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8 ATAQUES AO ELO DE LIGAGAO! 92. Ao referirme, em trabalhos anteriores (3), & parte psicdtica da personalidade, tive ocasido de falar dos ataques’destrutivos que 0 paciente faz a tudo aquilo que, no seu sentir, tenha a fungdo de ligar Um objeto a outro, E minha intengéo, no presente trabalho, mostrar © significado desta forma de ataque destrutivo na produgdo de deter- minados sintomas encontrados em pacientes. fronteitigos. © seio ou 0 penis primitivos constituem o protétipo de todos os los de ligacdo de que desejo falar. Este artigo pressupde uma famili dade com as descrig6es de Melanie Klein dos ataques séidicos que 0 bebé move contra o seio, na fantasia (6); da cisa seus objetos; da identi nismo mediante o qual partes da personalidade sio cindidas & bem como projetadas em objetos externos); ¢, por iiltimo, cepgdes a respeito dos estigios iniciais do ‘complexo de Edipo (5). Examinarei os ataques que se fazem ao seio, na fantasia, encarando-os ‘como 0 protétipo de todos os ataques a objetos que sirvam de elo de ligagdo, ¢ a identificagdo projetiva — mecanismo empregado pela psique para se livrar dos fragmentos do ego produzidos em decorréncia da destrutividade dest Primeiramente, examinarei manifestagdes clinicas segundo uma ‘ordem ditada nao pela cronologia do seu aparecimento no consultério, mas pela necessidade de torhar to clara quanto possivel a exposicdo de minha tese. Em seguida, apresentarei material selecionado com vistas a demonstrar a configuragdo que assumem esses mecanismos quando a relacdo recfproca entre eles for determinada pela dindmice da situacao analitica. Concluirei com observagdes tedricas relativas a0 material apresentado. Os exemplos foram retirados de dois. pacientes, numa fase avancada de suas anélises. Nao distinguirei um do outro, & 1 International Journal of Psycho-Analysis, vol. 40, partes 5-6, 1959. 87 fim de preservar 0 anonimato, ¢ introduzirei distorgdes nos dados que, espero, nfo prejudicaréo a exatidao da descricéo analitica. A observago da propensio do paciente a atacar o elo de ligagao entre dois objetos ¢ facilitada em virtude de o analista ter de estabe- lecer um elo de ligagdo com o paciente € 0 fazer por intermédio da comunicago verbal ¢ através do seu cabedal de experiéncia analitica. Disso depende a relaglo criativa, e dese modo nos serd possivel ver ataques efetuados a mesma, Néo estou interessedo na resisténcia tipica as interpretagées, mas, sim, em ampliar as alusdes que fiz. aos ataques destrutivos a0 proprio, pensamento verbal, no artigo “The Differentiation of the Psychotic from the Non-Psychotic Part of the Personality” (3), EXEMPLOS CLINICOS 95. Descreverei agora ocasides que me deram ensejo de oferecer 40 paciente uma interpretacdo, que, Aquela altura, este iltimo se achava em condigdes de entender, de uma conduta destinada a destruir o que quer que ligase dois objetos. Eis os exemplos: (1) Tive motivo para dar ao paciente uma interpretagéo que explicitava a sua afeiggo pela mie e, ao mesmo tempo, a expre desse afeto para com ela pela sua capacidade de agiientar uma crianga rebelde. O paciente tentou manifestar que concordava comigo, porém, embora apenas precisasse dizer umas poucas palavras, a enunciaga das mesmas.foi interrompida por um acentuado gaguejar que fez seus comentérios se esticarem por um lapso de tempo que durou um mi- auto ¢ meio. Os sons que efetivamente emitiu faziam lembrar um arfar ofegante. Esse arfar era entremeado de sons gorgolejantes, como se ele estivesse imerso n'égua. Chamei-lhe a atenglo para esses sons e ele concordow que, de fato, eram sui generis, tendo ele mesmo suge- tido a descrig#o que acabei de dar. (Il) © paciente queixava-se de nfo poder dormir. Revelando sinais de medo, disse ele: “Nao posso continuar assim.” Comentérios esparsos deram a impressio de que ele, num plano superficial, achava que alguma catéstrofe iria ocorrer, talvez algo. préximo a insanidade, se nflo conseguisse sentir mais sono. Referindo-me a material da sesso anterior, sugeri que ele temia sonhar, caso dormisse. Ele o negou e disse que néo conseguia pensar porque estava mothado. Recordei-the © uso que fazia do termo ““mothado”, como uma expresso de desprezo por alguém que ele considerasse fraco e sentimental, Ele discordou e assinalou que a condigio a que se refetia era exatamente o oposto. Com base no que sabia desse paciente, achei que sua correo, a essa altura, stagdo que ele associava a ataques urindrios a um objeto. L Assim, disse-lhe que, além do medo superficial que expressava, ele tinha medo de dormir porque, para ele, isso era o mesmo que deixar sua mente esvair-se. As associagdes que surgiram depois mostraram que ele sentia que as boas interpretacdes