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Alegoria do coração - por Angelo Freire

Um filosófo estava com seus discípulos quando um deles lhe perguntou:


– Mestre, se o coração humano possui quatro câmaras, isso quer dizer que os
humanos podem amar 4 pessoas ao mesmo tempo?
O filósofo perguntou ao aluno:
– Quanto braços você tem?
– Dois, disse o aluno.
– Quantas coisas você consegue fazer com eles?
– Inúmeras!
– E pernas, quantas você tem?
– Duas, mestre, claro.
– E quantos caminhos você pode trilhar com elas?
– Infinitos!
– E então, a sua pergunta está respondida?
1
Após um breve silêncio reflexivo, o discípulo volta a perguntar:
– Mestre, apesar de que possa eu amar ilimitadamente, da mesma forma que minhas
pernas me levam a infinitos lugares, nunca posso eu estar em dois ao mesmo tempo…
Meus braços também me permitem fazer inúmeras coisas, sim, mas é difícil fazer mais
de uma por vez; o malabarismo no amor é coisa pra poucos. Quero dizer, do que
adianta uma emoção ilimitada se a ação é limitada? Se o espaço do coração é infinito,
isso significa que é impossível preenchê-lo, mestre?
– Ah, caro discípulo, é por isso que deixo a ti a função de suceder a mim, quando eu
deste lugar me for. Pois consegues vislumbrar possibilidades que nem o teu velho
mestre consegue...

1
Contribuição de Anderson Bernardi, colega do curso de Idealismo Alemão II, com o Prof. Vilmar
Debona, do Departamento de Filosofia da UFSC, 2022.2.

Florianópolis, 12 de novembro de 2022.

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