiar, mas muito mais problemética, de que a psicandlise de sujeitos humanos nos mostra como a linguagem deve funcionar. Encontros eriticos: pés-estrutur Uma consequéncia-chave da reflexio de nig do simbilico. Estes estudos sao criticos, ja que cada um mostra como um dado aspecto do simbélico é restrito ou insuficiente. uma série de tSpcos crtcascuidadosamente argumentados, Nesta segfio vamos observar aspecios de seus argumentos contra Husser! profunda). Na préxima segfo veremos Frege linguagem) ica estruturalista). Em cada caso, steva também sero ressaltadas. Areflexdo de Kristeva sobre Husser! se centra na nogéo do sujei- to transcendental, ou seja, na questio de se a linguagem pressupde igfio necesséria. E importante ent © sujeito transcendental tem muito pouco a ver com 0 rico ou eu. Kristeva ndo estd se referindo 3 ideia de que a requer falantes ativos, 0 que € organizada em torno da noc de um eu humano (por exemplo, em termos de narrativa ou em termos das posigdes de destinatério ¢ emissor). Ao invés disso, 0 sujeito transcendental é uma condigo para a linguagem em termos de sua clareza para uma consciéncia; em outras palavras que ele pressupde 204. Fersamento Moderno uum “ego transcendental intencional” (RPL: 31). Este sujeito no 6 uum sujeito empfrico (uma pessoa) que usa a linguagem com todos 0s seus aspectos e qualidades humanas. f uma consciéneia reduzida ‘em seu uso da linguagem. inguagem; é uma cot Isto € anterior & egoicidade ou caréter gio para eles. sujeito transcendental € potencialmente uma fonte de grave fico e As pulsdes. Isto porque critica ao apelo de Kristeva ao semi le aponta para uma condigio para apelo a pulses. De fat mbélico s4o flagrados em disso, ele organi- ico ¢ 8 revolugao processos de nogagéo ¢ transformagéo. Ao zaria partes da linguagem como imunes 20 ser A resposta de Kristeva € mostrar que 0 sujcito transcendental é realmente apenas um ordenamento imposto a pulses anteriores e, pois, & chora si Na terminologia delineada na segiio anie- rior, o transcendental de Husserl nao seria uma condigéio necesséria, ‘mas um processo tético. Como tal, ele seria uma forma contingente mutével. Em suma, o argumento & que a linguagem no necessa T (© argumento depende de dois passos importantes. Pri riamente requer uma consciéncia intenci Kristeva argumenta que a dedugGo transcendental de Husserl de- pende de mais do que aparent do entre o sujeito transcendental ¢ uma esfera que esté fora dele, ‘mas que Ihe é a condiglo. Em segundo lugar ela pontua que esta esfera tem de ser definida de um modo muito estrito para a dedugaio se manter: uma distingdo precisa ser formulada entre o sujeito ea esfera dos objetos. porque ela formula uma di jsmo 205 Consequentemente, estes movimentos permitem a afirmativa de que © processo de negagHo que Kristeva sit semiGtico ¢ 0 simbélico se mantém entre o objeto ¢ o sujeito trans- cendental, mas se mantém duas vezes na imposigio de uma forma ao objeto ¢ ao sujeito em relagéo ao objeto. Assim, a fenomenologia de Husserl pode ser considerada um processo tético que nega sua condigao na relagio semi6tica 4 questio niio deveria ser 0 que 0 “Eu” produc, a0 invés das operacdes deste “Eu"? Longe de postular 0 “Bu” julgador como origem, para nés tal questio apenas coloca 0 tético e 0 d6xico dentro do proceso significador © tético, que € uma postulagfo do sujeito, é produzido? (RPL: 36), igéo esbogada entre produgdo e operagéio é importante porque mostra como 0 sujeito se relaciona com processos externos, a0 invés de definir condigdes necessérias de sua esséncia necesséria (€ suas operagdes internas), Estes processos néo so produzidos pelo sujeito, mas produtores do sujeito te no ser uma origem, mas uma consequéncia de um process ieador, ou seja, o processo que per - gem fazer sentido ¢ o1 © doxico, para Kristeva, 60 processo que permite a um conjunto de cerengas ser produzido (por exemplo, acerca da natureza dos objetos). ° requerem um apelo a algo niio con dental. Previamente ao ego pensante dentro de uma proposi- ‘edo nenhum significado existe, mas existem articulagées ado € com o signo: a chora creta ¢ disposta, a chora niio pode icado, 0 qual, por contrast, é wdo, como veremos, uma tnificado por uma tese, cor ruptura (RPL: 36), 206 Pensamento Modeino na relago entre 0 ‘Ao confundir o sujeito com uma origem, ou