Você está na página 1de 27
I Das CONTRADIGOES DA SARDENHA A QUESTAO MERIDIONAL 'A questio meridional est sistematicamente presente em toda a elaboracao politica e na andlise de Gramsci da sociedade italiana, questao problematica em torno da qual se articulam as contradigoes do proceso de unificagao nacional e a modalidade distorcida de desenvolvimento econdmico e social do pais. Apro- fundando tudo isso, com uma elaboragao que levou anos, Gramsci conseguiu definir algumas de suas categorias mais importantes ¢ estudadas mundialmente, como hegemonia, intelectuais ¢ grupos subalternos, tidas hoje como essenciais para se decifrarem as relagées internacionais de dominio colonial. Como jé foi adiantado na abertura, a elaboracio de Gramsci fundamenta-se na centralidade desse problema, sendo profundamente marcada pelo conhecimento direto das formas de modernizagio distorcidas ¢ da submissio colonial de sua Sardenha. O século XIX foi emblemiético para a histéria da Italia, nao apenas pelos processos politicos que prepararam ¢ conduziram a um evento tio complexo e dificil de se realizar como a Unificagéo, mas também porque nele foram determinadas significativas tensGes dialéticas (econdmico-sociais, politico- -institucionais, culturais) ligadas & modernizagao, destinadas a ter importantes reflexos na prépria histéria do século XX, a comegar pela histéria da Sardenha. No transcurso do século XIX registraram-se processos reformadores que, prescindindo dos julgamentos sobre o mérito ¢ os resultados obtidos, constituiram um épico momento de mudangas no tocante 4 modernizacao!. O problema da constitui¢éo de um capital origindrio ¢ de uma consequente burguesia com caracteristicas ee Os aprofundamentos sobre este tema derivam de meu estudo sobre o banditismo social ¢ as transformagées ocorridas na Sardenha do século XIX. Parte desses estudos resulraram numa ‘™monografia, da qual provém boa parte das consideragdes presentes neste capitulo. Gianni Frest, La prima bardana. Moderniceazione e conflitto nella Sardegna dell'Ottocento (Cagliari, Cuec, 2011), p. 115-25. ee _ N Ax tonto Gis anise ts 0 MOMENT EIEOSOF modernas, as mudangas no regime faniitio © mas modalidhides de Jo no canapo, a questao dos arranes institueionais dcilha ex Prod, ing acumulaga ely modificagdes muito complesas na peninsula, sto (oak * temas de aban histriso que, no pass, tveram aniltiples momeNts de laf ‘ A “histarico’ Mien monogrifico no Ambito econdmico, jutidico ¢ histarico’, NaS sles kts cn pastoril i Taulos os problemas dlialetica cidade-campo a entre burguesia urbana ¢ comunidad sume uma conoragao peculiar com dedicadas’ atividale tempo, entre agricultura sedentiria e ndmade, culturais ¢ politice subyersio do velho reg social manites 0 ny My i COND) nas sobre a “propriedade pert ime feulal, assim como as faves mais ap vinculades As refor a ts do lca ado nas ondas de banditismo, estio ditctamente ligudis dialécica, Uma confirmagio autorizada vein dos intimeroy mate eanill dew tis de pes alizadas na Sarena pai sto, particularmente importante, presidida por Agosting Pepi entre 1868 ¢ 18714, e dos documentos do Reino da Sardenha que remonta anos das reformas no regime fundiirio my, dlas varias investi Sti es parlamentatest uma inv an nticdas no Arquivo de Estado de lin ¢ Cagliari. As rentativas de reforma no campo institucional, econdmicoewvil suas repercussdes sociais acomegat pel s medidas que produzenta fasio pea no marco consticucional do Estatuto Albertine ~ permitem obter um panoran da histéria das classes dominantes ¢ subalternas na Sardenha Nos mesmos anos em que o fendmeno da ctiminalidade meridional adi conotacio de massas, 0 ba de inten nditismo social na Sardenha atingiu niveis estemos sidade. A peculiaridade, se quisermos, o elemento de maior intros" cientifico, é que na Sardenha tivemos uma ante senciais nas formas de hegemonia ¢ dominagio dos governos dos Savoia, (ue também acabariam caracterizando a posterior tomada das regio aposa Unificagio. A concepgio administrativa e mod permeada por um esclarecimento ¢ uma confi ipagio de alguns tig 6 ineridionss na do Estado piemant ee wis sanga fisiocrdticos emt relay Dentre tanto asinalamos os trabalhos de alo Biroveht: “Considerason slp peters Sacegoa doyle i boltve dl felsic Sd el Opentio, Contadino e Autonomistico, tr. VAIS, 980; Per ha storia dele propre pelt Sardegna, Provvedimenti normativi arientament di governoe rule lle farses al 1851 (Milo, Giulit, 982);"\, ve al fi «stione autonomrstca dally usione peste dopoguerta’, em La Sardegna Clin, Bina : Savoia alla ‘fusione perfeu 1998); “UL Regan Sandiniae dal a", em Storia dei Sardi ¢ della Sardegna, UEta ccomtempont govern Piemontese agli anni Sesanta del nostro secolo (Milio, Jaca Book, 1990) A prego fa terra sobre a qual antes existiam sos efvicos comuns 85! snc wore Francesco Mancot Depretis (Cagliari, itt o. Lt (org), Le inchieste parlamentari sulla Sardegna dell toen u Edizioni della’Torre, 1984), a | ponathilidhutes eC Or ativ pata iiedteribide, pened, nar e henge conn ac teaidade che Satenha, ceria rigeley paliiton aire, anconec ns ene tiberd impedia a camprcensay profinubesdis verdadeipa cance de cear mad ecards inveprava ov mesmo feito de contionts niiline © ahis iunervengies kyasloavs leatinadas eapagar ay anomalies dhe civiliz regime de 10H 4p nypeddia su jain plane de colonizagte ttis pontisal eripotasn qine es eapeanbed, ann paren aque exight contrat seat ce wasey vv aerrndinien he iia! estado de aaa Tarente, marcad, entre OULLES Cobuts, pele city rorentes honietdins so anon muna populagan medestr', coe htobers ay claveen dirigenten piemontests, de macdo que repentinamente se afinnan se iluwénia pretense de conquistiar ailitarmente a zona do mal Uma estratépia pereguiiha, com sistent expedigoes repressivas entre 17S 174K, O banditiane suas earieteristicas conbecidas © consuntes ad tempos relativanente reentes, Wane nonnalicd been definitive: pelican, a pratin eas dan fein ido inederne, cote explodiu devidda ao choque entie essa pret histétia contemporine. diante do advent do Estado maderna © dos jie desprodugio, numa situayio marcada, portanto, pels contradiqhes politicas « 7 wea reaiaéncin a ele apes a Sardenha mes Jun paraligana histdnien padprio wan de transigan dos moda pela debilisdade «has novas classes socials em vias de alin fo central ‘culos XVUL © XIX, cuja falta d Para Antonio Gramsci, a classe agntria continuay nos processas politicos solugio em sentidog " trouxe uma marca bem prec ' do Risorgimento italiane: aa hitéria 1 até mnesine | Qualquer formagio de vontade caetiva nacional popular é porsivel we pane simultaneamente massas de camponeses no ent ila politica. |...) Toda ah formagio de ‘éria a partir de 1815 mostito estore da tradicionais para inypedira hn ‘econdmnice 10 pode ive.” tale coletiva desse tipo, ma v -corporative” num sistema internacional de equilibaio © Manlio Brigg Na metade d jnantes. Hoje tem 1,5 millao de ha- b Juilia. Eric J obsbawns, {banditi H bunditiano sociale nelle maderna CK, fe. beas.: Haneda, 5. el tbe, Dannaldson M. Gate ha Na terminologia gramsclana 0 uso de “progressive “progressista” — refere-se As mudangas que proxduzem modernizagio, cratizagio: a ampliagio da bave social do Estado, a incluso na cidadania de estratos sociais antes excluidos, Amanio ( 1 pervhd banditi (Miloo, Cane Seqrete, 1971), 60. aha G00 ail by avi, 2002), p. 107 io Paulo, Pare "Verra, 2015] nao deve ser condundide com demo annsci, Quaderni del carcere (Titi, Finaudi, 1977), p. 1,560) M4 As tonto Ge Aatsct, @ HOMES FILOSOF aroao entre a Sardenha e 0 Piemonte gan destinado a pesar negativamente em rg de de aferar 0 equilibrio nacional pela ¢, cr ena no entanto, ele FOUSE COnSIgO 2 consolidagig dean ‘dor, destinado a durar muito tempo. Indepengee esse continua a ser 0 principal ft0 polieg j — talvez o estudioso que lidou com ess. ses com maior rigor ¢ seriedade cientifica -, “o triunfo da Propricdaden, Sardenha coincidiu com 0 surgimento de uma burguesia nao apenas desproyi de dos horizontes universalistas que a levaram 2 lideranga do movimento de refoen, fem outros lugares, mas ligada a mentalidades ¢ privicas clienteliscas surgidas de extremamente restritos™". Nos ultimos erinta anos do s: slo XIX, portanto também nos anos da infin. cia de Gramsci, a Sardenha foi atingida por uma série de sinais contraditérios, cio econdmica e social que coexistiram com uma condigio de profundo atraso € disseminagio de um estado de miséria da grande maioria de sua populagio. Devido a virios fatores — tais como o fracionamento 0 peso excessivo dos impostos fundisrios, a auséncia pital para investimentos, crédito insuficiente —, as reformas nao levaram 3g mmudangas esperadas em termos de modernizacio da producto agricola, ess de vida e relacdes sociais, No entanto, com suas contradigdes nao resolvidas, 2 Sardenha estava caminhando para uma transformacao capitalista de suas rlacées sociais e para se inserit num circuito mais amplo do mercado nacional e europeu, e isso também