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OO RUDOLF STEINER Cn a aaa eee eee entre 9 € 17 de agosto de 1919 em Dornach, Suica, PE RCuMee ek aero eens cientifico-espiritual do ser humano é a base para a compreensio dos problemas sociais, e dentre esses a ieee este ence tr on Sea ee et ea ee Ee ca cok ee rere tee Cen Ee ene eset Pre eR RUE este oo) A QuesTAo . PEDAGOGICA COMO r QUESTAO SOCIAL ‘ " ’ J ; 4 Orews || ] ANTROPOSOFICA AN S,_ssrrorosonen re Tar) A QUESTAO PEDAGOGICA COMO QuESTAO SoctAL permeado pelo materialismo; 0 trago melancélico nos rostos das criangas de hoje em dia. A tarefa do professor: preparacao da crian- a paraela se ligar ao impulso cristico. Deformagées da civilizag atual como no exemplo das “mulheres armadas” no Leste europeu. A consciéneia da seriedade dos tempos e as tarefas resultantes dela. SEXTA CONFERENCIA 17 de agosto de 1919. emer (| Sobre a importancia de um conhecimento exato do ser humano; a mudanga do corpo tisico da época egipto-caldaica (semelhanga com ‘0s vegetais) até hoje (semethanga com os minerais). Formacio de tumores como consequéncia de o corpo humano tornar-se parcial- mente ativico. A constituigao do corpo fisico em relacaoao tipo de conhecimento, A ligagao dos seres humanos com os reinos da natu- reza no decorrer das épocas pés-atlanticas: a descida do humano através do animal, do vegetal ao mineral; retomada de um conheci- mento da vida, do vegetal como tarefa da atual quinta época cultt- ral. Goethe como representante desta época. O egoismo nas atuais confissdes religiosas; a limitagio do conceito de Deus para o proprio Anjo. O tornar-se insensivel aos destinos alheios da humanidade como expressio do “egoismo inteligente”. O conhecimento dos des- tinos da humanidade: no oeste sob forma meditinica, no leste sob forma mistica (e emplo: Rabindranath Tagore). O interesse pelos acontecimentos terrestres além do Ambito pessoal como ponto de partida para a compreensio dos seres dos Arcanjos; 0 interesse so- bre a atuacao de impulsos passados e futuros no presente como p requisito para a formagao de conceitos sobre a estera dos espirites do tempo. Observagao dos impulsos atuantes na atual vida espiritual, legislativa e econdmica com especial referencia ao movimento femi- nista. O conhecimento antroposéfico como guia para as metas ea atuagaio do presente. A construgdo do Goetheanum em Dornach. RUDOLF STEINER VIDA E OBRA ... 121 10 PRIMEIRA CONFERENCIA Domach, 9 de agosto de 1919 Apés um trabalho que permitiu uma profunda visio da- quilo que atualmente se passa na indole dos seres humanos, no que atualmente consiste o elemento interior tragico da evolu cao da humanidade, encontro-me novamente aqui neste lugar por alguns dias, um lugar intimamente ligado aquela atividade, que acteditamos possa nos propiciar a forca para transformar paulatinamente o elemento tragico da humanidade atual e dar- Ihe um curso mais otimista. Provavelmente em nenhuma outra época houye to pou ca disposigao para elevar a alma aos mundos espirituais, mas de essencial importincia nesses tempos elevar a alma a estes mundos, Pois s6 a partir deles poderd advir aquilo que & capaz de dar forga a humanidade para trilhar 0 caminho de vida como Humanidade. Hoje, nos mais amplos circulos, acredita-se que os problemas e as tarefas que nos surgem no presente poderiam ser resolvidos a partir dos pensamentos ¢ dos impulsos que pro- vém do legado do conhecimento exterior da humanidade. Eex- tremamente dificil se prever quanto tempo ainda vai levar para que uma parcela significativa da humanidade se conscientize de que s6 através de um caminho espiritual pode ser encontrada ma verdadeira cura, justamente pelo fato de que ponderar so- bre esta questao, no fundo, nao ¢ muito estimulante, Mas contrario acontece, s6 se podera prosseguir quando a convic- ao de que somente dos mundos espirituais advém a salvagio, tenha verdadeiramente permeado um nimero suficientemente grande de pessoas. (Os problemas sociais ocupam os seres humanos nos mais amplos circulos. Mas percebe-se que falta-lhes a forca intelectual que, no momento presente, se encontra praticamente paralisada A QUESTAO PEDAGOGICA COMO QuisTAO SOCIAL numa grande parte da humanidade. Impera a crenga de que se podem superar 0s problemas sociais com o conhecimento e a ciéncia. Os problemas sociais sé poderio ser superados se forem analisados do ponto de visia da ciéncia espiritual. Acabamos de passar por uma longa luta armada. A esta longa guerra se agregara um periodo provavelmente longo de Jutas perenes na humanidade [N.T:: conferéncia proferida logo pds a Guerra Mundial]. Muitas pessoas disseram: esta luta armada tal como foi vivenciada pelo mundo civilizado repre- sentou 0 acontecimento mais terrivel desta espécie dentro da historia da humanidade. Nao se pode afirmar que este julga- mento esteja incorreto. A luta que se travaré com tes ou aque- les meios, e que se seguird a esta luta armada, acontecera entre Oriente © Ocidente, entre Asia, Europa e América. Esta, sera a maior batalha espiritual que a humanidade tera de travar. Tudo aquilo que fluiu através do Cristianismo sob forma de impulsos ¢ forca para a humanidade sobrevira em portentosas ¢ elemen- tares ondas bélicas que recairao sobre as civilizagdes. A grande oposicdo entre Oriente ¢ Ocidente pode ser traduzide por uma formula simples. Mas esta formula simples nao deve ser inter- pretada coma tal, pois engloba enormes amplitudes de impul- ‘sos humanos. No meu livro “Os pontos cere da questao social nas necessidades existenciais do presente e do futuro” alertei para 0 fato de que, para amplos circulos da humanidade atual, a vida espiritual se tornou uma ideologia, e que aquilo que sio bens espirituais da humai arte, a religiao ete... s dade, © direito, a ética, a leradus apenas fumaga daquilo que passou a ser a tinica realidade verdadeira proveniente dos meios de producao e da base econdmica. Ja falei sobre estas co Sas por ocasiio de minha titima estadia aqui, ha alguns meses. Ideologia — isto & © que nos respondem hoje grandes cit- culos de pessoas quando falamos de vida espiritual; tudo aquilo que se espelha na alma humana a partir da tinica verdade, da verdade econdmica, da realidade do mundo econdmico,¢ 6 ideo- 12 Primeira conferéncia, 9 de agosto de 1919 logia, — Temos varias razies para ponderar sobre a importan- cia dessa palavra na cultura mundial. E ela significa muito. ‘Tem tita importancia. A palavra mais préxima a ela é a palavra ‘maia” da sabedoria oriental. “Maia”, corretamente traduzida para 6 Ocidente, significa ideologia. O que 0 oriental pensa com 1 palavra “maia”? Para o oriental o mundo exterior sensorial & maia, tudo aquilo que acomete nossos sentidos e com o qual se liga 6 nosso conhecimento sensorial € maia, a grande ilusao. E 1 nica realidade & aquilo que emerge da alma, O animico-espi- ritual ao qual © ser humano ascende € a realidade, aquilo que emerge e desabrocha no interior do ser humano. Tudo o que se apresenta exteriormente aos sentidos & maia, ¢ ideologia, Para uma grande parte da humanidade ocidental a «nica realidade ¢ aquela que se apresenta avs sentidos exteriores. Aquilo que o oriental chama maia é o mesmo que uma grande parte da humanidade ocidental chama realidade. E aquilo que 0 oriental chama realidade, a Europa e a América chamam maia: 0 mesmo que ideologia. Isto é algo que esta devorando a alma humana em suas profundezas, ¢ torna a humanidade dividida em duas nature- zas distintas. Se considerarem © que acontecea no mundo civi- lizado, entao provavelmente terao de dizer hoje: tudo aquilo que se fala das causas e efeitos desta catastrofe mundial flutwa na superficialidade, é uma visio superficial. Aquilo que se evi- denciou nesta luta terrivel & algo que surge de forma elementar das profundezas do inconsciente. As pessoas tomaram parie nessa uta, mas hoje percebe-se claramente que elas, no fundo, nio sabiam porque; trata-se daquilo que essa contraposigio, ainda Ionge de ser resolvida, trouxe para a superficie em forgas ele- mentares, O elemento anti-social no presente ¢ to forte que a humanidade se decompoe nestas duas naturezas essencial- mente diversas. ‘Se o que acabo de dizer for relacionado a um outro contexto, 0s Senhores vero, ao se voltarem para o Ocidente, que 0 anseio 13 A QUESTAO PEDAGOGICA COMO QUESTAO SOCIAL do ocidental ¢ a procura da liberdade — seja ela compreendida ou nao, isso nao importa. O fato é que a busca vai em direcao & liberdade; a necessidade de liberdade irrompe do interior, das escuras profundezas da alma humana, : Quando nos voltamos para © Oriente: vemos que aquilo que no Ocidente & chamado liberdade, para 0 Oriente nao ad- quire um significado definido; trata-se de algo ao qual nao se atrela um conceito © com 0 qual nao se liga nenhuma disposi- Sao interior. La nao se pensa, nao se reflete sobre aquilo que é vivenciado com maior intensidade, Considerem por um momento ‘como as pessoas pensam sobre os fendmenos da natureza que as rodeiam no seu dia a dia! s nao refletem sobre aquilo que vivenciam com maior proximidade. O oriental, a medida que persegue a realidade que Ihe condiz, a realidade interior, vive na liberdade que Ihe & dada pelas caracteristicas animicas de sua raga, seu povo € tribo. Ele nio pensa sobre isto. Quando volta- mos nossa visio para o Ocidente constatamos que, ao longo do [transcurso da evolugao historica da humanidade, perdeu-se a |liberdade: por nao a possuirmos, precisamos buscé-la Assim se poderiam mencionar muitos, muitos fatos, e em. todos se encontrard essa contraposigio fundamental entre 0 Ocidente e 0 Oriente. Hoje ja se anuncia aquilo que provavel- mente os préximos anos nos trario. Momentaneamente