seja, como condigo para o significado, Husserl perde de vista outras condi- es que mostram que 0 sujeito nao é uma origem. Ao expor esse argumento Kristeva se junta a outros origem (notadamente, Derrida e Fouca Contudo, os métodos dela sfio muito diferentes. Os profundos compromissos teéricos de Kristeva fazem sua leitura de Husserl, embora cuidadosa e respaldada em evidéncia textual, algo violenta cuidadoso em evitar a0 impor um vocabulério que Huser! € mu (por exemplo, em termos do objeto). Isto abre a possibilidade de uma objegdo a Kristeva, pelo argumento de que a redugio feno- menolégica de Husser! (0 colocar em parénteses que permite que emirjam condig6es do pensamento) no faz as distingSes que ela the atribui, Suspende-as, ao invés de depender delas. Este € um ponto importante porque Kristeva conecta sua criti a Husser! a sua erftica a Chomsky e aos esforgos dele por um: gufstica baseada em estrutura profunda. Ela pontua, como muitos outros 0 fizeram, que as estruturas gramaticais profundas deduzi- das por Chomsky dependem de umn sujeito universal ¢ racionalista (0 “Eu” em Husserl Descartes) de um modo que mostra que as estruturas ndo podem ser universais, ou seja, vélidas para todas as linguas. Isto porque 0 sujeito nao é de fato universal, mas sim uma forma contingente e produzida. Para Chomsky a linguagem € separada em uma estrutura su- perficial, um conjunto infinito de combinagdes de palavras que po- demos manipular em sentengas altamente complexas, e a estrutura profunda, um conjunto muito mais restrito de regras gramaticais que governam a criago de sentengas vélidas na estrutura superficial A teoria de Chomsky permite que a linguagem seja vista como uma estrutura formal a despeito de sua aparente complexidade, porque, por mais complicada que a superficie parega, ela deve ter sido gerada Pés-estruturalismo 207 segundo regras profundas. Al de estruturas profundas universais fo permite a postulacio las para todas as linguas. Esta teoria lingufstica invalidaria completamente as afirmativas de Kristeva porque sua visio da linguagem como aberta em termos de suas transformagbes nfo admite regras 16 centes. Elas restringiriam a revolugéo poética, jé que esta nio po- deria operar em contravengao as regras gramaticais profundas. Isso ho significa que Kristeva seja necessariamente mais radical do que s universais subja- ‘Chomsky, jé que o problema é se um ou outro tema Se a teoria de Chomsky & verdadeit a critica radical e as postulagdes uni de Chomsky com a dedugio de estrui sai , © compromisso cicntifica, seu racionalismo e sua crenga na comunicabilidade uni- versal de verdades sio as bases para uma série de fortes eriticas a alguns postulados pés-estruturalistas. Contudo, nfio no desgastado \guagem explicdveis em termos de processos extralingusticos associados com impulsos: Veremos que, quando 0 sujeit derado um ego transcend falante nfio 6 mais consi- do texto, a estrutura profunda ou, no minimo, as regras transformativas séo perturbadas O termo-chave aqui € “a prética do texto”. © argumento de Kristeva é que postulados sobre a estrutura profunda devem ser de- 208 Pensamento Moderno base cert para ras profundas em uma base duzidos em detrimento da criativi s novos modos de escrever) e da efetividade (seu efeito emocion: ‘mudar as regras para consideré-las, a capacidade delas para contro- lar os impulsos). Em outras palavras, as combinagées significantes na linguagem sup vio de encontro as regras defi- nidas pela estrutura profunda, A revolugio na linguagem “funciona” devemos nos voltar a uma re a estrutura pr © numa relagio di a necessidade de a despeito da estrutura profunda. As: explicagdo di to 6 uma qu io do simbélico (na super com um modelo esp se 0 sujeito € postulado como sendo um et da linguagem ao in- vés de uma condigio, ele nfo pode permanecer com uma premissa ieito € criado para sua propria condigao na estrutura profunda, O ¢ com processos mais amplos e mais abertos. Nao pode ser base para a dedugao de regras I6gicas univer- sais profundas. Para levar mais longe estas oposigées criticas é importante pas- sar ao estudo de textos por Kristeva, para ver se o sujeito pode ser despedagado do modo que ela pretende. E neste contexto que seré possfvel considerar seus argumentos criti linguagem de Frege e a linguistica estrutur Processos em