aconteceu com a expulsio da terra de faixas cada vez maiores da populagio envolvida em atividades rurais, principalmente pequenos proprietrios Isso aconteceu sem que o dominio piemontés, primeiro, €2 unificagao da Itélia, ivessem resolvido suas contradig6es ou tocado minimamente no Jo € abs bein © proceso de fi ocorren num “equilibrio pass ude poder de barganha e capacid Thos dominantes da bloco politico-social conserv’ comente das avaliagdes de mérit Como bem resumiut Biroech qu inceress: novos aspectos da moderni zerado das propriedades, em seguida, ¢ atraso estrutural de sua economia. Os termos desse desenvolvimento desigual e a debilidade incrinseca com a qual a Sardenha viveu a transigéo para a modernidade estavam destinados a persistir mesmo no novo século, Paradoxalmente, um dos sinais mais fortes de uunidade pelo qual a Sardenha foi reconhecida como parte integrante da realid de nacional nao vem da histéria das classes dominantes, mas da de suas massas exploradas: a proclamacio da primeira greve geral nacional da hist6ria da Ila, originada em 1904 pelo massacre de Buggerru'?. Ainda em 1919, num artig © Gianni Fresu, La prima bardana, it Italo Birocchi, Per Lt storia delle propriett perfera in Sardegna, cit, p. 446- © O massacre de Buggerru (pequena cidade do sul da Sardenha) & um dos episédios mat conhecidos da histéria da lura de classes na Itlia, Refere-se a repressio do Exércivo que d Das cONUAMIGOLS 9 Sanpentta A quISTAD AtLMADONAL 215 incitulado “I dolori della Sardegna” [As dores df it Sardenha}, Antonio Gramsci spressava nestes termos: see et proibido que [Ava osconselhos de Por qued anti! relembre que em Tarim ti cdministragao das ferrovias d: de mineragio? [...] Por qu m lugar la Sardenha e de algumas empresas © niio podemos lembrar que os mineradores d Sardenha recebem sakirios de fome, enquanto os a com dividendos cristaliz ionist: de Turim mantém dos com o sangue dos mineradores da Sardenha, que muitas veces se limitam 4 comer raizes para no morrer de fome? Por que deveria ser proibido lembrar qu Sardenha andam descalgos no inverno € no w Edlevado a niveis proib dois tergos dos habitantes da ‘eFi0, porque o prego das peles 8 pelos impostos protecioni: os industriais de couro de Turim, um dos quais & que enriquecem presidente da Camara de no Estado italiano, na Sarden| camponeses, pastores ¢ artesios sio tratados pior do qu pois 0 Estado “iny Comércio? Por que & proibide lembrar qui a, acolénia da Eritreia, te" na Eritreia enquanto explora a Sardenha, cobrando- -lhe tributos imperiais?"’ Em seu estudo Rapporti di produzione ¢ cultura subalterna (Relacoes de pro- dugio e cultura subalterna], sobre uma formagio econémico-social concreta como a rural da Sardenha, 0 antropslogo Giulio Angioni analisou as profundas diferenciagdes entre as camadas subordinadas ¢ os niveis correspondentes de consciéncia social, em razio das diferentes formas de apropriagio da riqueza. Essas estratficagdes sociais, com as consequentes diferenciagdes de “ideologias desorganizadas ou pedagos remendados de ideologias”, sofrem formas nao lineares de exploracao e dominagao segundo modalidades que, em muitos casos, podem ser equiparadas s realidades “pré-capitalistas ou nio capitalistas”, Em areas de desnivel, como as chamadas “zonas internas” da Sardenha, por exem- plo, as comunidades agricolas pastoris podem ser objeto de tamanha exploragao € sujeitas a um regime téo repressivo que houve quem comparasse essas situagées .um processo de rapina do tipo colonial ou semicolonial, enquanto, em outros ante a greve do 4 de setembro de 1904 atirou contra os mineradores que se manifestavam Pela redugio do nivel de exploragio, pelo aumento dos salitios e das medidas de protecio do trabalho nas minas. Esse acontecimento originow a primeira greve geral convocada pelo sindicado na histstia da Ili "* Antonio Gramsci, “I dolori della Sardegna”, edigio piemontesa de LiAvanti, 16 abr. 1919, em Scritti 1915-1925 (Milio, Moizzi, 1976), p. 177. a Astoste Gicasiset ov noMest HL asre i c “funcionalizagio”, pelo “sistema”, das casos, podemos falar de ficil absorgto ¢ “funcionalizagio™, das iat peculiaridades locais ¢ das evenntuais resisténcias, C esenvolvimento e atraso deve ser sobreposta 3 Pant Angioni, a nogio de subdesenvolvimento Pa posta § a ‘ 5 ¢ particular importincia numa regi de dopendéncia ¢ subordinagio, que assume particular importincia numa regi perifetion da dive tivamente recente: iio curopeia como a Sardenha, que permaneceu até tempos rela, fora dos processos de industrializagio, O atraso econémicy © 0 fraco desenvolvimento das forgas: produtiv certamente influenciaram g configuragio “primordial e gelatinosa” da sociedade eivil, a expansio limitady esse conjunte de iniciativas privad de hegemonia politic que, para Gramsci, formam 0 aparelho 4 cultural das classes dominantes. Segundo Angioni, a transtormagio do regime fundidrio durante 0 século XIX, de maneira “mais funcional para o desenvolvimento das regides continentais do Reino”, constitui tum “easo precoce de colonialismo interna” que, em varios aspectos, antecipa as caracteristicas do desenvolvimento desigual cipico da questdo meri posterior 3 Unificagio: ional Com alguma previsio, pode-se dizer quea Sardenha foi, de cer rc0 modo, um peque- o de discriminaga io quese desenvolveu macroscopicamente mais sande no contexto do Estado nacional italiano, ditigido pela bu ¢ financeina das regides rguesia industrial cundariamente, pelos proprietirios de s de parasitas do Sul.!* centrionais e, terras ¢ de outras class Compreender Gramsci em profundidade sem tet consciéncia de quanto tal pano de tundo o influenciou parece irrealista ou, no minimo, parcial. Nao foi apenas na idade adulta que Gramsci chegou a uma visio do conflito de classe e da revolugdo como objetivagio de um bloco social que reunia as reivindicagées da classe operiria setentrional e dos grupos subaltemos do Mezzogiorno. Como dlissemos na abertura deste volume, por sua importancia, em Gramsci a questio camponesa nao chegou apenas a partir da leitura de Leni na concretude da formagio social sarda, no conjunto de experiéncias de vidae observasio cuidadosa de seu mundo, com todasas suas contradigoes. Essa matriz ‘ssurgitt nos anos de militincia socialista, quando a centralidade das relacdes dlesiguais de desenvolvimento entre o Norte e o Sul na defesa dos equilibrios sociais passives nacionais se rornou cada vez mais clara para Gramsci. in, mas teve suas raizes Giulio Angioni. & Edes, 1982), p. 5 bide: ln in Sardegna (Cagliari. Das conre Amtgors IA SakbENIEN A guTsrAn atenmoNAL 2 Ja em artigo de abril de 1916, Gramsci encontrou na questio meridional uum entrectuzamento de contradisées para ighiticas dos limites do. processo de unificagio nacional, a partir da escolha do modelo ceutralista, inaequuado realidade italiana € profundamente diferente do que Cavour tinha em mente, Depois de mais de mil anos, cram reunificados dois troncos da peninsula até entio caracterizados por formas de desenvolvimento histérico, econdmico ¢ até insticucional comple 9 jovem Gramsci, concebia o Sul como um m te, confundindo ou ignorando agiorno. A diniva alternativa 4 miséria absoluta era encontrada nos éxodos biblicos da emigracio em massa, enquanto a reacio a esse estado de coisas se manilestou nas formas episédicas ¢ inorginicas da rebeldia camponesa ou do banditismo, Pata Gr 6 protecionismo foi o instrumento pelo qual a questio meridional tornow orginica e estrutural; nao por acaso, em 1913 0 ainda muito jovem Gramsci iu-se & Liga Antiprotecionista da Sardenha de Actilio Dellenu"®, uma figue que o influenciou bastante, mas ainda pouco conhecido entre scus estudioso: O protecionismo era a moeda de troca do bloco histérico que unia a burguesia industrial do Norte e as classes parasitérias de propriedades fundisrias meridio- nais, cujas contas eram pagas pela imensa plebe do Sul: nente diferentes. “A centralizagio brutal”, escreveu ado colonial interno ao Nor ais necessidades do Me masci, O protecionismo industrial elevava 0 custo de vida do camponés calabrés, sem que o protecionismo agririo, indtil para os produtores, [...] conseguisse restaurar 0 equilibrio, A politica externa dos iltimos trinta anos tornou quase Uma das figuras mais representativas da renovacio politica no novo século foi Autilio Delf nascido em Nuoro, em 1890, e morto na batalha do rio Piave, em 16 de junko de 1918, com apenas 27 anos de idade, Filho do presidente da sociedade operitia de Nuoro (Giuseppe), cle teve a oportunidade de viver esses anos intensamente, dando uma nova perspectiva is reivindicagoes tradicionais da Sardenha, Ao estudar dircito em Pisa, Deffenu entrou em contato com socialistas is como Georges Sorel e sindicalistas como eanarquistas, ligando-se is orientagdes de intelectua Arturo Labriola, Colaborou com a revista anarquista Il Pensiero e com I! Giornale d'Tralia fundou, em 1914, a evista Sardenha, Deffenu ligou-se, especialmente, a0 pensamento sulista nesse sentido, aderiu ao movimento