trata-se apenas de sintomas exteriores, que ocorrem na Asia e sobre os quais a Europa continua calando por razdes bem compreensi- wes, O fato de, por exemplo, na irlia, mais de metade da pop laséo estar sub-nutrida, engendraré algo que, a partir da spiritualidade do povo indiano, ainda se apresentara de forma bem diferente daquilo que ocorreu na Europa. Isto s mas exteriores. Também quanto a esses sintomas exteriores as Pessoas esto separadas em dois ambitos essencialmente dife- rentes, Para o indiano, a fome tem um significado totalmente diferente de para 0 europeu, pois aquele tem atris de si uma evolucdo animica milenar diferente da do europeu. Eslas coisas 14 Primeira conferéncia, 9 de agosto de 1919 procisam ser consideradas acuradamente se os Senhores quise- rem entender o curso da evolugio da humanidade. Precisamos (or clareza sobre o fato de que aquilo que comumente denomi- amos questo social é algo muito mais complicado do que comumente se pensa. Esta questao social é um fendmeno concomitante aquela cultura que surgi nos meados do séc. XV. Falei repetidas vezes sobre esta incisio significativa na histéri da humanidade civilizada. Nessa época surgiu gradativamente 4 mais nova nuance da ciéncia natural. Surgiv também a mais | recente nuance do industrialismo. Ciéncia natural e indus- trialismo juntos significam aquilo que hoje se derramou so- nidade modema, e que the deu a peculiar direcao| bre a hum: do seu espirito. ‘Também aqui na Suiga eu thes falei da caracteristica parti- cular da ciéncia natural expondo-lhes como dizem pessoas in ligentes que hoje ponderam sobre o que a ciencia natural pode oferecer: aquilo que os mais novos conhecimentos da natureza mas sim um fantasma do mundo. transmitem nao é 0 mundo, — Tudo aquilo que os pesquisadores da natu que hoje se tornou cultura popular, ¢ muito mais cultura popu- lar do que eles acreditam;¢ crenga num mundo fantasmagéric. E ao lado deste mundo fantasmagérico coloca-se aquilo que adveio as pessoas como efeitos espirituais provenientes do industrialismo moderno. O industrialismo precisa ser conside- | rado em seu aspecto espiritual. Tomemos aquilo que domina 0 industrialismo, a maquina. A maquina distingue-se de tudo | quilo a que user huumano se relaciona na vida exterior. Const ieremos 0 animal. Se nos valermes de nossos conhecimentos cientificos ou quaisquer outros em relagdo ao animal — nao quero, absolutamente, abordar 0 ser humano no contexto | atual —, por mais que queiramos pesquisa-lo, sempre restara } algo, que eu chamaria de “profundamente divin” nos animais. | Nao se consegue esgoti-lo, nao se consegue conhecé-lo total- “za concebem, & mente, Por trés daquilo que se pensa sobre o animal, sempre 15 A QUESTA PEDAGOGICA COMO QuéSTAO SociAL permanece algo desconhecido, Com a planta nao ¢ diferente. ‘Até mesmo sobre 0 cristal, se considerarem as formas maravi- Ihosas do mundo cristalino, tero de dizer asi mesmos: ceria~ mente podemos conhecer o mais exterior do mundo dos eris- tais, suas formas e to necessério para fazé-lo, No entanto ainda resta em seu ser muito daquilo que o ser humano pode reverenciar, como, por exemplo, aqui- Jo que nao é capaz de perscrutar com a inteligéncia direta, nao clarividente, Considerem a maquina: ela é totalmente transparente. NOs sabemos: a forga se apresenta assim, a vela posiciona-se de tal modo na abertura, o coeficiente de atrito é tal ¢ tem tal intensi dade; pode-se calcular a eficiéncia quando se conhecem os ele- mentos — nao existe nada na maquina que nos obrigue a dizer: cis af algo que nao pode ser permeado pelo pensamento humano normal nao clarividente. Isso significa muito para o relaciona- mento do ser humano com a maquina, E quando novamente estivermos diante de milhares e milhares de pessoas que lidam com a maqui mos aquilo que goteja para dentro da alma do ser humano a partir desta maquina espiritu- almente transparente. Esta maquina nao reconhece aquilo que pode ser somente pressentido e nao perscrutado pela conscién- tia, nao clarividente. O fato de a maquina ser tao transparente Animico-espiritualmente, de que tudo o que conceme as forcas ¢ a relagdes de forca presentes na méquina serem tao claras quanto | 4gua cristalina diante dos sentidos e da compreensio huma- na, torna o relacionamento com ela tao deva: humano. Isto é o que suga 0 coragdo e a alma das pessoas, © que ,, se tivermos © conhecime 1a, entdo conhec lor para 0 ser 08 torna secos e inumanos. : ‘éncia natural e maquina juntos ameagam a humanidade civilizada com tuma terrivel destruigéo triplice. Maso que ameaga “essa humanidade moderna, se ela nao se esforcar por voltar-se para 0 suprassensorial? Em relagio A questo do conhecimento, a ameaga cada vez maior & a que prepondera no ideal, que os 16 Primeira conferéncia, 9 de agosto de 1919 ientistas naturais ja expressaram ao dizerem: “ amos por conhecer a natureza de tal man mento seja astronémico, ou que ‘nds nos esfor- ra que este conheci- } ja configurado a partir da astronomia” Se ponderarem sobre o que se encontra na molé- cula, tal como 0 quimico o faz, verao que ele concebe os dtomos ‘na molécula como se estivessem numa relagio de foras (di nha na lousa), Aj ele se orienta segundo um modelo de um pe- queno sistema planetario-solar. A ideia é explicar o ser humano a partir de um modelo astrondmico. E qual &o ideal da astrono- mia? Considerar o edificio césmico como uma maquina — acres cente-se a isso o trabalho e © manuseio da maquina! Estas so as influéncias que atuaram mais fortemente des- de meados do séc. XV, influéncias que, no presente, sugam 0 elemento humano do ser humano. Se os seres humanos conti- uassem a pensar somente desta maneira quando pensam so- bre a astronomia mecanicista e sobre o industrialismo no qual | trabalham, teriam os seus espiritos mecanizados, tornari suas almas se im adormecidas e se vegetalizariam, e seus eat ‘getalizariam, e seus corpos se | 4 Vejam a América do Norte: © ponto alto da mecanizagao (os espiritos! Olhem para a Europa Oriental, para a Réissia: para impulsos e instintos selvagens que li le e apresentam e que sio terriveis: a animalizagio do corpo. No meio, na Europa a sonoléncia da alma, Mecat a alma e animalizagao dos sem ilusio. E caracteristico como a humanidade perdeu como ja mencionei — ao longo de seu caminho desde 0s meados do séc. XY, paralelamente aos dois elementos vitais, também o terceito. Hoje existe um poderoso partido que se denomina “Social De- mocrata”, ou seja: ele fundiu socialismo e democracia, apesar de um ser 0 oposio do outro. Contudo, ele uni ambos, e deixou de lado o espiritual, pois o socialismo s agio do expirito,vegetalizagio da | orpos — isto & que devemosencarar de lato 0 se pode vincular a0 ito econdmico, enquanto a democracia s6 se pode vincular 7 A QUESTAO PEDAGOGICA COMO QUESTAO SOCIAL a0 juridico-estatal; ao espiritual estaria vinculado o individualis- mo. A liberdade ¢ aquilo que foi deixado fora da palavra Social- Democracia, caso contrario seria necessario dizer Social-Demo- cracia Individual ou Individualista, Entao, os trés Ambitos da necessidade humana estai 1m presentes nessa sigla. Mas 6 ca- racteristico nos dias de hoje que esse terceiro elemento fique de fora, que de certo modo 0 espirito tenha se tornado maia, a grande ilusio para a humanidade civilizada do Ocidente, para a Europa e seu rebento colonial, a América, Estas sao as premis- sas das quais 6 necessirio partir quando consideramos a ciéncia ~espirituat-como uma grande questao cultural. Nem se pode dis= citiF sobre aquilo que vive nas necessidades do presente. Tra- tam-se de necessidades histéricas. E 0 socialismo é uma necessi- dade historica que precisa ser compreendida no sentido correto. A democracia ¢ uma necessidade histérica, e 0 liberalismo, a liberdade, o individualismo também osao, mesmo que essa ulti- ma necessidade esteja sendo pouco percebida pela humanidade atual. A humanidade nao teré mais 0 que dize' ‘SGU organismo social no sentido da trimembragao: do socia- lismo para a vida econdmica, da democracia para a vida do di- reito — ou do Estado —, da liberdade, ou do individualismo, para a vida do espirito. Isto precisara ser considerado como a tinica cura, a unica salvago verdadeira da humanidade. Mas nao devemos nos dei- xar iludir pelo falo de, justamente por se tratarem de intensas € aces histéricas para o presente, se apresen- tarem outras necessidades para aquele que capta as coi endo estruturar inexordveis necessi profundamente. Os adultos terdo de viver num organismo so- cial que devera ser edificado nos Ambitos econdmico, estatal & espiritual, respectivamente de modo social, democratics e liberal. A grande questo para o futuro seré: como teremos que nos comportar diante das criangas se quisermos educé-las de maneira a que, quando forem adultas, possam crescer, no m amplo sentido, para dentro dos ambitos social, democratic € 18 Primeira conferéncia, 9 de agosto de 1919 liberal? Uma das mais importantes questies sociais ¢ a questao da pedagogia. No context da Ciéncia Espiritual, indicou-se a ‘maneira como as pessoas devem compreender a pedagogia se quiserem progredir, Caso contririo as necessidades sociais tor- nar-se-do cada vez mais cadticas, se nao se consider mago a questdo mais contundente do presente: a questio pe- dagégica, Se quiserem conhecer as grandes linhas mestras para aquilo que se apresenta na questo pedagdgica, precisam ape- has ter 4 mao e tomar como base o que se encontra em meu livro: “A educagio da crianga sob o ponto de vista da Ciéncia Espiritual” Uma das questées sociais mais importantes do pre- sente ¢ posia em evidéncia neste livro, no que conceme & obser- vacao do ser humano: a questao da