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Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho

da Construção Civil

Riscos e medidas preventivas nos trabalhos de


demolição

Introdução
Plano de demolição
A execução da demolição
Riscos e meios de prevenção nos trabalhos de demolição

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Índice

Riscos e medidas preventivas nos trabalhos de demolição

1. Introdução............................................................................................................................. 3
2. Plano de demolição.............................................................................................................. 4
3. A execução da demolição..................................................................................................... 6
4. Riscos e meios de prevenção nos trabalhos de demolição................................................20

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Capítulo 6

1. Introdução

Demolição.

A
o contrário do que, em princípio, possa parecer, os trabalhos de demolição
apresentam grandes dificuldades e riscos. De facto, demolir uma construção e, ao
mesmo tempo, garantir a integridade de construções vizinhas e a segurança do
pessoal que executa esse trabalho, implica o permanente domínio do processo de
demolição.

Os acidentes que ocorrem nas demolições em geral resultam de não ter prevalecido em
determinado instante esse domínio e não se ter sabido controlar a massa de construção a
demolir. Por isso, este trabalho requer um grupo de trabalhadores atento, prudente e
disciplinado, que observe as determinações do responsável, encarregado de escolher o
método de demolição mais de acordo com a natureza da construção a demolir.

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2. Plano de demolição

A
ntes de se efectuar uma demolição, deve ser elaborado um plano que estabeleça
uma ordem de trabalhos, tendo em conta a condição de que nenhum desses
trabalhos ponha em risco a segurança dos trabalhadores, das construções
vizinhas e do público que circule nas imediações da zona a demolir. Este plano deverá incluir
a colocação de protecções, colectivas e/ou individuais, a implementar aquando da
demolição.

2.1. Reconhecimento do local

A legislação portuguesa, através do Regulamento de Segurança no Trabalho da Construção


Civil (Decreto-lei n.º 41821), determina que toda a demolição de edificações seja dirigida por
um técnico responsável pela aplicação das medidas necessárias à natureza dos trabalhos e
à protecção e segurança de pessoas e bens, quer se trate dos trabalhadores ou do público.

Antes de dar início a qualquer trabalho de demolição, o técnico responsável terá de se


certificar de que:

esteja cortado ao edifício os fornecimentos de água, gás e energia eléctrica, o que


pressupõe um contacto prévio com as entidades de tutela;
o eventual fornecimento de água ou energia eléctrica durante os trabalhos seja feito
de forma a não exigir a passagem de cabos ou condutas pela zona de trabalho;
os elementos frágeis – vidros, fasquiados, estuques, portas, janelas, etc. – são
retirados (os trabalhadores encarregados da sua remoção devem dispor de luvas
adequadas e de máscaras protectoras contra poeiras).

O mesmo técnico terá também de avaliar a resistência e a estabilidade de cada uma das
partes da construção (em especial dos pavimentos), a fim de poder prever o tipo de plano de
demolição a adoptar, sem pôr em risco a segurança dos trabalhadores e as construções
vizinhas. Por vezes, uma construção antiga oculta pormenores com importância durante uma
demolição. A existência de elementos construtivos sustidos através de um equilíbrio feito por
contrapesos, cujo desconhecimento pode dar à demolição uma ordem de derrubamento
errada, pode levar ao desmoronamento prematuro de algumas partes do edifício. As vigas de
madeira apodrecidas nas extremidades podem já não exercer grande parte da sua função
resistente (que, entretanto, foi transferida para paredes, ou outros elementos da estrutura);

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contudo, se partirmos do princípio que mantêm intacta essa resistência, podem cometer-se
graves erros no plano de ataque ao edifício.
2.2. Escolha do processo de demolição

As demolições podem ser efectuadas manualmente, mecanicamente ou por expansão.

Em geral, nas grandes demolições, emprega-se mais que um método de demolição, quando
não todos. É normal que algumas partes da construção sejam demolidas pelo método
manual, utilizando-se métodos mecânicos, ou até mesmo explosivos, para a base.

A decisão sobre o(s) processo(s) a empregar deve pois basear-se num conjunto de factores
que têm que ver com as características da construção a demolir, as construções e o meio
que a rodeiam, a vontade ou não de recuperar o máximo possível dos materiais demolidos, o
tempo disponível para a execução do trabalho, etc.. Só a ponderação de todos estes factores
conduzirá à decisão final, que muitas vezes não é a desejável, mas a mais viável.