antiprotecionista, escreveu umn manifesto a respeito e publicou, em sua revista, um debate realmente novo e profundo, ainda que tenha ocupado apenas quatro mimeros da publicagéo, sobre a questio da Sardenha. Em vee de se debrugar sobre os erros ¢ a indiferenga da politica nacional em relagio & Sardenha, lum rema que certamente nao é negligenciado, Deffenu preferiu analisar de forma concreta 0s temas econémicos ¢ sociais do desenvolvimento desigual, propondo o estabelecimento de uma frente unida das regiées (meridionais) que mais sofreram com o processo desequilibrado de construgio do Estado nacional, identificando a verdadeira origem de todos os seus males, ro clientelismo e na natureza parasitiria das classes dominantes da Sardenha i tisdo Girgaien a nan atti asene exteteis oy henelicios avin aya Ns MELTS HUCK. Lig, levanaie emissan ale emprestinos interes, os quas absoryeram vse falar de falta de iniciativa dos emignados, Costu tis. Fann, 1 scustyto nants, Q fate € que @ capital sempre procs as Formas de empreyy, ativasy © que © govetno oferered os abones quinguense tmatts segutas © lie Come muita tnsisiéncia, Onde ja existe uma Libticas esta Continua a ye g, n sn € INCH e aleatirig volver para poupat, mas onde toda forma de capita niu nao conti e€ Vai Procitrar inye 41 poupangar stad e acumulada cone es it conde ui lucie tangivel, Asin, os laiiindios, que tendian ens algun peta 1 se livin entre oy vicos ameticanos retornantes, continianso a existir andy a italiana, ¢ lo da econont q oth por uns tempo, peagas a [HALO ay empresas dlustiai co Noste encontiany na guetta una Tonite de huctos colossais,e toy 8 potenvialidade produciva nacional voltada 3 indistria ca puctea se etcunsere. ve ainda mais ao Piemonte, aquele pouco de vida que evistia mas vegioes do Sul.! Em artigo publicado em 7 de julho do mesmo ano, na edigio pi a de /Arantit, Gramsci retornou a esse tema, Na Itilia, 0 protecio tes mo “consolidou-se ey bilmente os interesses antagonistas entre cidade oe 101 uma parte do pais 4 outra, de modo a garantit 6 grrr 10 das classes diigentes regionalmente estabelecidas. Nessa dinimica, © prego do trigo rornou improdutivos ¢ par © desenvolvimento rural. uma alayanca pata garantir a sobrevivencia dos setores itirios, ao invés de ser um instrumento capaz de fiworecer © tributo protecionista do trigo levou muitos do campo a semear em tettas semiestéreis, com a seguranga de um lucro pelo no garantido artificialmente al do aumento de produtos 1 Fstado, pela nazi us icionais. A situagio de monopslio criada pela guerra, que de 29 francos levou o trigo a mais de 40 francos, serve para criar a ilusto de qu sempre mesmo semeando na au hao sufi nte para ser ganho, Entrctanto, os a io seme Padana, Ficultores a planic que n Emilia em particulan, obtém ganhos fabulosos, que s6 enconcram péteo nos superlucros industeiais da guetta, nt na arcia, mas nas terras ferteis ¢ irrigadas da Lombardia ¢ da Muito conveniente para esses senhores ade trigo de terras improdutivas para diximo para garantir aos agricultores pobres assumir atitudes aparentemente desagradaveis explorar 0 fito consumado da colhe insinuar que é preciso fixat 0 prego m uuma renda justa, mas, custa de Antonio Gramsci, “Il Mezzogiorna el ls guerra’, 1! Grido del Popolo, XXUI, n. 610, abr. 1916+ em Scritti giowsnili 1914-191; ‘8 (Tarim, Einaudi, 1958), p. 31-2, —_ 4 COLT WALI 4 Un AIOE HIELA A HUGE AY MO mdEnEIAL cecaadionn, 64 proletariat, expectaluiente urbans, qed reap conta es ceampantiay tendencionas, Ainda sob 0 impacto de que ocorrera na Ribwsia cnn 1917, Gameet tetomon tema em LOndine Nava de 2 de ayosti dle 1919, avangane entre apenttios ¢ eamponese les na deta de alianga cidade € oc ecttralizagio em perspect a durante a yuiera ¢ 0 definitive unto da forma Imperialisia de desenvolvimento do capitalismo italiano, lisse texte & particular mente interessante tambény porque nele estio preventes ox primelros elemento de sua leitura sobre os grupos subalternos, que poxterlormente serlam centrals nos Cadernos, As Lonmas atrasactas © parasiviv do regime feudal (nix Reissia, na lain, na Fran determinada psicoloyia, na qual eategorias histérieas, mas catcposias naturals. c,eniquanto til, perpet lidade, segundo Gramsei, a pratnde propriechade fundis Pane superar are 140 atntaponca crt campo, No attigo, Gratnsel descreyeto proces de concents A monopol va telagdes soci sem tore cna Fsps instituigdes econo tha), corresponde + © politic no sie. Na tew a pile comery, essa forma somente por ter sido protegida da livre concorréncia amentalidade do campones continuou a mesma de" ase rebelar periodic com Aqui também crvo dat lela ", porén incapaz de pensar em se que age coletivamente de acordo com am te da consciéncia no prdprio terreno histétice, Estas .embora iio mencionem diretumente a Sardenha, trazem rénncias a sua realichide social stendendo mente contra os “senh si mesmo como parte de uma ek fim determinado e que p: passagens do art evidentes re A psicalogia dos camponeses em tals condigoes, incontrokivel;os semtimentos reais permaneciam ocultos, implic Jos ¢ confuses num sistema de defesa contr exploragées, puramente egolsta, sem continuidade bi composta em grande arte por furtividade © um falso servilismo, A lita de clases contindi: dade, chantaygem, ue roubo de gado, rapto de eriangas © mutheres; conn ataques 4 municipalidades eva unva forma de terrors i clas flores 0 cle mentar, sem consequéncias & diveis « efetivas, Assim, a psicologia do eamponés foi objeti ente reduzida a wana quantia muito pequena de sentimentas pri mordi, is, dependentes day contigo soci -parlamenta is criadhis pelo Kstado democtitice 6 camponés ficou completamente’ ni pti defender-se fisicamente das armadilbias da nacureza clementar, dos abusos © da dos proprietitias e seus bajuladores ¢ aficiais cos corruptos, ea maior preacupagio dle sua vida era barbitie cruel dos proprietirios e funciontios priblicos, O Aponds sempre Nem, "Clerieall ed aprari”, edigan piemontewt de Lean siovanili TILA 191, vit po ALS 1H, 7 jul, 1916, em Seritth ay AwTonto Gramsci, 0 HOMEM FILGSOFO viveu fora do dominio d lei, sem personalidad juridica, sem individu moral: ele permaneceu um elemento andrquico, 0 étomo independente g. tumulto catico, apenas contido pelo medo da policia edo diabo. Nie ent a organizago, ni entendiao Estado, no entendiaaciciplina pacienteg yy no esforg individual de arancarfrutos escasos e magros da natuers, capa, inauitos sacrficis na via familia, el er impaciencee sevagement vileng na lata de classes, incapaz de estabelecer um objetivo geral de asio persegut, com perseveranga ¢ luta sistematica.”” de un No encanto, segundo Gramsci, a guerra ¢ os sacrificios das ttincheias my, daram radicalmente essa psicologia, favorecendo a irrupgo no cenétio pola, das classes, estratos sociais e categorias até entéo silenciosas, que se tornaran protagonistas da revolugao dos soviéticos dentro de um amplo bloco social com a classe operdria. E precisamente com base nessa visio que Gramsci elabora uma ideia de revolugio que nio é encontrada no restante do movimento 5. cialista italiano. Conceitos adotados ¢ desenvolvidos numa coluna de L’Ordine Nuovo em 3 de janeiro de 1920, em que, entre outras coisas, pode ser lida mais explicitamente a ideia do Sul como uma coldnia de exploracao no interior das modalidades passivas da modernizagdo conservadora nacional. Mesmo o nascimento do jornal /’Unita, j4 mencionado, estava intimamente ligado a essa perspectiva, tornada ainda mais urgente pela afirmagao do fascismo como a consolidacéo desses equilibrios passivos entre partes dindmicas e outras partes parasitdrias ou improdutivas da sociedade italiana. O jornal nasceu em plena crise da reagao fascista e numa fase de profunda crise do recém-criado Par- tido Comunista, paralisado por uma concepsao profundamente sectéria, tanto da organizacéo como das aliangas de classe a serem perseguidas. Para combaté- -lo com mais eficécia, a administragao da Internacional aprovou a proposta de fundar um “periddico operitio” capaz de consolidar o objetivo estratégico da unidade das classes subordinadas italianas, das massas trabalhadoras do Norte e das rurais do Mezzogiorno. O famoso ensaio Alcuni temi della questione meridionale (Alguns temas da questao meridional] foi elaborado em outubro de 1926, um més dificil e, sob varios aspectos, crucial para a vida de Antonio Gramsci: no dia 14, de fato, ele escreveu a famosa carta ao CC do PCR, na qual censurou os métodos usados para liquidar a oposigéo a Stélin, a0 mesmo tempo que afirmava reconhecer-se “nas posigdes expressas pela maioria. Com relagio ao debate, Gramsci ponderou questoes de mér » distanciando-se claramente do método usado pelo grup? Idem, “Operai ¢ contadini”, L’Ordine Nuovo, 2 ago. 1919, em Scritti politied (Roma, Editoti Riuniti, 1969), v. I, p. 227. Das CONTE ADIgSES Da SARDENHA A QUESTAO MERIDION jiderado por Stilin e conclamando 0 Partido ‘de. indispensavel a0 movimento comunista internacional, especialmente numa fase de