educagao social. Nos mais amplos circulos da humanidade moderna é necessério aprender aquilo que se pode obier a partir da Ciéncia Espiritual em relacdo aos trés perfodos do desenvolvimento infantil do ser humano, ‘Como ja foi indicado, entre o nascimento eo 7°ano de vida, ano em que, na média, ocorre a troca dos dentes, o ser humano um ser que imita, que repete aquilo que acontece 4 sua volta, Considerem a crianga: a crianga é um ser que imita; ela repete aquilo que os adultos fazem. E da maxima importincia para a vida da crianga que as pessoas que se encontram a sua volta somente fagam, pe nciem interiormente, quando es- tio perto delas, aquilo que a crianca possa imitar. Ao entrar na existéncia fisica com o nascimento, a crianca s6 da continuida- de aquilo que vivenciou nos mundos espirituais anteriores & concep¢: hierarquias superiores; se faz tude aquilo que provém, sob for- ma de impulsos, dos seres das hierarquias superiores. La somos imitadores, num grau ainda mais forte, pois vivemos numa tunidade com aqueles seres que imitamos. Depois somos postos para fora, no mundo fisico, como seres humanos e damos sequéncia a0 habito de “sermos unos” com 0 nosso ambiente Este habito se estende a outros seres, ou imitarmos aqueles om e viv 10. No mundo espiritual vive-se dentro dos seres das 19 A QUESTAO PEDAGOGICA COMO QuESTAO SOCIAL seres que, como seres humanos, se encontram & nossa volta, € que, como educadores, devem cuidar para s6 fazer, vivenciar € te pensar aquilo que a crianga possa imitar. Seré mais gratifica para a crianca, se ela puder viver, nao na sua propria alma, mas na alma do meio em que se encontra, nay almas que a rod No passado as pessoas podiam confiar instintivamente nessa imitagao, pois sua vida era mais instintiva. No futuro no sera assim; teremos de cuidar para que a crianga se torne um imitador. No futuro, a questio: qual a melhor maneira de se estruturar a vida da crianga a fim de que ela possa imitar o que corre em seu ambiente? tera de ser respondida. De agora em diante tudo aquilo que no passado ocorreu em relagao a imitar tera de ser buscado cada vez mais intensivamente e cada ‘vez mais conscientemente. Sera necessario considerar 0 seguinte: ‘oas se tornem adultas dentro do organismo er livres — s6 se pode ser livre quando se foi para que as pes social, terao de um intenso imitador como crianga. Aquela fora, que constitu a forga natural da crianga, precisa ser educada intensivamente, justamente na epoca em que © socialismo irrompers. As pessoas nao se tornardo seres livres apesar de todos os discursos e de todas as agitagoes politicas sobre liberdade, se a forga de imita- «ao na infancia nao tiver sido plantada. Pois somente aquilo que foi plantado desta maneira na infancia podera constituir a base para a liberdade social. Do 7° ano de vida-até.a-puberdade (14, 15 anos), vive na crianga a forga que podemos denominar “agir sob uma outori- dade”. Nao pode haver coisa melhor para a crianga do que ela se propor a fazer algo porque pessoas veneradas de sua conviven- cia Ihe dizem: — isto esta certo, isto deve ser feito. Nao existe nada pior para a crianga do que a acostumarmos ao chamado julgamento proprio, precocemente, antes da puberdade. O sen- limento pela autoridade entre 0s 7 e os 14 anos precisa ser edu- cado de forma mais clevada e intensiva no futuro. A educagio precisa ser conduzida de modo cada vez mais consciente no sen- 20 Primeira conferéncia, 9 de agosto de 1919 tido de despertar na crianga 0 sentimento pela autoridade, pois aquilo que deveser plantado nas criangas dessa idade deve cons- lituira base para o que os adultos vivenciario como a igualda- de dos direitos do ser humano no organismo social. A igualda- de de direitos do ser humano nao se trar © sentimento pela autoridade nao tiver sido plantado e cultiva- do. No passado bastava um grau de sentimento pela autoridade muito menor; no futuro ele nao sera suficiente. Esse sentimento pela autoridade tera de ser fortemente implantado na crianga, para que as pessoas se tornem maduras para aquilo que surge como uma necessidade histérica Toda educagio basica, todo ensino bésico devem ser estruturados de tal maneira que as pessoas possam atingir a mag- nitude das consideragdes sobre as quais acabamos de falar. Agora eu pergunto: quio distante se encontra a humanidade hoje e quao distante esta a formagao de professores desta compreensio? De que modo se deve trabalhar para que esta compreensao se gene- ralize? S6 com esta compreensio pode-se buscar a cura. Quando observamos paises que jé passaram pela primeira revolugao social, o que percebemos em relagao a esses assuntos nos programas das chamadas escolas unificadas? O que consta desses programas! Para todo aquele que tem uma percepgio dos contextos da natureza humana, os programas de educagio so- cialistas sao aterradores. A coisa mais terrivel que pode ser colo- cada diante da humanidade sao os programas educacionais, os curriculos, 08 cursos ¢ a concepgao de escola, que se vinculam ministro de educagao na Russia; aquilo que acontece na Russia como programa educacional ¢ a morte parao verdadeiro socialismo. Mas também em outras regi- Ses da Europa os programas de ensino socialista constituem-se em carcinomas porque partem do fundamento de que a escola deve ser constituida do mesmo modo que os adultos deveriam viver no organismo social. Li programas escolares nos quais um dos primeiros preceitos era o seguinte: a reitoria deve ser formaré se na Infancia ao nome “Lunatscharski 2 A QuistAo PEDAGOGICA COMO QUESTAO SOCAL abolida; os professor reitos em relagio aos alunos; toda a es 's devem estar em absoluta igualdade de di- cola deve estar edificada no principio do “companheirismo”. Aquele que hoje em dia fala con- tra tal preceito, a nao ser no sul da Alemanha onde tais questoes esto menos difundidas do que em outras regides da Europa, taxado como alguém que nio tem a menor nogao da vida social Mesmo assim, aqueles que acreditam honestamente na as censio a um verdadeito organismo social, deveriam ser esclare- cidos de que o verdadeiro organismo social jamais poder sur- gir dos programas educacionais socialistas. Se 0 socialismo for introduzido na escola, jamais podera estar presente na vida. As pessoas s6 se tomardo maduras para um convivio social justo se, na escola, a sua educagao for estruturada com base numa verdadeira autoridade. Convém esclarecer 0 guao distante se encontra aquilo que atualmente as pessoas fazem, o que elas pensam, daquilo que deve provir de um sentido de realidade. Apis a puberdade, dos 14, 15 anos até os 21, desenvolve-se nao somente a vida amorosa sexual como um caso especifico do amor humano universal amor humano universal. Esta forga proveniente do amor hu- mano universal deveria ser especialmente cultivada no momento em que as criangas concluem 0 ciclo basico e se encaminham para outras instituigdes, para cursos profissionalizantes, ou algo semelhante. Pois a configuracao de vida econdmica que se constitui numa necessidade histérica jamais pode sa pelo sentimento de fraternidade, isto é, pelo amor humano niversal, s nestes anos escolares este tipo de amor nao tiver : ela 6 somente um caso especifica do ser ace- sido desenvolvido. A fraternidade na vida econdmica sé vivers nas almas hu- manas quando a educacio apés os 15 anos de idade for estruturada de forma a que se trabalhe com a maxima conscién- cia sobre as bases do amor humano universal; quando questdes relativas 4 cosmovisao, apés 0 ciclo basico for edificada no amor humano e no amor pelo mundo exterior. 22 Primeira conferencia, 9 de agosto de 1919 Sobre este alicerce educacional trimembrado deve ser edificado aquilo que deverd florescer no futuro da humanidade. Sem nos conscientizarmos que 0 corpo fisico, que & um imita- dor, tem de se tornar um imitador de uma maneira correta, $6 serdo introduzidos no corpo nos conscientizarmos que dos 7 aos 14 anos é 0 corpo etérico que se desenvolve de modo especial, e que se precisa fazé-lo com base na autoridade, surgiré no ser humano somente a sonolén- ia cultural. E assim, aquela forga que sera necessiria para 0 organismo da vida dos diteitos nao se fari presente, E sem que, a partir dos 14, 15 anos de vida, a forca do amor, que esta ligada ao corpo astral, seja colocada de maneira ensata em tudo o que for ensinado, nas aulas € nos en: nseguirdo desenvelver o seu corpo ico impulsos animalescos. Sem | a mentos, as pessoas jamais ¢ astral, pois nunca conseguirao configurd-lo como um membro livre no ser humano. ‘Tudo esta entrelagado. Por isso tive de dizer: Imitagdo, em sua forma correta, desenvolve a liberdade; | Autoridade — a vida dos direitos Fratermidade, amor — a vida econémica. Mas vale também o contrario. Se o amor nao for desenvol- vido de forma correta, faltara também a liberdade, Se a imitagao nao for desenvolvida de maneira correta, mani pulsos animalescos, Quando se aborda este problema, a Ciéncia Espiritual & a se para aquilo que, em virtude das grandes necessidades wstam-se os im- ba toricas que se abatem hoj nar contetido cultural, Sem esse contetido cultural nao podere- mos progredir verdadeiramente. ‘As questdes que se colocam diante de nés tém de ser trata- das numa atmosfera espiritual; é isto que tera de penetrar nas almas humanas como conviccao. Novamente quero reforcar 0 seguinte: pode-se argumentar sobre quanto tempo ainda levara sobre a humanidade, precisa ve to 23 A QuistAo PEDacocica COMO Questéo Sociat até que uma tal convicgao venha a permear as almas humanas; em todo easo, 0 que inconscientemente & almejado pelas pessoas — 86 serd alcangado se essa convicgio permear as almas huma- nas. Creie, que os Senhores possam perceber que existe