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3. A execução da demolição

3.1. Trabalhos preliminares

A
escolha do(s) processo(s) de demolição permite estabelecer um programa de
trabalhos definido por fases e por medidas a tomar, tendo em vista assegurar a
estabilidade dos diversos elementos durante a demolição.

Os trabalhos só deverão iniciar-se depois de se ter a certeza de que:

as instalações de energia eléctrica, gás, água, telefones, etc., foram cortadas e que
eventuais reservatórios de água foram esvaziados;
as linhas aéreas de energia eléctrica ou telefones existentes nas imediações da
demolição se encontram sinalizadas e protegidas, de acordo com as indicações das
respectivas entidades exploradoras e no caso de estas acharem que as
circunstâncias o aconselham;
a área da demolição está sinalizada e vedada;
eventuais zonas perigosas para lá da vedação estão protegidas com barreiras.

Antes de começar a demolição propriamente dita, devem escorar-se os elementos da


construção que possam cair antes da altura prevista pelo plano da demolição, pondo em
risco os trabalhadores.

Em geral, estes pontos sensíveis são cornijas, caleiras, sacadas, varandas, abóbadas, arcos,
etc.. Este escoramento deve efectuar-se da base da construção para cima, e não ao
contrário, e deve utilizar-se a menor quantidade de madeira possível (dado o seu carácter
efémero). As construções vizinhas também devem ser escoradas, no caso de a estabilidade
ficar comprometida.

Sempre que os trabalhadores tiverem de actuar em locais que apresentem riscos de queda,
esses locais devem dispor de protecções colectivas, como guarda-corpos, palas de
protecção etc., ou, tratando-se de aberturas nos pavimentos, estrados de protecção.

Se for impossível fazer esta instalação, ou se se tratar de trabalhos excepcionais, de duração


tão curta que tiram sentido à instalação de protecções colectivas, devem utilizar-se
protecções individuais como arneses de segurança, etc..

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Um dos trabalhos preliminares da demolição deve consistir em garantir o acesso a todos os


locais de demolição. Devem utilizar-se, o mais possível, as escadas existentes na construção
(desde que em condições de estabilidade compatíveis com o uso que se lhes vai dar) e só
em caso contrário recorrer a escadas construídas ou colocadas no local com esse objectivo.
As escadas existentes podem ser reforçadas com cimbres, no caso de se decidir utilizá-las e
o seu estado conduzir a essa precaução.

Plataforma de protecção.

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3.2. Processo de demolição

3.2.1. Demolição manual

Como atrás foi dito, o processo de demolição


manual é aquele que utiliza utensílios manuais,
como maços, picaretas, pás, etc., ou utensílios
mecânicos portáteis, como o martelo
pneumático, etc..

O método tradicional consiste em desfazer a


construção por andares e, como é óbvio, de cima
para baixo. Os detritos vão sendo evacuados por
meio de cordas, cabos, roldanas, guinchos, etc.
(principalmente os volumes pesados ou os
escombros volumosos), desde que se trate de
zonas vedadas à permanência ou à circulação
do pessoal. Devem utilizar-se caleiras para
detritos mais leves. De acordo com a legislação
em vigor, as caleiras têm de ser vedadas, para
impedir a fuga dos materiais, ser metálicas ou
feitas de madeira e dispor, na base, de um
dispositivo de retenção suficiente para deter a
corrente de materiais. Junto da extremidade de Descida de escombros através de
uma caleira.
descarga deve haver barreiras amovíveis e
sinalização adequada que advirta sobre a existência de uma situação de perigo.

Por outro lado, só é permitido o estacionamento de viaturas ou de pessoal junto dessa


extremidade durante as operações de descarga, que deve ser efectuada com ferramentas
apropriadas (pás, etc.) e nunca com as mãos.

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Na demolição manual, os riscos mais frequentes


estão relacionados com a possibilidade de queda
dos trabalhadores e dos materiais. Como já ficou
dito, é essencial que se instalem previamente
andaimes ou plataformas de trabalho desligados
dos elementos a demolir e munidos, no lado do
vazio, de guarda-corpos e rodapés, que diminuam o
risco de eventuais quedas. Durante o trabalho,
porém, devem fazer-se todos os possíveis para que
os componentes de um grupo de trabalho actuem
todos ao mesmo nível. Se se trabalhar, em
simultâneo, a diferentes níveis (figura ao lado),
pode pôr-se em perigo a vida dos trabalhadores
que se encontram em planos inferiores, devido à
queda dos escombros.

