DOKhttps:/ /dx.doi.org/10.31892/ rbpab2525-426X.2022.v7.n21.p465-475
PENSAR EM NOVOS TERMOS E PENSAR NOVOS
TERMOS “O SUJEITO NA POLIS”?
CHRISTINE DELORY-MOMBERGER
https:/ Jorcid.org/0000-0002-8425-0175
Université Sorbonne Paris Nord
RESUMO_ Acriac&o do GIS LE SUJET DANS LA CITE oferece a oportunidade de
reexaminar seus termos fundadores. Depois de recordar o que a pes-
quisa biogréfica situa sob as nogdes de sujeito e Polis, a conferéncia
questiona sua redefinicao e sua articulacao no novo devir do mundo
implicado pelo Antropoceno. Qual é nossa Polis no momento em que
tomamos consciéncia das consequéncias da atividade humana sobre
as condigdes de habitabilidade da Terra e quando nos damos conta
de nosso pertencimento e parentesco com todas as formas de vida?
Que figura do sujeito poderia emergir desta nova composigéo da Po-
lis? Que significado tem hoje o fato de pertencer d espécie humana
a quais formas de resposta e responsabilidade ele nos convida?
Palavras-chave: Tornar-se sujeito. Formar a Polis. Ser sujeito na Po-
lis, Antropoceno.
RESUME PENSER A ET EN NOUVEAUX TERMES « LE SUJET DANS
LA CITE»
La création du GIS LE SUJET DANS LA CITE offre l'occasion d'en rééxa-
miner les termes fondateurs. Aprés avoir rappelé ce que la recherche
biographique met sous les notions de « sujet » et de « cité », la contri-
bution s'interroge sur leur redéfinition et leur articulation dans le
nouveau devenir du monde engagé par l'Anthropocéne. Quelle est
notre Cité 4 'heure oii nous prenons conscience des conséquences
de Uactivité humaine sur les conditions d’habitabilité de la Terre et
lorsque nous apparaissent les appartenances et les « parentés » qui
sont les nétres avec ensemble des formes du vivant ? Quelle figure du
sujet pourrait-elle émerger de cette nouvelle composition de la Cité 7
Quel sens prend aujourd'hui le fait d'appartenir d l'espéce humaine et
A quelles formes de « réponse » et de responsabilité nous invite-t-il?
Mots-clés: Devenir sujet. Former la Cité, Etre sujet dans la Cité, An-
thropocéne.
1 Tadugio: Carolina Kondratiuk, Laboratorio CIRCEFT e GIS Le sujet dans la Cité
Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biogéfica, Salvador v.07, 21, p. 485-495, mal466
Pensar em novos terms @ pensar noves termas“o sujeito na Polis”
ABSTRACT
RESUMEN
THINKING IN NEW TERMS AND THINKING NEW TERMS
“THE SUBJECT IN THE POLIS”
The GIS LE SUJET DANS LA CITE criation offers the opportunity to re
-examine its founding terms. After recalling what biographical re-
search situates under the notions of subject and Polis, the conferen-
ce questions its redefinition and its articulation in the new becoming
of the world implied by the Anthropocene. What is our Polis at the
moment when we become aware of the consequences of human ac-
tivity on the Earth's habitability conditions and when we realize our
belonging and kinship with al life forms? What figure of the subject
could emerge from this new Polis composition? What is the meaning
of belonging to the human species today and what forms of response
and responsibility does it invite us to?
Keywords: Becoming a subject. To form the Polis. To be subject in
Polis. Anthropocene.
PENSAR EN NUEVOS TERMINOS Y PENSAR NUEVOS
TERMINOS «LE SUJET DANS LE CITE»
La creacién de GIS LE SUJET DANS LA CITE brinda la oportunidad de
reexaminar sus términos fundacionales. Tras recordar lo que la in-
vestigacién biografica sittia bajo las nociones de «sujeto» y «ciu-
dad», la presente contribucién cuestiona su redefinicién y su articu-
lacién en el nuevo devenir del mundo implicado por el Antropoceno.
