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Semana da SUPERANDO NOVOS

INCLUSÃO DESAFIOS
ESCOLAR com Fábio Coelho e
2021
Nathalia Belmonte

DICAS PARA RETORNO ÀS AULAS DE ALUNOS COM TEA

De acordo com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação:

Devemos considerar uma educação humanizada e integral para a fase de reabertura das
escolas e volta às atividades presenciais, que deve ser marcada por processos de acolhida,
segurança, cuidados, escutas, diálogos de todos e para todos os sujeitos da comunidade
escolar, com atendimento psicossocial e de saúde especializados- essa é a prerrogativa
prioritária passando à frente de qualquer processo de avaliação ou recuperação de
conteúdos

O retorno às aulas após a Pandemia do Covid-19 é um desafio para todos. É necessário


respeitar a singularidade e a história de vida de cada indivíduo. Cada aluno que está
chegando à escola tem uma história e uma vivência única, assim como a maneira com que
consegue lidar com tudo o que vivenciou durante a pandemia. Muitos perderam entes
queridos, outros ficaram muito tempo sem ter contato com pessoas e familiares que antes
eram comuns ao seu convívio (isolamento social) e a distância dos amigos e professores
que antes, encontrava cotidianamente.

É preciso conhecer esse aluno e ouvir a família desse educando. Ter uma escuta sensível
(vai além de cumprimento de protocolos), ser empático com essa história de vida, para que
se possa traçar objetivos para o retorno presencial desse aluno.

Se falamos de singularidade em sujeitos neurotípicos, o que dizer de indivíduos com TEA?


Para alguns, será necessária uma readaptação ao ambiente escolar. Para outros, não será
necessário, pois já estavam sentindo falta desse ambiente e da interação oferecida pelo
mesmo.

Respeito ao tempo de cada indivíduo é necessário. Propiciar um ambiente acolhedor,


agradável e inclusivo é de extrema importância. Respeitar o tempo de cada um, utilizando
as intervenções necessárias para que essa pessoa sinta-se bem nele.

Precisamos estar atentos à segurança dessa pessoa e os cuidados de acordo com os


protocolos de segurança devem ser tomados, porém, com cuidado e respeito ao tempo de
cada um, pois sabemos que a maioria das crianças com TEA não se adaptam bem ao uso de
máscaras, podendo ocasionar em frustração, irritabilidade, comportamentos inadequados,
esquiva e ansiedade, muitas vezes, sendo necessária a flexibilização do uso da máscara,
sendo ainda mais importante, manter-se a distância entre uma criança e outra. Tentar aos
poucos, introduzi-la mostrando ao aluno que seus pares também usam, assim como a
professora e mediadora, pode ser uma alternativa. Trazer nas estampas das máscaras
personagens que o aluno goste é uma outra alternativa. Traga para a sala ilustrações de
seus personagens preferidos utilizando a máscara também é importante nesse processo,
já que pessoas com TEA são altamente visuais.

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Obs: De acordo com a OMS, a necessidade de proteção deve ser avaliada pelos pais,
educadores ou médicos da criança. Se a deficiência for relacionada ao trato respiratório, o
uso de máscara é completamente desaconselhado.

Em casos de crianças com TEA, em alguns casos, é importante fazer o trabalho de


dessensibilização.

Outros cuidados que também fazem parte do protocolo de segurança, devem ser
abordados através de desenhos e figuras, como lavar as mãos e a utilização do álcool gel.

No banheiro, deve-se utilizar imagens mostrando o passo-a-passo para se lavar as mãos.

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LAVAR AS MÃOS
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FECHE A TORNEIRA

Mostrar e incentivar o cumprimento com o amigo apenas com o toque de cotovelo.

Ou “soquinho” nas mãos. Tirar foto dos amigos da sala realizando


tais cumprimentos, também é uma boa
opção.

Existe a necessidade de reuniões com responsáveis e terapeutas para que a equipe


pedagógica compreenda em que nível de aprendizado, de habilidades e
dificuldades encontra-se essa criança, possibilitando a realização de uma
avaliação diagnóstica e a criação de estratégias para reduzir eventuais déficits.

O PEI Plano Educacional Individualizado deve ser elaborado pela equipe


pedagógica, partindo sempre do que o educando já sabe, de suas habilidades e
compreendendo-se quais objetivos deverão ser alcançados, levando em
consideração toda a situação em que nos encontramos de pandemia e toda história
de vida do aluno.

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É importante:
Estabelecer uma rotina, tanto em casa, quanto no ambiente escolar, com pistas visuais para
que o indivíduo possa ter previsibilidade do que irá acontecer durante o decorrer de seu dia.
Isso previne a ansiedade e comportamentos inadequados.

Iniciar as atividades respeitando o tempo da criança, tanto atencional quanto de


engajamento em uma atividade, aumentando gradativamente esse tempo.

O que observar e anotar?