Numa demolição, os primeiros elementos a demolir são os suportados, e só depois os


suportantes. É imprescindível que a remoção de um elemento suportante só se faça depois
de removidos os correspondentes elementos suportados. Esta ordem tem de ser
rigorosamente observada.

Ás vezes é fácil, no meio de uma estrutura complexa, perder o sentido desta realidade e
demolir, por exemplo, os apoios da própria peça que suporta o trabalhador. Existem outras
precauções que devem ser constantemente observadas numa demolição manual. Duas

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delas dizem respeito ao próprio trabalhador, que nunca deve efectuar uma demolição sem
capacete de protecção e não deve usar roupa larga, susceptível de ficar presa em saliências,
ganchos, ferros, etc..

As peças que, para ficarem soltas, têm de ser arrancadas e conduzam a movimentos
bruscos devem ser retiradas com muito cuidado, de forma a não precipitarem o trabalhador
no vazio.

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O acesso aos diversos pontos do edifício em demolição deve ser realizado com o maior
cuidado, evitando-se percorrer traves, tectos falsos ou quaisquer elementos de resistência
duvidosa.

Quando for necessário retirar as telhas, folhas de zinco ou placas de fibrocimento de uma
cobertura, há que tomar precauções especiais. Em virtude de serem materiais frágeis, não
devem nunca servir de apoio ao trabalhador. A progressão deve fazer-se ao longo da
cumeeira e desta para a base do telhado, utilizando-se uma escada de apoio. O material da
cobertura deve ser retirado progressivamente e de ambos os lados, de modo a evitar
desequilíbrios.

Trabalhar-se apoiado directamente numa parede estreita (< 0,35 m) pode ser muito perigoso
se a altura ultrapassar os 6 m. A utilização de um arnês de segurança e de um dispositivo
anti-queda (conhecido por JRG) preso a um ou vários elementos da construção que ofereça
boa resistência é uma boa opção preventiva.

Os
pavimentos
em edifícios a
demolir nem
sempre estão
em condições
de suportar
cargas que
ultrapassem o
peso dos
próprios
trabalhadores
que efectuam
a demolição.

Os materiais
devem ir sendo retirados, à medida que são demolidos, através de cordas, roldanas, caleiras,
etc.. No entanto, se for absolutamente necessário acumular algum entulho nos pavimentos e
estes não oferecerem garantia de resistência, deve proceder-se ao seu prévio escoramento
(figura ao lado), de baixo para cima e desde o piso térreo. Não iniciar o escoramento nesse
piso equivale, como é óbvio, a pôr em perigo de desmoronamento prematuro de toda a
estrutura.

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3.2.1.1. Utilização de ferrramentas e máquinas portáteis

Na utilização das diversas ferramentas e máquinas portáteis, os trabalhadores não estão


livres de sofrer ferimentos. Quando trabalharem com maços, pás, picaretas e outras
ferramentas do género, é importante manterem-se suficientemente distanciados uns dos
outros.
Nas situações em que se recorre ao emprego de martelos pneumáticos (accionados por ar
comprimido), o compressor deve instalar-se numa zona pouco afectada por poeiras. Os
tubos de ar comprimido devem estar adaptados com anilhas especiais e não é permitido
nenhum improviso feito com arames (que, muitas vezes, podem cortar os tubos). Em caso de
ruptura, deve cortar-se a chegada do ar dobrando a extremidade do tubo com a mão, até ser
manobrada a válvula do compressor.

Quando se trata de uma demolição de estruturas metálicas, é imprescindível a utilização de


maçaricos. Para tal, exige-se pessoal qualificado para trabalhar com oxigénio e o acetileno.
As garrafas de oxigénio não devem sofrer choques e o seu manuseamento requer cuidado,
nomeadamente evitando-se que fiquem próximas de fontes de calor. A tentação de lubrificar
a válvula de segurança da garrafa poderá conduzir a uma explosão.

Quanto ao acetileno, os cuidados a verificar com as garrafas são idênticos aos referidos para
o oxigénio; no entanto, devem ser vigiadas todas as eventualidades de fuga, porque a
mistura de acetileno com o ar é explosiva.