textos: transformando o sujeito ¢ a estrutura Os argumentos de Kristeva contra Frege sak opSem a Husserl. Ela afirma que as posigdes de se (denotacdo) na linguagem sao produtos da imposigo de uma regra, res aos que a e referéncia Pos-estruturalismo 209 a0 invés de a descoberta de uma forma necesséria. Sentido e refe- réncia so os produtos de um proceso tético que restringe as possi- lades da linguagem em relagéo com impulsos prévios: “Podemos 6 a precondigéo para a enunciagdo e a denotagio” (RPL: 53). Neste caso a regra imposta esté na clivagem entre set era da postulagao de algo externo a ele: no objeto. Kristeva afirma que, mesmo ao se considerar 0 significado em arte, onde no hé referente objetivo, a filosofia da linguagem de Frege ainda depende da distin- lidade de um si uma denotaglo que é de modo similar, dada na prépria cstrutura do julgamento da proposicéo, mas é realizada apenas sob certas condligSes Embora uma obra de arte pos - al, sua construgio deve, pelo menos, indicar a possibilidade de tal A cardter ficcional, Contra esta visio da necessidade de referéncia e da distingéo sentido/referéncia, Kristeva define a literatura como uma , ou seja, como a criagao de formas linguisticas que sentido ¢ referéncia, mas Ihes distorce ¢ mina a relagdo. Por exem- plo, para Frege, a verdade 6 a correspondéncia de um sentido com um objeto real (the cat is on the mat)?, Mas na mimesis nés ape- 2. O gatos no tapete (NT). 210 Pensamento Moderno ia, ou seja, na afirmagdo de que qualquer sentido depende mmattress)°. A chave aqui esté nas nogdes de distorcdo e subversio. Através da mfmesis a literatura introduz uma distorgéo das formas is subjacentes Nao as nege enquanto tais, mas idade, introduzindo um novo leque de ques- igdes para a produgdo criativa na linguagem. A subverséo se estende aos modos de decidir sobre a verdade e & presungio das formas do sujeito racional como enunciadores validos (0 emissor presumido de um dado enunciado): igo do simbélico como significa- além de qualquer = porque ataca nfio Jo (a postulagio do objeto), mas 0 lagdo do sujeito enunciador tam bem) (RPL: 55). Assim, a referencia fracassa nejador, tentando transmitir um ‘Ao invés disso, a linguagem é frente real, mas, com a arte moderna, mesmo os si suposigéo de uma presenga controladora de um autor raeional fra- cassam. A distorgéo da gramética © das regras lingu nutros produtores de linguagem entram no proceso ar revelados pela primeira vez (por exemplo, 0 acaso é introduzido no processo de escrever). Ou SH 5. Ogntoesténocolchio [NT]. Pés-estruturalismo 211 Contudo, esta guinada & mimesis enfatiza a possibilidade de uma série de diffceis objegdes a Kristeva, A linha do argumento a seguinte, Nao importa se a linguagem pode ser distorcida. O que importa € se a distorgéo tem alguma validade ou interesse. Assim, vverdade que se pocle romper com a gramética, mas o que é produ: do é nonsense, e no um desafio & referencia, Uma sentenga distor- cida nfo é uma subversio do sentido e da referéncia. £ simplesmente tum fracasso que prova a necessidade das regras com que ela rompe, A nao gramaticalidade no pode ser simplesmente descartada como irrelevante para quest6es de sentido, referéncia e verdade? De modo similar, uma obra de arte que € produzida sob a influ- Encia de drogas, ou com um alto graut de acaso, ou em comur com outros, ou exigindo enorme investimento do leitor, nio é de maneira nenhuma uma ruptura com um sujeito. E uma produgio por um sujeito sob influéncia de narcéticos, ou com outros sujeit ‘um alto grau de acaso, ou com uma grande ambiguidade requerendo interpretagdo. A necessidade do sujeito no é questionada de modo algum, apenas a forma e 0 graut de controle exercido sobre a obra, O sul cessos que possam ser introduzidos na obra de arte? 10 no & sempre necessério e anterior a quaisquer outros pro- As respostas de Kristeva a estes pontos se voltam para a afirma- ‘glo de que hi significagdo na mfmesis da arte moderna. Contudo, — este significado no 6 de uma forma bem-determinada, no sentido — de um significado fixo que pudesse ser associado a um objeto par cular. Antes, sigt ticos (0s desejos associados a um dado conjunto dle marcas) e & per~ turbagdo das regras. De fato, o choque, na auséneia de um sentido facilmente reconhecido, € uma forma de significado para Kristeva, Ficado