que recebia de mim eram por ele constantemente fragmentadas em diminutos pedagos, que vira- yam urina mental ¢ af vazavam descontroledamente, © sono cra, assim, inseparével da inconsciéncia, a qual era, em si, idéntica e um irrepa. ravel estado de completa de-menciacdo. Ele entio. disse: “Estou seco agora.” Respondi que se sentia agora desperto e capaz de ter pens ‘mentos, mas que esse bom estado se mantinha muito precariamente, (IIL) Nesta sesso, o paciente apresentou material estimulado pela interrupeio do fim de semana precedente. Sua percepgio desses esti- mulo. vxternos tornara-se demonstrével somente numa etapa relativa: mente recente da andlise. Anteriormente, o grau em que ele era capaz de aquilatar a realidade era uma questdo aberta a conjecturas. Eu sabia, em virtude de ele vir sozinko para a anélise, que mantinha algum contato com a realidade, mas dificilmente se poderia inferir isso a partir de sua conduta nas sessées. Quando interpretei certas associagdes como tum indicio de que ele achava que estivera, e ainda estava, presenciando um coito entre duas pessoas, reagiu como se tivesse recebido um golpe violento. Na ocasido, nao consegui,precisar, exatamente, onde experi- mentara 0 ataque, e, mesmo vendo retrospectivamente, nfo tenho uma idéia clara a respeito. Pareceria I6gico supor que 0 choque fora aplicado através da minha interpretagio e que, portanto, o golpe proviesse de fora. Minha impressao, porém, foi de que ele o sentira como se tivesse sido desfechado de dentro de si mesmo. O paciente, freqiientemente, experimentava algo que descrevia como uma punhalada que vinha de dentro, Sentou-se ¢ ficou a fitar intensamente 0 espago. Disse-lhe que le parecia estar vendo alguma coisa. Respondeu-me que ele néo con, seguia enxergar 0 que via. Foi-me possivel interpretar, com base em experiéncia prévia, que ele achava dos dois pacientes de cujas anélises me valho para o material ilustrativo do presente artigo, episddios de alucinagdes visuais invisiveis. Mais idiante, darei os motivos para supor que, em ambos os exemplos, es. tavam funcionando mecanismos semelhantes. (Iv) Nos vinte minutos iniciais da sessio, o paciente fez trés comentérios isolados que, para mim, niio tiveram significado. Em ve Buida, falou que lhe parecia que uma moga que conhecera era com, Dreensiva." A isto se seguiu um violento movimento convulso que cle aparentou ignorar. Parecia idéntico ao tipo de ataque a punhalada men. iq Duplo, sentido: was understanding pode também significer que a moce “estava entendendo”. (N. dot.) 89 cionado no iltimo exemplo. Tentei Ihe chamar a atengo para 0 movi- ‘mento que fizera, mas ignorou minha intervengio, da mesma forma que ignorara o ataque. E af ele disse que a sala estava cheia de uma névoa azul. Pouco depois, ele comentaria que a névoa azul havia su- mido, dizendo, porém, que se sentia deprimido. Interpretei que se Sentira compreendido por mim. Isto tinha sido uma experiéncia agra- davel, mas a sensagdo agraddvel de ser compreendido fora destruida © expelida instantaneamente. Lembrei-lhe que, recentemente, presen- cidéramos ele empregando a palavra “azul” como forma compacta de des- crever uma relacdo sexual injuriosa. Caso estivesse correta a minha inter. pretagdo, © os fatos que se seguiram sugeriam que ela estava, isto signi- Ticava que a experiéncia de ser compreendido fora cortada em pedacos, transformada em particulas de ofensa sexual ¢ expelida. Até este ponto, Senti que as interpretagSes se aproximavam bastante das suas vivéncias As interpretacdes que se seguiram (de que 0 desaparecimento da névoa se devia & reintrojecio ¢ conversio em depressio) pareceram ter menos realidade para © paciente, embora o que aconteceu depois fosse com- ativel com a idéia de estarem corretas. (¥) A sessio, tal qual a do exemplo anterior, comegou com trés ‘ou quatro comentirios objetivos, do tipo “esta fazendo calor”, o trem que 0 trouxera estava lotado e que estdvamos numa quarta-feira. Isso cupou trinta minutos de sesso. Quando acrescentou que temia ter lum surto, confirmou-se a impressdo que eu tivera de que cle tentava ‘mantet 0 contato com a realidade. Pouco depois, ele disse que eu nfo iria entendé-lo, Interpretei que ele achava que eu era mau e nao iria por para dentro o que ele queria colocar em mim. Interpretei, delibe- radamente, nesses termos, porque ele revelara, na sessio anterior, que achava que minhas interpretagdes eram uma tentativa de expelir senti- mentos que ele desejava depositar em mim. Sua resposta a essa inter- pretagdo foi dizer que achava que havia duas nuvens de probabilidade ha sala. Interpretei que ele estava tentando livrarse da sensacdo de Que @ minha maldade era um fatc. Disse-lhe que isso significava que cle precisava saber se cu era