real- mente ligacao entre aquilo que foi trabalhado nos diversos am- bitos concretos em nossa Ciéncia Espiritual e aquilo que resulta da necessidace de nossa epoca, como as grandes exigéncias his- toricas e necessidades da humanidade para o presente e para o futuro préximo, Isto também estava presente naquilo que eu re- petidamente disse: a Ciéncia Espiritual deverd ser considerada em sua interrelagao com as grandes tarefas historicas do presente. Contudo, hoje as pessoas estao muito, mi rem as coisas da forma como aqui foram des em certa medida, na huma tantes de julga- ritas. Deve surgir, ; jade uma tensio causada pela insa- tisfagio, para que a partir da pura aspiragao material, 0 oposto, advenha a aspiracao pelo espirito. Como as pessoas conseguirso encontrar uma saida para es a grande questo que as levou a entender como maia e como ideologia exatamente 0 oposto? Mas 0 que surgiu? Vejam, 0 impulso que gera 0 pensamento mas humanas do Oriente e nas almas humanas do Oxidente 6 diferente se 0 considerarmos a partir da: nas ideias. Mas este impulso também possui em si, em certa medida,a propriedade de gerar uma mesma qualidade animica no Oriente e no Ocidente. Esta qualida- de também deve ser considerada. O fato de os orientais terem ca- racterizado o mundo exterior como maia — isto € algo antigo. A concepcio mistica do mundo teve o seu verdadeiro significado ‘em tempos antigos; ela nao mais a possui no presente. Sobre 0 Oriente adveio, pelo fato de a cosmovisao de maia, em certa me- dida, ser ultrapassada, um certo doar-se passivo aesta cosmovisio — um fatalismo que penetra a Europa em sua forma mais crassa no mundo turco: a passividade da vontade humana. A concepgao ocidental de maia fo que viveu na atmosfera desse fatalismo. Podemos dizer que esta concepgao da ideologia surgiu atra corporada de tal modo 24 Primeira conferéncia, 9 de agosto de 1919 ves de Karl Marx e Engels. Esta concepgao da ideologia é a mo- slerna doutrina socialista, — Esta visdo onde tudo o que € animico-espiritual resulta de uma tnica realidade, provém do processo econdmico, e assim & uma maia, uma ideologia. Como ela apareceu? Ela entrou fatalisticamente no mun- do. Qual era, entao, até a catisirofe da Guerra Mundial, a ex: pressio exterior do ensinamento socialista? Os capitais juntam: se, concentram-se, e capitalistas, ou grupos capitalistas, tomam- se cada vez maiores formando trusts, pools € assim por diante; processo econémico desenrola-se a partir de si mesmo; cada vez mais ocorre a concentragao de grupos de capital até que, a par- tir de si mesmo, o dominio do capital passa para o proletariado. Nao & necessario fazer nada para que isso ocorra; este é um proceso objetivo, puramente econdmico: fatalismo. 0 Oriente chegou ao fatalismo. O Ocidente parte do fata- lismo, Deixar advir sobre si aquilo que © proceso do mundo deve trazet, se tornou o principio do Oriente. Aquilo que se quer que resulte fatalisticamente, para 0 Oriente é um processo espiritual, para 0 Ocidente & 0 proceso econémico material. Otha-se tnilateralmente para dentro do desenvolvimento mundi- al do ser humano. Se considerarmos o desenvolvimento mun- dial atual do ser humano, tal como ele resultou de estados ant um ek as. Este riores, encontraremos nesse desenvolvimento mund mento espiritual que tornou-se ideologia para as pe elemento se edifica no mundo grego. Aquilo que & 0 mais pro- fundo impulso do nosso estado de alma, ainda tem em si algo de grego. Por esse motivo temos em nossa educacio 0 ginasio, que 6 uma imitacdo da estrutura animica grega. Na Grécia, aquilo que esse estado de alma representava para 0 ser humano, era algo natural da crianca até as proximidades da puberdade. O helenismo desenvolveu-se de tal forma que a maior parte das pessoas eram pobres, escravos, hilotas, O> conquistadores eram de outra estirpe. Eram os legitimos portadores da vida espiritual sso pode ser visto mui particularmente expresso nas esculturas 25 ee A QUISTAO PEDAGOGICA COMO QuesTAo SocIAL gregas. Tomemos, por exemplo, um busto de Merciirio, ele apre- senta os ouvidos, 0 nariz e os olhos de uma forma totalmente diferente. Os gregos referiam-se, & medida em que trabalhavam © busto de Mercirio, aos povos que os haviam conquistado e 0s quais eles deixavam a economia do comércio exterior. O ari- ano, caracterizado pela cabeca de Zeus, de Hera e de Atena, era aquele a quem o espirito era atribuido pelos poderes do mundo. Nao acreditem que aquilo que se difundiu como estrutura da alma grega seja algo que sé se manifesta na condigio geral de alma! Manifesta-se também na formagio e no uso das palavras & na lingua grega, que se baseia numa estrutura da alma social aristocratica, E isto nés ainda temos em nossa vida espiritual Por isso nao vivenciamos nenhuma renovagao da vida espiri- tual em meados do século XV, mas somente um renascimento, Educamos nossos jovens no ginisio, distantes da ida, Para 08 gregos era natural educarem os jovens de tal modo, como o nosso gindsio ensina, pois essa era a sua vida. Os gregos educa- vam suas criangas e jovens de acordo com a sua vida; nés edu- camos nossos jovens no gindsio tal como era a vida grega. As- sim, a nossa vida espirit ela € sentida como ideologia; por isso os pensamentos so muito estreitos para consegutirem abarcar a vida, principalmente para conseguirem intervir na vida de modo atuante e dinamico. Paralclamente a este elemento da formacao espiritual temos uma estranha formacao do direito entre nés. Por toda a parte, em todos 0s ambitos, pode-se comprovar como houve nos mea- dos do séc. XV uma poderosa incisdo no moderno desenvolvi- mento da humanidade. Os graos hoje so caros, assim como tudo ‘6 que com eles & fabricado. Se pesquisarmos quando os gros eram extremamente baratos nos paises europeus chegaremos aos séculos IX ¢ X. Naquela época eles eram to baratos quanto hoje sdo caros. Em meados do séc. XV tinham um preco justo, tual tomou-se estranha 8 vida, por isso 26 Primeira conferéncia, 9 de agosto de 1919 E interessante ver como até no prego dos graos manifesta- se esta grande inciséo na histéria da humanidade. E qual foi a consequencia de, naquela época, o prego dos graos ser correto numa boa parte da Europa? A velha servidao, o velho feudalismo comegou, em parte, a cessar nos meados do séc. XV. Foi quando irrompeu 0 direito romano para aniquilar a liberdade que se iniciava. Nés somos permeados no ambito politico, do estado, pelo direito romano, assim como em relagio ao espiritual somos imbuidos da estrutura animico-espiritual grega. Até o momento nao conseguimos conceber, no ambito do direito, nada além de mento, 0 renascimento do direito romano. Temos 1 a estrutura espiritual grega e a es- um rena em nosso organismo soc trutura do estado romano. A vida econémica ndo se deixa configurar como uma re- nascenga, Pode-se viver de acordo com o direito romano e pode-se ual educar as criangas ¢ os jovens segundo a estrutura espi grega, mas ndo se pode comer a comida que os gregos comiam, aciaria a fome. A vida econdmica tem de ser presen- ‘mos de trazer ordem rem entre- pois nao se te. Ela representa o terceiro elemento. para dentro destes trés Ambitos pelo fato de ek meados de modo cadtico. E isso somente pode se dar através do ‘organismo social trimembrado Pesscas como Marx e Engels compreenderam isto & medida nao se pode cont em que revonheceram 0 segui vernar com a vida espiritual herdada do mundo grego; nao cil. Na Alemanha, eu disse as pessoas que consideram tais coisas de dificil compreensao, que, certamente, distingo estas coisas da- quelas a que elas se acostumaram a compreender nos tiltimos quatro ou cinco anos. Eu Ihes disse, que se achava facil, neste periodo, compreender coisas que eu no compreendia, somente ‘era necessirio dar a ordem para que as coisas fossem compreen- didas. O grande quartel general, ou alguma cutra instancia ti- nnha que determinar que as coisas fossem compreendidas. Elas eram compreendidas porque se determinava que fossem com- ar a go 27 A Questao Pepacocica como Questo SociAL preendidas; hoje, isso significa compreender as coisas a partir da alma humana livre. Para i que as almas des- pertem; e elas estao dormentes. Mas ¢ exatamente esta a ques- tio. Nao se trata da falta de compreensao, mas da vontade e da coragem que ainda faltam para olhar para dentro desta realidade. /E natural que aquilo que deve falar 4 humanidade a partir de um tom totalmente novo, precise ser elaborado com palavras ¢ frases diferentes dagquelas com as quais as pessoas estdo acost Imadas, Pois estamos tomados por trés coisas diferentes daqu las que foram mencionadas na trimembragao. Nesta trimembragio é exigida uma renovagio da vida es- piritual para permitir que as pessoas realmente vivenciem um inter-relacionamento de sua vida animica com a vida espiritual objetiva. Quando os seres humanos falam hoje, eles o fazem, em grande parte, com frases prontas. E por que as pessoas repetem frases prontas? Por nao possuirem uma relagao com aquilo que as frases devem significar. Pelo fato de faltar aos seres humanos a inter-relacio com a vida espiritual, as suas palavras tomam- se frases prontas, Falou-se muito sobre a instituicao do direito no seio da humanidade civilizada nos tiltimos anos. Os acontecimentos do presente demonstram bem o quio distantes as pessoas se en- contram da realidade no que tange ao direito. Até agora nao se lutou pela questio do di mas falou-se sobre o direito. Quanto a vida econdmica nao surgiram pensamentos para abrangé-la, e assim 0s fatos sucederam-se por conta propria. Este foi o elemento caracteristico na vida econmica: as pessoas 86 produziram, exatamente como uma vez, no inicio de 1914 mencionei em