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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ – FEPI

Curso de Psicologia

Stephano Silva Maia

Mecanismos neuróticos para Gestalt Terapia

ITAJUBÁ
2020
Stephano Silva Maia

Mecanismos neuróticos para Gestalt Terapia

Trabalho apresentado à disciplina Teorias e


Técnicas Humanistas, do Centro
Universitário de Itajubá – FEPI como
requisito parcial para obtenção de nota
bimestral.

Profa. Taciane Marques Castelo Branco


Porto

ITAJUBÁ
2020
No presente trabalho buscou-se clarificar o conceito de neurose e
descrever os mecanismos neuróticos subjacentes a ela. Para tal faz-se
necessário compreendermos, primeiramente, como essa abordagem enxerga o
homem. A Gestalt terapia possui como base de sua teoria e prática os
pressupostos filosóficos da fenomenologia, existencialismo e humanismo.
Sendo assim, compreende o ser humano como centro, como referência para si
mesmo.
Para Gestalt-terapia não há uma definição dada do conceito de ser
humano, o ser humano é indeterminável, um ser em constante relação que
possui consciência de si e do outro. Esse ser humano nunca permanece o
mesmo, estando em constante movimento, esse ser humano não pode ser algo
fixo e acabado, pois está em movimento a todo instante. O ser humano é
compreendido como uma totalidade, não há separação entre mente e corpo
como entidade distintas, como propõe o modelo cartesiano. Ele é um ser que
não pode existir de forma isolada, separada do mundo, ele está em constante
relação, em constante afetação, é afetado e afeta o mundo ao seu redor.
Ao adotar uma postura fenomenológica-existencial, o conceito de saúde
e doença passa a ser compreendido como partes distintas de um mesmo
processo. Não existe uma estrutura psicopatológica, pois a fenomenologia não
adota uma categoria previamente estabelecida para o ser humano, o ser
humano é seu próprio referencial. Saúde e doença estão relacionadas a
flexibilidade e rigidez, respectivamente.
Perls dá a este processo de saúde e doença o nome de homeostase,
esse processo abrange todas as necessidades do ser humano, sejam de quais
ordens forem (social, fisiológica etc.). Através deste processo o ser humano
mantém o equilíbrio e se desenvolve. O desequilíbrio surge da insatisfação de
uma necessidade, assim, gerando uma situação inacabada. O ajustamento
saudável ao desequilíbrio compreende a criatividade diante das circunstâncias
como uma maneira de preservar o desenvolvimento e sobreviver. Apesar disso,
o ajustamento pode tornar-se fixo e cristalizado, assumindo formas alienadas
das condições atuais. Assim não são satisfeitas as necessidades e o sujeito
permanece em um estado de desequilíbrio. Este estado de desequilíbrio
suspende a evolução do sujeito e gera um modo de viver repetitivo e inflexível
e a isso é dado o nome de experiência neurótica.
Dado o exposto acima, podemos nos aprofundar nos mecanismos
neuróticos que afetam negativamente o processo de homeostase.
Os mecanismos neuróticos, também chamados de bloqueios de
contato, são nove ao todo, sendo eles Confluência, Introjeção, Projeção,
Retroflexão, Deflexão, Proflexão, Egotismo, Fixação e Dessensibilização. Além
destes mecanismos, também existem para Carl Rogers, outros dois modos de
agir que funcionam de maneira semelhante, a negação e a distorção. A seguir,
uma breve explicação sobre cada um dos mecanismos:

 Confluência: no decorrer do contato com o outro a necessidade do


indivíduo é satisfeita, porém, não há uma separação no contato, o
indivíduo torna-se incapaz de reconhecer a si mesmo, passando do “eu”
para o “nós”.
 Introjeção: Quando o indivíduo aceita regras, normas e valores de
outros sem uma assimilação, sem questionamentos. Algo externo que é
interiorizado pelo sujeito sem nenhuma forma de questionamento.
 Projeção: O sujeito atribui aos outros e ao mundo características
próprias.
 Retroflexão: Quando o indivíduo volta para si mesmo sua energia que
deveria ser colocada no meio, como por exemplo, ter algo para falar e
não falar. O sujeito acaba sendo como os outros gostariam que ele
fosse.
 Deflexão: Quando a forma de contato é superficial ou evitada, o sujeito
busca uma fuga do contato consigo mesmo e com o outro.
 Proflexão: O indivíduo, nesse caso, geralmente faz para o outro aquilo
que gostaria que fizessem para ele e se frustra quando o outro não
retribui agindo da mesma forma. Há um desejo de que o outro seja
como eu.
 Egotismo: Quando o sujeito busca somente a satisfação de suas
necessidades sem enxergar o outro. “eu existo, eles não”.
 Fixação: O indivíduo se cristaliza numa maneira de ser, apegando-se a
ideias, pessoas com o temor de correr riscos, se fixando nas mesmas
situações e tornando-se incapaz de explorar novas possibilidades.
 Dessensibilização: Trata-se de uma ausência constante da definição
dos sentimentos, a pessoa deixa de perceber os acontecimentos ao seu
redor e os sinais do próprio corpo.
 Distorção: O sujeito interpreta erroneamente suas experiências para
que elas se adequem ao seu autoconceito.
 Negação: Nega a experiência como estando na consciência.

É importante ressaltar que os bloqueios de contato são utilizados por


todos nós e podem ser utilizados de forma saudável.

Referências

A clínica gestáltica sob a ótica do psicoterapeuta iniciante. Disponível


em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rnufen/v11n1/a03.pdf>

A neurose a luz da Gestalt Terapia: uma reflexão sobre o ajustamento


(dis) funcional do homem. Disponível em:
<http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/1951/1547>

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