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Demonstracoes Financeiras Analise Financeira
Demonstracoes Financeiras Analise Financeira
Ana Ralho
José Biléu Ventura
José Correia
Jorge Casas Novas
António Guerreiro
Departamento de Gestão,
Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora,
Membros do CEFAGE
Resumo:
Neste capítulo são apresentados os conceitos fundamentais, métodos e técnicas necessários à compreensão das
demonstrações financeiras de acordo com o normativo legal em vigor, assim como os instrumentos da análise
financeira e, ainda, as noções básicas da contabilidade de gestão. A abordagem adotada é simplificada dado que é
orientada para profissionais com formações em distintas áreas. O capitulo inicia-se com os objetivos, a identificação
dos utilizadores e o enquadramento normativo da informação produzida pela contabilidade financeira, seguindo-se a
apresentação dos conceitos necessários à análise financeira, técnicas e rácios, e termina com os fundamentos e as
metodologias da contabilidade de gestão. A exposição teórica é acompanhada de exemplos ilustrativos e casos
práticos exemplificativos.
1. Introdução
A análise financeira tem como objetivo principal dar a conhecer a situação económico-
financeira de uma entidade, o que é concretizado através do tratamento e da análise das
Demonstrações Financeiras produzidas pela contabilidade financeira e de outras informações
complementares. A análise é efetuada com base num conjunto de técnicas e de indicadores que
servem para apoiar a tomada da decisão dos stakeholders, internos e externos à entidade.
2. A Contabilidade financeira
2.1. Objetivos e utilizadores
Estas são apenas algumas, entre muitas outras possíveis, das interrogações que se
colocam a qualquer empreendedor ou a qualquer pessoa que esteja interessada em investir
algum capital. Mas, para determinados profissionais, bancários, trabalhadores do fisco, gestores
de fundos de investimento, contabilistas certificados, gestores, entre outros, são perguntas que
se colocam no seu quotidiano.
1
Doravante utiliza-se preferencialmente o termo entidade em vez de empresa, dado que a Contabilidade Financeira é comum a
qualquer organização, independentemente da sua natureza e forma jurídica.
2
Aviso nº 8254/2015, publicado no Diário da República (2 Série) nº 146, de 29 de julho de 2015.
3
Ainda que através de níveis de normalização distintos e com a criação de sistemas setoriais, como, por exemplo, para a
Administração Pública: o SNC-AP.
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Aprovado pelo Decreto-Lei n.° 158/2009 e alterado pelo Decreto-Lei nº 98/2015, de 2 de junho.
entidades5 , o seu ciclo de vida deve ser segmentado em exercícios económicos anuais
coincidentes, em Portugal, com o ano civil, para que no final de cada um a Entidade prepare a
informação que permita avaliar o seu desempenho económico, a sua posição financeira e as
alterações que se verificaram na posição financeira ao longo do último período de relato.
O exercício económico corresponde assim ao período de relato, o que significa que,
regra geral, pelo menos anualmente as entidades têm que prestar a informação que resulta de um
conjunto mais complexo de operações contabilísticas que culminam com a elaboração e
divulgação das Demonstrações Financeiras.
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Para as entidades cotadas em bolsa há necessidade de apresentar contas em períodos intercalares.
elementos patrimoniais ativos e passivos, e cuja soma algébrica (ativos menos passivos) nos
conduzirá ao valor do património, que é a quantia de que é necessário dispor para adquirir o
património de uma entidade, abstraindo outras valorizações de natureza subjetiva.
Esquematizamos estes conceitos na Figura 8.1.
Passivo
Activo
Bens & Valor do Obrigações
Direitos Património (-)
(+) (€)
Esta relação não é estática; pelo contrário, está continuamente a sofrer alterações resultantes
das operações que as empresas realizam, diariamente, que geram fluxos que vão conduzir a
alterações na composição e/ou no valor do Capital Próprio.
2.4.2. Fluxos
As operações que uma Entidade realiza com o exterior, assim como os processos de
transformação interna, dão origem, numa perspetiva contabilística, a fluxos. É possível
distinguir duas naturezas de fluxos:
No que respeita ao seu impacto na contabilidade é possível classificar os fluxos sob três
ópticas ou perspetivas distintas:
Saliente-se que o Resultado referido anteriormente, quer no texto, quer no caso prático é
o Resultado Antes de Impostos (RAI). Sobre este poderá incidir o Imposto sobre o Rendimento
(IRC)6 o qual deve ser deduzido ao RAI para se obter o Resultado Líquido7
Cada conta tem um código numérico e um título e na mesma conta só devem ser
registados elementos que correspondam à definição dada pelo seu nome; por exemplo, na conta
Depósitos à ordem só devem ser registadas entradas e saídas de meios financeiros nas contas
bancárias, à ordem, da empresa.
