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IV ENCONTRO IBERO-AMERICANO DE COLETIVOS ESCOLARES E REDES DE PROFESSORES QUE FAZEM INVESTIGAÇÃO NA SUA ESCOLA

USANDO MAPAS CONCEITUAIS NO ESTUDO DA MATEMÁTICA

Angela Maria Menegolla

Introdução

A origem desta proposta foi o resultado do trabalho desenvolvido na Disciplina de


Metodologia do Ensino Superior do Curso de Mestrado de Educação em Ciências e Matemática, na
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, ministrada pela Professora Doutora
Marlene Grillo, que com seu encantador desempenho de mestra, fez-me acreditar na eficácia do
mapa conceitual, sobre temas variados, desenvolvidos tanto de forma intelectual como de forma
colaborativa, resultado da compreensão de que produtos assim gerados, apresentariam um grau
maior de riqueza intelectual e permitiriam melhor exposição e apreensão do conhecimento
produzido.
Tarefa difícil tem sido ensinar matemática. Ás dificuldades intrínseca somam-se aos
problemas causados por uma visão distorcida da matéria, que se arrasta desde os primeiros
momentos de contato. O problema mais relevante é a incessante pergunta dos alunos do tipo:
“Quem inventou isso não tinha nada para fazer na vida, só arranjou problemas para nós
resolvermos?” ou então; “Para que estudar isso?” ou ainda; “ Onde vou utilizar isso em minha
vida, se pretendo ser médico?”. Acredito que pelo fato do estudo da matemática ter se tornando
uma chatice, uma mesmice, decoreba que nossos alunos jovens e adolescentes não se sentem
motivados a aprendê-la e a estudar.
Com isso, me propôs a utilizar os mapas conceituais como ferramenta para organizar,
representar e fixar conceitos matemáticos dos mais abrangentes aos menos interessantes, com o
objetivo de auxiliar o aluno, na construção de um material que reforce o conhecimento já adquirido,
tornando as informações mais acessíveis e visíveis.
Os mapas conceituais, como organizadores do conhecimento, irão representar o
conhecimento do aluno sobre um determinado assunto, tornando visível ao professor,o
entendimento do aluno no conteúdo desenvolvido, dando-lhe oportunidade de revisa-lo, caso não
tenha sido atingido o objetivo proposto pelo professor.Implicando, assim, fazermos uma avaliação
da evolução do conhecimento do aluno, oportunizando a busca de esclarecimento de suas dúvidas e
validando suas certezas.
Desta forma, através da análise desses mapas, pode-se ter uma idéia mais clara, das
transformações ocorridas na cadeia do conhecimento individual ou do grupo, tais como dúvidas que
viraram certezas, certezas que viraram dúvidas, certezas validadas, surgimento de novas dúvidas,
etc. A utilização de convenções apropriadas pode inclusive facilitar a identificação do percurso do
aluno durante a sua investigação, sintetizando através de uma coleção de mapas, seu conhecimento
sobre o tema em diferentes instantes.Este conhecimento consiste de suas certezas provisórias, de
suas dúvidas temporárias e de suas conclusões.
Sendo os mapas conceituais, uma ferramenta para múltiplas atividades, não é por acaso, que
podemos utiliza-lo em toda e qualquer atividade, organizando linguagem não linear para se
expressar com maior flexibilidade e expressividade.
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Nesta tarefa não podemos esquecer do importante papel que o professor exerce ao se utilizar
dos mapas conceituais, e suas funções são: organizar os conteúdos a ser ensinados, partindo de uma
visão geral para chegas nos conteúdos específicos; identificar qual os conhecimentos prévios
(subsunçores), que os alunos devem ter para que possam aprender os conteúdos significativos e
finalmente verificar o que os alunos sabem sobre os conteúdos a ser desenvolvido e, se os
conhecimentos prévios forem insuficientes levar o aluno a adquiri-lo.

O que são mapas conceituais?

Mapas conceituais são apresentados como instrumentos potencialmente úteis no ensino, na