Viena, ocasiio em que chamei esse produzir de tumor canceroso s0% so & nevessai ito, somente pela questo do poder; I: produziu-se muito eas mercado foram langadas no mercado. O ciclo econémico deveria mover- se por si proprio, sem pensamentos que 0 governassem. Umi vida econémica cadtica, sem planos; uma vida juri ‘ 28 Primeira conferéncia, 9 de agosto de 1919 somente uma vida pelo poder; uma vida espiritual que se redu- viw a frases prontas isio tripartida que de fato tive- mos. Temos de sair desta divisao tripartida. E s6 sairemos dela quando compreendermos que temos de levar a sério a trimem- bragao do organismo social Isto sé pode ser compreendido quando nos baseamos na Giéncia Espiritual orientada pela Antroposofia. Melindrou a plateia quando eu, algumas semanas atrés, numa conferéncia pliblica proferi a frase: os circulos de dirigentes e governantes do presente nao devem mais fiar-se no seu cérebro, o qual & decadente. Eles devem se esforcar por compreender aquilo para 6 qual nao se necesita do cérebro mas do corpo etérico. Pois 0s pensamentos que devem ser captados na Ciéncia Espiritual ori entada pela Antroposofia nao precisam do cérebro. Os circulos de dirigentes e governantes, a burguesia atual, devem, j4 por esta éa causa do seu desenvolvimento fisiolégico, dedicar-se ao conhe- to espiritual para cultivar algo que também pode ser cul- tivado por cérebros decadent proletariado luta para ascender. Ele tem um cérebro ainda nao desgastado. Comparado a um fruto, vemos que ele ainda nao foi totalmente espremido, pois ainda apresenta algo ativico. Por isso 0 proletariado ainda compreende aquilo que se diz no sentido de uma nova ordem social. E hoje as coisas se encon- tram num estado em que, no fund, todo © proletariado teria acesso a elas; somente os governantes nao o tém, mas eles se aburguesaram; eles sio mais burgueses do que os proprios bur- sgueses. Eles assumiram 0 bitolamento e transformaram numa certa cultura superior. Mas por outro lado existe uma terrivel obediéneia, Esta obediéncia teri de ser quebrada. Antes disso no haveré neste Ambito nenhuma cura Vejam como as coisas so mais complicadas no presente do que costumavam ser, elas encontram-se nesse estado porque somente a Ciencia Espiritual que conduz 2 iniciagao pode con- duzir 4 verdadeira compreensao dos problemas sociais do pre- 29 A QuEsTAO PEDAGOGICA COMO QuESTAO SOCIAL sente. Os Senhores encontrario trés conceitos, que também so apresentados na minha obra “Os pontos cerne da ques al nas necessidades da vida presente e futura” que escrevi nao somente para antropésofos mas também para o grande puilico. Nela irdo encontrar esses trés conceitos importantes para a vida social presente. La se encontra 0 conceito de mercadoria ou de produgao de bens de consumo, no ambito da vida econdmica. Outro conceito importante 6 6 conceito de trabalho. Um tercei- ro conceito importante € o conceito de capital. A ciéncia social do presente ba io soci cia-se nestes tres conceites. ‘Vejam o quanto ja se falou no ambito da ciéncia social para caracterizar esses trés conceitos! Quem conhece o que surgi: mais precisamente na segunda metade do séc. XIX no Ambito da cién- cia, através dos economisias, para se conseguir abarcar esses ti conceitos de mercadoria, de trabalho e de capital, sabe quanto sforco se gastou numa ciéncia impessivel, pois toda essa ci & insuficiente. Recentemente contei um caso engragado. O famo- 80 professor Lujo Brentano, a luz da ciéncia econdmica da Euro- pa Central no presente, publicou recentemente um artigo intitulado “O Empresirio’. Aj ele desenvolve as trés caracteristi- cas do empresério. Somente Ihes relatarei a terceira caracieristica do empresario na concepcao de Brentano, Esta caracteristica ref re-se ao fato de que o empresitio utiliza © meio de produgio por sua propria conta risco. Isto é um fato, pois o empresario é proprietario dos meios de produgao e empreende a produgio para (© mercado por sia propria conta € risco. O conceito de Brentano, Juz da atual ciéncia econbmica na universidade, é tao limitado que, no mesmo artigo, este senhor teve a felicidade de chegar & conclusdo sobre quem ainda é empresario além do fabricante e do negeciante: 0 proprio operdrio modero. O operario moderno é m empresirio, pois ele possui o meio de produgio, isto a sua propria forga de trabalho e a oferece no mercado por sua propria conta € risco. © conceito do st. Lujo Brentano é tao claro que o operirio também se apresenta entre os empresirios. Vejam como cia 30 Primeira conferéncia, 9 de agosto de 1919 brilhante a ciéncia econdmica atual! E digna de riso. Mas nao podemos nos animar muito com esse riso, pois as universidades ainda detém a posigio de dirigentes na vida espiritual. Elas, con- tudo, produzem tais conceitos no ambito da ciéncia econdmica. Nao se quer admitir que produz-se matéria ridicula neste ambito. Entretanto, tais coisas precisam ser encaradas, deve-se entio perguntar: como ¢ possivel que a ciéncia nao consiga explicar os conceitos sociais que hoje estao se tornando questdes cotidianas prementes? Seria uma satisfagao se cu pudesse dizer algo mais preci- 10 a esta questio durante a minha estadia neste pais. Hoje, no entanto, desejo somente fazer referéncia ao assunto. Apesar de 0 conceito de mercadoria ser puramente econd- mico, ele nao pode ser caracterizado pela ciéncia comum, Os Senhores somente conseguirao captar 0 conceito de mercadoria se 0 basearem em conhecimentos imaginativos. E nao conse- guirio compreender o trabalho no ambito social e econémico se nio tiverem como base o conhecimento inspirativo. Também nao conseguirao definir 0 capital se nao ativerem como base 0 conte mento intuitive. Louse 1 O conceito de mercadoria exige imaginagao; © conceito de trabalho exige ins © conceito de capital exige intuigao. cho: Ese esses conceitos nao forem formulados dessa forma sem- pre surgirao resultados contusos. Exemplo: por que Lujo Brentano define o conceito de capi- tal, que coincide com o conceito de empresario de tal forma, que © operdrio também ¢ um capitalista. um empresario? Ele pode ser uma pessoa muito brilhante da atualidade, mas nao possui nenhuma nogdo de que para se obter um conceito real sobre capital & necessdrio ter conhecimento intuitivo! 31 A QUESTAO PEDAGOGICA CONO QuEsTAo SOCIAL Entretanto, ocorre aqui um desvio. A Biblia indica algo em relagio a esse desvio na passagem que se refere ao capitalismo, fa- lando do deus Mammon. Ela relaciona, contudo, 0 capital a uma espécie particular de espiritualidade. No entanto, somente se pode conhecer a espiritualidade através da intuigao. Se quisermos reco- nhecer a espiritualidade atuante no capitalismo, o mammenismo, precisaremos da intuicgao. Necessitamos de um conhecimento universal que faca emergir a intuicao na modernidade. Devesse tentar trabalhar esses assuntes, atualmente conside- radios excéntricos, de uma forma objetiva a partir da exper cia, A experiéncia neste Ambito mostraré a necessidade de uma permeagao das visdes soc cia Espiritual. Isto é 0 que o observador imparcial da vida deve realmente intuit. Lembrem-se somente que, aqueles que ld esti- veram, da questo memoravel que foi levantada no Bernoullia- num em Basileia* antes de minha partida apés uma conferéncia, por um senhor que pas em discussio o seguinte: como pode- mos tornar Lénin governante do mundo? Na sua vi poderia haver salvagio social antes de Lenin se tornar governante do mundo. — Pensem s6 que grande confusao isto significa! Isto significa que aquelas pessoas que, hoje em dia, sao radicais, sao as mais reacionarias. Elas desejam o socialismo; dever-se-ia, antes de tudo, comegar a socializar as relagbes de poder; mas se comega 0 soci Lénin! Nem se inicia a socializag3o no ambito das relagies de poder. Hoje nos deparamos com situagies verdadeiramente gro- tescas! E grave quando se diz: Lénin deveria se tornar gover- nante do mundo. Aquelas pessoas que acteditam possuir 0s con- ceitos mais esclarecidos, possuem, na verdade, o: absurdos. E nao se chegara a uma clareza nesse ambito se procurar fazer com que ela seja permeada pela Ciéncia Espiritual. is com a verdadeira e auténtica Ci 10, no mo com a monarquia econdmica universal de s conceitos mais ido se NT: Local de convengdes na cidade de Basileia, Suiga. 