. (GUATTARI,
2018, p.310-311)
Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biogréfica, Salvador v.07, n.21, p. 485-475, maio/ago, 2022
Christine Detory-Momberger
de uma espécie devido a dependéncia miitua
mas dissimétrica que nos liga a outros seres vi-
vos na Terra; significa diferir de nés mesmos
dos outros em relades de complementaridade,
oposicao e, evidentemente, sempre de poder,
fundamentalmente instaveis e méveis. Como
resultado, 0 pertencimento a espécie nunca é
dado de uma vez por todas, é um pertencimen-
to que se faz e se desfaz, e, portanto, é da or-
dem de uma praxis ou de uma pratica.
Com a recomposigéo ou re-habitaco de
nosso pertencimento humano enquanto pro-
cesso em constante devir, também nossa dis-
posicdo para responder, nossa responsivida-
de @ reinterrogada como a propriedade mais
fundamental do homem e da relagéo humana
com 0 mundo. (ROSA, 2021, p. 60) Em suas ex-
perigncias e encontros com 0 mundo, os seres
humanos dispdem dessa capacidade, que é ao
mesmo tempo sensivel, intencional e reflexiva,
de dar resposta, isto é, de produzir formas e
significados, que se reatizam nos e por meio
dos modos de aco e conduta, dos afetos e
ressondncias emocionais, das representagoes
e saberes, das obras e criagdes. Essa respon-
sividade poderia ser aumentada e deslocada
pela mudanga de nossa situagao no mundo
representada pelo Antropoceno, Poderao as-
sim integrar-se novos territarios, novas formas
de vida as quais poderemos responder e que,
pela forma como elas por sua vez responde-
1do, entrarao nas circulacdes de sentido e de
sensa¢ao, de simbolizagao e de imaginario que
constituem nosso mundo subjetivo.
Essa disposicao para responder que nos
torna sujeitos humanos também nossa res-
ponsabilidade perante as entidades e os seres,
humanos e nao humanos, que compartilham
nossa morada terrestre. A que e a quem de-
vemos responder individual e coletivamente?
Que formalizagao ética, que consequéncias
praxiolégicas, que traducées juridicas deve-
mos dar a esse pressuposto de responsabilida-
de? Eu nao saberia responder aqui a perguntas
| 473406
Pensar em novos terms @ pensar noves termas“o sujeito na Polis”
to macigas, mas elas se prestam a desenhar a
figura de um sujeito capaz por si e pelo mundo,
que responde a si e ao mundo.
Tal figura engaja 0 sujeito ético, mas tam-
bém social e politico, que cada um de nos &
potencialmente. E convida-nos a reconsiderar
a relacao entre o sujeito e a Polis, que procurei
problematizar a partir de aproximagées e no
contexto de incertezas em que nos encontra-
mos. Sobre os primeiros elementos que pro-
curei destacar, posso concluir que engajam as
finalidades dos processos de constituicao do
sujeito e da Polis, bem como suas realizagies
mituas; e que denunciam os impasses eco-
légicos e humanos a que conduz um sistema
econémico e politico voltado a uma acelera-
(ao indefinida de produtividade, crescimento
€ consumo - a qual cobra como preco aquilo
que Harmut Rosa, depois de outros, caracte-
riza como uma perda do mundo. Eu gostaria
de terminar convocando, com Félix Guattari,
a restauragio da Cidade subjetiva, entendida
como uma refinalizagao coletiva das ativida-
des humanas (2018, p. 34), que reoriente as
finalidades econémicas, mas também cienti-
ficas e tecnolégicas da Polis por vir, a fim de
visar a uma reapropriacao individual e coletiva
da subjetividade humana (Ibid., p. 65).
Nosso desejo ~ e empenharemos todos os
nossos esforcos para torna-lo realidade - &
que 0 GIS Le sujet dans la Cité se engaje nessa
diregao e que possa trabalhar na concepcao e
implementacao de tal projeto.
Referéncias
BONNEUIL, C. Terre. In : FASSIN, D. (dir). La société
jent Paris: Seuil, 2022. p. 37-54.
