O documento discute o papel crescente dos direitos humanos na política democrática desde a década de 1990, quando conferências globais reafirmaram os direitos humanos e criaram programas internacionais para sua promoção. Os direitos humanos passaram a ser vistos não apenas como garantidos pelos Estados, mas também como ferramentas globais para o bem-estar social.
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O PAPEL DOS DIREITOS HUMANOS NA POLÍTICA DEMOCRÁTICA
O documento discute o papel crescente dos direitos humanos na política democrática desde a década de 1990, quando conferências globais reafirmaram os direitos humanos e criaram programas internacionais para sua promoção. Os direitos humanos passaram a ser vistos não apenas como garantidos pelos Estados, mas também como ferramentas globais para o bem-estar social.
O documento discute o papel crescente dos direitos humanos na política democrática desde a década de 1990, quando conferências globais reafirmaram os direitos humanos e criaram programas internacionais para sua promoção. Os direitos humanos passaram a ser vistos não apenas como garantidos pelos Estados, mas também como ferramentas globais para o bem-estar social.
O PAPEL DOS DIREITOS HUMANOS NA POLÍTICA DEMOCRÁTICA
KOERNER, A. O papel dos direitos humanos na política democrática: uma análise preliminar. Rev. bras. Ci. Soc. 18 (53). Out 2003. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-69092003000300009>. Acesso em 03 ago. 2018. RESUMO DO ARTIGO: O artigo busca explorar as mudanças dos direitos humanos no período de 1990 aos anos 2000 resultante da atuação de instituições e organizações internacionais; e a crítica relativa ao direito estatal e os direitos constitucionais, sendo esses considerados suficientes no estatismo, ou seja, capacitando a pirâmide normativa de garantir e validar esses direitos aos cidadãos de determinado estado. Os direitos humanos passaram a ser pauta ascendente principalmente após a assembleia geral da ONU adotar a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, em 1948, após as catástrofes contra a humanidade, na Segunda Guerra Mundial. Desde então, houveram conferências e discussões mais relevantes ao tema. Foi na década de 1990 que a globalização abriu portas econômicas e políticas sociais de caráter participativo (não normativo, como os direitos constitucionais de um estado) entre países, os quais desenvolveram políticas para a manutenção e conservação do bem- estar e da dignidade social mundial. A conferência de Viena, em 1993, reafirmou o sujeito como o centro da sociedade, para que o estado trabalhasse em função do mesmo e não o contrário, vinculando a democracia e o desenvolvimento humano aos direitos humanos; e também reconheceu a legitimidade da importância internacional na garantia dos direitos humanos dentro dos diversos estados. Então, foram criados programas de proteção e promoção aos direitos humanos, com planos de implementação e suplementação, com o objetivo de auxiliar os estados em suas funções. O Brasil ratificou essas políticas internacionais, ampliando a institucionalidade dos direitos humanos no país, aderindo à conceitos e atitudes globalistas, principalmente na sua maior atuação nas conferências da ONU. Os direitos humanos, antes classificados entre dois eixos (de ordem política e de concepção do direito), obtiveram novos quatro tipos empíricos: globalistas, estatistas, contextualistas e translocalistas. A partir da perspectiva estatista, os direitos humanos são os mesmos enunciados nos direitos fundamentais da constituição e na pirâmide normativa do estado, tendo o mesmo como principal atuante e responsável pela garantia dos direitos, visto que os acordos internacionais e seus adeptos não têm condições de punir o descumprimento praticado pelos mesmos. Traduz-se que os direitos humanos resultantes de políticas globais não obteriam um caráter obrigatório, e, portanto, seriam autônomos em relação aos interesses do estado, ou seja, a implementação dos direitos cabe exclusivamente ao estado. Assim, os direitos humanos passam a ser ferramentas para o funcionamento de um estado democrático de direito. Na discussão perante às ambas perspectivas, globalista e estatalista, tem-se como críticas que a primeira necessita de um caráter mandatório, por conseguinte a segunda não é capaz de assegurar direitos de um cidadão, visto que a maioria das vezes é o próprio estado que viola os mesmos. Há a relação lógica dos direitos constitucionais e humanos, porém o direito internacional limita a soberania do estado em relação à sua atuação. O estado, porém, deve adentrar um regime internacional e aderir a essas relações de livre espontânea vontade. Os direitos humanos são frutos de lutas e reinvindicações, até que sejam atendidas e reconhecidas por autoridades legais, o que não compactua com a forma de pirâmide normativa, que restringi os direitos aos Rafaela Radaelli Righi
constitucionais, inserindo esses direitos no campo estatal e colocando-os em segundo
plano. A globalização e internacionalização dos direitos humanos traz à tona a pluralidade e complexidade jurídica, levando em consideração não apenas uma pirâmide, mas sim uma rede interligada atenta à deliberação proveniente da democracia exercida. Esse novo modelo a ser discutido, evidencia uma indefinição de responsabilidade e o dever atribuído a um agente, que tem os direitos humanos como obrigações a serem cumpridas. Esses agentes responsáveis seriam coletivos, de âmbito nacional e internacional, todos com o objetivo de criação, validação e proteção dos direitos resultantes de discussões e resoluções de conflitos e problemas sociais. Embora os direitos humanos compactuem com os constitucionais, eles têm um papel maior do que ferramenta política, mas sim das manifestações sociais e necessidades de uma população, seja das minorias ou maiorias. A violação dos direitos é controlada, pois os acordos e grupos internacionais interferem no estado, não existindo assim apenas uma vertente de opinião. O modelo piramidal não deve ser modelo de interpretação de direitos humanos, mas sim, ferramenta de observação das mudanças acontecidas, estas graças somente a mobilização e lutas da sociedade.