32 SEGUNDA CONFERENCIA Dornach, 10 de agosto de 1919 Se quisermos compreender o que a Ciéncia Espiritual antroposéfica tem como tarefa no presente e no futuro préxi- ‘mo, teremos de considerar, como jé o fizemos ha algum tempo, Co carater que o desenvolvimento da humanidade adquiri desde 6s meados do séc. XV. Podemos concluir que desde os meados do séc. XY, vive na humanidade o impulso de se colocar a indi dualidade humana isolada como meta suprema do desenvol- vimento da personalidade, de ela se tornar uma personalidade completa. Isso nao era possivel, nem era a tarefa da humanida- de em épocas anteriores ao periodo de sua evolugao pés-atlanti- ca, Se quisermos compreender a grande transformagio dentro da qual nos encontramos, teremos de nos voltar ainda mais precisamente para tais questoes. Continuamos a ter em nossa vida espiritual uma configu- ragio grega da alma. A forma e 6 modo como construimos nos- sos pensamentos ¢ de como estamos acostumados a pensar so- bre o mundo é um eco da configuragio grega da alma. A forma €0 modo como estamos acostumadosa encarar a vida juridica e tudo aquilo que com ela se relaciona, é um eco da configuracao romana da alma. No fundo, continuamos a enxergar 0: n03s0 estado como uma imagem do Império Romano, Somente quando se conseguir enxergar como se tem de trazer para dentro deste presente caético a trimembracao do organismo social, poder-se-a conhecé-lo e atuar claramente nele A configuracao grega da alma caracteriza-se por aquilo que surgi na Grécia e continuou a ser em toda parte 0 tom domi- nante no desenvolvimento histérico até meados do séc. XV. Por todo 0 tertitério grego espalhou-se uma populacao de povos conquistados, os conquistadores, aqueles que reivindicavam terras para si, e que invocando sua heranga pela consanguinidade A QUESTA PEDAGOGICA COMO QuESTAO SOCAL palavras perderam a stta ligagio com a espiri gacao precisa ser novamente encontrada para progredirmos. De fato as tarefas sociais encontram-se muito mais no Ambito animico do que comumente acreditamos. lidade, e tal 66 QUARTA CONFERENCIA Dornach, 15 de agosto de 1919 A partir das tiltimas consideragoes que aqui trouxemos, 0s Senhores poderao constatar que dentre as intimeras questoes que ocupam a atualidade, a questao pedagdgica é a mais impor- tante. Ja enfatizamos que toda a formulacao de questées refe- rentes ao Ambito social encerra em si como ponte principal, a questao pedagégica. Ja enfatizamos que a questio pedagdgica anuncia-se como 0 ponto mais importante dentro de todaa gama de questies que se colocam acerca do ambito social. Depois que eu, ha aproximadamente oito dias, fiz mengao a transformagao © & nova configuragao da pedagogia, os Senhores achario compreensivel, que no interior da questio pedagégica a ques- tio da formacio dos professores & a mais significativa dentre as sub-questes que se colocam. Se permitirmos que atue sobre nds o carater do periodo histérico que decorreu a partir dos meados do-sée-XV, teremos a impressao: que através da evolucio da humanidade, adYongo desta época, fluiu a onda das prova- «Ges materialistas. No presente vivemos a necessidade de termos que trabalhar para sair desta onda materialista e reencontrar 0 caminho para o espirito, que em antigas épocas culturais era conhecido das pessoas, mas que, em tempos passados foi trilha- do pela humanidade de um modo mais ou menos instintivo, inconsciente, perdeu-se para que a humanidade pudesse buscé-lo a partir do seu proprio impulso, de sua propria liberdade e que agora tem de ser procurado conscientemente. A transigao, pela qual a humanidade teve de passar desde ‘0s meados do séc. XV, ¢ exatamente aquilo que se poderia nom ar como a provagao materialista da humanidade, Se permitir- mos que 0 cariter dessa época materialista atue sobre nés, ¢ se considerarmos os efeitos do desenvolvimento cultural dos iilti- _mos trés ou quatro séculos até os nossos dias, poderemes perce- ber que aquilo que foi mais atingido e tomado por essa onda A QUESTAO PEDAGOGICA CONC QUESTAD SOCIAL materialista foi exatamente a formagao dos professores. E todo © restante nao poderia causar um efeito tio duradouro como a impregnacio da concepgao pedagégic ica pela orientagao. materialista. Precisa-se apenas olhar de um modo objetivo para certas particularidades daquilo que acontece em nossas escolas no presente e poder-se-A ter diante dos olhos toda a dificuldade que se coloca para um progresso realmente frutifero, Sempre & repetido, exatamente por aquelas pessoas que acreditam pode- rem se expressar particularmente bem sobre as questées peda- gogicas, que toda aula, desde os primeiros anos escotares, tem de ser visual — aquilo que se quer dizer com um método visuats Intimeras vezes chamei a atengio sobre como, por exemplo, se deseja tornar uma aula de aritmética numa aula visuak ja se introduzem maquinas calculadoras na escola! Deposita-se um grande valor sobre aquilo que a crianca consegue primeiramente visualizar e que, s6 depois, forme representagdes a partir do proprio interior de sua alma. E certo que esse impulso em di do a capacidade de visualizacao no ensino seja plenamente ju {ificavel em muitos mbites da pedagogia. Contudo, somos for- cados a colocar a seguinte pergunta: 0 que acontecera ao ser humano se ele somente for educado através de aulas de um mé- todo visual? Se o ser humano somente for educado através de iais ele se tornara animicamente endurecido e morre- aulas vis 130 continuamente as forcas motrizes interiores da alma; for- ma-se assim uma ligagdo da esséncia humana inteira com o mei ambiente visual. Aquilo que deveria brotar do i é gradativamente morto na alma. Muito daquilo que morto no Ambito animico do ser humano deve-se as aules com este método visual do presente. Naturalmente, nao se sabe que se esté matando a alma, mas isto é um fato real. A consequénci deste fato é aquilo que vivenciamos nos seres humanos da atua- lidade; que muitas pessoas da atualidade tém realmente uma jnatureza problematica. Quantas pessoas, atualmente, em sua |idade madura nao sabem como buscar em seu préprio interior 68 Quarta conferéncia, 15 de agosto de 1919 aquilo que Ihes poderia oferecer esperangas ¢ consolo nos mo- mentos dificeis para poderem crescer nas diferentes situagdes que a vida Ihes apresenta? Vemos no presente muitas naturezas despedacadas, assim como para nés préprios surgem momen- tos particulares em que nao conseguimos nos orientar, ‘Tudo isso esta relacionado com as deficiéncias do nosso sistema de ensino e mais precisamente com as deficiéncias na formagao dos professores. Qual seria, entao, o esforgo necessi- rio para um futuro promissor em relagio a formagio dos pro- fessores? O professer, ao final das contas, conhece aquilo sobre © que Ihe é perguntado nas provas de selegao, 0 que de fato ¢ uma coisa subordinada a programas estabelecidos, pois nestas provas caem princi antes das aulas, poderia encontrar em algum manual, e do qual ele poderia dispor quando precisasse preparar suas aulas. No entanto, aquilo que nao € visto nas provas éa disposi¢ao animica geral do professor, este é o elemento que espiritualmente tem de fluir continuamente do professor para seus alunos. Existe uma ‘grande diferenga entre cada professor que adentra asala de aula Quando um certo professor entra na sala de aula, as criangas ou 05 alunos sentem uma certa afinidade com o seu proprio estado de alma; quando um outro professor entra na sala, as criangas ou os alunos nao sentem uma tal afinidade; pelo con- trdrio, eles sentem um abismo entre si e 0 professor e todas as nuances possiveis de uma indiferenga até chegar ao ponto de se expressar que o professor 6 cémico, ridiculo, e de cagoar do pro- mente questies sobre assuntos que ele, fessor. Todas as nuances ds te processo so a causa frequente dia ruina da verdadeira aula e da verdadeira pedagogia. Por tal razdo surge a questao urgentissima: como a forma: ao dos professores poder ser transformada para 0 futuro? Ela nao podera ser transformada a nao ser pelo faio de os profe res assimilarem aquilo que pode provir da Ciéncia Espiritual como conhecimentos sobre a natureza humana, © professor tem de estar permeado pela ligagao do ser humano com os mundos 69 A QuistAo PEpacdcica como QuéstAo SOCAL suprassensiveis, Ele deve estar em condigies de poder enxergar ha crianga em crescimento 0 testemunho de que esta crianga desceu do mundo suprassensivel através da concepgio e do nas- cimento e que aquele ser que desceu, vestiu-se com 0 corpo e quer adquirir algo no qual ele, professor, tem de ajudar aqui no mundo fisico, pois isto a crianga nao pode adquirir na vida entre a morte © um novo nascimento. Cada crianga deveria realmente surgir diante da alma do professor ou do educador como uma pergunta do mu lo suprassensivel direcionada ao mundo sensivel. Nao se poderi, num sentido concreto e abrangente, colocar esta questio em relagio a cada crianga individualmente, ando ser que se empre- guem os conhecimentos que provém da Ciéncia Espiritual so- bre a natureza do ser humano. A humanidade acostumou-se gradativamente, no decurso dos tiltimos.trés ou quatro Séci= los, a considerar o ser humano cada vez mais de modo simples mente fisiolégico, focado em sua constituigao corporal exterior. Esta visao do ser humano ¢ extremamente prejudicial para 0 educador ¢ para o professor. Por isso, seré necessdrio, antes de mais nada, que uma antropologia resultante da Antroposofia se tome a base da pedagogia do futuro. Isso s6 pode aconte se 0 ser humano for realmente considerado sob 0s pontos de vista, frequentemente aqui mencionados, que ¢ caracterizam em diversas relagdes como.um ser trimembrado. Deve-se, no entan- to, tomar a decisdo de 5 Compreender esta trimembragao real- ‘mente no seu aspecto interior. Repeti sob os mais variados pon- tos de vista e chamei sua atengao para o fato de como 0 ser dir-se primeiramente em ser humano neurossensorial, 0 que poderia s vulgarmente do seguinte modo: em primeiro lugar o ser huma- no & um ser humano-cabega. Como um segundo membro da entidade humana, considerada exteriormente, temos 0 ser hu- ‘mano no qual se manifesiam principalmente os fendmenos rit- micos, 0 ser humano-térax. Finalmente, como os Senhores jé humano, assim como ele se apresenta, di r expressado 70 Quarta conferéncia, 15 de agosto de 1919 sabem, inter-relacionado a todo 0 sistema metabélico, 0 ser humano-membros, 0 ser humano-metabilico, no qual © prd- prio metabolismo como tal acontece. Aquilo que o ser humano & enquanto ser ativo esgota-se exteriormente na imagem, na membros da natureza forma fisica do ser humano nestes tré: geral humana, Registremos entio estes trés membros da natureza geral humana: ser humano-cabeca, ou ser humano neurossensorial; 19; © ser humano-mem- ser humano-t6rax, ou ser humano ritm bros, no mais amplo sentido, ¢ claro, ou ser humano-metabili- co. [Lousa 4] Agora é necessario que se compreendam estes trés mem- bros da natureza humana em suas diferengas entre si, Isto nto & confortavel para o ser humano atual pois ele gosta de divisdes esqueméticas. O ser humano atual desejaria o seguinte: 0 