realmente mau, ou se eu era uma coisa mé que tinha brotado de dentro dele. Embora a questio nio fosse de importéncia central, naquele momento, julguei que o paciente tentava decidir se ele estava, ou no, alucinando. Esta renovada ansiedade em Sua anélise associava-se ao medo que ele tinha de que a inveje e édio da capacidade de entendimento o levassem a pér para dentro de si um objeto bom, compreensivo, com o propésito de destruir este dltimo e expeliclo — um procedimento que freqiientemente levava & perseguigo or parte do objeto destruido e expelido. Se a minha recusa em com. Preendé-lo era uma realidade ou uma alucinagéo s6 era importante Porque determinava que experiéncias dolorosas eram de se esperar. (VD Metade da sesso se passara em silencio, O paciente entio anunciou que um pedago de ferro caira no chao, A seguir, fez uma 90 igfio ante nto série de movimentos convulsos, calado, como se sentisse que estava sendo atacado fisicamente a partir de dentro. Dissehe que nio conse- guia estabelecer contato comigo devido ao medo do que se passava dentro de si. Confirmou isto a0 dizer que achava que estava sendo assassinado. Ele nfo sabia o que faria sem anilise, pois esta 0 melho- rava. Disse-lhe que se sentia to invejoso de si proprio e de mim, por sermos capazes de trabalhar juntos para fazé-lo sentir-se melhor, que havia posto para dentro de si o par que formavamos como sendo um pedaco de ferro e um assoalho, mortos, que se encontravam no para The dar vida, mas para assassiné-lo. Ele ficou muito ansioso e disse que no poderia prosseguir. Retruquei que cle achava que nio_podi continuar porque ele ou estava morto ou, entio, vivo e to invejoso que tinha de interromper a boa andlise. Houve uma acentuada dimi- nuigio da ansiedade, mas o restante da sessdo foi gasto com comenté- tios isolados sobre coisas objetivas, 0 que de novo me pareceu uma tentativa de preservar 0 contato com a realidade externa, como um método de negacio de suas fantasias. CARACTERISTICAS COMUNS AOS EXEMPLOS MENCIONADOS 94. Esses episédios foram por mim escolhidos em virtude de o tema dominante, em cada um deles, ser o ataque destrutivo a0 elo de igaco. No primeiro exemplo, 0 ataque foi expresso através de um gaguejar que visava a impedir 0 paciente de usar a fala como um vin- culo entre mim e ele, No segundo, 0 sono era encarado pelo paciente como sendo idéntico a uma idemtificagdo projetiva que prosseguiria insensfvel a qualquer tentativa de controle de sua parte. O sono, para cle, significava que sua mente, fragmentada em mintsculos pedagos, iria esvairse num jorro agressive de particulas. Os exemplos que agui forneco langam luz sobre © sonhar esqui- zofrénico. © paciente psicdtico parece nao ter sonhos, ou, pelo menos, no relatar sonho algum, até que a andlise j4 esteja relativamente adian- tada. Minha impressdo agora € de que esse periodo aparentemente sem sonhos é um fenémeno anélogo & alucinagGo visual invisivel. Vale dizer, tais sonhos séo constitufdos de material tio minusculamente fragmen tado que ficam desprovidos de qualquer componente visual. Quando © paciente experimenta sonhos passiveis de serem relatados, em razio de, no decorrer dos mesmos, se perceberem objetos visuais, parece achar gue tais objetos tém com os objetos invisiveis da fase anterior uma re ago muito semelhante & que as fezes mantém com a urina, Os objetos ‘que aparecem nas experincias a que chamamos de sonhos sio encara dos pelo paciente como sendo sélidos e, como tais, se diferenciam dos ‘eontetidos dos sonhos que eram um continuum de mintsculos fragmen. tos invisiveis. 91 A época da sessio, 0 tema principal nfo era o ataque ao elo de Tigaco, mas as conseqiiéncias de um ataque, previamente efetuado, gue © deixava privado do estado de espitito necessério ao estabelec!, mento de uma relagdo satisfatéria entre ele e a cama. Embora isto nao aparesa na sesso que relato, a incontroldvel identificagio projetiva, gue era 0 que o sono significava pare ele, era vista como um ataque destrutivo ao estado de espirito dos pais acasalados. Havia, portanto, uma dupla ansiedade. Uma, que surgia do medo de ser levado a ficay de-mente; outra, proveniente do medo de ser incapaz de controlar os ataques hostis (sendo a sua mente a fornecedora de munigio) 20 estado de espirito que era o elo de ligagéo do par formado pelos pais. O sono € a insOnia eram igualmente inaceitéveis. No terceiro exemplo — no qual descrevi alucinagées visuais de objetos invisiveis — presenciamos uma das formas em que se desfecha © ataque efetivo a0 par sexual. Até onde pude discernir, minha inter. Pretagdo foi encarada como se fora a prdpria impressio visual que ele finha do coito dos pais. Essa impressio visual € minusculamente frag. mentada ¢ expelida, em seguida, sob a forma