refluxo como essa. Como atualmente é bem sabido, Togliatti, entdo representante do Partido em Moscou, recusou-se a encaminhar a cara, nio compartilhando de seu conteiido e abrindo uma divergéncia, acerca da qual ji se discutiu ¢ escreveu mais do que o suficiente, muitas vezes também fora de propésito, € em que nao pretendemos adentrar. Um més antes, Gramsci teve uma controvérsia muito séria com o diretor de 'Uniti, Alfonso Leoneti, dan- do origem a uma série de cartas violentas® entre o secretério-geral e a equipe editorial, até sua prisio, No ensaio sobre a questio meridional, Soviético para a necesséria unida- Gramsci retomou alguns dos principais temas das Teses de Lyon com a intencio precisa de desenvolvé-las ¢ lhes dar uma forma orginica, a ponto de criar uma ferramenta de andlise tcil para entender melhor a génese histérica do fascismo e identificar as ferramentas mais adequa- das para derroré-lo, Gramsci tinha consciéncia da importincia dessa tarefa e do peso de sua responsabilidade, tanto que trabalhou escrevendo muito lentamente, ponderando o efeito de cada palavra, temendo nao ‘pressar o contetido de seu pensamento com a devida clareza. De acordo com varios testemunhos a esse respeito, principalmente o de Ruggiero Grieco, jé relembrado varias vezes aqui, essa preocupacio levou Gramsci a ter insénia ¢ ansiedade, impelindo-o a sub. meter 0s rascunhos ao exame critico de todos os camaradas que o procuravam. Como se sabe, 0 tiltimo documento antes do carcere nao tinha sido concluido em razio da sua prisio, ocorrida em 8 de novembro. Apés uma reuniio do grupo parlamentar comunista para discutir a atitude a ser tomada em relagio & agenda na sessio da Camara dos Deputados, marcada para o dia seguinte (res- tabelecimento da pena de morte ¢ revogacao da sede parlamentar dos deputados aventinianos), Gramsci estava voltando para casa, na rua Morgagni, as 22h30, quando foi preso. Conduzido ao centro de detencao Regina Coeli, foi submetido a confinamento solitario por dezessete dias, antes de iniciar a peregrinacdo por diversos centros prisionais do pais. O resgate de “La questione meridionale” [A questio meridional], recuperado na casa de Gramsci imediatamente apés sua prisio, deve-se a Camilla Ravera, sua publicagao, a Palmiro Togliatti, que o fez sair na revista do Partido, Lo Stato Operaio, impressa em Paris em 1930. Em 6 junho de 1932, Gramsci escreveu a Tania Schucht uma carta muito importante para localizar “A questio meridio- nal” em sua dimensio correta ¢ entender como, ¢ artigo, Gramsci efivéredow para um caminho de anilise sobre o “transformismo”, entendido nao ® Pata maiores detalhes, remetemos a Giuseppe Fiori, Antonio Gramsci. Vita attraverso le lettere (Tarim, Einaudi, 1994), p. 121-4. > 222 Arronio Gaansct, 0 HOME HLESOFO como simples fenomeno de mau costume politico, mas como um processo pre. ciso de formagio das classes dominantes — por cooptacao: Esse fendmeng implicava necesariamente uma redefinigao da nogao de Estado, que devera se, ida te diferentes gradagbes coms quais a dominasao politica se expres, na sociedade italiana. toda a historia da Itdlia a partir de 1815, veré que um pequeno + metodicamente em seu circulo todo 0 con. grupo dirigente conseguiu absorve " tingente politico que os movimentos de massa, de origem subversiva, criayam, De 1860 a 1876, o Partido da Acio foi absorvido pela monarquia, deixando um remanescente insignificante que continuou a viver como Partido Republicano, mas tinha um significado mais folclérico do que histérico-politico. O fenémeno foi chamado transformismo, mas nao era um fendmeno isolado; foi um proceso orginico que substituiu, na formagio dos dirigentes, 0 que havia acontecido na © com Napoleto, na Franga, e com Cromwell, na Inglaterra. De faro, is 1876, 0 proceso continua, molecularmente. Ele assume uma escala revolur nds a guerra, quando parece que o grupo dirigente tradicional néo imponente de assimilar e direcionar as novas forcas nascidas dos eventos. Mas esse ipo dirigente é mais funesto ¢ capaz do que se poderia pensar: a absorgio é dificil e pesada, mas ocorte, apesar de tudo, de varias maneiras e com métodos diferentes, A atividade de Croce é uma dessas formas ¢ métodos; seu ensino jor quantidade de “sucos gistricos” adequados & fungio da digesta. produzam: Colocada numa perspectiva hist6rica, da hist6ria italiana, é claro, a diligéncia de Croce aparece como a maquina mais poderosa para conformar as novas forcas vitais que © grupo dominante tem hoje! Como 0 préprio Gramsci deixou claro no inicio, a redagao do ensaio inspirou- -se na publicagio, na revista Quarto Stato, de um artigo em que se analisou o livro de Guido Dorso, La rivaluzione meridionale [A revolucao meridional]. De fato, no artigo em questio, fez-se uma acusagao especifica contra o grupo ordinovista: ter tratado a questio meridional com uma atitude demagégica inteiramente focada na “formula mégica” da subdivisao das grandes propriedades entre os proletirios rurais. Contrariamente a essa tese, confirmada por um artigo de L’Ordine Nuovo de 3 de janeiro de 1920, citado no ensaio, Gramsci reivindicou aos comunistas de Turim 0 mérito de ter tirado a questéo meridional de um indistinto Ambito incelectualista, apresentando-a & classe operdria como um problema central para a politica nacional do proletar ‘questio meridional foi subtrafda ao mono- polio dos grandes ee ee mundo académico e intelectual a que os editores da Antonio Gramsci, Lettere dal carcere (Turim, Einaudi, 1975), p. 232. Das CONTRAMIGOES D4 SARDENIEA X QUESTAO MERIDIONAL )Stato se referiam ¢,a0 mesmo tempo, 0 campo foi liberado da abordagem -antimeridionalista, que beirava o racismo, tipico da tradigao socialista italiana. Para a intelectualidade positivista do PSI, e num nivel elementar para as massas do Norte, 0 atraso do Mezzogiorno nao tinha ra téricas de cariter social eecondmico, mas genéticas, biolégicas. ‘shi O Mezzogiorno senvolvi npede o progresso mais ripido no de- nento civil da Italia; os meridionais sio seres biologicamente inferiores, semibirbaros ou birbaros completos, por destino natural; se 0 Mezzogiorno esté aurasado,a culpa nio édo sist mas da natureza na capitalista ou de qualquer outra razao histérica, que tornou os metidionais poltrdes, incapazes, criminosos, bérbaros, temperando essa ma sorte com a explosio puramente individual de grandes génios, que sio como palmeira Lo o Partido Socialista deu seu aval a toda a literatura meridionalista da camarilha de escritores da chamada escola positiva, como os [E Sergi os [Alfredo] Niceforo, os [P. romances, livros de impress soli frias num deserto arido ¢ esté: rico) Ferri, os (Giuseppe] olo] Orano, que em esbosos, artigos, contos, es e dle memérias repetiram de diversas maneiras fo mesmo refriio; mais uma ver, a ciéncia destinava-se a esmagar os pobres os explorados, mas desta ver estava envolta em cores socialistas, fingindo ser a ciencia do proletariado. Para Gramsci, os comunistas de Turim jé tinham colocado a questo meri- dional nos termos de uma conquista “hegeménica” do proletariado do Norte diante das massas desagregadas do Sul: Os comunistas de Turim tinham se colocado concretamente a questio da he- gemonia do proletariado, isto é, da base social da ditadura do prolerariado e do Estado operirio. O proletari wruma classe dirigentee dominante nna medida em que conseguir criar um sistema de aliangas de classe que lhe permita da populagio trabalhadora contra 0 capitalismo e 0 Estado Durgués, o que significa, na Itdlia, nas relagées reais de classe existentes na Ieilia, na medida em que conseguir obtet consenso sobre as grandes massas camponesas.”> lo pode se torr mobilizar a maioris As condigées particulares de desenvolvimento da sociedade italiana, sua histéria e tradigdo fizeram com que a questdo camponesa assumisse duas formas Uipicas e peculiares, a questio meridional ¢ a questo do Vaticano. Estabelecer 0 objetivo histérico de conquistar a maioria dos explorados pelo proletariado ® Idem, La questione meridionale (Roma, Editori Riuniti, 1991), p. 9-10. 