Torna-se fundamental a colocação das garrafas em locais onde não possam ser atingidas
(por impactos, fontes de calor, etc.) e as tubagens deverão ser constantemente verificadas.

3.2.2. Demolição mecânica

A demolição mecânica é sempre mais rápida do que os processos manuais. Exige muito
menos mão-de-obra, mas a recuperação dos materiais demolidos é sempre menor. Pode
efectuar-se utilizando vários métodos:

por tracção;
por compressão;
por tesoura hidráulica;
com bola;
com a ajuda de gruas.
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3.2.2.1. Demolição por tracção

Numa demolição por tracção utilizam-se habitualmente tractores de rastos (bulldozers) ou


outras máquinas capazes de produzir a tracção de um cabo.
As zonas a demolir devem possibilitar a boa aderência de um cabo metálico e, se
necessário, faz-se previamente na alvenaria um roço horizontal para garantir essa aderência.

A tracção provocada pela máquina origina o desmoronamento.

É importante que não haja ninguém na zona passível de ser atingido pela chicotada do cabo
sob tracção, no caso de ruptura deste. Pelas mesmas razões, não deve permitir-se que os
trabalhadores passem por cima de um cabo tenso.

Nos ângulos agressivos da construção deve proteger-se o cabo com pedaços de madeira,
para evitar que ele “serre” a construção a demolir.

A demolição por tracção faz-se por partes isoladas do edifício, até à demolição total.

3.2.2.2. Demolição por compressão

A demolição por compressão faz-se com pás mecânicas, tractores ou bulldozers que
arremetem de encontro à construção empurrando-a ou fazendo-a desmoronar-se à custa de
pancadas fortes.

Este processo tem como limite o alcance do braço da máquina, isto é, a altura da construção
não deve ser maior do que o comprimento do braço da máquina medido na sua projecção
horizontal. Uma altura superior levaria a que os materiais caíssem em sentido contrário,
atingindo a máquina durante a queda.

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Este tipo de demolição exige ainda outras regras de segurança, nomeadamente que:

a) a actuação da máquina não abale prematuramente os alicerces da construção,


para evitar um desmoronamento descontrolado;
b) não seja aplicado a construções velhas, cuja falta de solidez possa provocar
desmoronamentos prematuros.

3.2.2.3. Demolição por tesoura hidráulica

Demolição por tesoura hidráulica.

Nos últimos anos foram desenvolvidos alguns acessórios específicos para aplicação em
escavadoras de rastos ou de rodas, adequados para trabalhos de demolições em altura ou
reciclagem dos materiais das estruturas em demolições. Um dos equipamentos é a tesoura
hidráulica, que oferece capacidades para cortar ou triturar diferentes tipos de materiais em
várias condições de trabalho.

Esta tesoura hidráulica apresenta seis tipos de mandíbulas, de acordo com o tipo de trabalho
a demolir ou reciclar: corte de ferro, corte de betão, corte misto de betão e estruturas
metálicas, corte de silos metálicos e trituração de betão. Os diferentes tipos de mandíbulas

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podem ser mudados na obra, pois, devido ao sistema de engate rápido, esta mudança é
realizada facilmente.

Quanto às prescrições de segurança, devem ser preconizadas as relativas aos


equipamentos de trabalho.

3.2.2.4. Demolição com bola

A demolição
com bola é
efectuada por
máquinas de
tipo
semelhante às
gruas móveis,
que têm
suspenso na
extremidade
do braço um
cabo com uma
esfera
metálica de
grande peso,
a qual actua por movimento pendular ou queda vertical, à maneira de um pilão.

O peso da bola varia com a natureza da obra a demolir, mas sobretudo com as capacidades
da máquina. Em geral, tem entre 500 a 2.000 kg.

Neste tipo de demolição, o aproveitamento de materiais recuperados é mínimo. Só deve


utilizar-se, portanto, nos casos em que não está em causa esse aproveitamento e apenas a
rapidez de execução do trabalho.

É de notar ainda que, neste tipo de demolições, não deve ser utilizada uma grua-torre, uma
vez que o seu braço é permanentemente horizontal e o movimento pendular a dar à esfera
pode comprometer a estabilidade.

Este método, mesmo quando executado com gruas apropriadas, restringe sempre a
actuação do manobrador e conduz a desmoronamentos imprevisíveis, só devendo empregar-
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se quando não há construções vizinhas susceptíveis de serem atingidas. Por outro lado, dá
origem a uma difícil desobstrução de entulho, uma vez que os desmoronamentos não
obedecem a nenhuma ordem precisa e misturam todos os materiais.