de particulas tio minds. culas que se constituem nos componentes invisiveis de um continuum, Todo esse procedimento serviu ao propésito de evitar, por antecipagao, @ experiéncia de inveja do estado de espitito dos pais, mediante a ex. Pressio instanténea dessa inveja, sob forma de um ato destrutivo. Terei mais a acrescentar sobre esse Gdio, implicito, as emooes © sobre a necessidade de evitar a percepgio das mesmas, No quarto exemplo (o relato sobre a moca compreensiva e a névoa), minha compreensio ¢ 0 agradavel estado de espirito foram considerados lum elo de ligaego entre nés que poderia originar um ato ctiativo, O clo de ligagéo fora encarado com édio e transformado em sexualidade hostile destrutiva, que deixava o par paciente/analista estéri No quinto exemplo (as duas nuvens de probabilidade), a capaci- dade de entendimento € 0 elo de ligagio que esté sendo atacado, mas © interesse se centra no fato de 0 objeto que faz os ataques destrativos ser alheio a0 paciente. Além disso, o destruidor est4 efetuando um ‘ataque & identificagio projetiva, que o paciente encara como um método de ‘comunicagio, Ele nao se descarta dos sentimentos de culpa e res. Ponsabilidade na medida em que 0 meu suposto ataque a seus métodos de comunicagao é sentido como sendo possivelmente secunddrio aos ataques invejosos que fizera a mim, Outro ponto é 0 surgimento do discernimento (que Freud considera uma caracteristica essencial do pre- dominio do principio da realidade) em meio as partes ejetedas da per. sonalidade do paciente. © fato de haver duas nuvens de probabilidade ficou sem explicagio na ocasido, mas, nas sessées seguintes, obtive material que me levou a supor que o que havia sido originariamente ‘uma tentativa de separar o bom do mau sobrevivera através da existéncia de dois objetos, mas estes agora eram semelhantes, pois cada um era uma mistura de bom ¢ mau, Levando em conta o material de sessdes 92 posteriores, poderei tirar conclusdes que, na ocasiéo, no eram posstveis. Sua capacidade de discernir, que havia sido cindida e destrufda junto com o restante do seu ego e em seguida expelida, era por ele vista como sendo semelhante a outros objetos bizarros do tipo que descrevi em “The Differentiation of the Psychotic from Non-Psychotic Parts of the Personality’." Essas particulas expelidas eram temidas em razio do tratamento que ele dispensara as mesmas. Ele achava que o discerni- mento do qual se alienara (as nuvens de probabilidade) indicava que eu provavelmente era mau. Sua suspeita de que as nuvens de probabi- lidade eram persecutérias ¢ hostis levaram-no a duvidar do valor da orientago que elas davam. Poderiam fornecer-lhe uma avaliagao cor- eta, ou_deliberadamente falsa, como, por exemplo, um fato ser uma alucinago ou vice-versa; ou dar origem ao que, do ponto de vista psiquidtrico, chamarfamos de delitio. As proprias nuvens possufam al ‘gumas caracteristicas de seio primitivo, sendo considcradas enigméticas ¢ intimidativas. ‘No sexto exemplo (0 relato do pedago de ferro que cafra no chil), nfo tive o ensejo de interpretar um aspecto do material com © qual o paciente a essa altura se achava familiarizado. (Devo dizer, talvez, que a experiéncia me ensinou que por vezes eu presumia que © paciente estivesse familiarizado com determinado aspecto de uma situago com a qual estévamos lidando, e vim a descobrir que, apesar de 0 havermos trabalhado, ele o esquecera.) O ponto conhecido que ndo interpretei, mas que € significativo para o entendimento deste epi- s6dio, € que a inveja que o paciente tinha do casal formado pelos pais havia sido contornada através da substituigdo dos pais pela sua pessoa a minha, Essa fuga malograra, pois a inveja ¢ 0 édio agora se vol- tavam contra ele mesmo e contra mim. O casal empenhado num ato criativo era encarado como estando compartilhando uma invejével ex- periéncia emocional; ele, identificando-se também com o elemento ex- cluido, passava igualmente por uma dolorosa experiéncia emocional. Em diversas ocasides o paciente, em parte devido a vivencias do género que descrevo no presente episédio, em parte por motivos sobre os quais, me estenderei mais adiante, tinha édio as emogdes e, portanto, como decorréncia quase imediata, édio a prépria vida. Esse édio contribui ara o ataque assassino ao que liga o par, ao proprio par e a0 objeto gerado pelo par. No epissdio que ora descrevo, 0 paciente sofre as conseqliéncias de seus antigos ataques ao estado de espirito que forma a ligagio do par criativo, bem como de sua identificagéo tanto com o estado de espitito odiento quanto com o estado de espfrito criativo, Neste exemplo, assim como no anterior, hé elementos que sugerem ‘a formagio de um objeto persecutério e hostil ou um conglomerado de objetos, cuja