As características físicas do Ramalhete acompanham o desenvolvimento
da intriga ao longo da obra. Podemos acompanhar o percurso da família Maia através do simbolismo do jardim. Num primeiro momento descritivo, no início do romance, a casa estava desabitada e consequentemente sem vida, triste, incompleta. “(…) o Ramalhete permanecera desabitado, com teias de aranha pelas grades dos postigos térreos, e cobrindo-se de tons de ruína”. Este aspeto de abandono, degradação pode significar a dor presente em Afonso face ao suicídio do seu filho, Pedro. Quando os Maias se instalaram neste espaço reconstruiram-no, dando início a uma nova fase nas suas vidas. O jardim passou então a ter um ar mais simpático e vivo “(…) tinha o ar simpático, com os seus girassóis perfilados ao pé dos degraus do terraço (…) a Vênus Citereia parecendo agora, no seu tom claro de estátua de parque, ter chegado de Versalhes (…)” “(…) a cascatazinha era deliciosa (…)”. Num terceiro momento descritivo a família Maia já tinha passado por diversos momentos trágicos tais como a morte de Afonso e o incesto entre Maria Eduarda e Carlos da Maia, precisamente para representar esta dimensão trágica o Ramalhete é descrito da seguinte forma: “(…) tinha a melancolia de um retiro esquecido, que já ninguém ama: uma ferrugem verde, de humidade, cobria os grossos membros da Vênus Citereia”.