224 ANTONIO GRAMsCt, 0 HOMEN FILOSOFO significa assumir essas questées socialmente ¢ tornd-las proprias, oy S¢ia, in, corporar as necessidades de classe das massas camponesas, ae nas deman, _ imediatas quanto no programa revoluciondrio para a transiao™, Segundo Gramsci, para cumprir sua fungéo histérica de “classe gerap proletariado teria de assumir um papel de lideranga em relagio aos CAmPoneses € a algumas categorias semiproletirias da cidade, ou seja, abandonar qualgue, mentalidadecorporativaesindical residual. Seus membros deveriam seapreenes e pensar como membros de uma classe capaz de dirigir tanto camponeses Guanes intelectuais, Fsse era 0 tinico caminho a set trlhado para que 0 proletaring, ainda uma minoria da populagio italiana, pudesse iniciar um processo revolugj nuirio, Na auséncia dessa fungio de lideranga, aqueles estratos sociais oscilane, potencialmente sensiveis & radicalizagéo, permaneceriam sob a hegemonia ¢, burguesia, ajudando a fortalecer seu dominio. / Oabandono de uma mentalidade puramente corporativa constituta, portant a condigao prévia para 0 desempenho de um papel de lideransa e para evitar ah, sorgio da classe trabalhadora, justamente em razao de seus interesses corporat, pelo bloco social dominante, Gramsci explicava esse fendmeno remetendo-se algumas experiéncias histéricas concretas da classe operdtia italiana. Em pati. cular, a proposta de gestao direta da empresa de forma cooperativa, apresentads pela Fiat aos trabalhadores que ocupavam a fabrrica, foi interpretada & luz descag consideragées. Com base nos interesses da categoria, dados pela iminéncia de uuma nova crise econdmica e pela necessidade de salvaguardar empregos em pe rigo, os lideres reformistas do Partido Socialista e da CGL mostraram-se a favor dessa solugio, A secio socialista de Gramsci interveio, pedindo aos operitios 0 que a rejeitassem. Uma grande empresa como a Fiat s6 pode ser assumida pelos trabalhadores se cles estiverem determinados a entrar no sistema de forcas politicas burguesas que hoje governam a Itélia. A burguesia, mesmo antes da guerta, jé nfo podia governar tranquilamente. (...] Apés a década sangrenta de 1890-1900, a bur- guesia teve que renunciar a uma ditadura muito exclusivista, violenta e escan- carada: os camponeses meridionais ¢ os trabalhadores do Norte se levantaram Esta é provavelmente a passagem na qual emerge com maior clareza a reproposigio criativae® aplicagao a realidade italiana concreta dos conceitos desenvolvidos por Lénin no III Congreso da IC, Assim como, naquele Congresso, Lénin ressaltou a necessidade da conquista hegerd- nica da maioria dos explorados, citando como exemplo os bolcheviques, que incorporstit © programa agririo dos socialistas revoluciondrios e em pouco tempo conquistaram 0 api? dos a questo meridional e camponesa no programa revolucionério dos comunistas italianos- : ; ee incorporit mponeses em diversos sovietes, Gramsci também se colocou o problema de incorpo DAS conrmaDic6xs ba SaRDENIIA A QUESTO NERIDIONAL contra ela simultaneamente, anne ainda que sem coordenagio. No novo século, a classe dominante inaugurou rou uma nova politica, de aliangas de classe, de blocos politicos de clase isto , de democracia burguesa Ela teve de ox democracia rural, isto é, uma alianga com os camponeses meri um bloco industrial capitalista-operério, nismo aduaneiro, pela manutengio da colher: ou uma ddionais (...], ou » sem sufrdgio universal, pelo protecio- centralizacio do Estado (expressio do dominio burgués sobre os camponeses, especialmente do Mezzogiorno e das ilhas), para uma politica de reforma dos salérios e das liberdades sindicais. Nao foi por acaso que escolheu essa segunda solugéo; Giolitti encarnava 0 governo burgués; 0 Partido Socialista tornou-se o instrumento da politica giolittiana.?® No curso dos anos 1920, Giolitti tentou novamente a mesma estratégia, procurando incluir a classe operiria setentrional em seu bloco de poder; a im- plementacao de tal objetivo representaria a total subordinacio da classe operdria e sua divisdo: O que acontecerd se os funciondrios da Fiat aceitarem as propostas da Direcio? Os estoques industriais atuais se tornario titulos; isto é, a cooperativa ter de pagar uum dividendo fixo aos acionistas, independentemente do volume de negécios. A empresa Fiat serd fatiada de todas as maneiras pelas instituigoes de crédito, que permanecem nas méos da burguesia, que tém interesse em reduzir os operdrios a seu critério. Os operitios terio necessariamente de se vincular 20 Estado, que 05 ajudaré por meio do trabalho dos deputados dos trabalhadores, por meio da subordinacio do partido politico dos operarios & dinimica do governo. Aqui esto plano da Giolitti em sua aplicagéo completa. O proletariado deTurim nao existira mais como classe independente, mas apenas como apéndice do Estado burgués. O corporativismo de classe ter triunfado, mas o proletariado tera perdido sua posicdo e sua fungao de dirigente e de guia; parecer privilegiado para as massas dos trabalhadores mais pobres; pareceré um explorador para os camponeses, da ‘mesma maneira que os burgueses.”* rica no bloco giolittiano teria levado as massas desagregadas do Sul a se porem a classe ope, 20 invés de favorecer o estabelecimento _de-um novo bloco social em oposigao ao “histérico”, Portanto guesia implementou seus processos inclusivos € tacando-as de todas as Antonio Gramsci, La questione meridionale, cit. p. 20. Tidem, p. 24, 225 226 » GHAMSCI, © HOMEM F1L6s0r0 classes subordinadas, decapitando 0 movimento operitio ¢ neutralizandg liltima andlise, qualquer hipotese de radicalizagio revolucionétria. . Como veremos mais detalhadamente, para Gramsci “todo organismo so; tem seu préprio principio dtimo de proporcoes definidas”, € 0 do bloco agra, i ' ‘ aca i io meridional alcangou seu grau maximo de centralizacio no campo ideolégig < Segundo Paggi, no pensamento de Gramsci, isso esté de acordo com a convies de que toda a filosofia idealista italiana esté, de alguma forma, relacionad, ideia de autonomia econtinuidade ininterrupta da classe intelectual, que aeab, criando uma correspondéncia entre 2 “ocultagio teérica dos contrastes soci, caracteristica dessa filosofia’, ¢ a funcio hegeménica que ela desempenha, ¢ isso se deu precisamente através da realizacio do nivel maximo de centraing cao no campo ideoldgico, através da atribuigio de um estatuto especial x 0, io intelectuais como classe? Gramsci definiu 0 Mezzagiorno como “uma grande desagregacio social” nna qual os camponeses nao tém coesio entre si, As massas camponesas, que compunham a maioria da populagio do Sul, deixando de dar “expressio cen, tralizada’ a suas aspiragées, materializaram seu fermento perene através de um ‘io endémica desprovida de perspectivas. Acima dessas massa, io do bloco agrario, capaz, através de sua estado de rebel estruturava-se 0 aparelho de domir “proporcées definidas”, de manter permanentemente as massas camponesas em sua condi¢ao “amorfa e desagregada”, evitando qualquer forma de coesio para esse estado perene de fermentacio. estrato médio dos intelectuais recebe da base camponesa os impulsos por sua atividade politica ¢ ideolégica. Os grandes proprietirios no campo politico ¢ os grandes intelectuais no campo ideolégico centralizam ¢, finalmente, dominam todo esse conjunto de manifestacées. Como € natural, € no campo ideolég que a centralizacao ocorre com maior eficicia € precisio. Giustino Fortunato ¢ onal Benedetto Croce, portanto, representam as pedras angulares do ¢, em certo sentido, séo as maiores figuras da reagio italiana.”* No sistema meridional, portanto, 0 papel dos intelectuais intermedisrios assumia grande importincia, porque eles criavam a conexio entre o grande proprietirio co agricultor. Esse tipo de intelectual, oriundo da pequena e média burguesia agréria, que vivia geralmente do aluguel de suas propriedades alugadas ou compartilhadas, constituia uma sobrevivéncia da velha sociedade, posterior mente substituida nas sociedades industriais pelo intelectual organizador,técnico, i, Le strategie del potere in Gramsci (Roma, Editori Riuniti, 1984), p. 334 imsci, Lat questione meridionale, cit., p. 28 Leonardo P. Antonio Gi Das cOnTRADIGOLS Ds SARDENIIA A QUESTAO MEAIDIONAL de especial aplicada. Essa estratificagao parasitéria, tipica da socieda meridional, foi depois analisada em detalhes nas notas sobre Amtericanismo ¢ fordismo nos Cadernos, precisamente com o intuito de compreender algumas ‘das razes ccondmicas ¢ sociais fundamentais do fascismo””. Para Gramsci, 0 fascismo ¢ 0 americanismo-fordismo sao as duas respostas, rofundamente diferentes, que a civiliz inicio do século XX: a primeira ¢ uma solugio profundamente regressiva, é uma raivosa defesa da ordem estabelecida tradicional, do sistema de privilégios e da estratificagao dos arrendatarios parasitas que ao longo dos séculos se acumularam na sociedade europeia; 0 segundo, ao contrério, constitui uma perspectiva pro- gramatica de abandono do antigo individualismo econdmico, portanto progres- sivo ¢ racional, embora também marcado por suas intimas contradigoes. Como assinala Alberto Burgio numa das obras mais interessantes sobre o intelectual da Sardenha, “a tentativa americana contém, aos olhos de Gramsci, elementos de racionalidade indubitdvel, potencialmente capaz de determinar a superagio desse velho individualismo econémico cuja defesa constituia, ao contrério, um objetivo constitutivo do fascismo, como sabemos”””, O fenémeno também era estudado em relacao a “queda tendencial da taxa de lucro”, como uma tentativa de superar sua persisténcia. Tudo, portanto, desde 0 aprimoramento de méquinas e técnicas de producio, incluindo a construgio de uma nova figura operiria, a redugio de desperdicios € o uso de subprodutos, teve como objetivo passar de uma fase de aumento de custos para outra de custos dectescentes, embora com 0 aumento do capital constante. © americanismo-fordismo ¢ seu esforso na construgio de uma economia programdtica marcaram a substituicao das velhas classes plutocraticas por meio da criagao de um novo sistema de acumulagio e distribuigao de capital financeiro, fundado imediatamente na producéo industrial ¢ expurgado de todos os filtros de intermediacio tipicos da civilizagéo europeia. Nao por acaso, na Europa, as tentativas de introduzir esses elementos da economia programatica encontraram muitas resisténcias “intelectuais e morais”, mas, acima de tudo, deram origem tentativa falaciosa de reconciliar 0 fordismo com a estrutura sociodemografica anacrdnica do antigo continente. Nas palavras de Gramsci: cio burguesa deu a sua “crise orginica” no A Europa gostaria de ter a garrafa cheia e a esposa bébada, todos os beneficios que o fordismo produz na capacidade de competigéo, mantendo seu exército de ” Gianni Fresu, “Americanismo ¢ fordismo: I'uomo filosofo ¢ il gorilla ammaestrato”, NAE: Trimestrale di Cultura, Cuec, Cagliati, n. 21, ano 6, 2008, p. 54 ¢ 58. ® Alberto Burgio, Gramsci storico. Una lettura dei Quaderni del Carcere (Bari, Laterza, 2003), p. 212. 