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Belo Horizonte – MG
2022
Guilherme Rodrigues Valentim
Orientador:
Belo Horizonte - MG
2022
SUMÁRIO
1.1 Introdução…………………………………………………………………......…………3
1.2 Tema………………………………………………………………………………………5
2. OBJETIVOS................................................................................................………...6
3.1 Geral..................................................................................................................6
3.2 Específicos…………………………………………………………………………...6
3. JUSTIFICATIVA..........................................................................................………...7
1.1. Introdução:
É muito provável que a maioria daqueles que dedicarem algum tempo a acompanhar,
com pretensão de manter certa imparcialidade e algum rigor analítico, os discursos políticos e
as manifestações dos demais atores sociais venezuelanos, governista, opositores, a respeito da
ocorrência ou não de uma ruptura constitucional nesse país, em algum momento sejam
tomados por uma certa angústia que poderia ser sintetizada nas seguintes perguntas: o que está
em jogo e quem está com a razão?
O embate entre os partidários da Revolução Bolivariana e seus opositores é antigo e
quase concomitante à ascensão de Hugo Chávez à presidência daquele país, no ano de 1999.
Desde aquela época, o núcleo do discurso opositor já se centrava na alegação de fraude
constitucional por parte do novo mandatário, especialmente em função da convocação, logo
no começo do mandato, de um plebiscito que levou a uma Assembleia Nacional Constituinte
encarregada de redigir um novo texto constitucional para substituir aquele promulgado em
1961 e promover a transformação do Estado.
O amplo apoio popular recebido por Chávez, contudo, lhe assegurou um governo
relativamente estável, a despeito da oposição interna e externa. Isso se vê especialmente no
fracasso do golpe de estado de 2002, intentado por Pedro Carmona; na vitória do “não” no
referendo revocatório de 2004; e em suas sucessivas reeleições.
A oposição à Revolução fortaleceu-se fortemente após a morte de Chávez, em janeiro
de 2013, e a polêmica e acirrada eleição de Nicolás Maduro Moros, político que não dispunha
do mesmo carisma e sinergia popular que seu antecessor. Um dos pontos altos do
fortalecimento da oposição foi a eleição para o Poder Legislativo federal em 2015, ocasião em
que ela logrou obter dois terços das os escaninhos em disputa na Assembleia Nacional, sendo
esta a maioria qualificada para a aprovação de emendas constitucionais no país.
Vale lembrar que, desde 2014, uma ala mais estremada da oposição, organizou as
chamadas guarimbas, grupos de resistência ao governo, considerados terroristas pelos
apoiadores deste. Articulados sobretudo por redes sociais, os guarimberos realizaram
barricadas para o fechamento de vias públicas e cercos as órgãos públicos que,
frequentemente, resultaram e fortes embates entre os manifestantes e as forças de segurança.
Tratou-se da primeira vitória eleitoral dos partidos opositores ao chavismo-madurismo
em 17 anos, ocasião em que passaram a controlar um dos cinco poderes da República
Venezuelana da Venezuela. Dessa forma, o embate entre forças políticas e sociais antagônicas
passou a ser um conflito intestino entre Poderes do Estado. Essa situação perdurou até meados
de 2016, quando a Sala Constitucional do Tribunal Supremo de Justiça venezuelano declarou
que o parlamento opositor estava em “desacato” à constituição por se recusar a cumprir ordem
judicial que determinava a desincorporação de três parlamentares do estado Amazonas.
O tribunal alegava fraude na eleição desses candidatos. Já a oposição, ao negar-se a
desincorporar esses deputados, disse que essa era uma manobra governista que, por meio da
corte, queria lhe retirar a maioria qualifica de 2/3 que acabara de conquistar.
Ao declarar o “desacato” a Sala Constitucional do TSJ atribuiu a si própria
competência legislativa extraordinária até que a situação por ele apontada como
inconstitucional perdurasse, chegando inclusive a aprovar o orçamento público federal
daquele ano. Esse assunto ganhou repercussão internacional de enormes proporções,
recolocando a Venezuela no centro do noticiário internacional nas Américas e na Europa
Ocidental.
A essa altura o caos social se tornava ainda mais agudo. Havia degradação
institucional, conflitos violentos nas ruas, deterioração econômica, retaliação internacional
por parte dos Estados Unidos e seus sócios, migração em massa e outros eventos
desestabilizadores. O percurso entre o final do ano de 2016 e meados de 2017 foi duro para o
país. Mais um dos momentos de uma crise constituinte que, embora sempre custosa para a
sociedade, não é rara nos países geopoliticamente periféricos.
No bojo desse processo de desintegração social, em junho de 2017 o governo federal,
presidido por Nicolás Maduro Moros, lançando mão de fundamentos que invocavam artigos
do texto constitucional, convocou uma Assembleia Nacional Constituinte fixando por decreto
a forma de eleição de seus membros.
O presente trabalho pretende se dedicara analisar o decreto presidencial de nº 2.830, de
1 de maio de 2017 bem como aqueles que o sucederam, que convocaram e regularam a
eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte na Venezuela, bem como observar os
fundamentos da sentença de nº 378, de 31 de maio de 2017, que julgou a sua
constitucionalidade. Tal análise será feita à luz de um marco teórico que nos permita articular
as idealizações normativas próprias da lida com textos constitucionais com os conflitos
concretos experimentados pelos agentes sociais em suas disputas na esfera pública acerca do
sentido da constituição, buscando assim evitar tanto o risco normativismo abstrato quanto o
de um realismo político que desconsidere a normatividade.
1.2. Tema:
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivos primários:
Ao fim da pesquisa proposta nesse projeto imagino ser possível demonstrar graves
problemas no ato convocatório da Assembleia Nacional Constituinte Venezuelana de 2017
tanto por parte do Poder Executivo quanto a sua aparente legitimação pelo Poder Judiciário,
posto que se valeram de textos normativos constitucionais ao mesmo tempo que lhe negavam
vigência, ignorando as disputas concretas que haviam no país bem como o aprendizado social
amealhado por ocasião do processo de constitucionalização venezuelano, sobre tudo em seu
ápice na Constituinte de 1999.
5. REFERÊNCIAS
CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Contribuições para uma Teoria Crítica
da Constituição. Belo Horizonte, Arraes. 2017.
GOMES, David F. L.. Para Uma Teoria da Constituição como teoria da Sociedade:
estudos preparatórios. Volume 1. Belo Horizonte, Conhecimento Editora. 2022.
HABERMAS, Jürgen. Facticidade e validade: contribuições para uma teoria discursiva
do direito e da democracia. Tradução: Felipe Gonçalves Silva e Rúrion Melo. São Paulo,
Unesp, 2020.
MÜLLER, Friedrich. Legitimidade como conflito concreto do direito positivo. Revista
do Tribunal Superior do Trabalho, Porto Alegre, v. 68, n. 3, p.
MÜLLER, Friedrich. Quem é o povo? A questão fundamental da democracia.
Tradução de Peter Naumann. São Paulo: Max Limonad, 2003.
O PODER CONSTITUINTE DO POVO NO BRASIL: UM ROTEIRO DE
PESQUISA SOBRE A CRISE CONSTITUINTE Gilberto Bercovici –
https://www.scielo.br/j/ln/a/mfLpcmd6hyh8jvcfyH4BL5m/?format=pdf&lang=pt
Cattoni de Oliveira, Marcelo AndradeO48c Contribuições para uma teoria crítica da constituiç
ão2017 / Marcelo Andrade Cattoni de Oliveira. - Belo Horizonte: Arraes Editores, 2017. 141