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3.2.2.5. Demolição com a ajuda de gruas

As gruas podem ter um papel importante numa demolição, devendo, contudo, limitar-se ao
levantamento e à deslocação das partes já demolidas, uma vez que a sua estabilidade é
incompatível com os esforços de tracção, compressão e pendulares que são pedidos às
máquinas durante uma demolição.

Ligação dos estropos a elementos a demolir.

Façamos ainda uma referência ao caso especial das alvenarias muito compactas, ou de
grandes peças de betão, onde se pode utilizar um quebra-rochas hidráulico ou pneumático
montado na extremidade do braço de uma pá ou escavadora mecânica, como mostra a
figura a seguir.

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3.2.3. Demolição por expansão

A demolição por expansão consiste em fazer rebentar as alvenarias e os betões pela criação
de uma fonte de energia súbita e violenta.

3.2.3.1. Rebentador hidráulico

O rebentador hidráulico é utilizado por meio da abertura de um orifício na peça a desagregar,


onde é introduzido um cilindro formado por dois espigões de aço extensíveis. Uma bomba
hidráulica adaptada ao conjunto acciona uma terceira peça que, no seu movimento, empurra
para fora os dois espigões. A energia libertada por este movimento desagrega a peça.

Uma variante deste rebentador é o “roc-jack”, que acciona dois pistões de um cilindro com
uma bomba a óleo.

A darda é outro exemplo deste tipo de rebentador, como se ilustra na figura abaixo.

Darda.

Estes rebentadores têm a vantagem de poderem ser utilizados em qualquer lugar, sem ruído,
vibrações, poeiras, nem projecção violenta de materiais.

3.2.3.2. Rebentador carbónico

O rebentador carbónico consiste em um cilindro introduzido num orifício, mas este cheio de
gás carbónico liquefeito e com uma das extremidades fechada por uma membrana de aço.
Na outra extremidade há uma cápsula que, ao ser aquecida, provoca a expansão violenta do
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gás dentro do tubo, a ruptura da membrana de aço e a fragmentação dos materiais onde o
cilindro foi colocado.

3.2.3.3. Produtos demolidores

Através da aplicação de produtos demolidores (CBA expansivo) é possível estilhaçar uma


alvenaria, introduzindo num orifício previamente efectuado um desses produtos que,
misturado com uma percentagem de água, desenvolve uma determinada pressão a volume
constante, permitindo o fissuramento de qualquer estrutura de betão.

Este método tem todas as vantagens do descrito anteriormente.

Ao utilizar-se este tipo de produtos, torna-se necessário ter em consideração as seguintes


medidas de precaução:

conservar o produto demolidor em lugar seco e dentro da embalagem original;


utilizar luvas de borracha e óculos de protecção, aquando da manipulação dos
produtos demolidores, pois estes são normalmente bastante alcalinos;
não olhar directamente para os orifícios durante, pelo menos, 6 horas;
em recintos fechados, aconselha-se a utilização de máscara anti-pó;
em caso de contacto com a pele ou vias respiratórias, lavar com água e consultar o
médico, fazendo-se acompanhar pelo respectivo rótulo de produto demolidor.

3.2.3.4. Explosivos

O manuseamento de explosivos é extremamente perigoso e só deve ser realizado por


pessoas devidamente habilitadas.

Nas obras de demolição, o seu emprego é reservado aos casos em que a situação permita
recorrer a eles sem pôr em risco construções vizinhas ou pessoas.

Os explosivos são materiais capazes de uma decomposição extremamente rápida, que dá


origem a uma onda de choque seguida de grande libertação de gás a alta temperatura. A
onda de choque actua sobre a matéria fissurando-a; os gases libertados tendem a escapar
por essas fissuras, desagregando o material.

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Demolição com recurso a explosivos.

A utilização de explosivos só é possível desde que associada a determinados acessórios,


tais como detonador, rastilho e cordão detonante.

O detonador é um elemento que permite detonar explosivos. Pode ser simples, também
conhecido por fulminante ou eléctrico.

Ao detonador simples liga-se um rastilho que, normalmente, consiste num cordão


impregnado de pólvora que arde lentamente (90 segundos por metro de rastilho) e faz actuar
a cápsula fulminante.