avaliação da aprendizagem e na análise do conteúdo curricular. São representações gráficas,
semelhantes a diagramas, que indicam relações entre conceitos ligados por palavras. Representam
uma estrutura que vai desde os conceitos mais abrangentes até os menos interessantes. Utiliza-se
para auxiliar a ordenação e a seqüência hierárquica dos conteúdos de ensino, de forma a oferecer
estímulos adequados a aprendizagem dos alunos.Uma vez concluído, um mapa conceitual é uma
representação visual gráfica de como o seu autor pensa a cerca de qualquer assunto ou tópico.
As abordagens de mapa conceituais estão embasadas na teoria construtivistas, entendendo
que o individuo constrói seu conhecimento e seus significados a partir da sua predisposição para
realizar esta construção e servem como instrumento para facilitar o aprendizado do conteúdo
sistematizado em conteúdo significativo para o aprendiz.
O mapa conceitual é uma teoria de David Ausubel, que enfatizou a importância do
conhecimento prévio para ser capaz de aprender novos conceitos e o professor Joseph D. Novak,
concluiu que “Aprendizagem significativa envolve a assimilação de novos conceitos, e proposições
em instrutivas cognitivas existentes.”
A aprendizagem significativa não é sinônima de aprendizagem correta. “É a interação entre
o novo conhecimento e o conhecimento prévio que caracteriza a aprendizagem significativa, ao o
fato de que tais significados sejam corretos do ponto de vista científico.”Assim, é verdadeiro
afirmar que os esquemas explicativos que possibilitam as pessoas a fazer previsões e mesmo
explicar diversos fenômenos do seu dia-a-dia como parte de um processo de construção cognitiva
amparado em aprendizagem significativas.
A teoria de Ausubel pode ser considerada como uma Teoria da Subsunção ou da
Subordinação. Em lógica a subsunção consiste em subordinar um conceito a outro onde o
conhecimento toma forma de uma estrutura hierárquica de conceitos em que aprender é incorporar
novo material a uma estrutura cognitiva preexistente.
Já o conhecimento não é predeterminado, nem por estruturas internas do sujeito, nem por
características preexistentes no objeto, mas constitui-se a partir das ações do sujeito sobre o meio,
em que estas ações se internalizam e se organizam, desencadeando um processo evolutivo de
estruturas lógicas sendo a ação força motora do desenvolvimento das estruturas cognitivas.
PIAGET nos explica o processo de desenvolvimento cognitivo, introduzindo os conceitos de
assimilação, acomodação e adaptação mostrando como o desequilíbrio entre experiências e
estruturas mentais provoca o desenvolvimento da estruturas cada vez mais ricas, em que um novo
objeto de conhecimento é assimilado pelo sujeito através das estruturas já constituídas. Quando o
novo produz conflitos internos, esses são superados pela acomodação das estruturas cognitivas, e o
objeto passa a ser entendido de outra forma.
Ausubel recomenda o uso de organizadores prévios que sirvam de âncora para a nova
aprendizagem e levem ao desenvolvimento de conceitos subsunçores que facilitem a aprendizagem
subseqüente. Os organizadores prévios são materiais introdutórios apresentados antes do material a
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ser aprendido em si e sua função é de servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve
saber a fim de que o material possa ser aprendido de forma significativa, isto é, facilitam a
aprendizagem na medida em que funcionam como pontes cognitivas.

Um modelo para mapeamento conceitual

Pela sua natureza os mapas conceituais, integram princípios pedagógicos construtivistas


constituem uma via interessante para a aprendizagem significativa.
Evocando Ausubel, “o fator mais importante que influencia a aprendizagem é o que o aluno
já sabe”.Então, os mapas de conceituais constituem um excelente recurso para explorar e valorizar o
que os alunos já sabem.
A figura 1 mostra um modelo simplificado para fazer um mapa conceitual, tomando como
base o princípio ausubeliano (Ausubel,1980) da diferenciação conceitual progressiva

A Conceitos mais gerais

Conceitos subordinados intencionais


B C

D
F
Conceito específicos, pouco abrangentes, exemplos.

As figuras 2 e 3 mostram mapas conceituais construídos de acordo com o modelo


proposto.A figura 2 é um mapa para triângulos, o conceito geral de triângulo está no topo do mapa,
diferentes tipos de triângulos estão em um nível intermediário e nomes específicos dos diferentes
tipos de triângulo estão no pé do mapa.A figura 3 apresenta um mapa para quadriláteros notáveis, o
conceito geral aparece na parte mais superior do diagrama, diferentes tipos de quadriláteros notáveis
estão situados em porção intermediária e os nomes característicos de cada quadrilátero estão na base
da figura.
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Triângulos

Classificação

Lados Ângulos

Os três Dois lados Três lados Possui um Possui 3 Possui um


lados são são não ângulo reto ângulos ângulo
congruentes congruentes congruentes agudos obtuso

Equilátero Isósceles Escaleno Retângulo Acutângulo Obtusângulo

Fig. 1 - Um mapa conceitual para triângulo

Quadriláteros
notáveis

Lados opostos Com apenas dois lados paralelos, que


paralelos constituem as suas bases. Sua altura é a
distância entre as bases.