O saldo da conta é a diferença entre o total do valor a débito e o total do valor a crédito.
O saldo corresponde ao valor da conta; por exemplo, se o saldo da conta Depósitos à ordem for
de 2.000 , isso significa que, contabilisticamente, o valor existente nas contas bancárias à
ordem, da entidade, é de dois mil euros. Se o saldo da conta de Fornecedores for de 5.000
significa que a empresa deve este valor aos seus fornecedores.
A Figura 8.2 representa graficamente a conta.
No SNC as contas estão agrupadas por classes. Existem 8 classes de contas, conforme
apresentadas na Tabela 8.1. Sem prejuízo de uma consulta às Notas de Enquadramento
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Incluindo em muitos casos a derrama (imposto municipal).
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No caso prático considerámos a não existência de IRC; se houvesse tributação o valor a considerar seria o RL, e não o RAI.
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constantes do Código de Contas, para obter informação mais completa, inclui-se, na tabela, uma
breve apresentação do conteúdo de cada classe.
No geral, as contas das classes 1, 3 e 4 são contas do Ativo, a classe 2 inclui contas
cujos saldos representam dívidas a receber (direitos), outras que representam dividas a pagar
(obrigações), provisões (obrigações de montante e vencimento incertos), que são contas do
Passivo, e as contas de acréscimos e diferimentos, que analisaremos noutro ponto mais adiante
deste capítulo. Os saldos das contas da classe 5 e da conta que representa o Resultado líquido do
período são contas de Capital Próprio. Os saldos das contas da Classe 7 representam os
Rendimentos e os da Classe 6 traduzem os Gastos, obtidos ou incorridos no período, e servem
para o apuramento do Resultado, representado na Classe 8.
As regras de movimentação das contas são sintetizadas na Tabela 8.2. O saldo inicial
corresponde ao valor da conta no início de cada período e a coluna Saldos representa o saldo
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habitual nas contas (devedor, quando o total dos débitos é superior ao total dos créditos, ou
credor quando acontece o inverso).
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Em alguns tipos de entidades utilizam-se outras expressões com significado similar, como, por exemplo, Fundos Patrimoniais nas
entidades do setor não lucrativo.
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• POR NATUREZAS - que visa evidenciar a natureza dos rendimentos e dos gastos da
entidade que contribuíram, e em que medida, para a formação do resultado. Este modelo é
obrigatório para todas as entidades.
• POR FUNÇÕES - que apresenta a contribuição de cada função da entidade para a
formação do resultado. Este modelo é facultativo.
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Documentos
Classificação de acordo
com o código de contas
Lançamento no sistema
informático
Balancetes de
verificação mensais
DR, Balanço,
Demonstração alterações
Capital próprio.
Demonstração de Fluxos
de Caixa e Anexo
O relato financeiro pode variar de acordo com a dimensão e o setor a que a entidade
pertence e, consequentemente, com o normativo contabilístico aplicável. Há, porém, três
elementos comuns, qualquer que seja o normativo aplicável, em termos de obrigatoriedade de
apresentação, ainda que com estruturas algo distintas: o Balanço, a Demonstração dos
Resultados (por Naturezas) e o Anexo. A estes juntam-se, para algumas entidades, a
Demonstração das Alterações no Capital Próprio, a Demonstração dos Fluxos de Caixa e, ainda
que facultativa, a Demonstração dos Resultados por Funções. Os modelos oficiais destas
demonstrações financeiras estão previstos nos normativos contabilísticos aplicáveis, pelo que
aqui se reproduzirão apenas alguns exemplos, abreviados, das mesmas.
Balancete
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Neste exemplo podemos retirar algumas ilações como sejam a inexistência de meios de
pagamento em Caixa e a existência de 100 euros em depósitos bancários.
