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5.

As características físicas do Ramalhete acompanham o desenvolvimento


da intriga ao longo da obra. Podemos acompanhar o percurso da família Maia
através do simbolismo do jardim.
Num primeiro momento descritivo, no início do romance, a casa estava
desabitada e consequentemente sem vida, triste, incompleta. “(…) o
Ramalhete permanecera desabitado, com teias de aranha pelas grades dos
postigos térreos, e cobrindo-se de tons de ruína”. Este aspeto de abandono,
degradação pode significar a dor presente em Afonso face ao suicídio do seu
filho, Pedro.
Quando os Maias se instalaram neste espaço reconstruiram-no, dando
início a uma nova fase nas suas vidas. O jardim passou então a ter um ar mais
simpático e vivo “(…) tinha o ar simpático, com os seus girassóis perfilados ao
pé dos degraus do terraço (…) a Vênus Citereia parecendo agora, no seu tom
claro de estátua de parque, ter chegado de Versalhes (…)” “(…) a
cascatazinha era deliciosa (…)”.
Num terceiro momento descritivo a família Maia já tinha passado por
diversos momentos trágicos tais como a morte de Afonso e o incesto entre
Maria Eduarda e Carlos da Maia, precisamente para representar esta dimensão
trágica o Ramalhete é descrito da seguinte forma: “(…) tinha a melancolia de
um retiro esquecido, que já ninguém ama: uma ferrugem verde, de
humidade, cobria os grossos membros da Vênus Citereia”.

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