ser humano consiste de ser humano-eabesa, ser humano-térax e ser humano-membros, colocando-se um trago de divisio no pescogo e dizendo-se: aqui em cima esté o ser humano-cabega. Depois passaria uma linha em outro lugar qualquer para limi- tar o ser humano-térax, para assim ter as partes constituintes uma ao lado da outra. Aquilo que nao se pode apresentar de modo tao esquematico nio agrada ao ser humano atual. Entretanto tal nao ocorre na realidade; a realidade no faz tais linhas de separacao. Acima dos ombros o ser humano é, pois, principalmente ser humano-cabega, ser humano neuros- sensorial, Contudo, acima dos ombros ele nao & somente ser humano neurossensorial; por exemplo, o sentido dos sentimen- tos, 0 sentido calérico estendem-se por todo 0 corpo, de modo quea cabeca atua sobre todo ele. Se desejarmos poderemos dizer 6 seguinte: a cabega humana ¢ principalmente cabega. trax é de fato, menos cabeca, mas ainda é cabega. Os membros, ou tudo aquilo que é sistema metabélico & menos cabega ainda, contudo, também & cabega. De modo que temos de dizer que todo o ser humano é cabeca, e que s6 a cabeca é principalmente cabeca. Se 71 ‘A Questo PeDacocica como Questéo SoaaL quisermos desenhar de um modo esquemitico, deveriamos de- senhar 0 ser humano-cabega desta forma (ver parte tracejada dara — branco), [Lousa 4] Por outro lado temos o ser humano-térax que nao se en contra simplesmente no térax. Ele se apresenta principalmente nos érgdos do trax, nos Srgdos em que se manifestam mais precisamente o coracio e o ritmo da respiragao. A respiracao, porém, também ocorre na cabega; a circulagao sanguinea em seu ritmo também ocorre na cabeca ¢ nos membros, Podemos, entao, dizer: » ser humano 6 térax nesta regido, mas ele tam- bém é — embora num graut menor — térax aqui (ver desenho tracejado médio — vermelho), e também aqui — é torax num grau menor ainda. De novo temos que o ser humano todo é trax, mas uma parte & principalmente trax e outra é cabeca. Lousa 4 Uilijr/, wxanco claro) af] semen ESS ul 72 Quarta conferincia, 15 de agosto de 1919 Novamente vemos que 0 ser humano-membros ¢ -meta- bolismo ¢ principalmente este aqui (ver 0 desenho; tracejado escuro azul). Estes membros estendem-se de modo que apre~ sentam-se menos no t6rax € minimamente na cabesa. Ora, ¢qualmente verdade que se pode dizer que a cabecaé cabeca e que o ser humano inteiro ¢ cabeca. Do mesmo modo como € verdade que o trax € trax € que o ser humano inteiro é trax, e assim por diante. A nossa capacidade de compreensio esta de tal forma sedimentada que nés preferivelmente coloca- ‘mos as partes lado a lado, como partes separadas do todo. Isto nos mostra 0 quao pouco estamos ligados a realidade exterior ‘com respeito a nossas representagdes mentais. Na realidade ex- terior as coisas se interpenetram. E se por um lado nés separa mos 0 ser humano-cabesa, 0 ser humano-térax ¢ 0 ser huma+ no-metabolismo, devemos estar conscientes de que teremos, entao, de pensar as partes separadas, novamente em conjunio. Na verdade, nunca devemos s6 concebé-las separadamente, mas sempre novamente juntas. Uma pessoa que pensa, que somente desejasse pensar as coisas separadamente, seria igual a uma pes | soa que desejasse apenas inspirar e nunca expirar. ‘Com isso os Senhores tém igualmente algo que devera fazer parte do pensar dos professores do futuro; estes terdo de assimi- lar de um modo muito especial este pensar dinamico interior, nao esquematico. Pois somente através da assimilacao deste modo de pensar nio esquemitico, com sua alma, se aproximarao da reali dade. Nao se aproximarao, entretanto, da realidade se nao estive~ rem na condigio de compreender esta aproximacio a partir de um 10 ponto de vista ampliado como um fendmeno temporal. Te- ‘mos de superar toda a predilegio de nos atermos a certos detalhes da vida, fato que vem se desenvolvendo cada vez mais ne presen- te, a0 termos uma visio cientéfica; temos de superar esta predil ‘cao e chegar a ligar esses detalhes as grandes questoes da vida, Uma questao tornar-se-4 significativa para todo 0 desen- volvimento da cultura do espirito no futuro: a questao da imor- 73 A QUESTAO PEDAGOGICA COMO QuESTAO SOCIAL talidade. Teremos de adquirir clareza sobre como uma grande parte da humanidade compreende esta imortalidade, a saber, desde a época em que muitas pessoas chegaram exatamente a0 ponto de negar a imortalidade. Oque vive propriamente naalma da maioria das pessoas que ainda querem hoje instruir-se sobre aimortalidade a partir dos fundamentos das religides profes: das? Nestas pessoas vive o impulso de querer saber algo sobre o que acontecera alma quando 0 ser humano passar através do portal da morte. Quando perguntamos sobre o interesse que as pessoas tm pela questao da imortalidade, ou melhor dizendo, pela questo da etemidade do cere do ser humano, nao obtemos outra res- posta sendo: a de que o interesse principal p cere do ser humano relaciona-se exatamente ela eternidade do esta questio: © que acontece com o ser humano quando ele atravessa 0 portal da morte? © ser humano é consciente de si: ele é um eu. Neste cu vive o seu pensar, sentir e querer. O pensamento de que esse eu possa ser aniquilado Ihe & insuportavel. Interessa ao ser hu mano, sobretudo, saber que ele pode conduzir o eu através da morte ¢ saber 0 que acontecera ao eu apés a morte. Que esse interesse seja tal deve-se essencialmente ao fato de que, pelo s nos sistemas religiosos por nbs aqui considerados, quan- sistemas falam da imortalidade e da eternidade do cerne do ser humano eles tém em vista principalmente a seguinte ques- {o: 0 que acontece com a alma humana quando 0 ser humano atravessa 0 portal da morte? Agora os Senhores preci am percober que quando se colo. ca a questo da imortalidade desta forma confer a cla um sabor adicional de um egoismo extraordinariamente forte. No fundo trata-se de um impulso egofsta que insufla este interesse no ser humano levando-o a querer saber © que acontece com 0 ceme de seu ser quando atravessa o portal da morte. Se as pes- soas do presente fizessem mais do que simplesmente isso, seelas exercitassem 0 correto auto-conhe mento; aconselhar-se-i 74 a can tem Quarta conferéncia, 15 de agosto de 1919 consigo mesmos e nao teriam inclinagées a ter ilusdes tao fortes quanto as causadas por esse interesse. Entao as pessoas com- preenderiam como o egoismo atua tao fortemente junto a esse interesse de se querer saber sobre o destino da alma apés a morte. Essa espécie de estado animico tornou-se, por sua vez, par ticularmente forte na época das provagoes materialistas nos tl timos trés ou quatro séculos, Isto se apoderou de tal forma da alma humana, como um habito interior de pensar ou de sentir, que nio se pode vencé-los através de teorias ou de preceitos, se estas teorias ou preceitos tiverem somente uma forma abstrata. Contudo, deve-se perguntar: as coisas podem ficar assim? Na questio acerca do ceme eterno do ser humano deve se expressar somente 0 elemento egoista da natureza humana? Quando se tem diante dos olhos tudo aquilo que esté inter- relacionado a este complexo de questdes deve-se dizer o seguin- te: que isso tenha acontecido com 0 estado animico das pessoas exatamente como acabei de caracterizi-lo, provém essencialmente do fato de as religides terem desprezado 0 outro ponto de vista enxergar no ser humano que nasce, que cresce no mundo desde 0 primeiro grito do bebé, 0 modo maravilhoso como a alma gradativamente vai penetrando a corporalidade; enxergar como ‘no set humano emerge para a vida aquilo que viveu no mundo itual antes do nascimento. Com que frequéncia se formula hoje a seguinte questao: o que continua do imbito espiritual no ser humano fisico quando ele nasce? Pergunta-se sempre cada vez mais: 0 que tem continuidade quando o ser humano morre? Contudo, pergunta quando © ser humano nas No futuro teremos de direcionar a nossa maxima atengio para isso. Temos de aprender, de certa forma, a auscultar a reve- lacao animico-espiritual do ser humano em crescimento tal como era antes do nascimento ou da concepgao. Temos de aprender a ver na crianga em crescimento a continuidade da sua estadia no mundo espiritual: assim a nossa relagio com 0 cerne eterno do pouco: o que tem continuidade 75 A QuistAo PeDacocica como Questao Sociat ser humano se tomar cada vez menos egoista. Quando alguém nao se interessa por aquilo que, provindo do mundo espiritual, tem continuidade na vida a por aquilo que continua depois da morte, esse alguém interior: mente egoista. Uma postura animica nao egoista funda-se, de certo modo, no direcionar o olhar para aquilo que, provindo do espiritual, tem continuidade para dentro da existéncia fisica O egoismo nao pergunta pela razdo desta continuidade, imento de que o ser humano esta aqui no mundo, e esta satisfeilo por estar aqui. Ele s6 nio tem conheci- mento da sua existéncia apis a mas somente se intere: norte © por isso deseja que isto Ihe seja comprovado. Para isso 0 egoismo o impulsiona. O co- nhecimento verdadeiro, porém, nao advir ao ser humano a partir do egoismo e também nao a partir de um egoismo subli- mado, 0 qual acabamos de caracterizar como o gerador do in- teresse pela continuidade da existéncia animica apés a morte Pode-se, entio, negar que as religides especulam muiti base neste egoismo assim caracterizado? Esse especular bas neste egoismo caracteristico tem de ser superado. Aquele que olha para dentro do mundo espiritual sabe que esta superagao nio trara consigo um simples conhecimento — tal superagao trara consigo um posicionamento totalmente diferente do ser humano em relacio ao seu ambiente humano. As pessoas per- ceberao e sentirao de um modo totalmente diferente em relagio a0 