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INTRODUGAO: UM SARDO NO MUNDO GRANDE E TERRIVEL Alvaro Bianchi so de seguir, embora muito “Apesar de tiulo, mio consige sufocar o de aproximativamente, aguilo que acontece no mundo grande e terrivel” (Carta de Gramsci a Tania Schucht, 20 de fevereiro de 1928). prisio & qual foi condenado pelo fascismo, Antonio Gramsci manifestou repetida preocupacio com a educagio de seus filhos e sobrinhos, Em uma carta a respeito, enderecada a sua esposa Julia Schucht no ano de 1936, escreveu que 0 fi- Tho de sua irma nao havia vivido “fora da vida mesquinha e estreita de uma cidade da Sardenha, sem comparacio com uma cidade mundial onde confluem enormes correntes de cultura, interesses e sentimentos” (GRAMSCI, 1996, p. 794) Gramsci sabia sobre 0 que estava escrevendo, Quando muito jovem dei- xou sua Sardenha natal para realizar seus estudos em Turim, carregava consigo uma visio de mundo meridional, profundamente ancorada na vida de sua terra e dos problemas do Mezzogiorno. Na cidade mundial encontrou uma cultura cos- _mopolita, a qual se expressava naquelas duas grandes instituigoes que tanto Ihe impressionaram: @ universidade e a fabrica, Seu meridionalismo, entretanto, nio, desapareceu. Temperado pelo cosmopolitismo urbano, perdeu seu carater mes- a ee arnt HR 105 panconcomaua SS Ea er ciamentointernaciona A guerra ea revolugao na Russia foram os talizadores dessa consciéncia. Nesse amalgama de uma cultura local com forgas internacionais esta uma das razdes para a vitalidade que o pensamento de Antonio Gramsci demons- tra na periferia do capitalismo, oitenta anos apés sua morte. Ha um pouco de Mezzogiorno em cada cultura subalterna. Algo que permite nos identificarmos empaticamente com o sardo. No “mundo grande e terrivel’, como gostava de di- zer, ¢ possivel encontrar um reftigio naquela cultura local ou nacional na qual a experigncia vivida moldou um modo de ser @ pensar. Mas é apenas nesse mun- do ameacador que uma cultura pode se converter em uma forca hegeménica. 4 s quando supera os estreitos marco do localismo que ela Pode se un; iver. lizar e tornar-se dirigente. Essa tensio entre o nacional e o internacional que caracteriza 9 Pensam, to de Antonio Gramsci também pade ser encontrada nos estudos dedicados obra, O ritmo de desenvolvimento desses estudos é desigual e combinado, ita 6 obviamente, um centro itradiador, mas contraditoriamente é nesse centro ue o carater nacional se manifesta com maior intensidade. Quando em meados do, anos 1990 Guido Liguori escreveu Gramsci contesso, um livto no qual procur. va fazer o sumario dos estudos gramscianos na Italia, concluiu-o apontando que um novo ciclo de estudos estava dando seus primeiros sinais (LIGUORI, 1996), Livre dos constrangimentos da politica imediata, as pesquisas puderam se voltar com mais paciéncia ao proprio texto, evitando forga-lo para fazé-lo concordar com teses previamente definidas. Na filologia historica essas pesquisas encontra- ram um metodo capaz de incrementar 0 conhecimento sobre 0 autor, incorporar inovagdes tematicas e enfrentar novos problemas de investigacdo. Os avancos na pesquisa documental e a descoberta de novas fontes e critérios mais rigorosos na definigado da autoria dos textos criaram um contexto favoravel para esses estudos, Esse novo ciclo culminou na nova Edizione nazionale degli scritti di Antonio Gramsci, publicada pelo Istituto della Enciclopedia Italiana. Trata-se de uma ini- ciativa aprovada pelo Senado da Repiiblica e levada a cabo por um comité cientifi- co reunindo os principais estudiosos da Italia. A nova edigao pretende reunir pela primeira vez todos os escritos de Gramsci e sua correspondéncia, organizando-os