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Inviolabilidade Do Domicílio
Inviolabilidade Do Domicílio
CURSO CEI
BELO HORIZONTE
2021
Ana Luíza Aguilar de Rezende
Orientador:
BELO HORIZONTE
2021
FOLHA DE APROVAÇÃO
Nota:__________________________________________
Avaliador:_____________________________________
RESUMO
I- PRÓLOGO................................................................................................................
II- HABEAS CORPUS.................................................................................................
a. Liberdade e Habeas Corpus na Inglaterra............................................................
b. Habeas Corpus no EUA....................................................................................12
c. Habeas Corpus no Brasil......................................................................................
i. Habeas Corpus no Brasil Império.................................................................
ii. Habeas Corpus ...............................................................................................
iii. Habeas Corpus................................................................................................
VII- ANEXO..................................................................................................................
Esta última teve tamanha aceitação no mundo jurídico que é aceita pela
grande maioria dos doutrinadores, sendo acolhida pelo Código Penal brasileiro. Não
obstante, a teoria social da ação, os funcionalistas (Roxin e Jakobs, por exemplo), o
garantismo e outras doutrinas que se dedicam a esse estudo avançaram sobremaneira o
conceito de crime e o impacto que ele tem na sociedade.
A tal matéria deu-se o nome de criminologia, que tem por fim identificar,
estudar, analisar o fenômeno criminógeno a partir do quadro social ou da comunidade,
desapegando-se da estrita legalidade para questionar, também, a escolha das condutas
definidas como crime.
Por vezes, o flagrante delito é muito rápido, no sentido de que não permite
uma maior consideração sobre a conduta, e mesmo assim dá vazão à minoração de
direitos fundamentais, tais como a inviolabilidade do domicílio.
HABEAS CORPUS
POVOS ANTIGOS
Após o falecimento do Rei Ricardo I, o trono inglês foi assumido por João,
a quem se atribui certa decadência da Inglaterra e o título de João-Sem-Terra. Foi um rei
anárquico, que inobservou regras jurídicas; que não se importava com interesses do
reino; que não se preocupou com a evolução das artes e da arquitetura inglesa; que
perdeu províncias, território; que permitiu a tirania do Papado, “censurando e
perseguindo os lutadores da liberdade inglesa”; que suplantou a aristocracia; que
oprimia o povo etc. (Pontes de Miranda, pg. 12)
Diante da revolta popular, Carlos I não teve outra escolha a não ser
convocar o Parlamento e soltar os que se achavam presos por recusa ao pagamento do
imposto. Pontes de Miranda apresenta, como lição, que “as violências servem menos
aos governos que aos oprimidos; e felizes daqueles povos, capazes de reagir, a que se
deparam opressores assaz terríveis para os revoltar e os levar a criar a ordem nova.
Durante os vinte e cinco séculos da civilização ocidental, toda a evolução humana
consistiu na violência do espírito contra a força” (pág. 51).
Mesmo reiterando direitos, a nova lei não era perfeita e não surtiu todos os
efeitos esperados, pois, a título de exemplo, não impediu a privação de liberdade física
por meio de ordem do rei e só abarcava pessoas acusadas de crime, deixando sem
proteção pessoas “detidas por outras acusações ou meros pretextos” (Pontes de Miranda,
pág. 72).
Nesse caso foram detidos vários jornalistas, até que souberam ser Wilkes o
autor procurado. Munidos do mandado geral, os encarregados deram ordem de prisão a
Wilkes, que, desobedecendo, foi conduzido e compareceu diante do secretário de
Estado. Enquanto isso, os demais encarregados da busca invadiram a casa de Wilkes,
“folhearam os manuscritos existentes em suas gavetas e levaram todos os seus papéis
particulares” (pág. 68).
De todo modo, em 1766 esses mandados gerais foram condenados pela Casa
do Banco do Rei e declarados ilegais pela Casa das Audiências. Nesse mesmo ano, a
Câmara dos Comuns aprovou uma lei contra os mandados gerais, mas a Casa dos
Lordes foi contrária ao pleito, o que, invariavelmente, não modificou a ilegalidade de
tais general warrants, decidida pelos juízes. (Pontes de Miranda, pág. 71).
