No livro “Inferno” de Dan Brown, utiliza-se uma análise heurística e
hermenêutica sobre o “Inferno” de Dante, compilando fatos e obras relacionadas ao autor, descrevendo e apontando relatos de sua vida. Pode-se perceber o fato, perante as referências presentes no livro que, em relação a esse assunto, são reais. A evidente presença de Dante e sua obra é notada integralmente ao decorrer do romance, entretanto, existem fragmentos cujas descrições trazem uma maior e mais nítida visão da mesma; como quando Robert e Sienna se dirigem à igreja onde Dante foi batizado, na qual conhece Beatriz, vendo-a a pela primeira vez. O autor usa diversos aspectos para compor seu quebra-cabeças histórico-fictício, como por exemplo, ao fazer a narrativa inteira se passar em apenas um dia, com acontecimentos em diversos lugares diferentes. O personagem Robert passa por pontos turísticos famosos, como a Porta Romana, e faz referências à história da arte, mais especificamente no período renascentista, com grande frequência. Existe uma troca perceptível de papéis, como na obra de Dante, quando o mesmo é guiado por Virgílio, um homem; em contraste (e ao mesmo tempo semelhança) com Sienna, a guia de Robert nessa árdua missão. O conceito tratado no livro, de que tudo e todos precisam passar por uma purificação para chegar ao paraíso, seja ela como for, vem a ser e criar um vínculo com a medicina futurística. Ao conectar o pensamento antigo com uma alta tecnologia, abordada de forma nociva, geram-se discussões sobre o intenso e contínuo crescimento populacional, um tópico extremamente presente e notável na vivência humana. Dan Brow tem maestria na sua forma de dialogar com o passado, presente e futuro; interligando temas como a pintura do Inferno de Dante, por Boticceli e a estratégia de Zombrist. A mesma serve de inspiração para o personagem, na execução do seu plano bem-sucedido, cujo objetivo era a criação de uma peste que causasse infertilidade a um terço da população, assim salvando a humanidade da superpopulação mundial. Isso enaltece o quanto a história se faz presente em todos os lugares, a todos os instantes, e como ela reflete em acontecimentos presentes e futuros, deixando o fato de que padrões tendem a se repetir.