Crise das Humanidades: Reflexo de uma Estrutura Política Produtivista
Janderson Batista de Souza1; Adriana Souto Tavares da Silva 2
1 Estudante do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades - PPGEH – IFES; E-mail: prof.janderson@outlook.com 2 Estudante do programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades- PPGEH-IFES; E-mail:adrianast.artes@gmail.com
Introdução
A discussão se inicia com os estudos de Nussbaum e se colocam para nós como
um problema que é a pesquisa. Dito isso, compreendemos as grandes contribuições que a autora tem para a educação em seus aspectos formativos, especialmente, relacionados às artes e as humanidades. Levando em consideração o momento histórico em relação às pesquisas decorrentes dos editais de pesquisas que foram lançados nas nossas instituições de ensino superior no ano de 2020.
Nesse recorte percebe-se que os editais quase em sua totalidade, definiram as
áreas prioritárias para receber não só financiamento, como aprovação de pesquisas que seriam financiadas. As áreas ditas prioritárias são definidas como essenciais para o desenvolvimento regional e do país, de algum modo, as humanidades não foram contempladas, até no contrário, quando estavam, eram vistas como algo que transversalizava os demais conhecimentos e sua importância era medida de acordo com o nível de contribuição que ela poderia subsidiar para essas grandes áreas definidas como fundamentais para o desenvolvimento nacional.
Diante dos estudos de Martha Nussbaum, ancorado nessa potente teoria de
justiça e posto sobre a égide do liberalismo político, definido a partir das capacidades, pensamos então em estudar e traçar as contribuições de Nussbaum e aplicá-las na Portaria - MCTC 1.122 de 19 de março de 2020.
Quais problemas podem ser identificados? Quais consequências a área de
humanidades poderá sofrer, uma marginalidade intelectual até a inexistência? Como as humanidades são, portanto, enquadradas nesta portaria? Tópicos a serem trabalhados:
Educação Superior no contexto contemporâneo
A partir da concepção de que o mundo da produção se encontra
ingressado na quarta revolução, o campo de poder (o Estado) e as agências de fomento a pesquisa e à pós-graduação publicam editais que priorizam as chamadas ciências naturais, criadoras de tecnologias, invenções e inovações materiais, em desapreço às humanidades, com propósito de obter vantagens competitivas no mundo da produção de mercadorias. (AZEVEDO, OLIVEIRA, CATTANI, 2016, p.786).
A inscrição dos autores situa adequadamente o problema da investigação. A
universidade do século XXI passa a ser compreendida como uma extensão desse modelo produtivo para competitividade, geradora de inovações que atendam a lógica hegemônica global, portanto, de mercado. As pesquisas passam a receber fomento na medida em que elas têm o potencial maior de retornos competitivos no mercado internacional, seja nos aspectos puramente privados, empresas que investem ou que buscam o espaço de excelência das universidades com investimentos, ou os próprios Estados que passam a estruturar universidades com aspecto de concorrência, tornar as nações mais competitivas nesse ramo.
A pesquisa na Educação Superior a partir de Nussbaum
No livro Sem fins lucrativos de Martha Nussbaum, em seu primeiro capítulo
evidencia, a formação humana delineada pela lógica neoliberal do capitalismo competitivo levará uma crise a longo prazo que colocará em ameaça a democracia (Nussbaum, 2015).
O enquadramento da pesquisa na Educação Superior a partir da
Portaria MCTNC nº 1.122 de março de 2020
Portaria do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, é
composta por 10 artigos, e tem como principal finalidade determinar quais áreas do conhecimento são, na perspectiva do governo (e não do Estado, posto que é uma portaria e não uma lei), as mais importantes que recebem investimentos e atenção por parte da União, principalmente, no que tange aos recursos previstos para o Plano Plurianual da União (PPA), no âmbito de 2020-2023. DCN do Ensino Superior
Em construção.
Educação Integral/Profissional
Em construção. Referências
AZEVEDO, M. L. N.; OLIVEIRA, J. F; CATANI, A. M. O Sistema Nacional de Pós-
graduação (SNPG) e o Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024): regulamentação, avaliação e financiamento. RBPAE, v. 32, n, 3, p. 783-803, set/dez. 2016.
BECHI, D.; BILIBIO, R. A.; TREVISOL, M. G. A pesquisa na educação superior na
perspectiva de Nussbaum e da Portaria MCTIC n. 1.122/2020. Revista Ibero- americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 1, p. 0116-0135, janeiro/março 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i1.15014
SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 13.
ed. São Paulo: Cortez, 2010
NUSSBAUM, Martha Craven. Políticas de emoções. Barcelona: Paidós, 2014.
______________________. Sem fins lucrativos. São Paulo. Martins Fontes,2015.
______________________. Educação e justiça Social. Mangualde/Portugal:
Edições Pedagogo, 2015.
Jornal da Ciência. MCTIC FLEXIBILIZA PRIORIDADES NA PORTARIA
1.122/2020 APÓS DEMANDA DA COMUNIDADE CIENTÍFICA. Academia Brasileira de Ciências. Disponível em: https://www.abc.org.br/2020/04/01/mctic-flexibiliza-prioridades-na-portaria-1- 122-2020-apos-demanda-da-comunidade-cientifica/
BRASIL, Portaria n. 1.329, de 27 de março de 2020. Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações, ES, 30 de março de 2022. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-1.329-de-27-de-março-de-2020- 25026372. Acesso em: 20 de setembro de 2022.