Ficha 6 – Cesário Verde, “O Sentimento dum Ocidental”
1. A cidade de Lisboa, pela noite dentro, é descrita como
irrespirável, decadente, lúgubre. Na verdade, o sujeito poético descreve o ambiente pesado e nebuloso da cidade com o qual não se identifica (“E nestes nebulosos corredores / Nauseiam-me, surgindo, os ventres das tabernas; “). Em suma, o “eu” transmite o desejo de evasão de um espaço desagradável que o faz sofrer (“Enleva-me a quimera azul de transmigrar.”). 2. O sofrimento causado pela visão sufocante dos “prédios sepulcrais” projeta a cura nos “amplos horizontes” de uma outra viagem épica, mas as marés que metaforicamente banham a cidade já não são de água, mas de “fel”, levando ao extremo a intensidade da “dor humana” que fecha o poema. 3. Esta quarta parte do poema é constituída por onze quadras, em que o primeiro verso é um decassílabo e os outros são alexandrinos (12 sílabas métricas). O esquema rimático é constante (tipo abba), com rima interpolada (a) e emparelhada (b). O fim da estrofe coincide com o fim da frase.