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Atividade 5 de Teoria da literatura II – poesia

Prof. Tiago Hermano Breunig

Diógenes Lucas da silva1

A valsa
Casemiro de Abreu

Tu / on /tem, Quem / de /ra Que é / meu;


Que sin /tas E os / o / lhos
Na / dan /ça A
As do /res Es /cu /ros
Que can/ sa, A
De a / mo / res Tão / pu / ros,
Vo / avas
Que / lou /co Os / o /lhos
Co’as / fa / ces
Sem /ti! Per /ju /ros
Em / ro /sas B
Quem / de/ ra Vol /vias,
For /mo / sas B
Que / sin /tas!… Tre/ mias,
De/ vi /vo, C
— Não / ne /gues, So / rrias,
Las /ci /vo C
Não / min /tas… P’ra / ou / tro
Car /mim; E
— Eu / vi!… Não / eu!
Na / val /sa A Quem / de /ra
Tão / fal /sa, A Val /sa /vas: Que / sin /tas
Co /rrias, B — Teus / be /los As / do /res
Fu /gias, B Ca/ be /los, De a / mo /res
Ar /den /te, D Já / sol/ tos, Que / lou /co

Com /ten /te, D Re/ vo/ ltos, Sem / ti!

Tran/ qui /la, Sal /ta /vam, Quem / de / ra

Se /re /na, A Voa /vam, Que / sin / tas!…

Sem/ pe /na A Brin /ca /vam — Não / ne /gues,


No co /lo Não / min / tas…
De / mim! / E
— Eu / vi!…

1
Aluno do 2º período, do curso de Letras - Bacharelado, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Meu / Deus! — Não / ne /gues, Quem / de /ra
Não / min /tas... Que sin /tas
Eras / be/ la
— Eu / vi!... As / do /res
Don /ze /la,
De a/ mo /res
Val /san /do,
Que / lou /co
So /rrin /do, Ca /la /do,
Sen /ti!
Fu /gin /do, So /zinho,
Quem / de /ra
Qual / sil /fo Mês /qui /nho,
Que / sin /tas!…
Ri /sonho Em / ze /los
— Não / ne /gues,
Que / em Ar /den /do, Não/ min /tas,..
So / nho / nos Eu /vi- /te — Eu / vi!…
/vem!
Co /rren /do
Mas / esse Na / val /sa
Tão / fal /sa
So /rri / so Can /sas /te;
Tão/ li/ so Na / val /sa Fi /cas /te

Que/ ti/nhas Ve /loz! Pros /tra /da,

Nos / lá /bios Tur /ba /da!

De / ro /sa, Pen /as /vas,


Eu / triste Cis /ma /vas,
For /mo /sa,
Tu / da / vas, Vi / tu /do! E es /ta /vas
Tão / pá /li /da
Man /da /vas Mas / mu /do
Em /tão;
A / quem?!
Não / ti / ve Qual / pá /li /da

Quem / de /ra Nas / ga /las Ro /sa

Que / sin / tas Mi /mo /sa


Das / sa /las,
As / do /res No / va /le
Nem / fa /las, Do / vem /to
De a /mo /res
Nem / can /tos, Cru /em /to
Que / lou / co
Ba /ti /da,
Sem /ti! Nem / pran /tos,
Caí /da
Quem / de /ra
Nem / voz! Sem / vi /da
Que / sin /tas!…
No / chão

No chão!
Quem / de /ra
Que / sint /as
As / do /res
De a /mo /res
Que / lou /co
Sem /ti!
Quem / de /ra
Que / sin /tas!…
— Não / ne /gues,
Não / min /tas,..
— Eu / vi!…

Casemiro de Abreu foi um poeta brasileiro (1837-1860) pertencente a segunda geração


do romantismo brasileiro, perante a este fato, suas obras refletem as temáticas abordadas
durante esse período como o amor platônico, os sonhos e os devaneios, e a figura feminina
tratada como algo inacessível dentro das relações sociais e amorosas. Portanto, o seu poema
intitulado a “A valsa” está impregnado de tais referências das quais analisamos a seguir.

Iniciando a analise através da relação entre o conteúdo e forma do poema, o título é


autoexplicativo, o conteúdo do poema faz referência aos estilos de composição musical e dança
nomeados como valsa, e a obra evoca esses elementos principalmente através da forma, os
versos são metrificados de forma dissilábica com rimas misturadas, e há uma predominância de
verbos trissílabos, evocando assim a ideia de um compasso terciário no qual as valsas são
compostas, cadenciado por uma sequência de até três notas ( símbolos musicais de até três
tempos) por compasso.

exemplo de compasso terciário


Prosseguindo com a análise utilizando-se da alusão a estruturas musicais, o cavalgamento
presente em diversos versos como por exemplo: “ Que em / sonhos nos / vem / mas esse / sorriso
Tao lisos”, remete as quebras de tempo dentro de um compasso e as pausas coreograficas da
dança, constituindo asssim uma imagem do tempo e dos movimentos da valsa. Alguns versos
apresentam eclipses como por exemplo: “P’ra outro / não eu / Co’as faces”.

Agora tratando do conteúdo do poema, como um reflexo da segunda geração do


romantismo, o poema trata de um amor platônico, da admiração pela figura da mulher que é
evocada atráves dos versos repletos de adjetivos que descrevem os atributos estéticos do eu
feminino, como pode ser observado nos versos; “Eras bela / donzela / valsando / sorrindo”. O
uso da primeira pessoa remete a ideia de uma declaração de amor platônico do próprio eu lírico,
demonstrando também a visão dominadora e possesiva do eu masculino, ao desesperar-se em
ver a figura do eu feminino cortejar e demonstrar interesse por outro/outros, e não por ele (eu
lírico masculino), o desespero se desenvolve gradativamente e é representado através do refrão
que aparece no final de cada estrofe; “Não negues / não mintas / eu vi!”. Por fim nas ultimas
estrofes, há uma desvalorização do eu feminino, agora descrita com adjetivos negativos;
advindo do amor não correspondido, representando assim a fragilidade sentimental e
egocêntrica do eu masculino.

Referências

Domingues da Rocha, Cecilia Maria.; Donisete de Campos, Marco. Entre o poema e a


partitura: A Valsa, de Casimiro de Abreu. Revista acadêmica de música, Belo Horizonte,
vol. 1, n. 1, p. 55-96. 04. Mar. 2007. Disponível em: <
http://musica.ufmg.br/permusi/permusi/port/numeros/15/num15_cap_06.pdf >. Acesso em:
12. Mar. 2022.

Dance vídeos. Valsa – que sincronismo. Youtube, 12 set. 2015. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=fhlwBJUl_R8>. Acesso em 12 mar. 2022.

CANDIDO, Antônio. O estudo analítico do poema. São Paulo: FFLCH/USP, 1994

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