Um filosófo estava com seus discípulos quando um deles lhe perguntou:
– Mestre, se o coração humano possui quatro câmaras, isso quer dizer que os humanos podem amar 4 pessoas ao mesmo tempo? O filósofo perguntou ao aluno: – Quanto braços você tem? – Dois, disse o aluno. – Quantas coisas você consegue fazer com eles? – Inúmeras! – E pernas, quantas você tem? – Duas, mestre, claro. – E quantos caminhos você pode trilhar com elas? – Infinitos! – E então, a sua pergunta está respondida? 1 Após um breve silêncio reflexivo, o discípulo volta a perguntar: – Mestre, apesar de que possa eu amar ilimitadamente, da mesma forma que minhas pernas me levam a infinitos lugares, nunca posso eu estar em dois ao mesmo tempo… Meus braços também me permitem fazer inúmeras coisas, sim, mas é difícil fazer mais de uma por vez; o malabarismo no amor é coisa pra poucos. Quero dizer, do que adianta uma emoção ilimitada se a ação é limitada? Se o espaço do coração é infinito, isso significa que é impossível preenchê-lo, mestre? – Ah, caro discípulo, é por isso que deixo a ti a função de suceder a mim, quando eu deste lugar me for. Pois consegues vislumbrar possibilidades que nem o teu velho mestre consegue...
1 Contribuição de Anderson Bernardi, colega do curso de Idealismo Alemão II, com o Prof. Vilmar Debona, do Departamento de Filosofia da UFSC, 2022.2.