... o apreço que a nós é dedicado vai até onde nossa utilidade nos leva.
Infelizmente quando não somos mais úteis passamos a ser indesejáveis.
Antes de ser uma visão amargurada é uma constatação nessa existência. Somos julgados e sujeitos a juízo de valor constantemente, mas enquanto se é útil, as penas do ostracismo por nossas ações que nos condenam são adiadas, mas a partir do momento em que perdemos nossa utilidade perdemos também a imunidade contra a condenação de nossas imperfeições. É como se todos não fossem passar pelo mesmo processo que nós. É como se todos fossem perfeitos e somente nós é que temos arestas a aplainar e riscos a polir. Constatar essa realidade, entristece, mas não choca. Saber que não se é considerado, é motivo de dor, mas não motivo de prostração. Tem que ser estímulo a reflexão. A buscar dentro de si porque suas escolhas faz um conjunto de fatores que nos torna indesejáveis, descartáveis, substituíveis e irrelevante na vida das pessoas, a partir do momento que você não pode mais agregar valor para que os sonhos e vontades do outro sejam satisfeitas. As suas sempre podem ser adiadas. Registrar essa percepção não é um ato de auto piedade e longe está da pretensão de seR uma lição derradeira, piegas sobre o quanto os outros são injustos consigo. É o registro do momento de um ato de consciência, que nem sempre é de interesse de outros, mesmo porque a partir de agora, o que pensamos, ou achamos importante, ou consideramos como valioso são irrelevantes para o outro, já que não concorrem para a satisfação dos seus desejos. Percebemos que chegamos a esse ponto quando recorrentemente se escuta: “ ... estou cansado de você ...” ou ainda “ ... você não faz nada que preste ...” ou ainda “ ... de você não poderia esperar nada mais que decepção ...” ou ainda uma outra que é a minha preferida: “ ,,, você é burro ou o que?”. Frases que se ditas a uma plantinha em um vaso faria secar em dias. Mas aí está a grande característica que talvez explique o porque ainda tem seres humanos vagando na terra: resistimos a isso tudo e ainda insistimos em tentar agradar e corresponder aos desejos, planos e valores de quem amamos. Porque todas essas “frases motivacionais” não são ditas por quem odiamos, frequentemente são dirigidas a nós por quem amamos. Mas agradeça por essa atenção ... por que sempre pode piorar ... poderiam simplesmente somente te esquecer e nem notar que você está por aí ... tentando, ainda nessa existência, corresponder a tudo que esperam de você.