criticamente. Esta dividida em trés secdes, a primeira destinada aos escritos re- unindo os artigos que escreveu para a imprensa, os documentos partidarios que redigiu e o ensaio sobre a questio meridional, com sete volumes; a segunda aos Cadernos do circere, incluindo os inéditos cadernos de tradugdo, com outros sete volumes; e uma terceira seco com o epistolario, com nove volumes." Até o momento foram publicados os cadernos de traducio, dois volumes do epistolario e um volume com os escritos do ano de 1917 (GRAMSCI, 2007: 2009; 2011; 2015). O impacto dessa publicagao sera notavel e visivel nos estu- dos gramscianos futuros. Os primeiros sinais desse impacto podem ser vistos na identificacao pela pesquisadora Maria Luisa Righi (2011) de algumas cartas de amor que eram enderecadas por Gramsci a Eugenia Schucht, irma de Giulia, com quem afinal se casou. Trata-se de um episddio biogréfico interessante, que pode ter tido algum impacto nas complexas relacdes que se estabeleceram entre a f- milia Schucht ¢ 0 sardo quando ele estava na prisdo. O cartéo-postal enderecado a Eugenia é o documento-chave de um interessante livro recentemente publicado por Noemi Ghetti, La cartolina di Gramsci (GHETTI, 2016). , 4, 2011 fonale ver 0 niimero monogrifico da revista Studi Storici, 10 As pesquisas foram alm de pequenos inciclentes biogritficos e alimenta~ fan’ dias impressionantes biografias.politico-intelectuais. Uma, de Leonardo Rapone, sobre o “jovem Gramsci” (RAPONE, 2011), concentrada nos agitados anos de 19/4 a 1919, ¢ outra escrita por Giuseppe Vacca sobre o periodo do cir- cere (VACCA, 2012), ambas traduzidas para 0 portugués e publicadas pela editora Contraponto, O impacto dessas pesquisas também pode ser visto na nova biogra- fia prodluizida por Angelo D'Orsi (2017), a qual abarea toda a vida do sardo. Essas novas biografias superam as lacunas do antigo trabalho de Giuseppe Fiori (1974) ¢ corrigem alguns erros importantes. © petiodo no qual 0 sardo viveu em Moscou, até agora pouco conhecido, tem recebidlo novas luzes com essas pesquisas. Sabe-se mais hoje a respeito de uutivo da Internacional Comunista, na segunda obertas sua participagio no Comite Ex rmetade de 1922, a qual foi muito mais intensa do que se imaginava, Jo de seu interesse pelo debate dos linguistas russos foram 2 des interessantes a respei feitas, Permanecem areas de sombra, como 0 periodo em que vivew em Viena, entre novembro de 1923 © maio de 1925, sobre o qual até o momento sabe-se pouce? ‘A maior expectativa, como era de se esperar, esti na nova edigao dos Cadernos do cércere, preparada por Gianni Francioni, Giuseppe Cospito € Fabio Frosini, Na prisio Gramsci registrou sua reflexio em cadernos colares com uma Jetra caprichada e perleitamente legivel. O texto praticamente nao tem rasuras, indicando que a escrita era precedida de longa reflexdo, Mais tarde reescrevew tnuitas dessas notas em cadernos chamados especiais, reagrupando-as tematica~ mente, Jundindo textos e aprimorando argumentos. Uma ver. que se trata de uma bra inacabada e aberta, a sequéncia cronoldgica das notas tornou-se de grande ancia para revelar o ritmo do pensamento, identificar énfases ¢ estabelecer impor as formulagées mais elaboradas. Gramsci escrevia em varios cadernos ao mesmo tempo, alguns eram sub- divididos em varias partes, fazia anotagdes nas margens, pulava as vezes as folhas iniciais para preenché-las mais tarde, Esse modus operandi provocou enormes dificuldades para a datacio dos diferentes pardgralos que compdem 0 texto. A ordem cronoligica dos cadernos, ja identificada em edigdes precedentes, no é igual & ordem da escrita, A nova edigao nacional dos Cadernos do crcere procu- rard