Paralelogramo Retângulo Losango Quadrado Trapézio

Trapézio Trapézio Trapézio


Isósceles escaleno retângulo

Lados não Lados não Tem dois


paralelos paralelos ângulos retos
congruentes diferentes

Fig. 2 - Mapa conceitual para quadriláteros notáveis


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Aqui, foi mostrados apenas dois exemplos de mapas conceituais, utilizando conceitos
matemáticos, mas temos inúmeros, que foram utilizados como auxiliares na avaliação e
compreensão dos conteúdos e posteriormente utilizados como técnica de estudo para os alunos,
onde, estes mostram as relações hierárquicas entre os conceitos que são ensinados em aula, sendo
esta uma das grandes vantagens encontrada para nós professores que estamos desenvolvendo este
projeto.

Conclusão

Neste projeto, mapas conceituais foram propostos como recurso para uma técnica de estudo
e posterior avaliação. Principalmente através de exemplos, se procurou ilustrar as possibilidades de
utilização dos mapas conceituais, em particular no ensino de Matemática.
Destacamos que estes mapas conceituais foram desenvolvidos no ensino fundamental, e
segundo Novak e Gowin (1984), o mapeamento conceitual pode ser utilizado, tanto no ensino
fundamental, como médio ou universitário.
Mapas conceituais podem ser pensados como uma ferramenta para negociar conceitos, tal
como dizem Novak e Gowin (1984, p.14), ”porque são representações explicitas, abertas, dos
conceitos e proposições que uma pessoa tem, permitindo que professores e alunos
troquem,”negociem”, significados até que os compartilhem”.
Os recursos esquemáticos dos mapas conceituais, que representam um conjunto de conceitos
inter-relacionados numa estrutura hierárquica proposicional, servem para tornar claro para
professores e alunos as relações entre conceitos de um conteúdo aos quais deve ser dada maior
ênfase. (NOVAK, 1996: 33).
Os mapas conceituais podem ser úteis para a elaboração de material didático em hipermídia,
cuja estruturação estiver baseada na teoria de aprendizagem significativa, uma vez que os recursos
utilizáveis de som e imagem, bem como de texto, podem agir como organizadores prévios que
servirão como subsunçores para o aluno, ou seja, servirão de ligação entre os conceitos existentes e
as novas informações apresentadas (RORATO, 1997). Por organizadores prévios entende-se o
material introdutório apresentados ao aluno, num nível mais alto de abstração e servem como
pontes cognitivas fazendo ligação entre conceitos que o aluno já possui e os novos que ele precisa
saber (MOREIRA, 1993, p.14).
No processo de aprendizagem significativa é essencial a interação entre idéias, que podem
ser expressas simbolicamente, de modo não-arbitrário e substantivo, isto é, não-literal, com aspectos
específicos já presentes na estrutura cognitiva do indivíduo. Assim, o conhecimento que o aluno
possui - conhecimentos prévios - é o fator isolado mais importante que influenciará na
aprendizagem subseqüente (AUSUBEL, 1978: 56). Os conhecimentos prévios, denominados
subsunçores, constituem conceitos bastante integrados à estrutura cognitiva, são elementos centrais
para estruturação e construção do conhecimento, com os quais a nova informação interage,
resultando numa mudança tanto da nova informação quanto do subsunçor ao qual se relaciona. Se
os subsunçores são elementos preponderantes para que haja aprendizagem significativa, da mesma
forma o material oferecido ao aluno deve ser potencialmente significativo, isto é, relacionável aos
conceitos já existentes na sua estrutura cognitiva (Moreira, 1993: 9-10).
AUSUBEL (1977) sustenta que cada disciplina tem seus próprios conceitos e métodos
idiossincráticos de investigação, porém os conceitos podem ser identificados e ensinados ao aluno
de maneira que formem um conjunto de informações estruturadas hierarquicamente.
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Bibliografias

AUSUBEL, David P., NOVAK, Joseph D. and HANESIAN, H. Education psycology: a cognitive
view. 2nd. ed. New York: Holt Rinehart and Winston, 1978. Trad. p/ português de Eva Nick et
al. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.
MOREIRA, Marco A. e Buchweitz, Bernardo Novas estratégias de ensino e aprendizagem: os
mapas conceituais e o Vê epistemológico. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 1993. 14p.
NOVAK, Joseph D. A theory of education. Ithaca, N.Y.: Cornell University Press, 1977. Trad. p/
português de M.A.Moreira Uma teoria de educação. São Paulo, Pioneira, 1993.
NOVAK, Joseph D. and Gowin, D. Bob. Learning how to learn. New York: Cambridge
Universitu Press, 1984.
PIAGET, J. Desenvolvimento da inteligência. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983.

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