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MLR 2017 Obr. Pecuniárias
MLR 2017 Obr. Pecuniárias
mos do art. 714.º, CPC. Trata—se de regime diverso do anterior, mais económico,
mas não mais protetor do credor.
ANA PRATA
S42.º.
Mas a remissão, quando a escolha caiba ao credor e ele a não faça “dentro
2.
do prazo estabelecido ou daquele que para o efeito lhe for fixado pelo devedor”,
implica que a faculdade se devolva ao devedor.
3. E, seja o credor ou terceiro a escolher, a escolha eficaz é irrevogável.
ANA PRATA
Bibliografia geral: A. VAZ SERRA, “Obrigações pecuniárias” in BM] n." 52, 1956, pp. 5
a 337; MANUEL DE ANDRADE, “Obrigações pecuniárias” in RL] n.º 77, 1944, pp. 17 a 20,
33 a 36, 49 a 52, 65 a 67, 81 a 83, 225 a 228, 241 a 244, 353 a 357; I. BAPTISTA MACHADO,
“Nominalismo e indexação” in RDES n.º 24, 1977, pp. 49 a 77; FRANCISCO MENDES Con-
REIA, Maeda bancária e cumprimento. O cumprimento das obrigaçõespecuníárias através de servi-
ços depagamenta, Coimbra, Almedina, 2017 (no prelo).
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que só vale como cumprimento o pagamento que tenha por objeto “moeda que
tenha curso legal” em Portugal à data em que é feito. Tem curso legal a moeda
a que o Estado reconheça função liberatória genérica, ou seja, cuja aceitação
enquanto meio de pagamento de obrigações pecuniárias seja obrigatória para
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critério. Está em causa a correção do valor de tais prestações em função das flu-
tuações de valor, da inHação ou deHação que se faz sentir entre o momento
i.e.
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SUBSECÇÃO Il
- Obrigações de moeda específica
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expressão prática.
ARTIGO 553.º- Obrigações de moeda específica sem quantitativo expresso em moeda corrente
Quando for estipulado o pagamento em certa espécie monetária,
o pagamento deve ser feito na espécie esu‘pulada, existindo ela legal-
mente, embora tenha variado de valor após a data em que a obrigação foi
constituída.
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Este tipo já não tem subjacente, de forma tão evidente, uma preocupação
com o risco de desvalorização monetária, antes podendo ser um meio de fazer
face, p. ex., a uma preocupação do devedor de exonerar—se realizando o paga-
ARTIGG 554." - obrigações de moeda específica ou de certo metal com quantitativo expressd
em moeda corrente
Quando o quantitativo da obrigação é expresso em dinheiro corrente,
mas se estipula que o cumprimento será efetuado em certa espécie mone-
tária ou em moedas de certo metal, presume—se que as partes querem vin-
cular-se a0 valor corrente que a moeda ou as moedas do metal escolhido
tinham à data da estipulação.
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(n.º 1) ou, não sendo a moeda cotada em bolsa, o seu valor corrente, ou, na sua
falta, o valor corrente do respetivo metal (n.º 2, l.“ parte). O critério não muda,
ainda que o valor atinja níveis anormais e imprevisíveis para as partes (n.º 2, 2.‘
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'
ART. 557."
-se que a obrigação deve ser cumprida em moeda com curso legal ao tempo do
cumprimento, defim'ndo-se como critério de conversão supletivo a relação de
valores entre ambasmoedas na data de inU'odução da nova moeda. Ou seja,
as
em ambos se opera uma atualização da quanda em dívida com efeitos à data de
innodução da nova moeda, passando a partir daí a vigorar o princípio nomina-
com a consequente cristalização da quantia em dívida, o que, pelo menos
lista,
tivo, com moedas de dois ou mais metais (p. ex, ouro e/ou prata). O n.º 1 trata a
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SUBSECÇÃO III
- Obrigações em moeda estrangeira
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Bibliografia: A. VAZ SERRA, “Obrigação de juros” in BM] n.º 55, 1956, pp. 159 a 170;
]. SIMõBs PATRÍCIO,
“As novas taxas de juro no Código Civil" in BM] n.“ 305, 1981,
pp. 13 a 77; F. Comm DAs NEVES, Manual dasjuros. Estudojurídíco de utilidade prática,
Redação original:
“1. São de cinco por cento ao ano os juros legais e os estipulados sem determina-
ção de taxa ou quantitativo.
2. A esn'pulação de juros a taxa superior deve ser feita por escrito, sob pena de
serem apenas devidos na medida dos juros legais.”
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A regra que impõe a forma escrita à âxação de taxas de juro superiores a essa,
constante do n.º 2, aplica—se, quer aos casos em que correriam juros legais, quer
àqueles em que não correriam. Em ambos os casos, a inobservância da forma
escrita gera nulidade (art. 220.º), reduzindo-se a cláusula de Exação dos juros
à sua coincidência com a taxa supletiva referida no n.º 1 (tendo aplicação o dis-
posto no art. 292.“).