hostilidade se expressa de um modo que tem grande * “Diferenciagao entre a Parte Psicética © a Néo-Psicética da Personalidade” © proprio autor parecenos esclarecer esta duplicidade de titulos, mormente no Cap. 5, pig. 45. (N. do T.) 95 importéncia na produgo do predominio de mecanismos psicéticos nos Pacientes; as caracteristicas com que dotei o aglomerado de objetos per- Ssecut6rios tém a indole de um superego primitivo e, inclusive, assassino. CURIOSIDADE, ARROGANCIA E ESTUPIDEZ 95. No trabalho que apresentei no Congresso Internacional de 1957 (4), sugeri que a analogia que Freud estabeleceu entre a investi- gacio arqueolégica e a psicandlise era util se levarmos em conta que estdvamos trazendo & luz evidéncias nfo tanto de uma civilizagao pri- mitiva, mas, de um desastre primitivo. O valor dessa analogia fica diminufdo porque na anélise deparamos néo sé com uma ‘étiea que permita estudo sem agodamento, mas, com uma catéstrofe que permanece ao mesmo tempo ativamente viva e, no entanto, inca de resolver-se ¢ aquietar-se. Esta falta de progresso em qualquer diregio deve atribuirse em parte a destrui¢ao da capacidade de ter curiosidade € A conseqiiente incapacidade de aprender, mas antes de prosseguir este tema, deverei dizer algo sobre uma questio que quase nao apa rece nos exemplos que forneci. Os ataques ao elo de ligagio surgem na fase que Melanie Klein chamou de esquizoparanside, Este periodo se acha dominado pelas relagdes de objeto parcial (8). Se tivermos em mente que o paciente fem uma relagdo de objeto parcial consigo mesmo, assim como com objetos que nao sio ele proprio, isto contribuiré para a compreensio de expressdes como “parece” habitualmente empregadas. por pacientes profundamente perturbados ‘em situacdes em que outro menos pertur- bado dita “eu penso” ou “eu creio”. Quando diz “parece”, nfo raro estése referindo a um sentimento (a uma sensagio de que “‘parece”) que faz parte de sua psique e, no entanto, néo é observado como sendo Parte integrante de um objeto total. A concepgo do objeto parcial como algo andlogo a uma estrutura anatmica, encorajada pelo emprego que 0 aciente faz de imagens concretas como unidades de pensamento, é enganadora, porque a relagio de objeto parcial no é s6 com estrutur anatémicas mas com fung6es, nfo com anatomia mas com fisiologia, no com © seio mas com aleitamento, envenenamento, amor, édio. Isto contribui para a impressio de um desastre dinimico € nao, estético, O problema que tem de ser solucionado nesse precoce nivel superficial deve ser formulado, em termos adultos, através da pergunta “o que é algo?” endo “por que € algo?" em razo de 0 “por que” ter’ sido cindido © afastado, devido a culpa. Problemas para cuja soluglo se dependa da percepgio de causaco nfo poderio, portanto, ser formula. dos e, muito menos, resolvidos. Isso acarreta uma situago em que o aciente parece ndo ter quaisquer problemas, exceto os que $80 Sus tados pela existéncia do par analista/paciente. Sua preocupagao 6 com © que € esta ou aquela fungio, sobre a qual tem consciéncia, apesar de ser incapaz de aprender @ totalidade da qual essa fungdo constitui 94 per ino. | de esti- que pri fica es: rofe 1paz 26810 lade guir apa lein elas ente 0 nites: cur aro ") omo eo , & ara Isto . 0 cial 1e 6 sido ) se ula- e 0 ssci- com esar ctu ‘uma parte. A decorréneia disso € nfo se colocar jamais a questo de por que o paciente, ou o analista, esté ali. ou por que se disse, se fez ou se sentiu algo; nem tampouco poderd entrar em cogitagdo tentar alterar as causas de algum estado mental. ... Uma vez que “o qué?” jamais poderd ser respondido sem “como?” ou “por qué?”, surgem mais dificuldades. Deixarei isto de lado para examinar os mecanismos utilizados pelo bebé para resolver o problema “o qué?", quando expe- rimentado em relagéo a um relacionamento de objeto parcial com uma fungdo, RECUSA A GRAUS NORMAIS DE IDENTIFICACAO PROJETIVA 96. Emprego o termo “elo de ligacdo” porque desejo examinar fa relagdo do paciente com uma fungo, ¢ no com o objeto que serve para uma dada funcio; meu interesse ‘no € s6 com relagao ao scio, a9 pénis ou o pensamento verbal, mas com a fungi que eles tém de fornecer um elo de ligagdo entre dois objetos. Em Notes on Some Schizoid Mechanisms (7), Melanie Klein fala da importincia do emprego excessivo da cisio e da identificacio pro- jetiva na produgdo de uma personalidade muito perturbada. Fala tam- bém da “introjegio do objeto bom, primeiramente 0 seio materno”, como uma “precondigio para o desenvolvimento normal”, Partirei do pressuposto de que existe um grau normal de identificacio projetiva (Gem definir os limites em que se situa a normalidade) e de que, asso ciada & identificagdo introjetiva, a primeira constitui a base em que repousa o desenvolvimento