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Introdução

Este trabalho tem como objetivo compreender, expor e explicar a importância da


questão colonial no Estado Novo.

A questão colonial
1.1. Contextualização
Os motivos e as influências para o desejo pela independência
Após a Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas foi responsável
pela difusão de ideias como a da autodeterminação e a independência dos territórios
coloniais. A aprovação da Carta das Nações Unidas e a primeira vaga de descolonizações
destabilizaram a política colonial do Estado Novo. Para explicar as suas posições coloniais e
contornar as pressões internacionais feitas pela ONU, Salazar viu a necessidade de rever a
política colonial e procurar soluções para o futuro do império português.
1.2. Soluções preconizadas
Para assegurar a vocação colonial de Portugal, o Estado Novo tentou adaptar-se aos novos
tempos através de duas vertentes complementares: uma ideológica e uma jurídica.
1.2.1. Vertente ideológica
Durante a década de 30, um dos pilares do Estado Novo era a ideologia “mística
do império”. Com os novos tempos, esta teve de ser alterada pela ideia da
“singularidade da colonização portuguesa”, inspirada nas teorias de Gilberto Freire.
Através das suas teorias, Gilberto Freire acreditava na capacidade portuguesa
para a miscigenação e fusão de culturas (“A singular predisposição do Português para
a colonização híbrida e escravocrata dos trópicos explica em grande parte o seu
passado étnico, ou, antes, cultural, de povo indefinido entre a Europa e a África. (…)”
– DOC. 19 – A singularidade da colonização portuguesa – A – Vista por Gilberto
Freire ). Esta teoria é chamada de luso-tropicalismo e teve um importante papel, nos
anos de 50, para individualizar a colonização portuguesa numa época onde as nações
colonizadoras eram acusadas de um carácter opressivo. Salazar defendia esta “rara
faculdade de adaptação” – DOC.19 – A singularidade da colonização portuguesa – B –
Vista por Salazar, numa tentativa de afirmar a unidade nacional perante as pressões
externas favoráveis à autodeterminação das colônias. Desta forma, defendia a
capacidade de miscigenação portuguesa (“Quando o Português se lança na exploração
aventurosa ou se instala no comércio, não organiza a sua vida à parte. Entra na vida,
mistura-se nela(…)”– DOC.19 – A singularidade da colonização portuguesa – B –
Vista por Salazar), e pretendia afastar a ideia de que as intenções portuguesas eram a
indiferença, a riqueza e o domínio (“A sua obra não é, seguramente, a do homem que
passa, olha e segue o seu caminho, nem a do explorador que procura febrilmente
riquezas fáceis e em seguida dobra a sua tenda para se afastar” – DOC.19 – A
singularidade da colonização portuguesa – B – Vista por Salazar)
1.2.2. Vertente jurídica
Devido à pressão internacional, para além da necessidade de divulgar e fazer
propaganda da nova ideologia, também se tornou necessário clarificar juridicamente as
relações da metrópole com os seus espaços ultramarinos “Em face da desorientação da
opinião internacional em matéria de colônias(…) importa que Portugal afirme
solenemente uma vez mais a doutrina tantas vezes proclamada de que a metrópole e as
colónias formam um só território(…)”. Através da revisão constitucional de 1951, foi
revogado o Ato Colonial, precisamente para reforçar a ideia de um só território, uma só
Nação e um só Estado. Foram eliminadas as expressões colónia e império colonial e
estes territórios passaram a ser equivalentes juridicamente a qualquer província do
continente. Assim, O conceito de “colónia” foi substituído por “província ultramarina”
e a ideia de “Império Português” desapareceu e surgiu o “Ultramar Português” (“Assim
nasceu uma nação sem dúvida estranha, complexa e dispersa pelas sete parte do
mundo(…)”. Todas estas alterações foram tentativas por parte do Estado Novo de
manter intacto o Ultramar Português, sempre com discursos que defendiam a
integridade e a miscigenação, como possível de verificar no discurso de Salazar de 30
de maio de 1956“O móbil de integrar esses povos na unidade da nação portuguesa foi
possível realizá-lo pela não-discriminação racial(…)
Embora a manutenção do colonialismo português já fosse posta em causa pela
pressão externa, daí a necessidade para a divulgação das soluções preconizadas,
internamente a presença de Portugal só começou, praticamente, a sofrer contestação no
início da guerra colonial. Por esta altura, em 1961, com o surgimento das primeiras
revoltas em Angola, confrontaram-se duas teses divergentes: a integracionista e a
federalista.
Tese integracionista: Defendia a política até aí seguida, em que o Ultramar era
plenamente integrado no Estado português, pertencendo à unidade da Nação e por isso
não podendo ser separado.
Tese federalista: Opunha-se à política até então seguida. Devido á pressão internacional
e aos custos de uma guerra em África, sentiam que a única solução era a progressiva
autonomia das colónias e a constituição de uma federação de estados que
salvaguardassem os interesses portugueses. Desta forma ocorria uma conciliação de
interesses “(…) concilia desejos de autodeterminação das províncias e as pressões
estranhas no sentido de as autonomizamos com a necessidade de continuarmos a
mantê-las portuguesas e de a apoiarmos por todos os modos.”
Apesar da aderência à tese federalista por parte das altas esferas do Governo e das
Forças Armadas, Salazar manteve firme o seu propósito de manter intocado o Império
português “O Governo tem o espírito aberto a todas as modificações da estrutura
administrativa, menos às que possam atingir a unidade da Nação e o interesse geral”.
Com este propósito, não exitou em enviar o seu exército para Angola dando início à
guerra colonial. Através da revisão constitucional de 1951, foi revogado o Ato Colonial,
precisamente para reforçar a ideia de um só território, uma só Nação e um só Estado.

1.3. A luta armada


A guerra colonial foi cronologicamente um longo conflito militar em que
Portugal se viu envolvido.
1.3.1. Libertação de Angola
Em Angola, o desejo pela independência só se começou a sentir no início da
guerra colonial, em 1961. Durante os anos 50, o desejo dos nativos era a igualdade
perante os restantes portugueses “Queríamos nessa altura, quando começamos a exigir
os nossos direitos, passar da situação de portugueses de segunda classe a portugueses
como os portugueses (…)”. Depressa esse desejo, ao não ser correspondido, tornou-se
numa vontade pela autodeterminação. Esta vontade foi alimentada por movimentos de
libertação como a UPA, o MPLA e a UNITA. A UPA (União das Populações de
Angola) surgiu em 1955 com a liderança de Holden Roberto. Mais tarde veio a
transformar-se na FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola); O MPLA
(Movimento Liberal de Libertação de Angola) formou-se em 1956 liderado por
Agostinho Neto; A UNITA (União para a Independência Total de Angola) surgiu em
1966, liderada por Jonas Savimbi.
Devido à influência dos outros países africanos, que estavam a tornar-se
independentes, e frustrados com a insistência do governo português de manter as
províncias portuguesas, os angolanos não viram outra solução se não utilizar a violência
para obter a sua independência. “Vimos a África a começar a ter estados independentes
e decidimos fazer todos os esforços para conseguirmos também o nosso direito à
autodeterminação e à independência.”
1.3.2. Libertação de Moçambique

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