recompor essa ordem cronologica da escrita, preservando a unidade de cada caderno e rearranjando os blocs de parégrafos no interior destes. Orsi, por exemplo, passa rapidamente pelo periodo de Viena, dedicando-Ihe poucas pginas, embora reconhega que se trata de meses importantes nos quais Gramsci procurard acompanhar, mesmo a distancia, o debate entre Trotsky ¢ Stalin. Sobre suas atividades politicas na cidade quase nada é dito (DORSI, 2017, p. 157-159), Sobre o interesse de Gramsci pelos linguistas russos merece destaque o livro de Alessandro Carlucci (2013), i A publicagao dos Cadernos de traducdo (GRAMSCI, 2007) ja permitiu uma visio mais completa do trabalho de Gramsci. Até entao prevalecia a ideia de que esses cadernos registravam apenas exercicios com vistas ao estudo do russo, do alemao e, em menor medida, do inglés. Eles reuniam, dentre outros textos, a tra. dugao de um mimero da revista Die Literarische Welt, sobre a literatura norte-a- mericana; fabulas dos irmaos Grimm; um livro de linguistica historica de Fran, Nikolaus Finck; ¢ uma coletdnea de textos de Marx. Quando esse elenco de obras € comparado com o plano de trabalho que Gramsci redigiu na primeira pagina dos Cadernos percebe-se, como apontou Giuseppe Cospito, “uma série de analo- gias nao causais” entre a escolha dos textos traduzidos e aquele plano de trabalho (COSPITO, 2011, p. 887). Essa pequena descoberta jogou uma nova luz sobre a variedade das fontes utilizadas pelo prisioneiro durante sua pesquisa. Espera-se agora a publicagao dos cadernos miscelaneos, aqueles que ret- nem notas esparsas, e dos cadernos especiais, nos quais Gramsci procedeu a reor- ganizagao tematica. Para a comunidade de pesquisadores principais descober- tas, referentes 4 datacéo dos pardgrafos e ao seu reordenamento no interior de cada cadernos, nao serao novidade. Ja foram apresentadas pelos organizadores em artigos e discutidas por um circulo de investigadores que tém acompanhado o trabalho editorial. Mas o impacto para um ntimero maior de estudiosos, princi- palmente jovens, pode ser importante. O trabalho editorial nao deixa de ser uma leitura do texto. Principalmente em uma situacio como esta, na qual trata-se de uma obra inacabada e fragmenti- ria, Vozes importantes, dentre elas a do falecido Valentino Gerratana, questiona- ram 0 projeto, afirmando que considerava como verdadeiras hipoteses de datagio que em alguns casos nao poderiam ser materialmente comprovadas. Mas depois de quase trinta anos de discussdes um certo consenso foi sendo construido em torno dos critérios da nova ediao nacional. Seu principal mérito esta em permi- lir uma reconstrucao mais acurada da historia interna dos Cadernos, destacando fortemente a dimensao diacrénica do texto gramsciano em detrimento daquelt sincrénica. Perde forca, assim, a ideia de que Gramsci produziu uma obra sis- tematica, e valoriza-se seu carater fragmentario e incompleto, mas nem por iss? menos elaborado ou instigante. A publicacao da nova edigao italiana dos escritos de Gramsci é também um risco, Quando o interesse pela obra do sardo arrefeceu em seu pais natal, &™ grande medida devido ao colapso daquele que havia sido seu partido, foram 05 estudos levados a cabo no exterior os responsaveis pela maior difusio de seu pet” samento. Na Argentina, no Brasil, no Chile e no México foi valorizado 0 pens mento politico ¢ historiografico de Antonio Gramsci, ¢ importantes estudos sobre 122 a formayao social desses paises foram levados a cabo ao mesmo tempo que ele se tornou imprescindivel para pensar a democracia no continente latino-americano, Na Ing! era © nos Estados Unidos, suas ideias inspiraram o% estudos cultural © abriram as portas para