normal. Esta impressfo decorre em parte de uma caracteristica da anélise de um paciente que foi dificil de interpretar pois nao parecia, em mo- mento algum, chamativa o bastante para que a interpretagdo se apoiasse em evidéncia convincente. Por toda a anélise, 0 paciente recorreu identificagao projetiva com uma persisténcia tal que sugeria que se tra- tava de um mecanismo de que jamais conseguira valer-se o suficiente; a andlise deulhe uma oportunidade para o exercicio de um mecanismo de que havia sido privado. Nao precisei basear-me apenas nesta im- pressdo. Houve sessOes que me levaram a supor que 0 paciente sentia que havia um objeto que The proibia o uso da identificagao projetiva Nos exemplos que forneci, em especial no primeito deles’ (0 gaguejar) e no quarto (a moga compreensiva e @ néyoa azul), hé elementos indi- cativos de que 0 paciente achava que eu negava ingresso as partes de sua personalidade que ele desejava depositar em mim; mas tinha ha- vido associagdes que me conduziram a este ponto de vista. Quando o paciente se esforcava por livrar-se dos temores de morte, sentidos como sendo demasiado intensos para que sua personalidad: udesse conté-los, ele cindia e afastava tais temores © os colocava dentro 95 de mim, com a idéia de que, se Ihes fosse permitido ali repousar por tempo suficiente, minha psique os modificaria, podendo cles entéo ser reintrojetados sem perigo. Na ocasio que tenho em mente, o paciente hhavia sentido, por motives semelhantes aos do quinto exemplo (as nuyens de probabilidade), que eu evacuara os seus sentimentos tio rapidamente que eles no se modificaram; ao contrério, tornaram-se mais dolorosos. As associagdes provenientes de um perfodo de andlise anterior & €poca da qual se retiraram os exemplos ilustrativos revelavam uma crescente intensificagdo das emogdes do paciente. Isto se originava no que ele sentia como sendo minha recusa em accitar partes de sua personalidade. Em decorréncia disso, ele se esforcava por enfié-las em ‘mim com crescente desespero e violéncia. Sua conduta, isolada do con- texto da andlise, poderia parecer uma expresso de agresséo priméri Quanto mais violentas eram suas fantasias de identificagio projetiva, mais amedrontado comigo ele ficava. Houve sess6es em que essa con. duta expressava agressio nfo provocada. Cito, porém, esta seqiiéncia em razéo de ela mostrar 0 paciente sob uma luz diferente, sendo sua violéncia uma reago ao que ele sentia como uma atitude defensiva, hostil, de minha parte. A situagio analitica assentou em minha mente a sensagdo de presenciar uma cena extremamente antiga. Sentia que 0 paciente experimentara na infincia uma mie que correspondia zelosa as _demonstragdes emocionais do bebé. Esta resposta zelosa continha um elemento de um impaciente “nfo sei o que hé com essa crianga”. Minha dedugéo foi de que a me, para entender a crianga, deveria ter tratado 0 choro do bebé como algo mais do que uma exigéncia da pre- senga dela, Do ponto de vista do bebé, ela deveria por para dentro de € portanto experimentar, 0 medo de que o filho estivesse morrendo, ra este medo que a crianga no conseguia conter. Esforcava-se ela por cindislo e afasté-lo, junto com a parte da personalidade em que se encontrava 0 mesmo, ¢ projeté-lo dentro da mie. A mie compreen- siva € capaz de experimentar a sensagio de pavor — com a qual esse bbebé se esforgava por lidar através da identificagio projet e ainda assim, manter uma visio equilibrada, Este paciente tivera’ de lidar com uma mie que néo conseguia tolerar experimentar tais sensa- ges © que reagia ora barrando-thes o ingresso, ora tornando-se presa de uma ansiedade que decorria da introjecdo das sensagdes do bebé. Esta tltima reagdo, creio eu, deve ter sido rara; predominava a neg tiva ao. ingresso. Para alguns, essa reconstruco pareceré excessivamente fantasiosa. ‘A mim nao parece forgada, e é a resposta a quem possa objetar que se dé demasiado relevo transferéncia a ponto de se excluir a devida elucidagao das recordagdes precoces. E possivel observar-se na andlise uma situagio complexa. O pa- ciente sente estar tendo uma oportunidade que até entéo lhe havia sido negada. A pungéncia de sua privacdo torna-se, assim, mais aguda, ‘© mesmo ocorrendo com o ressentimento pela privagio. A’ gratidio por 96 nte essa oportunidade coexiste ao lado da hostilidade 20 analista como alguém que no entenderé e impediré 0 uso, por parte do paciente, do tinico método de comunicagio mediante o qual ele se sente capaz de se fazer entendido, Portanto, 0 elo de ligagao entre 0 paciente € 0 analista, ou entre 0 bebé e 0 seio, é 0 mecanismo de identificagao pro- jetiva, Os ataques destrutivos a este elo de ligacdo originam-se numa fonte externa ao paciente, ou ao bebé; ou seja, no