Ao conjunto composto por detonador e rastilho, devidamente ligados, dá-se o nome de


mecha.

No caso do detonador eléctrico, a corrente eléctrica é fornecida por um explosor através de


condutores eléctricos.

Finalmente, o cordão detonante tem um aspecto de cordão grosso, de cor vermelha ou


amarela, e funciona com rapidez. Não arde e detona a uma velocidade de 6000/7000 m/s.

Tendo em vista aproveitar a energia da explosão, a montagem inclui a execução de um


orifício feito no material a desagregar, que é preenchido com o explosivo ligado a um
detonador, tapando-se o restante canal por calafetagem (com areia, papel, etc.). Ao fazer-se
chegar uma chispa de fogo ao detonador, através de um rastilho ou estabelecendo um
circuito eléctrico (detonador eléctrico), dá-se a explosão.

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A dinamite é o explosivo mais utilizado nas demolições, sendo constituído principalmente por
nitroglicerina.

Os acidentes registados pela utilização de explosivos dão-se fundamentalmente:

 durante o seu transporte, em virtude da inclusão, numa mesma caixa, do explosivo


e do detonador, sendo essencial que este transporte se faça em caixas separadas e
que a caixa destinada aos detonadores tenha uma grande resistência aos choques;

 durante a montagem, em que as causas poderão ser as seguintes:


orifício apertado, obrigando à introdução forçada dos cartuchos, de que resulta
uma explosão prematura;
perfuração e montagem simultâneas , fazendo-se orifícios demasiado próximos
dos já carregados;
detonação prematura, no caso de detonadores eléctricos, que fica a dever-se à
existência de correntes “parasitas” a percorrer o circuito durante a montagem;
mina não explodida, que, sob o efeito de um choque, pode rebentar mais tarde.

 ou ainda durante a explosão, por falta de vigilância relativamente à possibilidade


de as pessoas serem atingidas com a projecção de materiais desagregados.

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4. Riscos e meios de prevenção nos trabalhos


de demolição

O s riscos mais frequentes nos trabalhos de


fundamentalmente, com:
demolição estão relacionados,

queda de pessoas;
desmoronamento descontrolado e queda de materiais;
utilização do material de demolição;
transporte de cargas.

A execução
dos trabalhos
não deve
apresentar
riscos de
queda
superiores a
2,5 m. No
caso de tal
poder
acontecer,
devem usar-se
andaimes

Fig. 14 – Acesso à zona de demolição vedado


por tapumes.
(independentes da construção), redes flexíveis ou arneses de segurança (no caso de haver
possibilidades de os prender a elementos resistentes). A instalação de guarda-corpos em
todos os vãos que dêem para o vazio e de estrados sobre os vãos nos pavimentos são
medidas preventivas a serem implementadas.

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Tendo em vista evitar que desmoronamentos prematuros e descontrolados atinjam pessoas,


devem estabelecer-se zonas interditas ao público e a planificação da demolição deve ser
criteriosa.

A utilização de martelos percursores exige trabalhadores com vigor físico; numa demolição
com bola, o peso da bola deverá ser compatível com a capacidade da máquina; no caso de
demolições por tracção, os trabalhadores não devem permanecer ou circular na zona
passível de serem atingida pela chicotada por eventual quebra de um cabo; as máquinas que
circulam sobre produtos de demolição não devem ser forçadas a inclinações que ponham em
risco a sua estabilidade.
Durante o carregamento de um camião com produtos de uma demolição, deve ser interdita a
aproximação de pessoas alheias ao trabalho; a carga deve ser devidamente acondicionada
e, quando ultrapassar o contorno exterior do veículo, convenientemente amarrada.

Camião com carga excessiva.

Nos trabalhos de demolição, os trabalhadores devem recorrer a vários tipos de protecção


individual, quando não for possível a utilização de equipamentos de protecção colectiva.

As botas com palmilha e biqueira de aço (que impedem a perfuração e o esmagamento dos
pés), as luvas de protecção (que diminuem os riscos de picadas, cortes, esfoladelas das
mãos), o arnês de segurança (que evita as quedas em altura), as máscaras para poeiras
(que protegem as vias respiratórias das poeiras libertadas aquando da demolição) e o
capacete rígido (que protege a cabeça contra as quedas de objectos e choques) são
exemplos de equipamentos indispensáveis para a execução de uma demolição em
segurança.

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