No século seguinte, em 1816, foi editado o segundo Habeas Corpus Act,
agora possibilitando o uso do instrumento em qualquer violação à liberdade física, tais
como “a indivíduo que continua preso, sem ordem legal do juiz; a criança detida fora da
casa dos pais; a pessoa sã que tenham internado, como louco ou doente, em hospício,
casa de saúde ou hospital; a freira que quer deixar o convento etc” (Pontes de Miranda,
pág. 73).
Outra não poderia ser a história, segundo Pontes de Miranda, pois esse
povo, que tinha como regra de conduta a fé e a Bíblia, nutriam amor pela liberdade, pelo
combate e pelas instituições. In verbis:
III.1 BRASIL-IMPÉRIO
Outro remédio antecedente do habeas corpus foi a carta de seguro, que tinha
função de “eximir os réus da prisão a fim de se livrarem soltos dentro do prazo por elas
concedido”. (Pontes de Miranda, pág. 144)
Este Código de Processo não previa recurso da sentença, ela era irrecorrível.
Tal circunstância só mudou em 1841, quando a Lei reconhecida como de “Justiça
Russa” previu “recurso de ofício da decisão concedendo soltura em virtude de habeas
corpus”. Um ano depois, em 1842, o Regulamento n. 120, estabeleceu que o habeas
corpus somente poderia ser concedido por juiz superior ao que decretou a prisão.
(Pontes de Miranda, pág. 134).
Segundo Sarlet, John Locke aprimorou a teoria contratualista que, por sua
vez, lançou as bases do jusnaturalismo iluminista do séc. XVII e, por consequência,
culminou no constitucionalismo.
O primeiro desses foi Karel Vasak que, “em uma conferência proferida no
Instituto Internacional de Direitos Humanos de Estrasburgo, na França, em 1979”
classificou os direitos fundamentais em três gerações, que se consubstanciam através do
lema da Revolução Francesa de liberdade, igualdade e fraternidade. (Nathalia Masson,
2017, pág. 204).
III – LIBERDADE
Pois bem.
Em sábias palavras afirma que: “o homem mais pobre pode em sua cabana
desafiar todas as forças da Coroa. Pode ser frágil, seu telhado pode tremer, o vento pode
soprar por ele, a tempestade pode entrar, a chuva pode entrar, mas o Rei da Inglaterra
não pode entrar!”1.
1
Passagem extraída do HC em discussão, no voto do Ministro Rogério Schietti Cruz, com a seguinte
referência: William Pitt, Earl of Chatham. Speech, March 1763, in Lord Brougham Historical Sketches of
Statesmen in the Time of George III First Series (1845) vol. 1.
Na Inglaterra, a assinatura da Magna Carta, ainda no século XIII,
reconhecendo liberdades a barões ingleses em detrimento do poder autoritário exercido
pelo Rei, é marco constitucional e civilizatório para o Ocidente. Alguns séculos depois,
surge o remédio constitucional Habeas Corpus, oriundo do direito inglês, que tem a
liberdade como supremo dom.
2
William Pitt, 1.º Conde de Chatham – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
consentimento do morador. Lembrou que os Tribunais norte-americanos costumam
exigir dados de origem da informação e suportes à veracidade e à confiabilidade dela.
Firmou, então, seu entendimento sobre os fatos com nos seguintes termos:
“tenho, assim, que a descoberta a posteriori de uma situação de flagrante decorreu de
ingresso ilícito na moradia do paciente, em violação a norma constitucional que
consagra direito fundamental à inviolabilidade do domicílio, o que torna imprestável, no
caso concreto, a prova ilicitamente obtida e, por conseguinte, todos os atos dela
decorrentes e a própria ação penal, apoiada exclusivamente nessa diligência policial”.
REFERÊNCIAS
Filho, Wagner Marteleto. Dolo e risco no direito penal. Fundamentos e limites para a
normativização. Ed. Marcial Pons. São Paulo. 2020.
Sarlet, Ingo. A eficácia dos Direitos Fundamentais. Ed. Livraria do Advogado. 13ª
Edição, Revista e Atualizada. Porto Alegre, 2018.