analista, ou no seio. O resultado € a excessiva identificagao projetiva por parte do paciente € a deteriorago dos processos de desenvolvimento deste. tiltimo, Nao estou salientando que essa vivéncia seja a causa da perturba- slo do paciente. A principal fonte desta se encontra na disposi do bebé, conforme descrevi no artigo “The Differentiation of the Psy- chotic from the Non-Psychotic Part of the Personality” (3). Encaro-a como uma caracteristica bésica do fator ambiental na produgio da personalidade psicética Antes de examinar esta consegiiéncia para o desenvolvimento do aciente, deverei me reportar as caracteristicas inatas e a0 papel que desempenham as mesmas na produgo de ataques do bebé a tudo que © ligue a0 seio, ou soja, devo referir-ine A agressio e inveja primérias. A gravidade desses ataques € incrementada se a mie demonstra 0 tipo de falta de receptividade que descrevi, sendo diminuida, porém néo abolida, se a mae puder introjetar as sensagdes do bebé ¢ manter-se equilibrada (9). Persiste a gravidade, em virtude de 0 bebé psicdtico estar sobrecarregado de ddio e inveja da capacidade de a mie con- servar um estado de espirito agradavel apesar de experimentar as sen- sages do bebe. Isto foi claramente trazido baila por um paciente que insistia que eu devia passar por isso com ele, mas se enchia de dio quando percebia que eu era capaz de fazé-lo, sem desabar. Eis ai outro aspecto do ataque destrutivo ao elo de ligaedo, sendo 0 elo de ligagio a capacidade do analista de introjetar as identificagées pro- jetivas do paciente, Os ataques ao elo de ligacdo, portanto, sao sind- nimos dos ataques & paz de espitito do analista e, originariamente, da mie. A capacidade de introjetar € transformada pela inveja ¢ dio do paciente em voracidade que devora a sua psique. Analogamente, a paz de espirito se converte em indiferenca hostil. A essa altura surgem problemas analiticos em razio do emprego que faz o paciente (para destruir a paz de espirito do inyejada) de “‘atuagdo”, atos delingiientes © ameagas de suicidio CONSEQUENCIAS 97. Revisando as. principais caracteristicas até aqui menciona- das: a origem da perturbacdo € dupla. De um lado esta a disposigio inata do paciente & excessiva destrutividade, ddio e inveja, De outro lado, 0 ambiente que, na pior hipdtese, nega a0 paciente 0 uso dos mecanismos de cisio ¢ identificacdo projetiva. Em certas ocasides, os 7 ataques destrutivos a0 elo de ligacio entre o paciente © o ambiente Flt entte diferentes aspectos da personalidade do paciente — tm origem no paciente, Em outras ocasiées, na mie — embora neste C880, © no caso de pacientes psicéticos, ndo possa jamais ser na mie, exclusivamente. As perturbagées se iniciam com a prépria vida, O problema com que se depara o paciente € 0 que sfo os objetos de Que, se apercebe? Tais objetos, sejam internos ou externos, sao na Verdade objetos parciais, sendo predominantemente, embora nao. ex. clusivamente, aquilo que denominariamos de fungdes e néo, estruturas morfologicas. Este fato no 6 percebido em razio de o pensar do pa. ciente ser regido por objetos concretos, tendendo, assim, a produzis na mente sofisticada do analista, a impressio de’ que a’ preocupaca do paciente € com a natureza do objeto concreto, A naturezs das funcOes que excitam a curiosidade do paciente é investigada por este ‘limo através da identificagéo projetiva. Os seus sentimentos, vigo- Bosos demais para serem contidos no interior de sua personalidad, estiio entre essas fungoes. A identificagao projetiva Ihe possibilita in. Yestigar seus préprios sentimentos dentro de uma personalidade vigo- Tosa © bastante para conté-los. A negativa ao uso deste mecanismo, Seja pela recusa da mie em servir como receptéculo dos sentimentos do bebé, ou pelo dio e inveja do paciente que néo pode permitir gue a mae exerga esta fungio, leva a destruigdio do elo de ligagdo fntre 0 bebé © 0 seio e, conseqiientemente, a uma grave desordem do impulso de ser curioso, de que depende toda a aprendizagem. Esté Preparado, assim, o caminho para uma grave parada do desenvolvi- mento. Além disso, graca A recusa ao principal método de que dispoe o, bebé para lidar com emogdes por demais vigorosas, a condugao. da Vida emocional, de qualquer forma um sério problema, torna-se into. lerdvel. Em decorréncia disto, os sentimentos de ddio voltam-se contra todas as emogées, inclusive 0 préprio dio, ¢ contra a realidade ex- tema que os estimula. E um pequeno passo, do édio as emocdes até o Gdio & pr6pria vide. Conforme assinalei em meu trabalho sobre “The Differentiation of the Psychotic from the Non-Psychotic Part of the Personality” (5), este ddio redunda no recurso & identificacio. projetiva de todo © aparetho perceptivo, inclusive do pensamento embrionario, que forma o elo de ligagdo entre as impressdes sensoriais ¢ a cons. Giéncia. A tendéncia & excessiva identficago projetiva, quando pre. dominam os instintos de morte, é, assim, reforgada, SUPEREGO. 