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O Mercado. Demanda e Suas Características
O Mercado. Demanda e Suas Características
January 2010
O Mercado
Modelos
Modelos representam a realidade de forma simplificada. Um mapa de um local que fosse do
mesmo tamanho do local seria inútil. Da mesma forma, um modelo econômico que
descrevesse todos os aspectos da economia seria inútil. Um modelo precisa se concentrar nas
características essenciais de um problema e eliminar detalhes considerados irrelevantes. A
partir do modelo mais simples possível, outros detalhes poderão depois ser acrescentados.
Para exemplificar a análise característica da economia, consideremos um modelo do
mercado de apartamentos das imediações da universidade, composto de apartamentos
próximos e distantes. Os estudantes vão preferir os apartamentos no anel do entorno da
universidade na Figura 1, desde que possam pagar o aluguel. Interessa-nos, então, achar o
preço dos apartamentos próximos, que seria a variável endógena. Supomos que o preço dos
apartamentos distantes seja a variável exógena. Supomos também que todos os apartamentos
sejam idênticos e que apenas a localização os diferencia.
Otimização e equilíbrio
Para modelar o comportamento dos estudantes, consideramos duas hipóteses básicas:
• otimização: cada um irá escolher o melhor apartamento que puder;
• equilíbrio: o preço conseguirá se ajustar até que a procura total fique igual à oferta.
Demanda
Digamos que conhecemos todos os estudantes locatários e, assim, podemos perguntar a eles
qual seria a quantia máxima que estariam dispostos a pagar pelo aluguel. Suponha que eles
não mintam. Este seria o preço de reserva de cada um (Figura 2).
Se os estudantes estiverem cientes do preço de mercado dos apartamentos próximos, a
situação descrita na tabela a seguir poderia ocorrer.
Estática comparativa
Podemos usar o modelo para saber o que vai acontecer com p * se, por exemplo, a oferta
aumentar. Pelo gráfico da Figura 6, p* ↓ .
E se alguns locadores resolverem vender seus apartamentos?
• A oferta de apartamentos para alugar vai diminuir, e
• a demanda pode também diminuir, se alguns locatários resolverem sair do mercado
para comprar os apartamentos onde estão morando.
Um resultado possível seria p * não se alterar, caso a redução da oferta seja exatamente igual
à redução da demanda, como na Figura 7.
E se o governo cobrar um imposto de $50 dos proprietários? Como p * já é o preço
mais alto que podem cobrar, eles não conseguirão repassar o imposto aos locatários. A oferta
não vai se alterar, nem o preço p * .
Monopólio
Se todos os apartamentos fossem de um único dono haveria monopólio. Conhecendo o preço
de reserva de cada estudante, o monopolista poderia discriminar preço em vez de cobrar um
único p * para todos. Ele iria alugar o primeiro apartamento a quem pagasse mais: $500; o
segundo seria alugado por $490, e assim por diante. Embora os locatários fossem os mesmos
da situação competitiva, o aluguel que cada um iria pagar seria agora maior do que p * .
Apenas o último estudante pagaria exatamente p * , que é o preço de equilíbrio competitivo.
Se o monopolista não pudesse discriminar o preço do aluguel, ele ainda não iria cobrar
p * . Ele cobraria o preço que levaria à maior receita (= preço × quantidade = p × q ),
representada pela área do retângulo da Figura 8. Como esse preço seria maior do que o do
mercado competitivo, pˆ > p * , menos apartamentos seriam alugados: q̂ < s .
Se entrasse em vigor uma lei fixando o preço máximo do aluguel pmax abaixo do
competitivo p * , haveria excesso de demanda. O mesmo número de apartamentos seria
alugado, porém a estudantes diferentes, talvez a alguns da periferia do anel.
Eficiência de Pareto
Para os locadores, a melhor situação é a de monopolista discriminador e, a pior, é a do
controle de preço dos alugueis. Para os locatários, a pior situação é a de monopólio
discriminador. E alguns ficam em melhor situação no controle de preço dos alugueis,
enquanto outros ficam em pior situação.
Temos que nos perguntar que situação seria melhor para as duas partes ao mesmo
tempo. Se houver uma maneira de melhorar a situação de uma parte sem piorar a da outra,
então ocorrerá um “melhoramento de Pareto”. Se uma situação permitir um melhoramento de
Pareto, ela será ineficiente. Se não permitir, será eficiente.
Alocar aleatoriamente os estudantes nos apartamentos próximos e distantes seria
ineficiente, já que os que valorizam mais os apartamentos próximos poderiam pagar aos que
valorizam menos e acabariam morando nos apartamentos próximos. Esse tipo de troca
voluntária ocorreria até os ganhos mútuos se esgotarem, chegando-se à alocação eficiente de
Pareto.
Depois de encerradas as trocas, os estudantes que acabariam ficando com os s
apartamentos próximos seriam os s estudantes com os preços de reserva mais elevados. Isto
coincide com a alocação do mercado competitivo. O mercado competitivo é, então, eficiente
no sentido de Pareto. Porém, isto também coincide com a alocação do monopólio
discriminador, que é também eficiente. Em termos da distribuição de renda resultante,
contudo, o monopólio discriminador piora a situação dos estudantes e melhora a dos
locadores.
Já o monopólio que fixa um único preço não é eficiente, já que o locador poderia ter
alugado a preços diferenciados (e menores) outros apartamentos que não foram alugados, o
que melhoraria a situação de ambos, locador e locatário.
O controle de alugueis também não é eficiente. Como os que podem acabar morando
nos apartamentos próximos não necessariamente seriam aqueles de maior preço de reserva,
trocas seriam possíveis para melhorar a situação de ambas as partes.