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Balanço
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Do inglês: Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization - EBITDA
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N-1 N
Capital próprio e passivo
Capital próprio
Capital realizado 750.000 750.000
Outros instrumentos de capital próprio 1.046.974 1.043.163
Reservas 384.550 384.550
Resultados transitados -602.046 -666.017
Resultado líquido do período 58.674 -63.971
Total do capital próprio 1.515.507 1.570.370
Passivo
Passivo não corrente
Financiamentos obtidos 723.674 723.674
Passivos por impostos diferidos 4.143 5.025
Total do passivo não corrente 727.817 728.699
Passivo corrente
Fornecedores 314.935 210.999
Estado e outros entes públicos 21.070 22.775
Acionistas/sócios 26.881 32.875
Financiamentos obtidos 115.000 39.109
Outras contas a pagar 114.978 182.550
Total do passivo corrente 592.864 488.308
Total do passivo 1.320.681 1.217.007
Total do capital próprio e do passivo 2.836.188 2.787.377
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O valor de cada uma das rubricas do Balanço é obtido a partir do saldo da respetiva conta e,
em alguns casos, estes valores são líquidos de imparidades, depreciações e amortizações.
Com vista a cumprir com um dos pressupostos subjacentes à elaboração das Demonstrações
Financeiras definido na estrutura conceptual, o Regime de Acréscimo - «os efeitos das
transações e de outros acontecimentos são reconhecidos quando eles ocorram (e não quando
caixa, ou equivalentes de caixa sejam recebidos ou pagos), sendo registados
contabilisticamente e relatados nas demonstrações financeiras dos períodos com os quais se
relacionam» - estão previstas, no Código de Contas, as contas de ACRÉSCIMOS E
DIFERIMENTOS, onde se registam determinados factos patrimoniais que ocorrem num
período e que são suscetíveis de ser relatados nas Demonstrações Financeiras do período a que
respeitam:
ACRÉSCIMOS - onde se registam as contrapartidas dos rendimentos e gastos a
reconhecer no exercício, ainda que não exista documentação vinculativa, e cujo
recebimento ou pagamento só ocorra no período ou períodos seguintes. Estas contas
representam valores a receber, ativos, e valores a pagar, passivos.
DIFERIMENTOS - compreendem os gastos e os rendimentos que devem ser
reconhecidos em períodos posteriores apesar do documento vinculativo ser emitido no
período em que se efetua o relato financeiro e, consequentemente, o respetivo
pagamento/recebimento ser devido no exercício corrente. Também neste caso ocorre o
registo de valores que representam direitos, ativos, e obrigações, passivos.
No Balanço estas contas constam do Ativo ou do Passivo, correntes, consoante o seu saldo
seja devedor ou credor, respetivamente. Em grande parte dos casos, os saldos destas contas são
regularizados durante o período económico seguinte, e só voltam a ser movimentadas aquando
do encerramento do exercício, no âmbito das operações de regularização necessárias ao
apuramento do Resultado líquido do período.
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3. Análise financeira
Para realizar um diagnóstico financeiro, e emitir um parecer sobre o desempenho, além dos
documentos internos da empresa, devem analisar-se o setor, dados macroeconómicos e outras
informações que possam ser importantes para a contextualização da empresa. A informação da
Central de Balanços do Banco de Portugal (https://www.bportugal.pt/page/central-debalancos),
onde é possível consultar dados agregados por setor, região ou dimensão, é crucial para uma
análise comparativa da empresa em análise. Também os indicadores médios do setor permitem
avaliar e comparar o desempenho da empresa em relação a empresas semelhantes. A análise
deve ser efetuada numa base temporal de 3 a 5 anos e, apesar de incidir sobre informação do
passado, permite perceber como está o presente da empresa e planear o seu futuro.
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A Análise do Balanço permite identificar os saldos das contas que têm maior peso e assim
perceber quais são as que têm maior impacto na estrutura do balanço do período, análise
vertical. Uma análise temporal de Balanços sucessivos permite conhecer a evolução dos saldos
das contas e, eventualmente, analisar situações críticas para a empresa, análise horizontal.
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Existem mais rubricas a considerar nas necessidades cíclicas e recursos cíclicos, mas o detalhe será apresentado na Tabela do
Balanço Funcional.
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Não confundir este conceito, com outro vulgarmente conhecido para fundo de maneio, que se refere a dinheiro disponível para
fazer face às despesas correntes.