consiste na relago entre impulsos semi Por exemplo, quando Mallarmé quebra frases ao longo de séries de paginas, hd tanto 0 desejo de recombinar as palavras separaday ‘numa sentenga que faca sentido quanto o desejo de fitar as palavras independentes. Além disso, quando a frase quebra é em si mesma, 212 Pensamento Moderno ambfgua, ela retine uma série de possiveis significados sem pen que algum predomine, ou seja descartado, Nao temos nonsense, jé que algo acontecendo, tanto em nossa relago com jcas quanto na relagdo de nossos desejos com a ‘o completamente na nao conseguir ver o sujeito ainda presente, sua resposta é aceitar 0 argumento, mas negar que o sujeito possa ser desvinculado de uma série mais ampla de processos. Estes processos dependem de impul- 08 € desejos transformagio significador e ele aparece apenas como uma pritica significadora, ou ‘onscientes que os conectam e que influenciam sua ito nunca é. O sujeito € apenas 0 processo ico da imposiglo necesséria de ordem na linguagem — leva ica de Kristeva ao estruturalismo, Isto porque cla considera que iturais sempre fracassam em capturar 0s processos subjacentes em ago por trés das estruturas que clas revelam. Isso no seria grave se as estruturas fossem independentes dos processos que thes suscitam, Mas nio 6 este 0 caso. feva estuda a distingéo desenhada na obra trauss entre totemismo e sacrificio. © to- Por exemplo, do estruturalista Lev lemismo envolve 0 estabelecimento de fronteiras que no podem ser atravessadas entre diferentes formas de vida (animai ce deuses, por exemplo — todos valorados de seu modo prépric independentemente e sem comparagio). O saci organiza as formas como sendo substitutveis (0 animal sacrificado ‘© homem, num ato em que o homem substitui um deus). Assim, uma linguagem baseada no totemismo deveria ser redical- mas io, pelo conirério, Pos-estruturalismo 213 mente diferente de uma baseada no sacrifici segunda sim, Mas sactificio, no conjunto de absoluta entre dois sexos 86 pode emergir contra o pano de fundo do sacriffcio de desejos associado a um terceiro sexo ou a uma travessia das fronteiras entre os dois sexos (como mostrado no ea io, por outro lado, superestima um processo tético particular que quebra uma série de relagdes em regras e simbolos separados ¢ parti que muitas regras di- ferentes poderiam ser posigdo de regras sobre uma conexiio de impulsos. A emergéncia a partir da desordem nfo é escondida, mas é fixada em termos de quais regras deveriam emergir ¢ 0 que pode | sido preparado” (RPL: 78). fato de que o estruturalismo nao péde reconhecer esta cone- xdio de totemismo e sactificio e seus diferentes estatutos na relagdo do semidtico ¢ do simbélico levam a uma critica de longo alcance. teva € capaz de assinalar que o estruturalismo no pode totemismo por sua imposigo de uma ordem part simbéticasfixas: a ordem “simplesmente 6”. Tampouco ele pode eriti- car o sacrificio por sua clevagdo de um tinico processo de emergéncia dos impulsos & ordem: o tinico proceso “simplesmente 6” 214 Pensamento Moderno porque a primeira nfo 3 enquanto que a ila que 0 totemismo emerge de um — Arevolugio na e através da poesia € possfvel por causa de uma ‘mais profunda que correlaciona processos extralinguis profundos e ordens simbdticas, mas sem fixar nenhum del inca, tal dinlética nos deixa ver prticas sig- ‘acsimetricamente ~ nem sbso- iar 0 tétco numa possivel proibigfo teolégica, nem ne- gar 0 tético na fantasia de um irracionalismo pulverizador rem o divino fiat de transgressio impossvel e produtor de ara a loucura pura, © 10 ago. Antes, de- culpa, nema estupidez. “roma ‘automatismo surrealista ou o pl contradigéo heterogénica entre dois elementos inconci eis — scparados, mas inseparveis do processo, no qual janges assimétricas (RPL: 82). tural de Kristeva na linguagem poética re- siste a postulados de leis universais e de ordens simbélicas natura. Mas também resiste a evocagées invés disso, a relagdo de nossos impulsos com nossas linguagens se tas da irrazio e do caos. Ao torna o lugar para uma revolucdo critica que invalida a falsa subor dinagdo da linguagem a regras ¢ légicas profundas, ¢ as correlatas subordinagdes sociais e politicas que se insinuam sob 0 manto da “necessidade” ou “naturez Pos-estruturalismo 215

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