Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Esse terceiro Plebiscito seria completamente diferente dos dois anteriores, ele
apresentava um único objetivo, que era o de reeleger Pinochet visando garantir seu
posto como líder da nação de um modo mais legitimo. O registro dos eleitores começou
meses antes, fazendo com que quase 8 milhões de chilenos se registrassem, isso seria
mais de 90% dos eleitores válidos. Além disso, os partidos políticos poderiam
finalmente serem reconhecidos se conseguissem juntar ao menos 33.500 assinaturas.
Esse acontecimento chamou a atenção de diversas pessoas estrangeiras, fazendo com
que passasse uma imagem de confiança, de que seria realmente algo legitimo. O medo
maior era dos próprios chilenos com alguma possível ação de Pinochet para que
pudesse sair por cima nesse plebiscito e que pudesse ficar no poder, como sabotar as
próprias votações ou negociar com a força policial. Além disso, o povo estava bastante
inseguro em ir para as ruas votar, mesmo com a quantidade de pessoas que tinham se
habilitado para votar. Muitos acharam que a única maneira de haver progresso
democraticamente seria através de uma eleição tradicional.
A Concertación apresentava três áreas onde atuavam, que era na defesa dos
direitos humanos, onde os membros do Congresso, ministros e advogados estavam os
protegendo de serem presos por se manifestarem contra o regime ditatorial de
Pinochet. Em seguida, trabalhavam no G-24, que foi criado em 1978 por políticos,
advogados e acadêmicos espectos políticos variados para preparar uma constituição
alternativa à que a Comissão de Ortúzar apresentava. Por fim, também atuava em
diversos trabalhos acadêmicos dirigidos por centenas de profissionais em centros de
estudos privados que foram de grande ajuda para criar um programa governamental
que divergia da ditadura ali presente e que oferecesse profissionais capacitamos para
assumir postos em um futuro governo.
Durante os primeiros anos do regime, as atividades da oposição eram bem
reduzidas por causa do duro controle exercido pela polícia, dificultando bastante. As
cortes se tornaram o principal palco para as manifestações políticas, onde os principais
advogados nas cortes militares pertenciam ao PDC e Partido Radical, que tinham
declarado que estavam “em greve”, e receberam bastante apoio das igrejas que
também cooperavam no combate de defesa dos Direitos Humanos. Essa luta foi de
grande importância, pois conseguiu, aos poucos, mostrar a repressão que o povo sofria
e recolher vários testemunhos de abusos.
Pinochet, por outro lado, começou sua campanha tendo que enfrentar uma
oposição fazendo de tudo que lhe fosse possível para vencer, até mesmo usando das
pesquisas de opinião publicas como propaganda para ir contra o atual regime. O
general e seu partido usou como principal argumento a de que o país voltaria à
situação de 1973 se não vencessem o plebiscito, principalmente na questão do cenário
econômico.
Inúmeros chilenos que não tinham esperança já tinham ido dormir antes dos
resultados oficiais da votação saírem, pois acreditavam que Pinochet sairia vitorioso de
qualquer maneira, utilizando algum método inconstitucional. Naquela noite e ainda mais
nos próximos meses ele discursou diversas vezes culpando o resultado da votação à
alguns países como a União Soviética, Estados Unidos e Cuba, além de outros países
latinos junto a certos políticos que tinham se vendido ao exterior.
Com as eleições finalmente retornando ao país, foi algo que se tornou não
apenas real mas de grande interesse a todo o povo chileno, seria a primeira desde
1970, em que Allende foi vencedor. A coalizão foi crescendo ao longo dos anos, e que
terminou se tornando a “Concertación de Partidos para la Democracia”, em que tinham
nomeado o democrata-cristão Patricio Aylwin, como o seu candidato para as eleições,
o que era bem esperado acontecer, pois ele não apenas era o líder do PDC, mas
também um dos mais participativo, ativos do Comando del No na época do Plebiscito
de 1988.
À medida que era vista as pesquisas eleitorais sendo feitas, víamos que Aylwin
seguia sendo o líder em uma larga vantagem e sua equipe já planejava as discussões
que entrariam em pauta em seu futuro governo. Aylwin se apresentava como uma
ponte dos ideais transmitidos por Allende e uma nova política mais conservadora da
oposição de Pinochet. Os resultados finais deram vitória a Aylwin com 55% de votos,
em que ele tinha prometido ser o “presidente de todos os Chilenos”. Foi uma eleição
surpreendentemente pacífica em sua maioria, além de que a maioria dos chilenos
desviaram sua atenção para o Natal. Houve apenas certos pequenos grupos de jovens
de esquerda entrando em conflito com a polícia chilena.
Toda a sociedade chilena, por mais que houvesse uma pluralidade de espectro
políticos, estavam determinados a nunca mais repetir os erros do passado. Os líderes
da Concertación procuraram ao longo dos anos um grande combate à pobreza que
tinha sido gerado durante o governo de Pinochet, diminuindo drasticamente os
números de cidadãos vivendo em péssimas condições de vida, fazendo com que,
finalmente, pudesse passar um lado “humanizado” ao neoliberalismo tão duramente
criticado pela esquerda. Víamos, finalmente, um Chile renascido depois de dezesseis
duros anos de ditadura, que estava disposto a nunca mais passar por isso novamente.