BONNEUIL, C, & FRESSOZ, JB. L’Evénement anthro-
pocéne. La Terre, Uhistoire et nous. Paris: Seuil, 2016.
CHARBONNIER, P. Abondance et Liberté. Une histoi-
re environnementale des idées politiques. Paris: La
Découverte, 2020.
|| nests Sasa de Pesquise(Avts}ingrfics, Salvador ¥ 071.2, 65-75, aio
DESCOLA, P. Par-dela nature et culture. Paris: Galli-
mard, 2005.
GUATTARI, F Les trois écologies. Paris: Galilée, 1989,
GUATTARI, F. Qu'est-ce que 'écosophie. Paris: Lig-
rnes/imec, 2018.
HARAWAY, D. Vivre avec le trouble. Vaulx-en-Velin:
Les Editions des mondes a faire, 2020.
JULLIEN, F, Politique de la décoincidence. Paris:
UHerne, 2020.
KOHN, E. Comment pensent les foréts ? Vers une an.
thropologie au-dela de 'humain. Bruxelles: Zones
sensibles, 2077
LATOUR, B. Face & Gaia. Huit conférences sur le nou-
veau régime climatique. Paris: Les Empécheurs de
penser en rond. 2015.
LATOUR, B. Of atterrir ? Comment s‘orienter en po-
litique ? Paris: La Découvert, 2017,
LATOUR, 8. Oil suis-je ? Lecons du confinement a
usage des terrestres. Paris: Les Emp&cheurs de
penser en rond, 2021
MALM, A. LAnthropocéne contre Uhistoire. Le ré-
chauffement climatique a U@re du capital. Paris: La
Fabrique, 2017
MORIZOT, B. Maniéres d’
Sud, 2020.
tre vivant. Arles: Actes
ROSA, H. Résonance. Une sociologie de la relation
au monde. Traduction de S. Silberfarb & S. Raqui-
let. Paris: La Découverte, 2021
ROSA, H. Accélérons la résonance! Pour une édu-
cation en Anthropocéne. Entretiens avec N. Walle-
nhorst. Paris: Le Pommier, 2022.
VIVEIROS DE CASTRO, E. Le regard du jaguar. Intro
duction au perspectivisme amérindien, Bordeaux
Editions la Tempéte, 2021.
Recebido em: 01/08/2022
Aprovado em: 15/08/2022
Publicado em: 31/08/2022Christine Delory-Mombereer
Christine Delory-Momberger & professora de Ciéncias da Educagio da Universidade Sorbonne Paris Nord. Professora
associada do Programa de Pés-Graduacao em Educacao e Contemporancidade da Universidade do Estado da Bahia
(ONES), Fundadora da Universidade Ouverte du sujet dans la Cité (UOsC) e presidente do Colégio internacional da
Pesquisa Biogréfica em Educacao (CIRBE). Membro de varios organismos e redes de pesquisa internacionais (Ser-
vigo franco-alemao para a juventude, Deutsche Gesellschaft fur Erziehungsgeselischaft, Gesellschaft fur Historische
Anthropologie, BioGrafia (Rede América Latina-Europa de Pesquisa Biogréfica), Congresso Internacional de Pesquisa
(Auto)biagrafica (IPA, International Auto/ Biography Association. Diretora de varias colegBes: L’écrture de lave; (Auto)
biagraphie c Education (em colaboracéo com Elizeu Clementino de Souza e Maria da Conceicao Passegd); RéEditions;
Passage aux actes; Dialogues/Dialoge (em colaboracao com o servo franco-alemao para a juventude (OFA) nas
ecicoes Téraedre. Diretora cientifica da revista Le sujet dans la Cité, Revue internationale de recherche biographique e
codiretora (em colaboracao com Alain Brossat e Michel Agier) das edicaes extras da revista Actuels. E-mail christine.
delory@lesujetdanslacite.com
Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biografica, Salvador, v.O7,n. 21, p. 465-475, maiofago 2022 | 475