• Habilidades
• Desenvolvimento intelectual e funcionamento cognitivo
• Linguagem
• Desenvolvimento afetivo-social ( interação social)
• Os comportamentos e atitudes em situação de aprendizagem
• Raciocínio lógico-matemático,
• Desenvolvimento psicomotor
• Autonomia AVDs ( higiene, alimentação, vestuário)

Utilizar reforçadores que previamente deverão ser discutidos durante a reunião com os
responsáveis para que se assegure um tempo maior de engajamento em uma atividade.

Começar com uma atividade prazerosa para o educando, para que seja utilizada
posteriormente alguma atividade que não seja tão prazerosa, após o cumprimento da
mesma, utilizar o reforçador.

Inserir atividades consistentes, estruturadas e com o máximo de previsibilidade possível,


baseando-se sempre no concreto e na área de interesse pessoal do aluno.

Utilizar sentenças claras e curtas.

Anote sempre como foi o desempenho de seu aluno de acordo com os objetivos propostos
pelas atividades aplicadas, tais anotações, irão lhe auxiliar na elaboração das próximas
atividades e na produção de materiais adaptados, assim como na elaboração do PEI e
planejamentos futuros.

Se for o caso, intercale os dias de aulas ou reduza o tempo de permanência do aluno na


escola, até que gradativamente se retome ao horário normal.

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Qualidade é melhor que quantidade.

Ter sempre em mãos materiais sensoriais para que o aluno possa autorregular-se.

Anote as barreiras que estão impedindo seu aluno de aprender e procure intervenções para
que essas barreiras sejam amenizadas ou extintas para que se assegure um bom
aprendizado.

Propiciar um período de descanso ou permitir que o aluno vá ao banheiro, corra um pouco ou


ande de um lado para outro em sala para que ele também possa se autorregular é uma
alternativa para evitar comportamentos disruptivos.

Estruturar materiais e utilizar várias maneiras de se ensinar.

A agenda leva e traz é um excelente recurso para a comunicação entre escola e família.
Anote o que aconteceu de relevante no dia de seu aluno com TEA na escola. Peça para que
os responsáveis também anotem como foi o dia da criança em casa. Isso facilita o contato,
principalmente em época de pandemia.

Conscientizar a turma em que o aluno com TEA está inserido é muito importante. Conversar
com a turma sobre o TEA, sobre comportamentos que poderão ser comuns no cotidiano
desse aluno e conscientizá-los da importância da cooperação de todos, é crucial para uma
inclusão efetiva.

É importante lembrar que: nenhuma pessoa é igual a outra, principalmente quando se


refere à singularidade do TEA, portanto, adaptações, adequações, currículos, manejos e PEI
são planejados individualmente. As vivências, estímulos, cultura e intervenções, a forma
com que se aprende são individuais. Respeite a individualidade de cada um e planeje de
diferentes formas para cada pessoa, conhecendo sempre a realidade de cada aluno e
compreendendo a forma com que cada um aprende.

É muito importante estimular o indivíduo com TEA em todos os sentidos, pois existe a
neuroplasticidade neural e o nosso cérebro através dos estímulos aprende e quanto mais
precocemente acontecer essa estimulação, melhor. Isso acontece porque, quando
utilizamos pouco algumas conexões neurais, ocorre a poda neural.

A poda neural acontece como se podássemos (retirássemos) uma árvore cujos galhos estão
secos e sem serventia.

O período das principais podas neurais acontece entre 3,5 e 7 anos.

No caso de pessoas com TEA, a dificuldade na aprendizagem é mais acentuada e os efeitos


dessa poda podem ser mais significativos, porém, não é um quadro irreversível!

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Através das intervenções efetivas, podemos desenvolver as habilidades perdidas e até


mesmo conquistar novas, com treino, repetições, estimulações, brincadeiras e muito amor,
pois através da plasticidade neural, o cérebro é capaz de modificar suas conexões
transformando-as em novas habilidades, modificando comportamentos, ou seja,
aprendendo efetivamente.

“Brinque mais, converse com a criança, a brincadeira e o diálogo promovem novas sinapses,
portanto produzem mais conexões neurais”.

REFERÊNCIAS:
COSENZA, R; GUERRA, L.B.; Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Artmed,
2011.

FONSECA, Maria Elisa; Vejo e aprendo- Fundamentos do programa TEACCH- O ensino


Estruturado para pessoas com Autismo. Fontanar,1992

FREITAS, Emanoele; Mediador Escolar- Recriando a arte de ensinar. Wak, 2015.

Relvas, Marta Pires; Que cérebro é esse que chegou a escola? As bases neurocientíficas da
aprendizagem. Wak, 2012.

OMS- Organização Mundial da Saúde

SILVA, Ana Beatriz B.; GAIATO Mayra Bonifacio, REVELES Leandro Thadeu; Mundo Singular.
Objetiva, 2012.

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