que nao mais podia permanecer no mundo espi tual © que tem continuidade no ser humano infantil em crescimento, sem- pre que atentarem para isso, Ketlitam os Senhores ainda como uma questio pode se transformar muito a partir deste ponto de vista. Poderiamos dizer: 0 ser humano encontrava-se no mundo espiritual antes | de descer para o mundo fisico através do nascimento ou da con- cepcio. Li em cima deve entio ter ocorrido que ele ndo mai encontrou a sua meta momentanea. O mundo espiritual nao, deve the ter propiciado mais aquilo por que sua alma procurava, 76 Quarta conferéncia, 15 de agosto de 1919 E assim, a partir do mundo espiritual deve ter resultado o impeto de descer a0 mundo fisico, de se vestir com um corpo fisieo para ico, aquilo que nao mais podia ser bus procurar, no mundo cado no mundo espiritual quando © momento do nascimento se aproximou, ‘Ocorre um incrivel aprofundamento na vida — agora com © sentimento e com a percepgdo — quando se sabe assumir um tal ponto de vista. Enquanto o ponto de vista egoista impele continuamente o ser humano a se tornar cada vez mais abstra- to, a penetrar no mundo teérico inclinando-se ao pensar da cabega, aquilo que parte do outro ponto de vista, 0 nao-egoista, impele o ser humano sempre, cada vez mais, a conhecer 0 mun- lo através do amor. Este ¢ um dos do com amor ea compreende: elementos que tera de ser incorporado na formagio de professo- res: voltar-se para a vida do ser humano antes do seu nasci mento, nao somente para perceber o enigma da morte, mas tam- bbém para sentir o enigma do nascimento diante da vida Tera de se aprender, entio, a elevar a antropologia & antroposofia ao adquirir agora realmente um sentimento para as formas que se expressam no ser humano trimembrado. E como ja disse recentemente: Seré que esta cabeca humana, esta parte que ¢ principalmente cabeca, redonda ainda de forma to- talmente diversa, ndo esta somente colocada acima do organis- mo restante? (ver desenho — Lousa 4). Se tomarmos, por outro lado, o ser humano-térax, como ele aparece? Ele aparece real- ‘mente como se pudéssemos tomar um pedago da cabeca, aumenta- Jim ter aqui a espinha dorsal (ver desenho). Enquante a ‘0 seu ponto central, o ser humano-torax tem 0 inassem a si proprios lo eas cabeca tem em ponto central bem longe de si. Se ima; como se fossem uma enorme cabega, teriam a impressio de que esta enorme cabega pertenceria a um ser humano deitado de costas. Desta forma, se considerarmos a coluna vertebral como um ser humano deitado ‘uma cabeca imperfeita, entao teremos horizontalmente © um ser humano em pé na posigao vertical. 7 A QuEsTao Penacocica como Quistéo Sociat Lousa 5 Torna-se ainda mais complicado visualizar o ser humano metabilico, pois n jo estamos em condigdes de poder desenhé-lo num plano. Numa breve consideracao com r lagao as formas, para que possamos contemplar a forma plistica, cada um dos trés membros da natureza humana apresenta-se de um modo totalmente diverso um do outro. A cabeca ¢ semelhante a uma totalidade; 0 ser humano-torax nao ¢ totalidade alguma, mas tum fragmento; ¢ o ser humano metabélico muito menos ainda! Ora, por que a cabega humana se apresenta assim fechada em si? A cabeca humana é um membro fechado em si pelo fato de, dentre os membros do ser humano, esta cabeca humana ser aquele que melhor se ajusta av mundo fisico. Isto pode parecer muito estranho aos Senhores, pois estio acostumados a consi- derar a cabega humana como 0 membro mais nobre do ser hu- mano, contudo, esta cabega humana é a parte que est mais ajustada a existéncia fisica. A cabeca é 0 que melhor expressa a existéncia fisica, Desta forma, podemos dizer: se qui racterizar © corpo fisico em sua principal caracteristica teremos, entio, de nos vollar para a cabega, Com relagio a cabega © ser humano ¢ principalmente corpo fisico. Em relacao aos drgaos do térax, aos drgaos do sistema ritmico, o ser humano ¢ princi- 78 Quarta conferéncia, 15 de agosto de 1919 palmente corpo etérico; em relagao aos drgdis do sistema meta- bailico © ser humano é principalmente corpo astral. O eu nado tem ainda absolutamente nada de claramente manifesto no mundo fisico. Encontramo-nes aqui diante de um ponto de vista extra~ ordinariamente importante. Devem considera-lo de tal modo que possam refletir no seguinte: quando olho a cabega humana, exatamente esta parte que desenhei de branco (ver o desenho a pag, 72, tracejado claro Lousa 4), tenho aqui também o el mento principal do corpo humano. A cabeca expressa principal- mente aquilo que se revela no ser humano. No ser humano- térax 0 corpo etérico esta mais ative. A cabega é a parte onde o corpo etérico se encontra menos alive; ja no torax ele € muito ais ativo. Por isso, sob 0 ponto de vista fisico, a parte toracica do ser humano é mais imperfeita quea cabega. Fisicamente aquela parte é mais imperfeita, Ainda mais imperfeito é 0 ser humano- metabolismo, pois nele, novamente, 0 corpo etérico é muito pouco ativo; nele © corpo astral esta mais ative. Como eu ja enfatizei varias vezes 0 eu ainda é 0 bebé, pois quase nao possui um correlato fisico. Vejam assim que se pode descrever 0 ser humano de tal forma que podemos dizer: o ser humano ¢ constituido pelo corpo fisico. Se quisermos responder & pergunta: 0 que mais seme- Ihante ao corpo fisico do ser humano? A resposta sera: a esfera da cabega. O ser humano 6 constituide pelo corpo etérico. O que é mais semelhante ao corpo etérico? O fragmento do trax. O ser humano & constituido pelo corpo astral. O que € mais semelhante ao corpo astral? O ser humano-metabolismo. Prati- camente nao ha 0 que possa ser relacionado ao eu no corpo fisico. Assim, cada um dos trés membros do ser humano, a ca- beca ou o ser humano neurossensorial, 0 ser humano-t6rax ou © ser humano ritmico, e o ser humano-metabolismo tornam-se ‘uma imagem para algo que esta por detras: a cabega torna-se imagem para 0 corpo fisico; 0 trax torna-se imagem para o 79 A QuistAo PEDAGOGICA COMO QUESTAO SOCIAL corpo etérico ¢ 0 metabolismo torna-se imagem para 0 corpo astral. Teremos de aprender a nao considerar 0 ser humano do modo como se pesquisa 0 cadaver nas clinicas, tomando uma Parte como sendo tecido ou algo parecido, sem levar em conta se 6 da cabega ou do térax, Ter-se-d de aprender a considerar que 0 ser humano-cabega, o ser humano-térax e 0 ser humano- metabolismo tém uma relagdo diferente com 0 cosmo. Cada um expressa em imagens diferentes aquilo que esta por detras delas Esta visao ampliara a forma de abordagem simplesmente antro- poldgica para a forma antroposéfica. Considerados sob o ponto de visia fisico, os érgaos do térax e da cabega tém 0 mesmo valor. Se nés finalmente dissecarmos 0 pulmao ou o eérebro, do Ponto de vista fisico tanto um quanto 0 outro sio matéria, En- tretanto, sob 0 ponto de vista espiritual, este nio & 0 caso. Do ponto de vista espiritual quando dissecamos 0 cérebro ocorre que temos diante de nos realmente muito claramente aquilo que foi dissecado. Quando, porém, dissecamos © térax, como por exemplo o pulmao, teremos diante de nés algo nao muito claro, pelo fato de 0 corpo etérico ter ai um papel eminentomente im- Portante, enquanto © ser humano dorme. As coisas que acabo de expor tém a sua contra-imagem espiritual. A pessoa que jé avangou um tanto através da medita- sao, através daqueles exercicios descritos em nossa literatura, chegari gradativamente ao ponto de enxergar 0 ser humano realmente em sua constituigao trimembrada. Eu trato desta trimembragao, sob um determinado ponto de vista, no capitulo de meu livro “© Conhecimento dos Mundos Superiores’, no qual menciono o guardiao do limiar. Pode-se também chegar a trimembragao através da forte concentracao em si mesmo, sepa- rando-se agora realmente © ser humano-cabeca (ver desenho, tracejado claro), 0 ser humano-térax (tracejado médio) e 0 ser humano-metabolismo (tracejado escuro). Entao percebe-se por- que a cabeca & esta nossa cabeca. Se através da concentragao, retirarem a cabeca com 0 seu apéndice do organismo humano 80 Quarta conferéncia, 15 de agosto de 1919 restante, ea colocarem diante de si, realmente separada, sem «qualquer influéncia dos outros membros da natureza humana, vero que cla é morta, que nao vive mais. E impossivel anos Senhores possam, através da clarividéncia, separar a cabeca dos outros membros do restante do organismo humano sem deixar la como um cadaver. Jé com o ser humano-t6rax rem de percebé 0 é possivel que se faca isso, e ele permaneceré vivo. E se separa. bolismo, verdo que © corpo astral sai correndo, pois segue movimento césmico, tem o elemento astral em si. Imaginem agora que estao diante de uma nga e aveem de maneira sensata e imparcial, dispondo daqueles conhecimen- tos que acabei de expor. Olhem a cabeca desta crianga: ela cad morte em si; 0s Senthores elliam para aquilo ques tem uma influ- cia sobre a cabeca provindo do térax e veem que é algo que vivifica tudo, Ao observarem a crianga comegando a andar no- tardo que, na verdade, ¢ 0 corpo astral que se encontra ali pre- sente ativo no andar. Entao, a esséncia do ser humano torna-s algo interiormeate transparente para os Senhores. A cabeca daver; a vida que se espalha no ser humano em repouso, se 7 a ento em que ele comeca a andar ermanecesse quieto. No momento em q © Fotese imediatamente: & 0 corpo astral que esté realmente an- dando; e cle consegue andar porque este corpo astral gasta ma~ téria ao andar, a0 se mover, de uma certa maneira 0 metabolis~ mo se ativa, Como se pode observar 0 eu? Diante desta questo, agora, todas as possibilidades se esgotam. Quando observam a pei ser humano-térax vivificante, 0 caminhar, ©

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