1145?). Estes são os juros remuneratórios. Diferentes destes são os juros mora-
tórios, que, subsidiariamente, constituem a indemnização por mora do devedor
no cumprimento de uma obrigação pecuniária (art. Há no processo de
806.º).
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- volume
'
Por sua vez, os juros moratórios aplicáveis aos créditos de natureza comercial
que variam todos os semestres, segundo o disposto no art.
estão sujeitos a taxas
102.° do CCom e as als. a) e b) do art. 1.º da Portaria n.° 277/2013, de 26 de agosto,
e que estão indexadas à taxa de juro aplicada pelo Banco Central Europeu à sua
mais recente operação principal de refinanciamento efetuada antes do 1.° día de
janeiro ou de julho, de 7% (§ 3) ou de 8% (§ 5), consoante os casos.
acrescidas
Nos últimos tempos, a base tem—se mantido nos zero pontos percentuais, cor-
respondendo as taxas resultantes da aplicação destes critérios, respetivamente,
a 7% e a 8%.
4. A indexação das taxas de juro é também um método muito frequente de
estipulação convencional de taxas variáveis. Um dos índices de referência mais
populares no mercado monetário da zona euro é o Euribor (acrónimo de Eum-
pean Interbank OfleredRate). Indica a taxa de juros média dos empréstimos inter-
bancários sem garantia da zona euro, considerando as taxas dos 32 principais
bancos europeus, com exclusão dos valores extremos (os 15% mais altos e os 15%
mais baixos). Em'stem diferentes taxas Euribor, consoante o prazo do emprés-
timo, que pode ir de uma semana a um ano. Quanto maior o prazo, maior a taxa.
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Desde 2014 que as taxas Euribor se têm mantido em valores negativos, sus-
citando várias dúvidas e dificuldades de aplicação, em tais circunstâncias, das
disposições legais ou convencionais que remetem para as taxas Euribor.
5. Os juros prescrevem no prazo de cinco anos (al. d) do art. 310.º).
das regras gerais sobre negócios usurários constantes dos arts. 282.º a 284?.
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mínimo de um ano.
3. Não são aplicáveis as restrições dos números anteriores, se forem con-
a 258.º do CPC.
Subjacente a este regime também está o princípio da proibição da usura que
enforma o regime para que remetia o art. 559.°-A.
2. Estas restrições não se aplicam quando, excecionalmente, existam “regras
ou usos particulares do comércio” que as afastem (n.º 3). Estão em causa, fun-
damentalmente, os usos bancários. Em regra, os usos não constituem fonte de
direito, apenas sendo relevantes quando haja disposição legal que os torne juri-
dicamente atendíveis (art. 3.º). É o caso deste art. 560.°, n.° 3.
3. Estas restrições também não se aplicam quando estejam em causa dife-
rentes modalidades de juros. Se, num contrato de mútuo oneroso, o mutuário se
constituir em mora no cumprimento da sua obrigação de juros remuneratórios
(art. 1145.°, n.° 1), naturalmente que se constitui na sua esfera uma obrigação
de juros moratórios (art. 806.°). Literalmente, está em causa uma cobrança de
juros sobre juros. No entanto, há que pensar que os juros remuneratórios são
uma contraprestação como outra qualquer. Se numa compra e venda o atraso
no pagamento do preço vence juros, porque não o atraso na remuneração do
empréstimo do capital num contrato de mútuo? A ratio da proibição está na con-
denação da usura e é a essa luz que o preceito deve ser interpretado, não devendo
servir de apoio à conclusão de que não seriam indemnizáveis os danos decorren-
tes de um atraso no cumprimento de uma obrigação de juros remuneratórios.
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nos termos gerais (art. 350.“, n.° 2), limitando-se a inverter o ónus da prova do
cumprimento, que caberia ao devedor (art. 3423, n.º 2). O preceito é explícito
quanto à acessoriedade da obrigação de juros, referindo-se aos juros ou “outras
prestações acessórias” (art. 786.º, n.º 1).
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ção de uma obrigação de juros: estes vão nascendo, ao correr do tempo, salvo se
as partes estipularem um regime distinto para a sua génese.
Dependendo o nascimento dos juros da passagem do tempo, e pressupondo
estes que durante esse tempo existe um capital em uso por determinado sujeito,
o devedor dos juros, e que deverá transitar para a esfera de outro sujeito, o cre-
dor dos juros, se por algum motivo se antecipa o reembolso do capital, deixam
de ser devidos juros relativamente ao tempo ainda não decorrido, nâo se lhes
aplicando o disposto no art. 781.° (neste sentido, v. o ac. ST] 7/2009, de 5-5-09).
510.º), por ato lícito (p. ex., 339.°, n.” 2), de responsabilidade obrigacional subjetiva
(arts. 798.º, 799.º, 801.º a 806.º e 808.º), objetiva (arts. 800.º e 807.º), de responsabi-
ANA PRATA
ANA PRATA
l. Apesar de a letra da lei ser muito pouco clara, é posição quase pacifica na
doutrina (sem a acolher completamente, p. ex., Luís M. Teles Menezes Leitão,
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Çodgo M Anotado—volume (Ana Pruthdd 722
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