227 228 Awtonto Gramsct, o HoMEM FIL6s0ro Js que devoram grandes massas de mais-valor, ngravam 0S custos inj parasit " sis € diminuem 0 poder da concorréncia no mercado internacional E nessa contradigdo que se deve buscar a origem mais Profunda dae, orginica” que atingiu as grandes nacées europeias no perfodo pés-guerra Oamericanismo, para realizar-se concretamente, precisa de uma cone so pe liminar de “composigio demogrifiearacional”, ou Sea, que nfo existam grange classes sem uma fungio essencial no mundo produtivo, “classes parasiiriag” 4° contrario, a civilizagéo europeia, € sobretudo a meridional, caracterizou-se Pela proliferagio de classes similares geradas pela riqueza e complexidade da his, passada, que deixaram um amontoado de sedimentos passivos por interme. dos fendmenos de saturacio ¢ fossilizacao de funciondrios ¢ intelectuais estatag clero e propriedade da terra, comércio de rapina ¢ Exército. No Caderng 7 Gramsci comenta um artigo de Alfredo Rocco de 1931, no qual sio analisady, as diferentes capacidades econémicas da Franca ¢ da Itdlia. Gramsci recoloca g questo principal, que é 0 fato de que na Italia existem classes parasitérias muito maiores que na Franga, das quais a mais importante é a burguesia rural Quanto mais antiga a histéria de um pais, mais extensas ¢ prejudiciais si essas “cedimentacées de massas ociosas ¢ intiteis que vivem do ‘patriménio’ dos ‘avés’, desses pensionistas da histéria econdmica”®. Era evidente que essa teal. dade estava atuando no sistema italiano das “cem cidades”™, resultado daquele aparato de “diligéncia no produtiva’ que caracteriza 0 “mistério de Népoles’; “Para uma grande populacio desse tipo de cidade pode-se repetir 0 provérbio popular: quando um cavalo defeca, cem pardais fazem 0 desjejum’?>, Nesse sen- tido, o sistema de anuidades garantidas 4 propriedade fundidria meridional, por meio do sistema de compartilhamento primitivo ou de arrendamentos, gerava Antonio Gramsci, Quaderni del carcere, cit. p. 2.141. ® Ibidem, p. 807. © Tbidem, p. 2.141, Acexpressio “cento citta” (cem cidades] refere-se & histéri fragmentacio da Ielia que, em um territério limitado, produziu a proliferagio de cidades com sistemas, usos e costumes muito diferentes entre si. A existéncia desses sistemas demonstrava, segundo Gramsci, a falta de um processo de unificagio nacional e 0 nascimento de um Estado moderno capaz de superat 0 pal” da Itilia entre os séculos XV e XX. Todavia, essa fragmentacio produziu também a grande riqueza cultural que se traduz, por exemplo, na variedade gastto- ndmica do pais, marcado também por enormes diferenciagdes linguisticas de tradigdes numa rea muito concentrada. Depois da unidade da Itdlia, a partir de 1887, 0 editor Sonz0gno Publicou Le cento cir d Talia illustrate, fasciculos para apresentar aos pr6prios ialianos tod2 essa variedade e suas caracteristicas. Antonio Gramsci, Quaderni del carcere, cit, p. 2.143. “corporativismo muni Das contRADIgoES DA SARDENIIA A QUESTAO MPRIDIONAL uma das formas mais monstruosas e prejudiciais de acumulacao de capital, por- que se baseava num nivel de exploragio usurstia da pobreza agricola e porque tais arrendamentos eram extremamente caros, uma ver que, para manter 0 alto padrao de vida das familias dos “senhores”, acostumados a viver parasitariamente da renda das grandes propriedades, eram necessdrias quantias cada vex maiores, que nao permitiam 0 actimulo de poupanga, muito menos qualquer investimento produtivo da renda agraria, Precisamente pela tutela das articulagées de “parasitismo absoluto”, o fas- cismo surgia, por sua natureza, em profunda contradigo com as tentativas da racionalizagao fordista. po de A ocasiao para explicar os motivos estava contida nas notas de comentérios de alguns escritos de Massimo Fovel, em que o corporativismo ¢ interpretado como uma premissa indispensével para 2 modernizacéo taylorista da produgao italiana, capaz de superar a persisténcia econdmica semifeudal que retira porgdes de mais-valor roubadas & acumulacio ¢ a economia. Na realidade, para Gramsci, © corporativismo nao nasceu com a intengio de reorganizar as estruturas de produgio do pais, mas por meras razées de “policia econémica”. Na Italia, a classe trabalhadora nunca se opés As inovagées técnicas destinadas a reduzir custos € a racionalizar o trabalho; pelo contrario, analisando sem pre- conceitos a fase anterior a 1922 e, ainda, o ano de 1926, parecia que o préprio movimento operdtio se tornara o portador dessas exigéncias. No corporativismo, as razbes negativas de “policia econémica’ prevaleceram sobre qualquer elemento positivo da renovacio real da politica econémica, O americanismo exigiu como condicdo a existéncia de determinado ambiente cconémico ¢ estatal de tipo liberal, caracterizado pela livre-iniciativa e pelo individualismo econémicos, chegando “com seus proprios meios, como sociedade civil, 20 regime da con- centragio industrial e do monopélio”””. ‘Ao contrario do que Fovel argumentou, 0 corporativismo nao levou a superagio de incrustagdes parasitas e semifeudais que subtrafam cotas de mais-valor, mas as protegeu. Precisamente af residia, num nivel puramente econémico, a natureza decididamente mais regressiva do fascismo em compara¢ao com 0 americanismo, bem como na clara predominincia desses elementos de “policia econémica”: © Estado [fascista] cria novos rentistas, ou seja, promove as antigas formas de acumulacio parasitéria de poupanca e tende a criar quadros sociais fechados. Na tealidade, até agora, a orientacéo corporativa trabalhou para sustentar posigdes petigosas de classe média, nao para elimind-las e, devido aos interesses constituidos “ N. Massimo Fovel, Economia e corporativismo (Ferrara, S.A.T.E., 1929). * Antonio Gramsci, Quaderni del carcere, cit. p- 2.157. 229 Vas CONTAIN ONS I SamtErina A Qui ste Annie AL uma das formas mais monstrue © prejudiciais de acumulagao de capital, pot que se baseava num nivel de exploragio usiritia da pobreza agpicala © porque jais arrenamentos cram extiemamente Gatos, uma ver qe, para manter 0 alto pudeio de vida dhs familias dos “senhores”, acostumados a viver parasitarianiente da renda das grandes propriedades, cram necessitias quantias cada ver taiotes, que mio permitiam o actimulo de poupanga, muito menos qualquer tipo de investimento produtivo da tenda agtaria, Precisamente pe 1 tutela das articulagoes de “parasitiame absolute", o fis smo surgi Por sua natureza, em profunda contradigao conr as tentativas da racionalizagao fordista, A ocasiio para explicar os motivas estava contida nas notas de coments de alguns escritos de Mi jsn%o é nterpreindo como uma premissa indispensivel para a modernizagio taylorista da produgio rios simo Havel, em que 0 eorporati z de superar a persisténcia ccondmica semileudal que retira porgoes de mais-valor roubadas d acumulagio ed economia, Na tealidade, para Gramsci, 0 corporativisme na fo masceu com a intengao de teorganizar as estruturas de produgao do pais, mas por meras nazoes de “policia econdmica’, Na Iulia, a classe tra ir custos ea balhadora nun se opds As inovagdes téenicas destinadas areduy cionalizar o trabalho; pelo contrition, analisando sem pre- conceitos a fase anterior a 1922 ¢ ainda, o ano de 1926, pare movimento operirio se tornara 0 portador dessas exipen a que o proprio as. No cotporativismo, as razdes negativas de “policia econdmica” prevaleceram sobre qualquer elemento positivo da renovagao real da politica econdmica, O americanismo exigin como condigio a existéncia de determinado liberal, ado pela livre-inic mbiente econdmico ¢ tatal de tipo aracteri: iva ¢ pelo individualismo ccondmicos, chegando “com scus proprios meios, como sociedade civil, ao regime da con- centr Ao contririo do que Fovel a fio industrial e do monopdlio™”. rgumentou, corporativismo 1 Jo levou d superagio de incrustagées parasitas ¢ semileudais que subtrafam cotas de mais-valor, mas as protegeu, Preci umente ai residia, num nivel puramente