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Ver-se-á nos rácios de liquidez, que existem setores da economia em que é normal o passivo corrente financiar o ativo no
corrente (por exemplo, os hipermercados).
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O valor apurado da Tesouraria Líquida, nesta segunda parte do Balanço Funcional, tem
que ser igual ao valor apurado na primeira parte.
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Pode constatar-se, na Figura 8.10, que apesar do volume de negócios (vendas e serviços
prestados) ter aumentado 6%, o aumento dos gastos foi superior proporcionalmente, o que levou
a uma diminuição do Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos. Na
Figura 8.10, onde é apresentado o peso de cada um dos gastos no volume de negócios, é fácil
perceber que no segundo ano os gastos têm maior peso no volume de negócios, o que origina
um Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos menor. Ainda com
base na Demonstração dos Resultados poderão ser estimados outros indicadores que serão
tratados num outro ponto posterior deste capítulo.
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Apesar da apresentação desta demonstração não ser obrigatória para todas as empresas,
a construção da Demonstração de Fluxos de Caixa é essencial para a compreensão da origem e
das aplicações dos meios financeiros da empresa, e, deste modo, para o apoio à tomada de
decisão.
O método dos rácios é uma das principais técnicas utilizadas na análise financeira, uma
vez que permite transformar a informação retirada das Demonstrações Financeiras num
conjunto de indicadores económico-financeiros.
Uma empresa poderá ter rácios inferiores aos do setor por razões estratégicas, por
exemplo, se pretender entrar num mercado novo, ou conquistar quota de mercado, poderá
assumir margens inferiores e assim alcançar os seus objetivos.
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Endividamento =
ó
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Rácios de liquidez
Permitem avaliar a capacidade da empresa para cumprir as suas obrigações correntes com
base nos ativos correntes. A liquidez refere-se à capacidade de transformar os ativos em meios
líquidos, sendo o dinheiro o ativo com maior liquidez.
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Rácios de financiamento
Permitem completar a análise efetuada com base nos rácios de estrutura financeira através
de um estudo mais profundo dos capitais alheios, analisando-se o custo do endividamento e o
seu impacto nos resultados da empresa.
Rácios de rendibilidade
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EBITDA = Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, ou seja, é o Resultado antes de Juros, Impostos,
Depreciações e Amortizações.
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Rácios de atividade
Rácios de risco
31
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O mais correto seria o cálculo da margem bruta (volume de negócios - gastos variáveis). Não havendo informação sobre quais
são os gastos variáveis e os fixos, assume-se que além do Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas (CMVMC),
todos os Fornecimentos e Serviços Externos (FSE) são variáveis.
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Enquadramento
A empresa em análise possui uma vinha e produz vinho, estando classificada no CAE
01210 (Viticultura) e, considerada pela sua dimensão, é uma Pequena Empresa15. Nos dois anos
de análise, o PIB cresceu 0,9% e 1,5% respetivamente, o que demonstra que foram anos de
crescimento económico.
Nos anos em análise, a empresa possuía 29 e 33 trabalhadores em N - 1 e N.
1500000
1000000
500000
58674
0
Rendimentos Operacionais Gastos Operacionais Resultado Liquido
-63970
-500000
Análise do Balanço
15
Possui menos de 50 trabalhadores e o volume de negócios ou o balanço não excedem os 10 milhões de euros e não está
classificada como Microempresa.
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N-1 N
Tesouraria Ativa (TA)
Accionistas/sócios
Outras contas a receber 119.422 116.601
Estado e Outros Entes Públicos (IRC, SS, outros)
Diferimentos
Activos financeiros detidos para negociação
Outros activos financeiros
Activos não-correntes detidos para venda
Outros activos correntes
Caixa e depósitos bancários 15.414 88.678
Total da Tesouraria ativa 134.836 205.279
Tesouraria Passiva (TP)
Accionistas/sócios 26.881 32.875
Financiamentos obtidos 115.000 39.109
Outras contas a pagar 114.978 182.550
Estado e Outros Entes Públicos (IRC, SS, outros)
Diferimentos
Passivos financeiros detidos para negociação
Outros passivos financeiros
Passivos não-correntes detidos para venda
Outros passivos correntes
Total da Tesouraria Passiva 256.859 254.534
Tesouraria líquida (TL = TA - TP) -122.023 -49.255
Numa primeira análise pode constatar-se que o Fundo de Maneio diminuiu, sobretudo
porque o aumento do investimento não foi acompanhado, em proporções semelhantes, por
capitais permanentes. Apesar do Fundo de Maneio ser muito elevado, a empresa apresenta
necessidades cíclicas superiores e os recursos cíclicos são muito reduzidos. Esta necessidade de
financiamento do ciclo de exploração deve-se tipicamente às caraterísticas do setor que, em
regra, apresenta valores de inventários e ativos biológicos correntes, muito elevados. Um aspeto
menos positivo é o facto de o valor do saldo de clientes ser muito elevado. Contudo, saliente-se
que este valor diminuiu significativamente de N - 1 para N.