98. O desenvolvimento inicial do superego se faz através desse tipo de funcionamento mental que deverei agora descrever, Conforme afirmel, a ligagio entre 0 bebé © 0 seio depende da identificagao pro. Jetiva e da capacidade de introjetar identificagdes projetivas. A felha hha introjego faz com que 0 objeto externo’ pareca intrinsecamente ) e a a e hostil & curiasidade e a0 método — ou seja, identificagio projetiva — através do qual 0 bebé busca satisfazé-la. Caso 0 seio seja sentido como basicamente compreensivo, seré transformado, pela inveja e ddio do beb&, num objeto cuja voracidade devoradora tem como meta a in- trojecio das identificagdes projetivas do bebé, com a finalidade de destrui-las. Isto podera revelar-se na crenga do paciente de que o analista, ao entendé-lo, se esforca por levé-lo & loucura. O resultado um objeto que, uma vez instalado no paciente, exerce a funcio de ‘um superego severo e destruidor do ego. Esta desctigo nao é precisa se aplicada a qualquer objeto na posico esquizoparandide porque pressupde um objeto total. A ameaca que esse objeto acarreta contribui para a incapacidade — descrita por Melanie Klein ¢ outros (11) — do paciente psicdtico de enfrentar a posicdo depressiva © os desenvol ‘vimentos que a acompanham. Na fase esquizoparandide, predominam 08 objetos bizarros, parcialmente compostos de elementos de um su- perego persecutério, que descrevi em meu trabalho sobre “The Diffe- entiation of the Psychotic from the Non-Psychotic Part of the Per- PARADA NO DESENVOLVIMENTO © distirbio do impulso A curiosidade, de que depende toda a aprendizagem, ¢ a recusa ao mecanismo pelo qual este impulso busca ‘expressio, torna impossivel o desenvolvimento normal. Uma outra ca- racteristica se impde se o andamento da anélise for favordvel; os pro- bblemas que em linguagem sofisticada so postos em termos da pergun- ta “Por qué?” nfo poderdo ser formulados. O paciente parece nio ter apreco pela causagio e queixar-se-4 de estados de espfrito dolorosos, a0 mesmo tempo em que persiste muma série de atos destinados a geré-los. Portanto, quando surgit material apropriado, deve-se mostrar a0 paciente que ele no tem interesse no porqué de se sentir assim. ‘A elucidagio do escopo limitado de sua curiosidade resulta no desen- volvimento de uma maior amplitude e uma incipiente preocupagio ‘com causas. Isto redunda em certa modificagio de conduta, que, por outro lado, prolonga sua aflicao. CONCLUSOES 99, As principais conclusdes deste trabalho relacionam-se a esse estado mental em que a psique do paciente contém um objeto interno que se opde destrutivo para com todo e qualquer elo de ligacio, desde o mais primitivo (que sugeri ser um grau normal de identificagio projetiva) as mais sofisticadas formas de comunicacio verbal ¢ as artes. Nesse estado mental, a emogio 6 odiada; & considerada extrema- mente forte para ser contida na psique imatura, sentindo-se que a 99 Smogiio liga objetos e empresta existéncia a objetos que sio nioeu, sendo conseqiientemente avessa ao nascisismo primériol Cutie interno, que originariamente era um seio externo que toxin nove 2 introjetar, abrigar, e, deste modo, modificar o polee IGrico da emocio, paradoxalmente é' sentido como intensificendo Coc, relacdo & forga do ego) as emogdes contra as quals it ; Tals ataques & fungdo de ligacdo da emocao conduzem « ian exagerado Predominio, na parte psiestica da personalidade, de elos de liganto que Parecem légicos, quase matemiéticos, mas jamais. sio razodves sed (Ge do Ponto de vista emocional. Como conseqigncia, os elos de lige G80 que sobrevivem so perversos, cruéis e estéreis, © objeto externo que internalizado, sua natureza e 0 efeito que eas Wando assim se instala, sobre os métodos de. comunicacas nio $6 no interior da psique mas também na comunicagio cans ambiente), serio deixados para futura elaboragio, REFERENCIAS (D BION. W. R, (1954), “Notes on the Theory of Schizophrenia.” Ini 1. Psycho-Anal., vol. 5, parte 2. @ (1956). “Development of Schizophrenic Thought.” Int. J. Psycho-Anal., vol. 37. 3) {1952). “The Differentiation of the Psychotic from the Non. Prychatic Part of the Personality.” Int. J. Psycho-Anal, vol 38, ports, @ (1957), "On “Arrogance.” Congresso_ Int. Psican., 1987, @) KLEIN, M. (1928). Early Stages of the Oedipus’ Confiics (6) (1934), “A Contribution to the Psychogenesis. of Manic-De- Pressive States.” 15.” Congresso Int. Psican,, 1934 @ (1946). ‘Notes on some Schizoid: Mechanisms, Ooi a, 198) “The Theory of Anxiety and Guilt” Int, J. 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