ccondmico, a natureza jismo, decididamente mais regressiva do fascismo em comparagio com o americ ncia dess bem como na cl ara predomit clementos de "policia economic O Estado [fascista] cria novos rentistas, ou seja, promove as antigas formas de acumulagio parasitaria de poupanga c tende a criar quadros sociais fechados, Na realidade, até agora, « orientagio corporativa tabalhou para sustentar posigoes Jase, devido aos interesses constitufdos: perigosas de classe média, nao para elimind N. Massimo Pavel, Keonomia ¢ corporativismo (Ferrara, SALT. 1929), Antonio Gramsci, Quaderni del carcere, it. p. 2.157. aT Ho Arrrenio Giusniset, o HeaMteAr erredsnne. base, esd se tormande cic ver mais uma mq » 6 ¢ mio uma mola de propulsio, Por gues Porque a politica cor porativ ANCE aos empreyaulos certo minim de visla que, se a concorréncia Fosse livre, eneary ci colapen, cansandla sérios distirbios sociais; © eri ocupagies de novo tipg organizativo © improdutivo, part os desempregados das classes médias," * emmenany da ant I! Conver vagao de existente assin con 4 também depende do desemprego: gar , Jos nao esta Ao coutnirio da Iulia, os Estados U m sobrecarregados com, as, 0 que também explicava sua excragnd vivia capacidlade de acumular capi smo na presenga de um padrio de vgs clarumente mais elevadlo que o das classes populares europeias. A auséncia de tal base saudivel A industria e ao comércio, Permitindo uma redugio signilicativa de muitas fases intermediarias entrea produgio ea comer, cializagiio dos bens, Isso inevitavelmente teve efeitos positivos na acumulagio, nna capacidlade de investimento © na distribuigio da riqueza produzida. Essay piccondiyoey tornaram, portanto, 0 processo de racionalizagio entre produgig c trabalho relativamente facil pela combinagao de coergio social (a destruicao do sindicalismo opertrie) ¢ consenso (altos salirios, beneficios sociais, propaganda mo consistia em concentrar toda a vida do nasce na fabrica e, pata ser exercida, nao requer ntermedisrios profissionais da politica e jastie histcitica” das classes parasits mi sedlimentagio dew uma meri idealdgica ¢ politica). O pais na produgio: "A hegemoni inais que uma quantidade minima de dla idealogi No Sul da Itélia, por outto lado, 0 controle social era garantido precisamen- te por intelectuais cuja principal fungao politica era, para Gramsci, impedir a formagio de organizagdes de massa auténomas ¢ independentes, de camponeses capazes de selecionar quadros camponeses, de origem camponesa, Quando os trabalhadores rurais conseguiam entrar nas estrucuras institucionais do Estado, como as administragées locais ou 0 Parlamento, isso sempre acontecia por icrmédio de “composiges e decomposigées de partidos locais, cuja cipula é intelectuais, mas que sio controlados pelos grandes propsietirios © seus homens de confianga, como [Antonio] Salandra, [Vittorio Emanuele] Orlando, Antonio Colonna Di Cesar". Os intelectuais criam 0 bloco agtitio, intermediirio ¢ supervisor” do capitalismo parasitério no Norte: ii constiuuida por Acimia do bloco agririo, funciona no Afezzagiomno um bloco intelectual que pr suras do bloco agritio se rornem para impedir que as fi ticamente serviu até ago “Idem. Widen, p. 2.146, ™ Amonio Gramsci, Lat questione meridionale, cite, p. 37. Vox conrnaen 8 HHGONS HA SAMDEHIEA A ot AD HHIDIONAL 231 oan denials © eatnsene avahinches, ( expoentes dese bloce intel uu ju Formate e Renedetta Grace, que podem, port jonatios tials Labutiosoy da poninsta,!! ant, ser consideradas \qnande desinteytagto sockil de Alessoeiorna i nponests, as tamiben y prdiprios intelectn ganwles propriedades, houve prandes fio se referia apenas 4 massas itis. Assim, no Sul, junto com actimulos cultutais © de dle inalivaluoy atnones on eM pequenos 4 ntcligéncia Y rrupos de grandes intelectuais, “rac ualguet forma de onganizagao dda culaea méd ayscnte, No Messagione havia editoras importantes, como af eoprcendimentos culuutais de grande estava totalmente aulerza, acaclemias \ importincia, mas, ao mesmo tempo, au hayit rovistas peqquenais « médias, tem editoras em torno das quais grupos einiclectuiais médios meridionais pudessem se organizar, Por esse motivo, os jmvelectunais que Conseguinany calientara questio meridions i I cm termas radicais, emancipando-se do bloco agnirio, tiveram a possibilidade de realiz: ar esse pro- cewo apenas emt editoras fora do Me cogiorno, Vim wudo isso, Benedetto Croce eo Giustino Fortunato desempenhayaun uma fungio muito especifica: “supremos. moxleralores politicos ¢ intelectuais", comprometidos em evitar um s Io quiali- tivo revolucionario na maneita de lidar com os problemas meridionais, Croce ec bortunato foram definidos por Grimsei como “homens de grande cultura ¢ inneligencia’, ligados \ cultura curopeia e mund Ie, ainda assim, enraizados no tevieno cultural meridional de origem, verdadciros instrumentos de treinamento cultural e politico eapazes de cooptan, no bloco do poder nacional, os intelectuais que surgitam no cerreno cultural do Sul: wer as necessidade: Bley tinhaw toutas as habilidadles necessiias para sat pte leceuais dos representantes mais honestos da juventude instruidla do Mezzogiomna, para consolar stasinguiicts veleidades de revolta contra as cond [ol Ness separou os intelectuais radicais do Mess res existentes sentido, b edetto Croce desempenhou uma grande fungio nacional ngiorno das massas camponesas,fazendo- -os participar da cultura nacional earopeia ¢ por meio dessa cultura, fez. com ion que fasser absorvidos pela burguesia nacional ¢, portanto, pelo bloco agritio.” Para Gramsci, a anise detalhada do bloco intelectual do Mezzogiorna, “a armada flesivel, m muito resistente, do bloco agririo”, nao se destinava apenas ao conhecimento desinteressado, Em sua concepsao da revolugio na Italia, entre astarehis dos comunistas estava, acima de tudo, a desintegragao desse bloco. Um Wem, Thidem, p. 39 12 Arrroteiy GHaMsen 0 HOKEM HL objetivo perseyuide com duas linhas de ago: com base a acurado trabat,, de dizego pais, pomovera organizaio de massas ca vet mas amply ones pobes em formagio auronoma eindependente das estruturas sq: vet causar uma ruptura de caréter orginico na massa de intelecrya, cles sima tendéneia de esquerda,orientada favoravelmencey domin produzindo entre fungi dirigente da classe opera. P colaboragio com Piero Gobetti e outros membros do grupo Rivoluzigne Hey de parte de L'Ordine Nuovo, respondia precisamente a essa necessidade mbora nio fossem comunistas, colocaram o po. Liber Gobetti e seu grupo, de fato, en sta leariado urbano como protagonista moderno da histéria italiana ¢ da quest meridional; serviram como intermediatios entre o proletariado ¢ certos estratos intelectuais, trabalhando em prol dessa ruptura nas fileiras dos intelectuaig meridionais, A colaboragio com Goberti, portanto, tinha uma dupla fungig ppara Gramsci: em primeito lugar, conectar a classe operéria com os intelectuais nascidos no terreno da técnica capitalista que tinham assumido uma posicio de esquerda durante 0 perfodo do “bignio vermelho"; segundo, conectar a classe operdria com os intelectuais meridionais que colocaram a questa sulista fora dos padtes tradicionais do bloco intelectual hegemonizado por Benedetto Croce, introduzindo o proletariado do Norte. Dessa maneira, teria contribuido ainda ais para climinar os resquicios da mentalidade corporativa da classe operiia, colocando-a 3 frente daqueles intelectuais e das massas camponesas autonomi- zadas pelo bloco agririo ¢ pelas massas semiproletérias das cidades, criando, em . um novo bloco social revolucionario. ‘ago desse ensaio ocorreu em meio ao segundo golpe de Estado de ndo o regime se desembaragou definitivamente das protecées csiduais & pluralidade democratica, anulando também pela via nor- mativa as liberdades individuais e coletivas jé de fato violadas. As leis fascistissimas colocaram 0 Grande Conselho do fascismo no topo do Estado. A ele se atribuiu ia dos poderes anteriormente pertencentes ao Parlamento. Instituiu- bunal Especial de Defesa do Estado, restabeleceu-se a pena de morte, nalizou-se a milicia paramilitar do Partido Fascista—renomeada Milicia nal ~ ¢ fascistizaram-se os cédigos de processo mente com os partidos ¢ as organizagées, suprimiram-se indicatos, exceto os fascistas. A ocasiéo para passar as vias de fato foi © ataque fracassado a Mussolini em 31 de outubro de 1926; no entanto, jé em agosto, Gramsci previra que 0 PCd’l seria colocado na ilegalidade, indicando + necessidade de preparar mais rapidamente uma estrutura clandestina eficiente- :m poucas semanas, colocou-se em marcha a maquina repressiva, preparada pet sa nos meses anteriores, aperfeigoando os mecanismos e aparelhos ode todos 05 sum Voluncaia p © crim todos os via normat da perseguicio legal 4s oposigées, comegando com o cancelament: A SAMDENIIA A QUESTAO MERIDIONAL estrangeiros, Para 4 organizagao comunista, a: prtatras Forgas antifascist, abriu-se @ abismo de uma d uma auténtica “caca ao homem"* 4 assaportes ssim como