O documento descreve a longa disputa política na Venezuela entre apoiadores do governo bolivariano e a oposição. A oposição alega fraude constitucional desde a eleição de Hugo Chavez em 1999 e ganhou força após sua morte em 2013. Em 2015, a oposição conquistou a maioria na Assembleia Nacional, mas o Supremo Tribunal declarou o parlamento em "desacato" em 2016, intensificando a crise política e social no país.
O documento descreve a longa disputa política na Venezuela entre apoiadores do governo bolivariano e a oposição. A oposição alega fraude constitucional desde a eleição de Hugo Chavez em 1999 e ganhou força após sua morte em 2013. Em 2015, a oposição conquistou a maioria na Assembleia Nacional, mas o Supremo Tribunal declarou o parlamento em "desacato" em 2016, intensificando a crise política e social no país.
O documento descreve a longa disputa política na Venezuela entre apoiadores do governo bolivariano e a oposição. A oposição alega fraude constitucional desde a eleição de Hugo Chavez em 1999 e ganhou força após sua morte em 2013. Em 2015, a oposição conquistou a maioria na Assembleia Nacional, mas o Supremo Tribunal declarou o parlamento em "desacato" em 2016, intensificando a crise política e social no país.
É muito provável que a maioria daqueles que dedicam algum tempo a
acompanhar, com pretensão de manter certa imparcialidade, os discursos políticos e as
manifestações dos demais atores sociais venezuelanos, governista e opositores, a respeito da ocorrência ou não de uma ruptura del hilo constitucional (1) nesse país, em algum momento, sejam tomados por uma certa angústia que poderia ser sintetizada na seguinte pergunta: quem está com a razão? O embate entre os partidários da Revolução Bolivariana e seus opositores é antigo e quase concomitante à ascensão de Hugo Rafael Chávez Frias à presidência daquele país, no ano de 1999. Desde aquela época, o núcleo do discurso opositor já se centrava na alegação de fraude constitucional por parte do novo mandatário, especialmente em função da convocação, logo no começo do mandato, de um plebiscito que levou à uma Assembleia Nacional Constituinte encarregada de redigir um novo texto constitucional para substituir aquele promulgado em 1961 e promover a transformação do Estado. O amplo apoio popular recebido por Chávez, contudo, lhe assegurou um governo relativamente estável, a despeito da oposição interna e externa. Isso se vê especialmente no fracasso do golpe de estado de 2002, intentado por Pedro Carmona; na vitória do “não” no referendo revocatório, convocado em seu desfavor no ano 2004; e em suas sucessivas reeleições. A oposição à Revolução fortaleceu-se fortemente após a morte de Chávez, em janeiro de 2013, e a polêmica e acirrada eleição de Nicolás Maduro Moros, político que não dispunha do mesmo carisma e sinergia popular que seu antecessor. Um dos pontos altos do fortalecimento da oposição foi a eleição para o Poder Legislativo federal em 2015, ocasião em que aquela logrou obter dois terços das os escaninhos em disputa na Assembleia Nacional, sendo esta a maioria qualificada para a aprovação de emendas constitucionais no país. Vale lembrar que, desde 2014, uma ala mais estremada da oposição, organizou as chamadas guarimbas, grupos de resistência ao governo, considerados terroristas pelos apoiadores deste. Articulados sobretudo por redes sociais, os guarimberos realizaram barricadas para o fechamento de vias públicas e cercos as órgãos públicos que, frequentemente, resultaram e fortes embates entre os manifestantes e as forças de segurança. Voltando ao ano de 2015, e à sua importância capital, deve-se ressaltar que nele, pela primeira vez, os partidos opositores ao chavismo-madurismo passaram a controlar um dos cinco poderes da República Venezuelana da Venezuela. Dessa forma, o embate entre forças políticas antagônicas passou a ser um conflito intestino entre Poderes do Estado. Essa situação perdurou até meados de 2016, quando a Sala Constitucional do Tribunal Supremo de Justiça venezuelano declarou que o parlamento opositor estava em “desacato” à constituição por se recusar a cumprir ordem judicial que determinava a desincorporação de três parlamentares do estado Amazonas. O tribunal alegava fraude na eleição desses candidatos. Já a oposição, ao negar-se a desincorporar esses parlamentares, disse que essa era uma manobra governista que, por meio da corte, queria lhes retirar a maioria qualifica de 2/3 que acabavam de conquistar. Ao declarar o “descato” a Sala Constitucional do TSJ atribuiu a si própria competência legislativa extraordinária até que a situação por ele apontada como inconstitucional perdurasse, chegando inclusive a aprovar o orçamento público federal daquele ano. Esse assunto ganhou repercussão internacional de enormes proporções, recolocando a Venezuela no centro do noticiário internacional nas Américas e na Europa Ocidental. Foram tão negativas as reações internas e externas a essa decisão que a corte as revogou, sem, contudo, deixar de declarar que todos os atos emanados pelo parlamento seguiam nulos de pleno direito. A essa altura o caos social se tornava ainda mais agudo. Havia degradação institucional, conflitos violentos nas ruas, deterioração econômica, retaliações internacionais por parte dos Estados Unidos e seus sócios, migração e outros eventos desestabilizadores. O percurso entre o final do ano de 2016 e meados de 2017 foi absolutamente traumático para o país, momento de crise constituinte que, embora sempre custoso para a sociedade, não é raro nos países geopoliticamente periféricos.
Silva, Alessandro Soares Da. (2012) - Diálogos Interdisciplinares:a Produção Da Psicologia Política para Os Direitos Humanos (Editorial) Psicologia Política, 12 (24) .