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1.2.

Hipótese

Considerando a partir de uma abordagem crítico-reconstrutiva os atos que, no contexto da


crise constituinte venezuelana, levaram à convocação da Assembleia Constituinte de 2017, bem
como a forma como se desenvolveram os seus trabalhos, afirma-se a existência de um deficit de
legitimidade nesse processo com base nos seguintes argumentos
a) A convocação se deu “de cima para baixo”, a partir de uma decisão do Poder Executivo
em meio uma profunda desintegração social;
b) Os argumentos usados em decretos pelo Poder Executivo para convocar e balizar as
eleições da Constituinte, bem como os fundamentos existentes nas sentenças do Tribunal Supremo
de Justiça que declararam a sua constitucionalidade, incorreram em contradição performativa a
medida em que invocavam dispositivos constitucionais e institutos jurídicos ao mesmo tempo em
que pervertiam o seu sentido e lhes negavam vigência;
c) O contexto e a forma como se deu a convocação do processo constituinte fez com que
expressiva parcela da cidadania (simpática ou opositora à Revolução) considerasse o processo como
fraudulento e, consequentemente, se opusesse a ele. Isso explica a alta abstenção nas eleições e o
fato do Gran Polo Patriótico ter obstido 100% das cadeiras do colegiado;
d) O proceder da Assembleia Constituinte, que ao longo de seus trabalhos se dedicou a
intervir nos Poderes constituídos e a produzir textos e atos normativos de vigência imediata,
conjugado com o fato dela ter encerrado suas atividades sem ter apresentado uma proposta de novo
texto constitucional confirma o seu uso estratégico por parte do governo como forma de solucionar
seu conflito com a Assembleia Nacional, de maioria opositora.

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