abordagens inovadoras ¢ extremamente influcntes, Na india, os suhaltern studies promoveram uma abordager dos grupos sociais subalternos, original para o cstudo ‘Traduzido para diversos contextos nacionais, 0 pensamento gramsciano internacionalizou-se, Nao foi ape as uma simples operagio técnica de passagem de uma lingua a outra, mas sim uma verdadeira tradugao cultural na qual 0 tex to, lido em um diferente contexto, adquiria novos significados, mbora extrema- mente originais, essas abordagens resultantes da internacionalizagio dos estudos gramscianos nem sempre fora sejaa da nogao de he; 1 fivis a letra do texto. O caso mais notdvel talver emonia, a qual adquiriu, a partir de Raymond Williams, um significado muito diferente daquele que tinha nos Cadernos do cércere. Apesar disso, frequentemente autores anglo-saxdes citam Williams para referir-se ao “conceito de hegemonia de Antonio Gramsci" Nas iiltimas duas décadas, entretanto, novos pesquisadores fora da sumiram 0 pensamento de Gramsci como um objeto de estudo € nao apenas uma fonte de inspiragio. O resultado tem en tribuido de r riquecido © debate internacional e con- peirs importante para trazer novos temas 4 agenda de discussao ¢ empurrar 0 pensamento de Gramsci para “fora da vida mesquinha ¢ estreita’. A intensa circulagao de pesquisadores entre a Europa, Estados Unidos, Australia e América Latina tem contribuido para consolidar esse novo cenario Aqui aparece o risco da nova edigio italiana, seu clevado custo ¢ a escassa circula 0 restringirdio enormemente scu acesso. Um novo distanciamento pode ocorrer entre os estudos realizados na Italia ¢ no restante do mundo. Além da barreira linguistica, obstaculos materiais podem dificultar 0 a \Cesso aos Novos ma- teriais de pesquisa, O impacto negativo sobre os proprios estudos realizados na Itilia seria notavel. Nos tltimos anos © ambiente cultural e politico italiano alimentou uma série de polémicas estéreis sobre a vida e a obra de Antonio Grams i, Discutiu-se Jo 0 marxismo e que por isso teria sido surrupindo pela diregio do PCI; debateu-se a respeito da conversio do sardo ao catolicismo no Icito de morte; e, depois da descoberta da carta de amor a Eugenia, comentou-se sobre ceu na imprensa ditria muito sobre um suposto caderno no qual Gramsci teria rene ua vida sexual, Tudo isso apare- sob a forma de pequenos factoides a respeito dos quais 6s pesquisadores mais sérios precisaram dar respostas inv sos. Afastadas dos estudos internacionais, as pesqui ‘stindo tempo e recur- as realizadas na Italia podem 13 rapidamente ser consumidas por esse tipo de discussdes, nas quais predominam pequenas questoes biograficas ou filigranas filologica Por outro lado, os estudos internacionais tém muito a perder afastando-se das pesquisas realizadas no pais natal de Gramsci. Foi gracas a essas pesquisas que se difundiu internacionalmente uma leitura que procura contextualizar efi- cazmente 0 texto, prestando atengao as fontes, a0 ambiente cultural da época, aos problemas politicos que absorviam as energias do autor. Um intercambio com instituigdes desse pais também permitiu o acesso a periddicos da época, as re- vistas culturais, a arquivos ¢ a obras de dificil acesso. Mas tudo isso tinha como pressuposto a consolidacio de uma linguagem comum e de um modo partilhado de pesquisar. O desaparecimento dessa linguagem comum pode obstaculizar 0 desenvolvimento dos estudos gramscianos no exterior. Nao ha, entretanto, como recuar, O desenvolvimento dos estudos gramscianos foi o responsével pela nova edicao italiana e ela contribuira de maneira dei iva para o futuro das pesquisas. O presente livro é um testemunho material das dificuldades desse processo. Ele nasceu do Coléquio Internacional Antonio Gramsci, realizado na Universidade Estadual de Campinas em 2017, ano de seu 80° aniversdrio.’ Reunindo pesquisa dores da América Latina, Estados Unidos e Europa, o evento colocou lado a lado diferentes modalidades de leitura e diversas maneiras de receber 0 pensamento desse autor. As tensdes nao deixaram de aparecer, principalmente aquelas que se manifestaram entre abordagens mais filoldgicas e outras mais politicas, mais eu- ropeias ou mais latino-americanas. Essa tensio pre sa ser preservada. E por meio delas que 0 conhecimento do pensamento de Gramsci pode avangar e, a0 mesmo tempo, revelar sua forca e importancia para o presente. E preciso, entretanto, desfazer mal-entendidos. A separacao atlantica entre filologia ¢ politica contradiz um postulado metodologico fundamental do pen- samento gramsciano: a identidade entre filosofia, historia ¢ politica. O trabalho filolégico rigoroso nao deixa de ser uma intervengio politica em um debate mat- cado pelos usos ¢ abusos do pensamento gramsciano. Por meio dele é possivel Teencontrar 0 movimento do texto em seu proprio ato de producao, revelando as ambiguidades permitindo que questées consideradas fechadas sejam reaber~ tase exploradas em novas direcdes, mais adequadas as intencdes do autor. Nesse feencontro, nessa reabertura e exploracao, os usos e abusos tornam-se evidentes € 3 O evento contou com 0 apoio da International Gramsci Society, International Gramsci Society Brasil, Fondazione Istituto Granisci, Coordenacao de Aperfeigoamento de Pessoal de Nivel Superior (Capes), Fundagao de Amparo a Pesquisa do Estado de Sio Paulo (Fapesp) e dos Programas de Pos-Graduacio em Ciéncias Sociais, Sociologia, Ciéncia Politica e Antropologia da Universidade Estadual de Campinas, 4 2 criam-se as condigdes para libertar 0 pensamento gramsciano das prises as quais foi confinado, traduzindo-o historiografica e politicamente. E justamente nessa tradugio que a atualidade das ideias do marxista sardo revela sua forga e que scu pensamento se expande, atravessando oceanos reais e metaféricos. O lugar do pensamento de Antonio Gramsci sé pode ser este mundo grande e terrivel. ele que esse pensamento pode realizar sua vocagao, uma vocagio que ¢ em primeiro lugar, politica. Referéncias bibliograficas eiden: CARLUCCI, Alessandro. Gramsci and languages: unification, diversity, hegemony. Brill, 2013. COSPITO, Giuseppe. Verso Fedizione critica e integrale dei ‘Quaderni del carcere: Studi Storici, v. 52, n. 4, p. 881-904, 2011 DORSI, Angelo. Gramsci: una nuova biografia, Milano: Feltrinelli, 2017. FIORI, Giuseppe. Vita di Antonio Gramsci. In: Storia e societd. Baris Laters GHETTI, Noemi. La cartolina di Gramsci: Mosca, tra politica e amori, 1922-1924, Roma: 1974. Donzelli, 2016. GRAMSCI, Antonio. Lettere dal carcere: a cura di Antonio Santucci. Palermo: Sellerio, 1996. Quaderni di traduzioni (1929-1932). Roma: Istituto della Enciclopedia Italiana, 2007. ___. Fpistolario: gennaio 1906-dicembre 1922. Roma: Istituto della Enciclopedia Italiana, 2009. . Epistolario: gennaio-novembre 1923. Roma: Istituto della Enciclopedia Italiana, 2011. __. Seritti (1910-1926): 1917, Roma: Istituto della Enciclopedia Italiana, 2015. LIGUORI, Guido. Gramsci conteso: storia di un dibattito, 1922-1996, Roma: Riuniti, 1996. RAPONE, Leonardo. Cingue anni che paiono secoli: Antonio Gramsci dal socialismo al comunismo (1914- 1919). Roma: Carocci, 2011. RIGHI, Maria Luisa, Gramsci a Mosca tra amore e politica (1922-1923). Studi Storici, v. 52, n. 4, p. 1.001-1.032, 2011, VACCA, Giuseppe. Vita e pensieri di Antonio Gramsci, 1926-1937, ‘Torino: G. Einaudi, 2012.

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