Para conseguir uma Tesouraria Líquida positiva, a empresa poderia tentar converter os
financiamentos bancários correntes em não correntes e negociar com alguns credores de forma a
converter algumas contas a pagar correntes em não correntes, ou seja, tentar aumentar os prazos
para a liquidação das suas obrigações.
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Apresentam-se vários rácios, considerando que a taxa de IVA praticada nas vendas e nas
compras e, em média, nos FSE foi de 13%, e que o valor das compras de N-1 foi de
613.912,50 e em N de 691.509,74 .
Tabela 8.6: Rácios
N-1 N
Rácios de Estrutura Financeira
Autonomia Financeira (CP / (Passivo +CP)) 0.53 0.56
Endividamento (Passivo / (Passivo + CP)) 0.47 0.44
Estrutura do Endividamento (PC / Passivo) 0.45 0.40
Solvabilidade (CP / Passivo) 1.15 1.29
Rácios de Liquidez
Liquidez Geral (AC / PC) 3.41 3.84
Liquidez Reduzida ((AC - Inventários - At. Biológicos) / PC) 1.52 1.28
Liquidez Imediata (Caixa e DB / PC) 0.03 0.18
Rácios de Financiamento
Peso do Passivo Remunerado (Financ. Obtido / Passivo) 0.64 0.63
Custo do Financiamento Obtido (Juros suport. / Financ. obt.) 0.006 0.004
Juros suportados /EBITDA 0.08 0.02
Rácios de Rentabilidade
Rentabilidade do Capital Próprio (RL / (CP)) -0.04 0.04
Rendibilidade do Activo (EBITDA / Ativo) 0.02 0.08
Rentabilidade das Vendas (RO / (V + P5)) -0.03 0.04
Rácios de Atividade
Prazo Médio de Recebimento (dias) - PMR 126 68
Prazo Médio de Pagamento (dias) - PMP 92 62
Prazo Médio de Inventário (dias) - PMI 666 808
Rácios de Risco
Grau de Alavanca Operacional (GAO) -12.30 11.95
Grau de Alavanca Financeiro (GAF) 0.92 1.04
Grau de Combiando de Alavanca (GCA) -11 12
Da análise dos rácios, constata-se que a empresa, de um ano para o outro, diminuiu a
sua dependência dos capitais alheios, reforçando os capitais próprios (aumento da autonomia
financeira e diminuição do endividamento), e que ocorreu uma diminuição do peso do passivo
corrente. No que concerne à liquidez, a empresa apresenta valores elevados, não apresentando,
assim, sinais de falta de liquidez. O peso dos financiamentos obtidos no total do passivo é
elevado em ambos os anos, mas, em contrapartida, o custo é muito reduzido (0,4% em N). Os
rácios de rendibilidade demonstram o efeito do resultado líquido negativo em N-1, passando a
positivo em N. A empresa está a receber e a pagar mais cedo, o que reforça a existência de
liquidez. No entanto, o período de permanência dos inventários na empresa é muito elevado
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(superior a 2 anos). Pelas caraterísticas do setor (vinho), poderá ser normal; no entanto, dever-
se-ia procurar junto dos gestores uma explicação para o aumento deste rácio.
Conclusões
O ano N-1 não foi favorável à empresa. Foi um ano em que suportou um custo de produto
muito elevado e não conseguiu obter lucro. Apesar de ter uma autonomia financeira e rácios de
liquidez positivos, ao nível da rendibilidade a empresa apresentou rácios negativos.
Pela análise elaborada, pode constatar-se que a empresa apresenta solvabilidade, liquidez, é
rentável, está em equilíbrio financeiro e está a criar valor.
Em suma, a empresa tem um bom desempenho económico e uma sólida situação financeira.
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