para todas " ditadura policial ainda * temen ua por as as equipes ici igor astavam partidos, sindica i ’ payne as ela Ie . sindicatos ere eumais. praticande 0 uso indiscriminado do terror, Os lidene cp en : . s do Parti Comunista, & comesar por Gramsci, foram presos ane js abert totalmente amparadas pe joi extremamente cficaz ¢, em dezembro de 1926, um terco de seus mentees esta: = sivament tatados em numerosas publicagdes de reconstrugao historiografi jnemarias. Basta lembrar o ponto de nao retorno, deseneadeada entre 1926 ¢ 1927, para entender o clima a partir do qual tem inicio a fuga dos antifascistas! aque escaparan da prisio eas imensas dificuldades da vida na clandestinidade dos imprudentes que encontraram a coragem p a preso. Nao cabe lidar aqui com esses eventos em detalhes, que sio exten desafiar o fascismo de qualquer maneira, permanecendo em sua patria, com 0 propésito de fazer-lhe oposicao* Nesse clima, uma mulher foi protagonista da reconstituigéo imediata de um escritorio de secretariado clandestino, Camilla Ravera, que assim reconstruiu 0 inicio da vida clandestina em suas meméri Numa pequena casa de campo, perto de Génova, em Stutla, em novembro de nclestino do Partido Comunista: encrava-se por nntre sebes grossas ¢ muros robustos; (...] ett 1926, organized o secretariado ¢ uma estrada pedregosa ¢ estreita, aescolhi exatamente por causa daquele jardim que a isolava ea confundia com aquele campo. [...] Aparentemente, naquela casa outras semethantes espalhadas 1 és: eu, Giuseppe Amoretti ¢ Anna Bessone, Para dar a estivamos sempre em tr hhossa vida uma aparéncia normal, semelhante & das familias que moram por li, contratamos uma idosa muito surda do lugar, que vinha arrumar as salas ocupadas os comodos do andar superior estavam desabitados. no térreo todas as manhas; [... A noite comegavam as re 6s do centro, com os ides, as discussdes entre Aexpressin € de Velio Spano (1905-1964), renom, Htaliano entre 1923 ¢ 1946 ¢ figura de destaque do ancifascismo, PCa’ em Paris, com Grieco, Togliatt Jo dirigente sardo no Partido Comunista No més de dezembro constit eTavea, La Ravera, Paolo Ravazzoli, Alfonso Leonerti, Ignazio Silone, Luigi Ceriana, Carlo Venegoni. Pietro Tresso ¢ Teresa Recchia. Camilla Ravera, que “tare de weorganizar o centro interno do Parco, roma uma série de medidas im- Portantes, Genova & ewolhida como sede do escritério de secretariado ¢ outros eserionios cstabelecido em Milio” (Paolo ila clandestiniti, Roma, Edicori vathando na Italia C. Continuam tra enquanto o escritirio do sindicato chefiado por Ravazzoli € Inaliano, . 2: Gli anni del Spiiano, Storia del Partite Comuni Riuniti, 1969, p, 96), 233 Hye Aneranr Gar ystsen a troste at tin dsane Cannaraalas que vinham de outs lugares. As discussoes se estenddiam, muitas yee, We tarde dla noite: © os companheitos de passagem tinham de ser acomodagg, se apoxentos superiores da casa e partis, no dia seguinte, na ponta dos pg thos aposentos superiores da casa € parti : ' PSS, sem «rio Silone dera a nossa sede o nome de Albergue dos Pobre, cleivar vestigios. lp a milhares de quikimecros dali, 2 lata pela sucess g dbrindo um contronto dranvitico e sem pr : Concomitantement Lénin atingiu seu aug : lentes lidletanga do Partido Comunista Bolchevique, destinado a afeear adversaments dlestino ea linha do Comintern nate cles italiana mais exponta t lntuagoes & portanto,sujeta.a presses de Moscou, devid yaa estas segdes nacionas, anizacional resultante da ditadura e da prisio de. cu yaw politica re novembro ¢ dezembro de 1926, 1926, no aug gnave situ principal di da tepressao na India, re Comunista, em que o contronto muito duro na cipula do Partido Russo Ocorrey, igente, Precisamente izou-se em Moscou o VII Plensirio da Internacional com a divisio entre os partidarios da visio do “socialismo num s6 pais", apoiady por Suilin © Bukhutin, ¢ os da “revolugio permanente” de Trotski, apoiada por Zinoviey ¢ Kameney, Como se sabe, os tres principals lideres do Partido Russo, que entraram em contlito com Stilin, acabaram sendo definitivamente liquidados no final desse confronto. Também nao nos aprofundaremos nessa questio, limitando- nos a lembri-la para esclarecer 0 auténtico desastre politico-organizacional com nos lidaram na transigio entre 1926 © 1930, a0 qual se que os comunistas itali somouto choque dramitico no principal partido da Internacional, cuja gravidade msci a conclamar todos ao senso de responsabilidade na famosa carta levou Gi escrita menos de um més a0 Comité Central do Partido Comunista Bolchevique, e antes de sua prisio. Os protagonistas foram os primeiros a reconhecer o choque, depois corroborado pelos impiedosos dados da pesquisa histérica: em todos os o annus horribilis da historia comunista na Teilia, O chele ial altamente eficiente de spectos, 1927 fo a Arturo Bocchini estabeleceu a inspegio esp identes politicos, Organizzazione per la Vigilanza e la Repress sio ao antifascis- de poli Milio concra di dell’ Antifascismo (Ovra) [organizagao paraa vigilincia ea repre: mo}, que foi entio estruturada ¢ operacionalizada em todo o territério nacional. ne Para Spriano, a proporgio entre repressores e reprimidos é de um para um: Se 100 mil estio alistados [no Partido Comunista}, ha ao menos o mesmo numero nvestigagio da PS e da MVSN* aos dle policiais (dos agentes dos servigos de © Camilla Ravera, cm Cesare Pillon, J conuniseé nell dlario, 1967) © Em 1925 foi eriado um corpo autnome de Pubbliar [policia]. A MVSN era a Mili Jel Calen~ (Roma, Edizio curia d Tt icurezeat (PS) {seguranga publica g¥* Volontaria per la Sicuresza Nozi Das contin O05 DA SARDTHIIA A QUESIAG MEMDIOWAL carabinieri, aos Cunciondtios dos ministér sem servigo especial, aos soldados it) que sio principalmente designados ou traba- tham exclusivamente para fortalecer a vigikincia ea repressio politica. A julgar 4s oposigaes da fronteira, do porto, da fertovi pelo exame dos documentos relatives » pelo menos trés quartos do trabalho realizado por esse verdadeiro exércita tinham como . dos comunistas.* Ivo a conspiragin Em 13 de margo de 1927, comegaram em Roma os grandes julgamentos do ‘Tribunal Especial, inicialmente tratando dos Prisionciros comunistas antes da virada de 1926, em particular 39 membros da organi: 1925. A partir dese momento, o Tribunal Especial e com capacidade toral para as ondas continuas de prisées, gragas a0 uso habilidoso pela Ovra de informantes ¢ espides introduzidos nos ambicntes “subversivos”, certamente a ferramenta mais eficaz nas mios da estrutura criada por Bocchini, Gragas as delagées, levaram-se a termo varios g recém-recons io de Florenga presos em 05 presidios trabalhariam ques; cm margo, contra 0 ituido comité de diregio de Miléo; em abril, em detrimento da organizagéo romana; em junho, ainda contra a estrutura de Milao, mas também em Varese, depois em Napoles it-Romana, Toscana, Umbri aver da fortaleza histérica do movimento operirio, cm jutho, foi Turim, ¢ assim por diante, sem trégua. Todos os dirigentes sobreviventes da organizacao que ainda estavam no pais foram presos ao longo de 1927; depois, a acio repressiva se intensificou novamente apés o ataque a Vittorio Emanuele III na feira de Milao, em 12 de abril de 1928. A bomba nio atingiu seu objetivo: vinte mortos e muitos feridos ficaram no chio, mas a agéo nunca foi esclarecida: nas filciras da oposicao anti- fascista nao se sabia quem tinha colocado a bomba e, para aumentar o mistétio, havia a hipdtese de que se tratava de um ataque cuja autoria deveria ser buscada nos componentes mais intransigentes do fascismo, ansiosos por livrar-se da figura complicada do rei para avangar mais decisivamente para a fase de revolu- 30”. Embora nunca tenham sido encontrados os executores ¢ os mandantes, 0 ataque foi uma oportunidade para desencadear novamente o terrorismo contra © antifascismo: houve imediatamente quase seiscentas prisées, e torturas foram sistematicamente postas em pritica para extrair confisses. Mais uma vez, a or- ganizagio comunista foi a que mais sofreu prisdes ~ cairam nas redes da policia dirigentes importantes como Girolamo Li Causi, Edoardo D'Onoftio, Giuseppe {milicia voluntiria para seguranga nacional), ou sea, as velhas esquadras paramilcare fascistas Jegalizadas e incorporadas no Estado. Paolo Spriano, Storia del Partito Comunisea Italiano, v. 2s Gli anni della elandestinta, cit p.91-2 Essa hipétese foi posteriormente divulgada pelo entéo ministro Luigi Federzoni. 236, ANTONIO GRAMSe1, 0 HOMEM FILGSOFO, Amoretti ¢ Anna Bessone, o estado-maior do centro interno re rb + i . or dirize | CONStituidy 7 prdlogo do julgamento contra o grupo dirigente comunista: cm 2 ig 1928, 23 réus compareceram perante o ‘Tribunal Especial de Rom. °° i dy na oe Ma, ing) .- Antonio Gramsci, acusado de conspiragio, propaganda, instigacg Meluinds » instigacg, age ae 0 3 cd rmada, ultraje, vilipendio ¢ criagdo de um exército Tevoluci 4 lug de iti 5 : iondri 0 objetivo preciso de derrubar a ordem estabelecida. Natio con,

Você também pode gostar